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Termodinâmica de Soluções Professora: Jaqueline Lacerda da Silva Jaqueline.silva@p.unileste.edu.br Universidade do Leste de Minas Gerais – UNILESTE Curso de Engenharia Química Termodinâmica II Conteúdos Gerais da Disciplina CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS2 Termodinâmica de Soluções Relações fundamentais entre propriedades O potencial químico Fugacidade e coeficiente de fugacidade A solução Ideal Modelos para a energia de Gibbs Propriedades de mistura Equilíbrio de Fases Equilíbrio liquido – vapor A natureza em equilíbrio A regra das fases. Teorema de Duhem Calculo dos pontos de orvalho e de bolha Calculo de Flash Equilíbrio em Reações Químicas A variação de energia de Gibbs padrão e a constante de equilíbrio Efeito da temperatura sobre a constante de equilíbrio Avaliação das constantes de equilíbrio Relação entre as constantes de equilíbrio e a composição CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS3 O tipo de problema que a termodinâmica do equilíbrio de fases tenta resolver Estudo das propriedades parciais Termodinâmica de Soluções (Teoria) Conceitos importantes CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS4 Propriedades intensivas: aquelas que não dependem da massa, tamanho ou forma da fase, são uniformes. Propriedades intensivas importantes no equilíbrio de fases são pressão, temperatura, densidade e composição (geralmente expressa como fração molar). Propriedades extensivas: Dependem da quantidade de matéria no sistema. Ex. Volume total, energia interna total. Conceitos importantes CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS5 Sistema homogêneo fechado: sistema cujas propriedades intensivas são uniformes, que não troca matéria com as vizinhanças, podendo, no entanto, trocar energia, na forma de calor ou trabalho. Deste modo, o número de moles dentro do sistema será constante, ou dni = 0 (i = 1, ..., m). ∆𝑈𝑡 = 𝑄 +𝑊 Sistema Aberto: É aquele que pode trocar com as vizinhanças, além de energia na forma de calor e trabalho, matéria (massa). Ex: correntes que entram e saem dos equipamentos de processo. Conceitos importantes CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS6 Propriedades termodinâmicas ou funções de estado: grandezas que independem da trajetória ou histórico, dependendo apenas das condições presentes, qualquer que seja a forma para alcança-las. Ex: temperatura, pressão, densidade. Para uma substância homogênea pura, quando 2 dessas funções são mantidas com valores fixos, o estado termodinâmico da substância está completamente determinado. Calor e trabalho não são funções de estado pois dependem da natureza do processo. Conceitos importantes CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS7 Estado de equilíbrio é aquele no qual o sistema não apresenta uma tendência espontânea à mudança, e o passo do sistema de um estado de equilíbrio inicial a um outro final é chamado de processo, podendo ser reversível ou irreversível. Processo reversível é aquele no qual o sistema é mantido num estado de equilíbrio virtual durante todo o processo. Isto requer que a força motriz do processo (o potencial, ou a função potencial) seja infinitesimal, de modo que a direção do processo possa ser invertida a qualquer momento, por um aumento ou uma diminuição infinitesimal da função potencial. Processos irreversíveis são todos os processos reais que acontecem naturalmente, e que não são passíveis de uma inversão no seu sentido. Relações Termodinâmicas Importantes para um Sistema Homogêneo Fechado CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS8 Definições de H, A e G Equações Fundamentais Relações Termodinâmicas Importantes para um Sistema Monofásico Aberto CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS9 𝑛𝐺 = 𝑔 𝑃, 𝑇, n1, n2, … ni… Onde ni é o número de moles da espécie i. Então, o diferencial total de nG é: 𝑑 𝑛𝐺 = 𝜕(𝑛𝐺) 𝜕𝑃 𝑇,𝑛 𝑑𝑃 + 𝜕(𝑛𝐺) 𝜕𝑇 𝑃,𝑛 𝑑𝑃 + 𝑖 𝜕(𝑛𝐺) 𝜕𝑛𝑖 𝑃,𝑇,𝑛𝑗 𝑑𝑛𝑖 𝜇𝑖 ≡ 𝜕(𝑛𝐺) 𝜕𝑛𝑖 𝑃,𝑇,𝑛𝑗 𝑑𝑛𝑖 𝑑 𝑛𝐺 = 𝑛𝑉 𝑑𝑃 − 𝑛𝑆 𝑑𝑇 + 𝑖 𝜇𝑖𝑑𝑛𝑖 Potencial químico Termodinâmica de Soluções (Teoria) Aplicação das propriedades termodinâmicas em misturas gasosas e soluções líquidas. Gás Ideal x Gás Real Líquido Ideal x Líquido não-ideal Diferença dos gases para líquidos: Nos líquidos sempre existem forças de coesão / forças de atração (forças intermoleculares); Diferença entre solução ideal e não-ideal: a estabilidade das forças de coesão; Solução Ideal: ∆𝐻 = 0 𝑜𝑢 ∆𝐻 → 0 Termodinâmica de Soluções10 Termodinâmica de Soluções (Teoria) Exemplo de solução ideal: 1- Líquido Puro: Igualdade entre as moléculas que nos permite admitir uma uniformidade nas forças de coesão. II – Líquidos quimicamente semelhantes: Benzeno/Metilbenzeno; Benzeno/Tolueno; Etanol/Propanol; etc. Exemplo de soluções não-ideais: Etanol/Água; Etanol/Tolueno; Cicloexanona/Fenol; Etanoato de etila/n-heptano; etc. Termodinâmica de Soluções11 Notação Básica para as propriedades termodinâmicas de soluções I. “M” é uma Propriedade de Solução (intensiva): M = [ U, V, H, S, ou G] I. Mi é uma propriedade da espécie pura (intensiva): Mi = [Ui, Vi, Hi, Si ou Gi] I. Mt é uma propriedade de solução extensiva: Mt = [ Ut, Vt, Ht, St, ou Gt] Mt = n ×M ou Mt = m×M IV. Mi é uma propriedade parcial molar: Mi = Ui, Vi, Hi, Si ou Gi IV. Mi é uma propriedade parcial mássica: Mi = Ui, Vi, Hi , Si 𝑜𝑢 Gi Termodinâmica de Soluções12 CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS13 Figura 1. Volumes molares para metanol (1)/água (2) a 25°C e 1 atm. Valores numéricos relativos ao exemplo 1. Fonte: SMITH (2007). Propriedade Parcial Molar (PPM) de uma função ( 𝐌𝐢): Mi ≡ 𝜕 𝑀𝑡 𝜕𝑛𝑖 𝑃,𝑇,𝑛𝑗≠𝑛𝑖 ≡ 𝜕(𝑛.𝑀) 𝜕𝑛𝑖 𝑃,𝑇,𝑛𝑗 (I) Equação relacionando as propriedades molares e as propriedades parciais molares: Termodinâmica de Soluções14 PROPRIEDADES PARCIAIS (PP) As propriedades termodinâmicas totais de uma fase homogênea são funções: T, P, n (n1, n2, … ni …) Mt = nM = (T, P, n1, n2, … ni …) A diferencial exata total é dada por: 𝑑 𝑛.𝑀 = 𝜕(𝑛.𝑀) 𝜕𝑃 𝑇,𝑛 . 𝑑𝑃 + 𝜕(𝑛.𝑀) 𝜕𝑇 𝑃,𝑛 . 𝑑𝑇 + 1 N 𝜕(n.M) 𝜕ni P,T,nj . dni (II) Onde j = 1,2,....., N-1 N = é o número de espécies no sistema j = é o número de espécies fixadas como ctes (lembrem-se i não é cte) Mi 𝑑 𝑛.𝑀 = 𝑛. 𝜕𝑀 𝜕𝑃 𝑇,𝑥 . 𝑑𝑃 + 𝑛. 𝜕𝑀 𝜕𝑇 𝑃,𝑥 . 𝑑𝑇 + 1 N Mi. dni (III) Onde o subscrito x indica diferenciação a composição constante. Como ni = xi. n logo: dni = d n. 𝑥𝑖 = xi. dn + 𝑛. 𝑑𝑥𝑖 Além disso: d(n.M) = 𝑛. 𝑑𝑀 +𝑀. 𝑑𝑛 Substituindo as duas derivadas acima na equação (III), temos: 𝑛. 𝑑𝑀 +𝑀. 𝑑𝑛 = 𝑛. 𝜕𝑀 𝜕𝑃 𝑇,𝑥 . 𝑑𝑃 + 𝑛. 𝜕𝑀 𝜕𝑇 𝑃,𝑥 . 𝑑𝑇 + 1 N Mi. (xi. dn + 𝑛. 𝑑𝑥𝑖) Agrupando os termos em termos de n e dn: 𝑑𝑀 − 𝜕𝑀 𝜕𝑃 𝑇,𝑥 . 𝑑𝑃 − 𝜕𝑀 𝜕𝑇 𝑃,𝑥 . 𝑑𝑇 − 1 N Mi𝑑𝑥𝑖 . 𝑛 + M − 1 N Mixi . 𝑑𝑛 = 0 (IV) Termodinâmica de Soluções15 PROPRIEDADES PARCIAIS (PP) O que está dentro dos colchetes Deverá ser nulo !!!! Portanto: 𝑑𝑀 = 𝜕𝑀 𝜕𝑃 𝑇,𝑥 . 𝑑𝑃 + 𝜕𝑀 𝜕𝑇 𝑃,𝑥 . 𝑑𝑇 + 1 N Mi𝑑𝑥𝑖 (V) e M = 1 N 𝑥𝑖 Mi (VI) Podemos multiplicar a expressão (VI) por n obtendo a forma alternativa da expressão de soma das PPM, ou seja, para a propriedade extensiva Mt: Mt = n.M = 1 Nni Mi (VII) Termodinâmica de Soluções16 PROPRIEDADES PARCIAIS (PP) Relação de soma Termodinâmica de Soluções17 Exemplo 1 (Smith et. al, 2007): Há necessidade de um laboratório de 2000 cm³ de uma solução anticongelante constituído poruma solução 30% molar de metanol em água. Quais os volumes de metanol puro e de água pura a 25°C que devem ser misturados para formar os 2000 cm³ de anticongelante também a 25°C? Obs: Os volumes parciais molares do metanol e da água em uma solução 30% molar de metanol e os volumes molares das espécies puras a 25°C são: Metanol (1) / Água (2) 𝑉1 = 38,632 𝑐𝑚³/𝑚𝑜𝑙 𝑉1 = 40,727𝑐𝑚³/𝑚𝑜𝑙 𝑉2 = 17,765 𝑐𝑚³/𝑚𝑜𝑙 𝑉2 = 18,068 𝑐𝑚³/𝑚𝑜𝑙 PROPRIEDADES PARCIAIS (PP) Termodinâmica de Soluções18 Exemplo 1I: Para se obter álcool comercial (mistura de etanol e água a 89,4% molar em etanol) destilam-se fracionadamente 1000 litros (medidos a 25°C) de uma solução aquosa a 20% molar em etanol. Assim, obtêm-se, na corrente do destilado, o etanol comercial e, na corrente do resíduo, água pura. Com as informações apresentadas e os dados da tabela abaixo, responda o que é pedido: a) Que volume se obterá de álcool comercial, medido a 25°C? b) Que volume de água pura sairá na corrente de resíduo? PROPRIEDADES PARCIAIS (PP) Solução 𝐕á𝐠𝐮𝐚(𝐜𝐦 𝟑/𝐦𝐨𝐥) 𝐕𝐞𝐭𝐚𝐧𝐨𝐥(𝐜𝐦 𝟑/𝐦𝐨𝐥) 0,0 % 18,0 - 20,0 % 17,6 55,2 89,4 % 16,9 56,8 Tabela 01: volumes parciais molares da água e do etanol, a 25°C, nas soluções de etanol. Faremos a diferenciação da expressão (VI): dM = i xid Mi + i Midxi (VIII) Compara-se esta equação com a equação (V): 𝜕𝑀 𝜕𝑃 𝑇,𝑥 . 𝑑𝑃 + 𝜕𝑀 𝜕𝑇 𝑃,𝑥 . 𝑑𝑇 − 𝟏 𝑵𝒙𝒊𝒅 𝑴𝒊 = 0 (IX) Termodinâmica de Soluções19 1 N 𝒙𝒊𝒅 𝑴𝒊 = 0 (X) (ii) P, (iii) T ctes EQUAÇÃO DE GIBBS/DUHEM PROPRIEDADES PARCIAIS (PP) PROPRIEDADES PARCIAIS EM SOLUÇÕES BINÁRIAS Para sistemas binários particularmente é mais conveniente utilizar a equação (VI) do que a equação (I), logo: M = x1 M1 + x2 M2 (A) dM = x1𝑑 M1 + M1𝑑𝑥1 + x2𝑑 M2 + M2𝑑𝑥2 (B) Onde M =M (xi, T, P) ............ Usaremos a equação (X) de Gibbs/Duhem a T,P ctes: 𝑥1𝑑 M1 + 𝑥2𝑑 M2 = 0 (C) (T,P ctes) Como 𝑥1 + 𝑥2 = 1 . : 𝑑𝑥2 = − 𝑑𝑥1 subtituindo na equação (B), e eliminando (C) de (B): dM dx1 = M1 − M2 (D) Isolando 𝑥1𝑒 𝑥2 (𝑥1 + 𝑥2 = 1) obtemos duas formas equivalentes da equação (A): M = M1 − x2( M1 − M2) e M = M2 + x1( M1 − M2) Termodinâmica de Soluções20 PROPRIEDADES PARCIAIS (PP) Combinando as equações anteriores (D), essas equações se tornam: M1 = M+ x2 dM dx1 (XI) M2 = M− x1 dM dx1 (XII) A equação (C) pode ser descrita na forma de derivadas: Termodinâmica de Soluções21 PROPRIEDADES PARCIAIS (PP) SISTEMA BINÁRIO, T e P ctes 𝑥1 𝑑 M1 𝑑𝑥1 + 𝑥2 𝑑 M2 𝑑𝑥1 = 0 𝐄 𝑑 M1 𝑑𝑥1 = − 𝑥2 𝑥1 𝑑 M2 𝑑𝑥1 (𝐅) GIBBS DUHEM, SIST. BINÁRIO, T e P ctes UMA BASE RACIONAL PARA PROPRIEDADES PARCIAIS (SISTEMAS LIMITE) As PPM são funções da composição (𝑥𝑖) do sistema. Portanto existem 2 limites para a espécie i: Limite superior (𝑥𝑖 ≈ 1) Limite de pureza Limite inferior (𝑥𝑖 ≈ 0) Diluição infinita Termodinâmica de Soluções22 lim xi→1 M = lim xi→1 Mi = Mi lim xi→0 Mi ≡ 𝑀𝑖 ∞ PROPRIEDADES PARCIAIS (PP) Admite-se que a interação soluto-soluto desaparece; Informações a respeito das interações soluto-solvente independentemente do efeito da composição. Termodinâmica de Soluções23 Exemplo III (Smith et al, 2007): A Entalpia de um sistema líquido binário formado pelas espécies 1 e 2, a T e P fixas, é representada pela equação: 𝐻 = 400𝑥1 + 600𝑥2 + 𝑥1𝑥2(40𝑥1 + 20𝑥2) Onde H está em J/mol. Determine expressões para 𝐻1 e 𝐻2 como funções de 𝑥1, valores numéricos para as entalpias das espécies puras 𝐻1 e 𝐻2 e valores numéricos para as entalpias parciais em diluição infinita 𝐻1 ∞ e 𝐻2 ∞. PROPRIEDADES PARCIAIS (PP) Termodinâmica de Soluções24 Exemplo IV: Consideremos o caso da mistura binária contendo 10% molar de clorofórmio (1) em acetona (2) a 333K e 1 MPa, para a qual V pode ser obtido a partir da seguinte equação de virial: 𝑉 = 𝑅𝑇 𝑃 − 0,000910𝑥1 2 − 0,00401𝑥1𝑥2 − 0,00133𝑥2 2 [m³/mol] (a) Determine expressões para 𝑉1 𝑒 𝑉2 como funções de 𝑥1 e os seus respectivos valores numéricos para a solução descrita. (b) Encontre valores numéricos para os volumes das espécies puras. (c) Quais os valores numéricos para os volumes parciais molares em diluição finita 𝑉1 ∞ e 𝑉2 ∞. (d) Calcule a massa específica desta solução. PROPRIEDADES PARCIAIS (PP) Referências CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS25 SMITH, Joe Mauk; VAN NESS, H.C.; ABBOTT, M.M. Introdução à Termodinâmica da Engenharia Química, 7. ed., Livros Técnicos e Científicos, 2007. Material de aula da professora Djolse N. Dantas.
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