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FORMAÇÃO DOCENTE PARA A DIVERSIDADE FORMAÇÃO DOCENTE PARA A DIVERSIDADE FO R M A ÇÃ O D OC E N TE P A R A A D IV E R SI D A D E Margarete Terezinha de Andrade Costa Hwpfcèçq"Dkdnkqvgec"Pcekqpcn KUDP";9:/:7/5:9/8379/2 9 7 8 8 5 3 8 7 6 1 5 7 0 Eôfkiq"nqiîuvkeq 48416 Margarete Terezinha de Andrade Costa IESDE BRASIL S/A Curitiba 2016 Formação Docente para a Diversidade Apresentação © 2016 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Produção CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________________ Costa, Margarete Terezinha de Andrade Formação docente para a diversidade / Margarete Terezinha de Andrade Costa. - 1. ed. - Curitiba, PR : Iesde Brasil, 2016. 184 p. : il. ; 28 cm. ISBN 978-85-387-6157-0 1. Educação - Brasil. 2. Igualdade na educação - Brasil. 3. Professores - Formação. 4. Prática de ensino. 5. Educação - Aspectos sociais. 7. Educação inclusiva - Brasil. I. Título. 16-32463 CDD: 370.981 CDU: CDU: 37(81)________________________________________________________________________ Capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Shutterstock Apresentação A superação dos problemas sociais, comuns no cotidiano brasileiro, se dá com uma edu- cação voltada à cidadania. Esta exige conhecimento sobre ações e políticas necessárias para a transformação social, pois se acredita que a desigualdade é superada com a universalização do acesso e permanência bem-sucedida numa escola de qualidade. Este livro foi escrito com intenção de contribuir para a mudança necessária na formação do professor, alunos e comunidade escolar na busca de uma educação suficiente para formar pessoas comprometidas com a democratização da sociedade brasileira, que possui em sua raiz a riqueza da pluralidade e da diversidade. Para procurar dar conta de uma formação docente para a diversidade, discutiremos a prática docente na diversidade, ressaltando o conceito de alteridade, os diversos níveis e mo- dalidades de ensino, a educação profissionalizante, em tempo integral, de jovens e adultos, especial e inclusiva, a distância, no campo e indígena. Sobre a autora Sobre a autora Margarete Terezinha de Andrade Costa Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e em Graduada em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e em Letras Português/Inglês pela PUCPR. Magistério de 1.º e 2.º graus pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais de Curitiba. 1 Aula A PRÁTICA DOCENTE NA DIVERSIDADE 9 PARTE 1: POR QUE PENSAR A DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO? 10 PARTE 2: FORMAÇÃO DOCENTE: ÁREAS DE ATUAÇÃO 14 PARTE 3: DIVERSIDADE CURRICULAR: UM DESAFIO 20 2 Aula NÍVEIS DE ENSINO 28 PARTE 1: EDUCAÇÃO BÁSICA 29 PARTE 2: EDUCAÇÃO SUPERIOR 36 PARTE 3: POLÍTICAS PÚBLICAS NA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 39 3 Aula MODALIDADES DE ENSINO 46 PARTE 1: DEFINIÇÃO DE MODALIDADES DE ENSINO 47 PARTE 2: FINALIDADES E OBJETIVOS 52 PARTE 3: CARACTERÍSTICAS CURRICULARES E DIRETRIZES 56 4 Aula EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE 63 PARTE 1: EDUCAÇÃO TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO 64 PARTE 2: EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA 66 PARTE 3: ABRANGÊNCIA DE CURSOS X MERCADO DE TRABALHO 71 Sumário 5 Aula EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL 84 PARTE 1: O QUE É EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL? 84 PARTE 2: O QUE PRETENDE A EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL? 89 PARTE 3: LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA E LDB 91 6 Aula EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 99 PARTE 1: OBJETIVO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 100 PARTE 2: DIREITO DE ACESSO E GRATUIDADE 106 PARTE 3: AÇÕES E PROGRAMAS DE INCENTIVO À EJA 109 7 Aula EDUCAÇÃO ESPECIAL E A INCLUSÃO 117 PARTE 1: DEFINIÇÕES DA LEI PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL 118 PARTE 2: ADAPTAÇÕES PARA O ATENDIMENTO A ALUNOS ESPECIAIS 123 PARTE 3: DESAFIOS PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL SER INCLUSIVA 129 8 Aula EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 137 PARTE 1: O QUE É EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 138 PARTE 2: LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 142 PARTE 3: REGULAMENTAÇÃO E CERTIFICAÇÃO 145 Sumário 9 Aula EDUCAÇÃO NO CAMPO E EDUCAÇÃO INDÍGENA 153 PARTE 1: EDUCAÇÃO NO CAMPO 154 PARTE 2: EDUCAÇÃO INDÍGENA 156 PARTE 3: O QUE DIZ A LEI SOBRE EDUCAÇÃO INDÍGENA 160 10 Aula PANORAMA DA DIVERSIDADE DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 171 PARTE 1: AÇÕES E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A UNIVERSALIZAÇÃO DE ACESSO À EDUCAÇÃO 172 PARTE 2: CONTRIBUIÇÃO DAS AÇÕES DE INCENTIVO À EDUCAÇÃO 176 PARTE 3: O PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO COMO AGENTE DE MUDANÇAS 179 Sumário Aula 1 Docente A Prática na Diversidade Prática docente e diversidade, duas categorias que exigem um exercício de reflexão intensa e desafiadora. Intensa pela complexidade que o universo docente se apresenta e desafiadora porque nos exige um ir além do que se sabe e do que se vive. O mais interessante disso é que ambas as categorias são infinitas, isto é, não se acabam; não conseguimos definir, estruturar e conhecê-las de forma terminal. Elas crescem à medida que o nosso contexto social se modifica. Assim, elas também se modificam à medida que os seres vivem suas relações humanas. Elas não se esgotam em um único estudo e em uma única observação, pois são tão variáveis como nós. Para começar a conhecer a prática docente na diversidade, começaremos essa aula questionando: por que pensar a diversidade na educação? Em seguida, buscaremos como se dá a formação docente e suas áreas de atuação e, por fim, terminaremos com o desafio da diversidade curricular. 9Formação Docente para a Diversidade Aula 1 A Prática Docente na Diversidade 10 Formação Docente para a Diversidade Parte 1 Por que pensar a diversidade na educação? Para pensar a diversidade na educação devemos entender primeiramente o que é diversidade. O Dicionário Michaelis traz a seguinte definição: Fe ng Y u/ Sh ut te rs to ck diversidade – sf (lat diversitate) 1 Qualidade daquele ou daquilo que é diverso. 2 Diferença, dessemelhança: Diversidade de interpretações. 3 Variedade: diversidade de dons. 4 Contradição, oposição. Antôn (acepção 2): unidade; (acepção 4): harmonia. (Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php? lingua=portugues-portugues&palavra=diversidade>.) O Dicionário Aurélio nos traz: Diversidade - 1 Qualidade de diverso. 2 Variedade (em oposição a identidade); multiplicidade. (Disponível em: <http://dicionariodoaurelio.com/diversidade>.) Assim, a diversidade está voltada para a variedade, a pluralidade, a diferença. Se formos analisar o contexto em que vivemos, perceberemos que são poucas as coisas não variáveis. Na realidade, raras são exatamente iguais. Vivemos em um universo ímpar, isto é, composto de elementos diversos. Estamos rodeados de diversidade biológica, cultural, linguística, religiosa, étnica, musical, entre tan- tas outras. Assim, pensar a diversidade na educação significa tornar visível o que está implícito em nossas relações sociais. Aula 1A Prática Docente na Diversidade 11Formação Docente para a Diversidade Quando relacionada à cultura, objeto nuclear da educação, a diversidade desnuda uma gama de ele- mentos constantes como: Linguagem • culta, coloquial, formal, regional, técnica... Religião • católica, evangélica,espírita, candomblé... Organização familiar • pai, mãe e filhos; mãe e filhos; avós e netos; casal homoafetivo... Política • democracia, oligarquia, imperialismo... Étnica • negros, branco, pardos, orientais... Desta forma, podemos perceber que estamos inseridos em um contexto social composto por elementos diversos. Daí a importância de a temática da diversidade ser infinitamente explorada frente às relações humanas. Observe o cartaz da Associação ILGA Portugal, que nos faz refletir e repensar a organização familiar: (Disponível em: <http://familias.ilga-portugal.pt/>.) Aula 1 A Prática Docente na Diversidade 12 Formação Docente para a Diversidade Campanhas como essas devem ser estimuladas e divulgadas constantemente. Na maioria das vezes trabalhamos com padrões idealizados que desvalorizam o diferente. Um bom exemplo disso são as mulheres excessivamente magras, que desfilam em passarelas denominadas “mode- los”. Vejam que o termo modelo determina um padrão aceitável socialmente como esteticamente perfeito, que serve para ser reproduzido. As modelos das passarelas não representam muitas vezes o padrão de beleza que temos e gostamos, mas são idealizadas. Dessa forma, há a urgência de estudo sobre a diversidade na educação. Outro fator importante é o que nos rege legalmente. Vejamos o que nossa lei maior, a Constituição Federal, traz sobre os direitos e garantias fundamentais dos indivíduos: TÍTULO II DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, ga- rantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, Todos nós somos iguais perante a lei, não devendo haver distinção de qualquer natureza. A lei ainda traz que: “I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”. A Constituição traz no mesmo artigo a liberdade de crença: VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; [...] VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; Temos, então, respaldo legal frente à diversidade. A lei certifica as diferenças de crenças religiosas, convicções filosóficas ou políticas e da mesma forma tem assegurado legalmente a livre expressão. Aula 1A Prática Docente na Diversidade 13Formação Docente para a Diversidade Sobre a educação, a nossa legislação prioriza a educação em nossa lei maior: TÍTULO VIII DA ORDEM SOCIAL CAPÍTULO III DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colabo- ração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A educação é direito de todos, independentemente das condições em que a pessoa se encontre, e é dever do Estado. Ele é responsável em garantir a educação com ajuda da sociedade para o pleno desenvolvimento da pessoa para a cidadania e para o trabalho. Agora já podemos responder com mais fundamentos a questão título desta parte da aula: Por que pensar a diversidade na educação? Porque a educação é um direito de todos, e a escola como espaço formal do trabalho com a educação, deve considerar e acolher a diversidade, visto que todos nós somos diferentes. A escola deve valorizar a diversidade em sua prática pedagógica e levar em conta que nem todos apren- dem da mesma forma e ao mesmo tempo. Que metodologias devem ser pesquisadas e empregadas a fim de alcançar a maioria dos alunos. O processo ensino-aprendizagem precisa voltar-se para todos os alunos, levando-se em consideração suas diferenças. Por outro lado, a interação com os outros traz à tona diferenças que devem ser respeitadas, todas elas. As mais explícitas como as de gênero e de etnia e as mais implícitas como as de gostos e de preferências pessoais. Isso significa não esconder as desigualdades e nem “tolerar” o diferente, mas conhecê-lo, valori- zá-lo e respeitá-lo como se deve conhecer, valorizar e respeitar todo ser humano. Aqui cabe um termo importante: a alteridade. Alteridade é um substantivo feminino que expressa a qualidade ou o estado do que é outro ou do que é diferente. É um termo abordado pela Filosofia e pela Antropologia. Natureza ou qualidade do que é outro, do que é distinto. Relações de contraste, distinção, diferença. R aw pi xe l.c om /S hu tte rs to ck (Disponível em: <www.significados.com.br/alteridade/>.) Aula 1 A Prática Docente na Diversidade 14 Formação Docente para a Diversidade A alteridade tem como princípio a interação do ser humano com outro ser humano. Somente com essa interação somos um ser, um “eu” que se relaciona com um “outro” que, por sua vez, também é um “eu”; e nessa relação se percebe no outro as mesmas necessidades que temos. Ao se colocar no lugar do outro, o “eu” respeita-o como igual, mesmo sendo diferente. Se a escola entender a alteridade inerente ao ser humano e trabalhar assertivamente com ela, o papel de educação irá além de um dever ou direito expresso em lei. Ao lembrar que somos diferentes, a diversidade deve ser vista como natural. Mas não devemos não perceber que em nossa realidade ela esconde desigualdades, que são “toleradas” pelas elites sociais. Fechar os olhos e não levar situações de diversidades para discussões coletivas faz da diversidade um problema e não uma solução, e assim, ela pode ser vista como contradição das desigualdades sociais. A diversidade é uma grande riqueza que temos, pois ela garante a nossa sobrevivência. Parte 2 Formação docente: áreas de atuação O que é ser professor? A resposta parece simples, porém, exige um aprofundamento maior de reflexão sobre a função docente – que, aliás, tem várias denominações: professor(a), mestre(a), regente, docente, educador(a), instrutor(a), catedrático(a), mentor(a), entre outras. A nossa lei maior – A Constituição Federal – traz o termo: função de magistério: Cf. Art. 67, §2.º: Para os efeitos do disposto no §5.º do art. 40 e no §8.º do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de magistério as exercidas por professores e especialistas em educação no desempenho de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e modali- dades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessora- mento pedagógico. (Incluído pela Lei 11.301/2006.) Observem que, conforme a lei, a função de magistério é exercida por professores e especialistas (quem faz um curso de especialização – pós-graduação) somente nos estabelecimentos de educação básica e unida- des escolares. Interessante saber que a função docente admite mais de um exercício, visto que o profissional da educação pode atuar em instâncias diferentes ao mesmo tempo. Ele pode estar vinculado ao estado e ao município, por exemplo. Ele pode atuar como regente e atuar também fora de sala de aula. O Dicionário Aurélio traz: 1 Aquele que ensina uma arte, uma atividade, uma ciência, uma língua etc. 2 Pessoa que ensina em escola, universidade ou noutro estabelecimento de ensino. 3 Executante de uma orquestra de primeira ordem. Aula 1A Prática Docente na Diversidade 15Formação Docente paraa Diversidade 4 Aquele que professa publicamente as verdades religiosas. 5 Entendido, perito. 6 Que ensina. 7 Professor livre: o que ensina sem estipêndio do governo. (Disponível em: <http://dicionariodoaurelio.com/professor>.) O dicionário amplia o âmbito de atuação do professor e sua formação, observe o item um “aquele que ensina uma arte” pode ser qualquer arte, qualquer artesão. O item três volta-se para a formação musical; o item quatro, formação religiosa; o item seis, qualquer pessoa que entende muito bem de alguma coisa; o item 6, aquele “que ensina” é professor, assim, mãe é a primeira das professoras. Vamos começar a nossa conversa retomando a organização da educação no Brasil. Vejamos a tabela a seguir: Nível de ensino Denominação ED U C A Ç Ã O B Á SI C A Educação Infantil Creche Pré-escola Ensino Fundamental Anos iniciais: 1.º ao 5.º ano Anos finais: 6.º ao 9.º ano Ensino Médio 1.º ao 3.º ano ED U C A Ç Ã O SU PE R IO R Graduação Licenciatura, Bacharelado ou Tecnólogo Pó s- G ra du aç ão Tempo e trabalho apresentado Especialização 1 ano (monografia, artigo científico etc.) Mestrado 2 anos (dissertação) Doutorado 4 anos (tese) Nossa educação está sob determinação legal – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 20 de dezembro de 1996 – LDB 9.394/96. Ela é a legislação que regulamenta o sistema educacional (público ou privado) do Brasil (da Educação Básica ao Ensino Superior). E é a LDB que estabelece organizações de ensino, dentre as quais podemos destacar: • A Educação Básica é constituída pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. • Há também as modalidades de ensino: Educação de Jovens e Adultos (fundamental ou médio), Educação profissional ou técnica, Educação Especial e a Educação a Distância (EAD), Educação do Campo, Educação Indígena. Aula 1 A Prática Docente na Diversidade 16 Formação Docente para a Diversidade • A Educação Superior ou Graduação se divide em: Licenciatura, Bacharelado e Tecnológico. Todas as três conferem diplomas de nível superior. Analisemos as principais diferenças entre elas: bikeriderlondon/Shutterstock SergeBertasiusPhotography/Shutterstock Kzenon/Shutterstock Licenciatura • são aptos a ministrarem aulas na educação básica; • presença de matérias de cunho pedagógico; • duração que varia entre 4 e 6 anos. Tecnólogo • apto para atuar em apenas uma área específica; • têm um objeto de estudo bastante específico. • duração que varia entre 2 e 3 anos. Bacharelado • estuda um pouco sobre tudo dentro da área escolhida; • pode atuar em diversas áreas; • duração que varia entre 4 e 6 anos. Muitas pessoas pensam que especialização e pós-Graduação é a mesma coisa; observem que os cursos de Pós-Graduação, como o próprio nome já diz, são aqueles realizados depois da graduação. Assim, a espe- cialização, o mestrado e o doutorado são cursos que estão dentro da categoria pós-Graduação. Com relação à administração das instituições de ensino, elas podem ser: • Públicas – geridas pelo Poder Público. • Privadas – geridas por pessoas físicas ou jurídicas de direito. Os órgãos responsáveis pela educação são: Esferas de poder Governo Estado Nível federal MEC Ministério da Educação CNE Conselho Nacional de Educação Aula 1A Prática Docente na Diversidade 17Formação Docente para a Diversidade Nível estadual CEE Conselho Estadual de Educação SEE Secretaria de Educação Nível municipal CME Conselho Municipal de Educação SME Secretaria Municipal de Educação Depois desta visão geral da organização da educação no Brasil, vamos localizar os cenários que os professores se encaixam. De acordo a determinação legal, podem lecionar nas escolas de Educação Básica, os graduados em licenciatura e Pedagogia. Os cursos de licenciatura habilitam o profissional a atuar como professor. A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96) traz: Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e mo- dalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: 1.a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; 2. aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades. A necessária relação entre a teoria e a prática, esta feita em serviço: Educação continuada. Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. A lei reconhece à necessidade da modalidade Normal, visto a falta de professores licenciados para atender a demanda de crianças. Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: 1. cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do Ensino Fundamental; 2. programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica; 3. programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis. Na Educação Infantil e nos primeiros anos do Ensino Fundamental, podem atuar professores com for- mação mínima de nível médio (Normal e/ou Magistério). Aula 1 A Prática Docente na Diversidade 18 Formação Docente para a Diversidade Vamos estruturar as informações de atuação dos professores de acordo com sua formação: Cursos Atuação Licenciaturas Graduação Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio Normal Superior Graduação Educação infantil Primeiros anos do Ensino Fundamental Magistério Nível médio Educação Infantil Primeiros anos do Ensino Fundamental Bacharelado Graduação Não habilitam o profissional a lecionar Pedagogia Graduação Educação Infantil Anos iniciais do Ensino Fundamental Ensino Médio – na modalidade Normal – formação de professores Educação Profissional Educação de Jovens e Adultos Serviços e de Apoio Escolar Gestão do sistema escolar Gestor de processos educativos Organização e no funcionamento de sistemas e de instituições de ensino É importante salientar que os cursos de bacharelado não habilitam o profissional a lecionar, este precisa de curso de complementação pedagógica para tal. Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de Pós-Graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. Observe que, mesmo para atuação fora da sala de aula, mas dentro do ambiente escola, a lei pede o curso de Pedagogia ou Pós-Graduação. Aula 1A Prática Docente na Diversidade 19Formação Docente para a Diversidade Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público: 1. ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; 2. aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim; 3. piso salarial profissional; 4. progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho; 5. período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho; 6. condições adequadas de trabalho. Parágrafo único. A experiênciadocente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino. O artigo 67 traz expressa a valorização dos professores. É interessante conhecer o artigo e fazer uso dele quando necessário. Para atuar em escolas públicas (estaduais, municipais ou federais) o professor, em geral, passa por um processo de seleção (concurso público), que lhe trará um regime estatutário de trabalho. Direitos e deveres previstos em lei municipal, estadual ou federal do regime estatutário: estabilidade no emprego; aposentadoria com valor integral do salário (mediante complementação de aposentadoria), férias, gratificações, licenças e adi- cionais variáveis de acordo com a legislação específica. Poderá atuar na rede particular de ensino ou pública (se for concursado) nos turnos diurno ou noturno. Em muitas escolas públicas, faltam professores contratados para lecionar, neste caso, as secretarias abrem vagas temporárias para contratação de professores e cada estado segue um critério de contratação. Este contrato não tem vínculo estatutário. O pedagogo pode atuar em distintas áreas, tais como: creches, escolas, empresas, hospitais, associa- ções, clubes, editoras, recursos humanos, espaços educativos, entre outras; daí a importância de uma forma- ção voltada para a diversidade. Aula 1 A Prática Docente na Diversidade 20 Formação Docente para a Diversidade Parte 3 Diversidade curricular: um desafio Vamos começar nossa conversa refletindo “o que é um currículo?”. Currículo é o documento que expressa as diretrizes teóricas e práticas a serem desenvolvidas na es- cola. Basicamente é um instrumento facilitador da administração escolar em sua totalidade. Ele reflete as intenções, objetivos, métodos utilizados em um sistema escolar. Temos várias especificidades curriculares: • Currículo Formal, Oficial, Prescrito, Explícito – é estabelecido pelo sistema de ensino oficial que determina diretrizes curriculares, objetivos e conteúdos a serem trabalhados em determina- das etapas do ensino. As diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais fazem parte do nosso Currículo Formal. • Currículo Real – expressa o que deve acontecer dentro das escolas, ele deve estar relacionado com o Projeto Político Pedagógico de cada escola e os seus Planos de Ensino. • Currículo Oculto – é o que realmente acontece nas salas de aulas e que vai além do planejado. Ele representa o que realmente os professores ensinaram e os alunos aprenderam. Assim, concluímos que o currículo é o cerne do pensar escolar, ele é o espaço de atuação pedagógica que exige discussão coletiva e participativa em sua elaboração, execução e avaliação. São nos currículos de cada escola que devem estar expressos as posições de seus atores frente à diver- sidade. Não há neutralidade neste documento, assim como as instituições, as políticas e os interesses sociais não são neutros. Sabendo disso, há e deve haver intenções claras e coletivamente tomadas. Ao considerar que cada ator escolar – professores, alunos, gestores, colaboradores – é bagageiro de ca- racterísticas socioculturais próprias que resultam de suas vivências, e que expressa tais diferenças de forma distinta, deve-se expressar no currículo tais diferenças e mostrar formas de trabalhar com elas harmonica- mente. Isso deve ser previsto, executado e constantemente avaliado por todos. Este é o processo que incita a socialização, o diálogo constante sobre as diferenças e as condições para se trabalhar com elas. A diversidade curricular pressupõe que se considerem as diferentes formas de aprender, principalmente para aqueles que apresentam diferenças físicas, psicológicas, culturais, entre outras, garantindo o acesso irrestrito aos saberes selecionados e trabalhados nas escolas. Aula 1A Prática Docente na Diversidade 21Formação Docente para a Diversidade Observe que interessante a crítica feita nesta charge sobre a padronização da práti- ca docente: Poderíamos dizer que o professor da charge está sendo justo e igualitário, mas não é verdade frente à diversidade dos alunos. A teoria parece justa, porém na prática deve desdobrar na busca de fazeres peda- gógicos que atinjam a todos, apesar de suas diferenças. Exercício que exige mais esfor- ço dos professores e da equipe pedagógica. Pensar em atividades abertas e diversificadas que possam ser abordadas por diferentes níveis de compreensão e execução pelos alunos não é tarefa fácil. O ideal é pensar coletivamente, pais, professores, alunos, gestores e outros envolvidos no processo, sobretudo, para a redefinição de objetivos, metas e ações propostas pelo currículo formal que subsidia o Projeto Político Pedagógico de cada escola. Sempre lembrando que o ato de educar tem como finalidade instigar o desenvolvimento e não a sub- missão de uns sobre os outros. Extra Currículo, Conhecimento e Cultura Antonio Flavio Barbosa Moreira Vera Maria Candau [...] Se entendermos o currículo, como propõe Williams (1984), como escolhas que se fazem em vasto leque de possibilidades, ou seja, como uma seleção da cultura, podemos concebê-lo, também, como conjunto de práticas que produzem significados. Nesse sentido, considerações de Silva (1999b) podem ser úteis. Segundo o autor, o currículo é o espaço em que se concentram e se desdobram as lutas em torno dos diferentes significados sobre o social e sobre o político. É por meio do currículo que certos grupos sociais, IE SD E BR A SI L S/ A Aula 1 A Prática Docente na Diversidade 22 Formação Docente para a Diversidade especialmente os dominantes, expressam sua visão de mundo, seu projeto social, sua “verdade”. O currículo representa, assim, um conjunto de práticas que propiciam a produção, a circulação e o consumo de significados no espaço social e que contribuem, intensamente, para a construção de identidades sociais e culturais. O currículo é, por consequência, um dispositivo de grande efeito no processo de construção de identidade do(a) estudante. Não se mostra, então, evidente a íntima relação entre currículo e cultura? Se, em uma sociedade cindida, a cultura é um terreno no qual se processam disputas pela preservação ou pela superação das divisões sociais, o currículo é um espaço em que esse mesmo conflito se manifesta. O currículo é um campo em que se tenta impor tanto a definição particular de cultura de um dado grupo quanto o conteúdo dessa cultura. O currículo é um território em que se travam ferozes competições em torno dos significados. O currículo não é um veículo que transporta algo a ser transmitido e absorvido, mas sim um lugar em que, ativamente, em meio a tensões, se produz e se reproduz a cultura. Currículo refere-se, portanto, a criação, a recriação, a contestação e a transgressão (Moreira e Silva, 1994). Como todos esses processos se “concretizam” no currículo? Pode-se dizer que no currículo se evidenciam esforços tanto por consolidar as situações de opressão e discriminação a que certos grupos sociais têm sido sub- metidos, quanto por questionar os arranjos sociais em que essas situações se sustentam. Isso se torna claro ao nos lembrarmos dos inúmeros e expressivos relatos de práticas, em salas de aulas, que contribuem para cristalizar preconceitos e discriminações, representações estereotipadas e desrespeitosas de certos comportamentos, certos estudantes e certos grupos sociais. Em Conselhos de Classe, algumas dessas visões, lamentavelmente, se refletem em frases como: “vindo de onde vem, ele não podia mesmo dar certo na escola!”. Ao mesmo tempo, há inúmeros e expressivos relatos de práticas alternativas em que professores(as) desa- fiam as relações de poder que têm justificado e preservado privilégios e marginalizações, procurando contribuir para elevar a autoestima de estudantes associados a grupossubalternizados. Ou seja, no processo curricular, distintas e complexas têm sido as respostas dadas à diversidade e à pluralidade que marcam de modo tão agudo o panorama cultural contemporâneo. Cabe também ressaltar a significativa influência exercida, junto às crianças e aos adolescentes que povoam nossas salas de aula, pelos “currículos” por eles “vividos” em outros espaços socioeducativos (shoppings, clubes, associações, igrejas, meios de comunicação, grupos informais de convivência etc.), nos quais se fazem sentir com intensidade muitos dos complexos fenômenos associáveis ao processo de globalização que hoje vivenciamos. Nesses outros espaços extraescolares, os currículos tendem a se organizar com objetivos distintos dos currículos escolares, o que faz com que valores como padronização, consumismo, individualismo, sexismo e etnocentrismo possam entrar em acirrada competição com outras metas, visadas por escolas e famílias. Vale perguntar: como temos, nas salas de aula, reagido a esse “confuso” panorama em que a diversidade se faz tão presente? Como te- mos nos esforçado para desestabilizar privilégios e discriminações? Como temos buscado neutralizar influências “indesejáveis”? Como temos, na escola, dialogado com os “currículos” desses outros espaços? Aula 1A Prática Docente na Diversidade 23Formação Docente para a Diversidade Em resumo, o complexo, variado e conflituoso cenário cultural em que estamos imersos se reflete no que ocorre em nossas salas de aula, afetando sensivelmente o trabalho pedagógico que nelas se processa. Voltamos a perguntar: como as diferenças derivadas de dinâmicas sociais como classe social, gênero, et- nia, sexualidade, cultura e religião têm “contaminado” nosso currículo, tanto o currículo formal quanto o currículo oculto? Como temos considerado, no currículo, essa pluralidade, esse caráter multicultural de nossa sociedade? Como articular currículo e multiculturalismo? Que estratégias pedagógicas podem ser selecionadas? Temos professores e gestores, reservado tempo e espaço suficientes para que essas discussões aconteçam nas escolas? Como nossos projetos político-pedagógicos têm incorporado tais preocupações? Como temos atendido ao que determina a Lei 10639/2003, que torna obrigatório, nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, o ensino sobre História e Cultura afro-brasileira? De que modo os professo- res se têm inteirado das lutas e conquistas dos negros, das mulheres, dos homossexuais e de outros grupos minoritários oprimidos? Sem pretender oferecer respostas prontas a serem aplicadas em quaisquer situações, move-nos a inten- ção de apresentar alguns princípios que possam nortear a construção coletiva, em cada escola, de currículos que visem a enfrentar alguns dos desafios que a diversidade cultural nos tem trazido. Fundamentamo-nos, nesse propósito, em estudos, pesquisas, práticas e depoimentos de docentes comprometidos com uma es- cola cada vez mais democrática. Nossa intenção é convidar o profissional da educação a engajar-se no instigante processo de pensar e desenvolver currículos para essa escola. Desejamos, com os princípios que vamos sugerir, intensificar a sensibilidade do(a) docente e do gestor para a pluralidade de valores e universos culturais, para a necessidade de um maior intercâmbio cultural no interior de cada sociedade e entre diferentes sociedades, para a conveniência de resgatar manifestações culturais de determinados grupos cujas identidades se encontram ameaçadas, para a importância da partici- pação de todos no esforço por tornar o mundo menos opressivo e injusto, para a urgência de se reduzirem discriminações e preconceitos. O objetivo maior concentra-se, cabe destacar, na contextualização e na compreensão do processo de construção das diferenças e das desigualdades. Nosso propósito é que os currículos desenvolvidos tornem evidente que elas não são naturais; são, ao contrário, “invenções/construções” históricas de homens e mu- lheres, sendo, portanto, passíveis de serem desestabilizadas e mesmo transformadas. Ou seja, o existente nem pode ser aceito sem questionamento nem é imutável; constitui-se, sim, em estímulo para resistências, para críticas e para a formulação e a promoção de novas situações pedagógicas e novas relações sociais. [...] (MOREIRA, Antonio Flávio Barbosa; CAUDAU, Vera Maria. Currículo, Conhecimento e Cultura. In: BEAUCHAMP, Jeanete; PAGEL, Sandra Denise; NASCIMENTO, Aricélia Ribeiro do (Org.). Indicações sobre Currículo. Brasília: Ministério da Educação, 2007. p. 17-46. (Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arqui- vos/pdf/Ensfund/indag3.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2014.) Aula 1 A Prática Docente na Diversidade 24 Formação Docente para a Diversidade Atividades 1. A Constituição traz, em seu artigo 5.º, “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Veja esta charge. IE SD E BR A SI L S/ A IGUALDADE JUSTIÇA Com relação à igualdade, avalie as afirmações a seguir: I. Todo cidadão deve ser tratado de forma igual independente de sua condição econômi- ca, raça, credo, sexo, e assim por diante. II. A verdadeira desigualdade seria tratar igualmente aqueles que são desiguais. III. Todos devem ser tratados de formas desiguais até o limite de sua desigualdade, sem discriminação arbitrária ou abusiva. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III apenas. d) II e III, apenas e) I, II e III. Aula 1A Prática Docente na Diversidade 25Formação Docente para a Diversidade 2. Veja a imagem a seguir. IE SD E BR A SI L S/ A O artigo 67 da LDB traz: “Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público”. I. Com relação ao que é assegurado ao professor, avalie as afirmações a seguir: II. Ingresso não necessariamente por concurso público de provas e títulos. III. Aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remu- nerado para esse fim. IV. Período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III apenas. d) II e III, apenas e) I, II e III. 3. Leia este trecho retirado de Indagações sobre Currículo: “Seria muito mais simples dizer que o substantivo diversidade significa variedade, diferença e multiplicidade. Mas essas três qualidades não se constroem no vazio e nem se limitam a ser nomes abstratos. Elas se constroem no contexto social e, sendo assim, a diversidade pode ser entendida como um fenômeno que atravessa o tempo e o espaço e se torna uma questão cada vez mais séria quanto mais complexas vão se tornando as sociedades.” (Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag4.pdf>.) Aula 1 A Prática Docente na Diversidade 26 Formação Docente para a Diversidade Com relação ao currículo, avalie as afirmações a seguir: I. A educação de uma maneira geral é um processo constituinte da experiência humana, por isso se faz presente em toda e qualquer sociedade. II. A escolarização, em específico, é um dos recortes do processo educativo mais amplo. III. Somente na escola realizamos aprendizagens de natureza mais diferentes. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III apenas. d) I e II, apenas e) I, II e III. Referências ARROYO, Miguel Gonzáles. Indagações sobre currículo: educandos e educadores: seus direitos e o currículo. Organização do documento: Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia Ribeiro do Nascimento. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.Acesso em: 02 mai. 2016. ______, LEI Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, publicado no DOU de 23.12.1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 02 mai. 2016. GIMENO SACRISTÁN, J. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Tradução Ernani F. da Fonseca. 3. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa, CANDAR, Vera Maria. Currículo, Conhecimento e Cultura. In: Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cultura / [Antônio Flávio Barbosa Moreira , Vera Maria Candau]; organização do documento Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia Ribeiro do Nascimento. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/ pdf/Ensfund/indag3.pdf. Acesso em: 02 mai. 2016. Resolução das atividades 1. e 2. d 3. d Aula 2 De Ensino Níveis Para estudar “níveis de ensino”, vamos começar esta aula buscando o significado de nível. Muitos são os significados, o mais interessante para nós é: “s.m. Estado de um plano horizontal.”1. Isto quer dizer que os níveis de ensino são o plano horizontal de estudos dos alunos. A linha que deve ser seguida para se obter uma formação escolar. O objetivo desta aula é estudar os níveis de ensino voltados para a diversidade, para isso, começaremos com a Educação Básica, em seguida Educação Superior e completaremos com as políticas públicas na avaliação da aprendizagem. 1 Disponível em: <www.dicio.com.br/nivel/>. 27Formação Docente para a Diversidade Aula 2 Níveis de Ensino 28 Formação Docente para a Diversidade Parte 1 Educação básica Como vimos na aula 1, os Níveis de Ensino são estabelecidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96). Em nossa história, ela é a segunda LDB que regulamenta todos os níveis. A primeira foi a LDB 4023/61, promulgada em 20 de dezembro de 1961. A LDB 9394/96, em seu artigo 21, divide a educação brasileira em dois níveis: a Educação Básica e o Ensino Superior, com determinação de idades: Educação Básica Ensino Superior Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio Graduação Creches (de 0 a 3 anos) Pré-escolas (de 4 a 5 anos) Anos iniciais ou ciclo I (1.º ao 5.º ano) (de 6 a 10 anos) Anos finais ou ciclo II (6.º ao 9.º ano) (de 11 a 14 anos) 1.º ao 3.º ano (de 15 a 17 anos) Licenciatura Bacharelado Tecnólogo (acima dos 18 anos) É gratuita, mas não obrigatória. É obrigatório e gratuito. É obrigatório e gratuito. É de competência da União, Cabe a União auto- rizar e fiscalizar as instituições privadas de Ensino Superior. É de competência dos municípios. Os municípios estão atendendo aos anos iniciais e os Estados, aos anos finais. É de responsabilidade dos Estados. Pode ser técnico profissionalizante, ou não. Você deve ter observado que há uma correlação entre a idade e o nível de ensino, porém as leis e os re- gulamentos educacionais garantem o direito a todo cidadão de frequentar a escola regular em qualquer ida- de. Essa possibilidade amplia a educação para a diversidade, pois possibilita que pessoas com necessidades Aula 2Níveis de Ensino 29Formação Docente para a Diversidade especiais em idades diferentes possam frequentar o ensino regular. No entanto, é uma obrigação do Estado oferecer Educação de Jovens e Adultos (que veremos mais cuidadosamente no próximo capítulo) para aque- les que não tenham frequentado a escola na idade recomendada. Quanto aos níveis de ensino, a LDB traz no Título V, capítulo II, seção I, suas disposições: No artigo 22 aparece a finalidade de desenvolver o educando para o exercício da cidadania com meios para progredir no trabalho e estudos. O exercício de uma plena cidadania envolve ações voltadas para a diversidade e as singularidades, assim a lei dá subsídios para a inclusão. O artigo 23 coloca que a organização da Educação Básica poderá ser em séries anuais, semestrais, ciclos, períodos alternados, grupos não seriados, pelas competências ou outro critério que não vá contra o interesse do processo de aprendizagem. Esse mesmo artigo fala sobre a reclassificação dos alunos, principalmente em transferências entre colégios. E sobre a construção do calendário escolar, que poderá adequar-se às particularidades de cada localidade, porém sem redução de horas letivas previstas na Lei. Em relação à carga horária, o artigo 24 estabelece que o Ensino Fundamental e Médio deve ter carga horária mínima anual de oitocentas horas; distribuídas em um mínimo de duzentos dias letivos. E acrescenta de efetivo trabalho escolar, isto é, não se devem considerar atividades diversas e nem mesmo exames finais nestes dias. O artigo 25 delega às autoridades responsáveis a decisão sobre a relação adequada entre o número de alunos e o professor. Este é um item preocupante, pois não leva em consideração o fazer pedagógico como prioridade, mas sim interesses políticos e financeiros. O artigo 26 apresenta a organização curricular em uma base nacional comum e sua complementação que fica a critério de cada sistema de ensino, denominada parte diversificada. Observe o que a lei traz nas diferentes disciplinas: Língua portuguesa Obrigatoriamente Matemática Conhecimento do mundo • físico e natural Estudo da realidade social e política, especialmente do Brasil. Aula 2 Níveis de Ensino 30 Formação Docente para a Diversidade O ensino da arte Componente curricular obrigatório, de forma a promover o desenvolvi- mento cultural dos alunos. A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo. Educação Física Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é com- ponente curricular obrigatório da Educação Básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; – maior de trinta anos de idade; – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação simi- lar, estiver obrigado à prática da educação física; – que tenha prole. O ensino de História do Brasil Nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e de Ensino Médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. [...], tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasi- leira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. Língua estrangeira moderna Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição. Proteção e defesa civil e a educação ambiental Os currículos do Ensino Fundamental e Médio devem incluir os princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos conteúdos obrigatórios. Filmes de produção nacional A exibição de filmes de produção nacional constituirá componente cur- ricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais. Aula 2Níveis de Ensino 31Formação Docente para a Diversidade Direitos humanos Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as for- mas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares. Observe que a disciplina de História contempla, de acordo com a legislação, diferentes culturas e et- nias, aqui a diversidade é contemplada na lei. As diretrizes apresentadas no artigo 27 são:a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática; consideração das condi- ções de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento; orientação para o trabalho; promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não formais. Todas com cunho de inclusão e abertura para tal cabem usar de tais determinações e buscar espaços para a prática da valorização da diversidade. Cada nível de ensino tem objetivos próprios e formas de organização diversificadas, vejamos mais detalhadamente cada uma das etapas. • Educação Infantil A Educação Infantil é a primeira etapa da criança na escola (0 a 5 anos de idade) e tem como foco o desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social da criança, completando a ação da família e da comunidade. Crianças de zero a três anos podem frequentar as creches ou instituições equivalentes. Já para as crian- ças entre quatro e cinco anos, o ensino é realizado em pré-escolas. (LDB, artigo 29) Em abril de 2013, a LDB foi alterada por uma emenda constitucional aprovada pelo Congresso Nacional em 2009. Ela altera a idade de matrícula de seis para quatro anos. E determina que até 2016 os estados e municípios devem oferecer vagas na rede pública de ensino para crianças dessa faixa etária. A carga horária mínima anual nas pré-escolas, segundo a mesma emenda constitucional é de 800 horas. • Ensino Fundamental O Ensino Fundamental é dever do Estado e é uma etapa obrigatória da Educação Básica, sendo minis- trado em Língua Portuguesa, garantindo às comunidades indígenas o uso de suas línguas maternas e de pro- cessos próprios de aprendizagem. A jornada escolar (artigo 34) será de no mínimo quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula para o turno diurno, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola. Atentem para o termo “trabalho efetivo em sala de aula”, isto quer dizer que não se considera atividades diferenciadas na carga horária mínima. Aula 2 Níveis de Ensino 32 Formação Docente para a Diversidade O artigo 32 da LDB determina que a duração mínima do Ensino Fundamental é de nove anos (Lei 11.274/2006.), e será ministrado de forma obrigatória e gratuita na escola pública. Ele é presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais. Os objetivos são: o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e va- lores; o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. Vejamos o que determina o artigo 32 da LDB: §5.º O currículo do Ensino Fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído pela Lei 11.525/2007). §6.º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como tema transversal nos currículos do Ensino Fundamental. (Incluído pela Lei 12.472/2011). Os símbolos nacionais são: Hino Nacional; Armas Nacionais; Selo Nacional e Bandeira Nacional. O Ensino Fundamental é dividido em dois ciclos ou etapas: - Ciclo I – do primeiro ao quinto ano (6 a 10 anos de idade); - Ciclo II – do sexto ao nono ano (11 a 14 anos de idade). O Conselho Nacional de Educação (CNE) e a Câmara de Educação Básica (CB) fixaram as diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Fundamental (Resolução CNE/CBE 2/98), que exibem como principal norteador da ação pedagógica a autonomia, a responsabilidade, o respeito ao bem comum, os direitos e de- veres da cidadania, os exercício da criticidade e também os princípios estéticos, tais como a sensibilidade, a criatividade e a diversidade de manifestações artísticas e culturais. Aula 2Níveis de Ensino 33Formação Docente para a Diversidade Vejamos o artigo 3.º da Resolução CEB 2, de 7 de abril de 1998, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. IV – Em todas as escolas deverá ser garantida a igualdade de acesso para alunos a uma base nacional comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da ação pedagógica na diversidade nacional. A base comum nacional e sua parte diversificada deverão integrar-se em torno do paradigma curricular, que vise a estabelecer a relação entre a educação fundamental e: a) a vida cidadã através da articulação entre vários dos seus aspectos como: 1. a saúde 2. a sexualidade 3. a vida familiar e social 4. o meio ambiente 5. o trabalho 6. a ciência e a tecnologia 7. a cultura 8. as linguagens. b) as áreas de conhecimento: 1. Língua Portuguesa 2. Língua Materna, para populações indígenas e migran- tes 3. Matemática 4. Ciências 5. Geografia 6. História 7. Língua Estrangeira 8. Educação Artística 9. Educação Física 10. Educação Religiosa, na forma do artigo 33 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. O artigo 33 da LDB determina que o ensino religioso tenha sua matrícula facultativa, constitui disci- plina dos horários normais das escolas públicas de Ensino Fundamental, sendo oferecido, sem ônus para os cofres públicos, de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis em caráter. Ou seja, o Estado não tem deveres financeiros com os professores de ensino religioso. Ensino Médio A duração mínima do Ensino Médio é de três anos e sua finalidade, de acordo com o artigo 35 da LDB, é: a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosse- guimento de estudos; a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento pos- teriores; o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. O Ensino Médio é dividido em áreas que englobam os conhecimentos que compartilham objetos de estudo: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias • Língua Portuguesa e literatura • Língua(s) estrangeira(s) • Informática • Artes • As atividades físicas e desportivas Aula 2 Níveis de Ensino 34 Formação Docente para a Diversidade Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias Ciências Humanas e suas Tecnologias • Ciências da Natureza • Matemática • Biologia • Física • Química • História • Geografia • Filosofia • Sociologia A intenção é de que o aluno termine a Educação Básica dominando os conhecimentos e as habilidades que permitam que ele escolha seus rumos na vida adulta. Assim, a educação pretende prepará-lo para a in- serção no mercado de trabalho e para o Ensino Superior. Parte 2 Educação Superior O Ensino Superior , segundo a LDB (artigo 43), tem como finalidades o estímulo à cultura e ao espírito científico; prevê a formação dos alunos nas diferentes áreas do conhecimento com aptidões profissionais e participação social; incentiva a pesquisa na busca do desenvolvimento científico, tecnológico e cultural, assim como a sua divulgação a fim de sistematizar o conhecimento produzido e repassá-lo a cada geração. Em relação aos cursos e programas, a LDB no artigo 44 prevê: Cursos sequenciais• por campo de saber • de diferentes níveis de abrangência • abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino Aula 2Níveis de Ensino 35Formação Docente para a Diversidade de graduação • abertos a candidatos que tenham concluído o Ensino Médio ou equivalente e tenham sido classificados em processo seletivo de Pós-Graduação • programas de mestrado e doutorado • cursos de especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação e que aten- dam às exigências das instituições de ensino de extensão • abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino. A Educação Superior será efetuada em Instituições de Ensino Superior (IES), de acordo com o artigo 45 da LDB, tanto públicas quanto privadas com variados graus de abrangência ou especialização. As IES deverão ter autorização, reconhecimento e credenciamento em prazos limitados necessitando ser renovados periodicamente (artigo 46 da LDB). Após a avaliação haverá um prazo para saneamento de deficiências e haverá nova avaliação que poderá descredenciar o curso ou até mesmo a instituição de ensino. Assim como na Educação Básica, o ano letivo regular, na Educação Superior será de duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver. Sendo obrigató- ria a frequência tanto dos alunos como professores se o curso não for a distância, nas instituições públicas de Educação Superior (artigo 57) o professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais de aulas. O artigo 52 da LDB expressa que as universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam pela produção intelectual, e para tal deverão ter um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado e doutorado e um terço de professores em regime de tempo integral. A educação superior é aquela que deve proporcionar um ensino que visa atender a diversidade cultural de sua comunidade. Ela é o lugar no qual todos os alunos devem ter as mesmas oportunidades. Sabemos que a entrada na universidade já é um diferencial explícito em nossa sociedade. Aula 2 Níveis de Ensino 36 Formação Docente para a Diversidade Há muitas formas de discriminação na porta de entrada das universidades, seu acesso não é democráti- co visto o número de vagas e a quantidade de candidatos. Outra grande situação explicita é que o Brasil é um país diverso, rico em diferentes culturas, costumes, crenças e saberes. Uma universidade que atenda um ensino que respeite a cultura da comunidade significa ter várias universidades dentro de cada uma delas. Neste contexto, a dificuldade é explorar um universo representado por uma população formada de incontáveis grupos étnicos, com seus costumes, culturas e conhecimentos. Adaptar o currículo escolar sem ocorrer no processo de exclusão é um exercício complexo, que antes de tudo precisa de vontade. Um currículo multiculturalista atenderia a necessidade das misturas de culturas em uma mesma localidade. Mas para tal, é preciso entendimento de sua necessidade. Sabemos que a diver- sidade cultural é um tema complicado e precisa ser compartilhado pela comunidade acadêmica. No universo aberto e plural do multiculturalismo, a educação intercultural orientaria um processo de que tem por base o reconhecimento do direto à diferença. De acordo com Candau: “a interculturalidade orienta processos que têm por base o reconhecimento do direito à diversidade e a luta contra todas as formas de discriminação e desigualdade social. Tenta promover relações dialógicas e igualitá- rias entre pessoas e grupos que pertencem a universos culturais diferentes, trabalhando os conflitos inerentes a essa realidade. Não ignora as relações de poder presentes nas relações sociais e interpessoais. Reconhece e assume os conflitos, procurando as estratégias mais adequadas para enfrentá-los”. (Candau, 2011, p. 32) Assim, um Ensino Superior que mostre uma formação dos alunos nas diferentes áreas do conhecimen- to, com aptidões profissionais e participação social precisa repensar um currículo multiculturalista. Muita coisa já vem sendo pensada e feita e há muito material sobre o assunto, vejam o “O Programa Diversidade na Universidade e a Construção de uma Política Educacional Antirracista”. O Programa Diversidade na Universidade e a Construção de uma Política Educacional Antirracista. (Disponível em: <http://pronacampo.mec.gov.br/ima- ges/pdf/bib_volume29_o_programa_diversidade_na_ universidade_e_a_construcao_de_uma_politica_educacio- nal_anti_racista.pdf>.) A discussão é ampla e necessita de o envolvimento de todos. Aula 2Níveis de Ensino 37Formação Docente para a Diversidade Parte 3 Políticas públicas na avaliação da aprendizagem A avaliação é uma das mais importantes ferramentas para indicar se o processo de ensino-aprendizagem está se efetivando da melhor forma possível ou não. Ela não é um instrumento de classificação e categorização de alunos. Porém, a escola, os professores e até mesmo os alunos usam a avaliação como um aparelho de “poder”. A escola aprova ou reprova os alunos, dizendo se eles são ou não são “capazes” de progredir nos estudos. Os professores utilizam de avaliações como controle de disciplina ou de estudos; quem nunca ouviu dizer: “Isso vai cair na prova”. Os alunos veem a avaliação como único objetivo de estudar: “isso vale nota?”. Mesmo tendo consciência disso e sabendo da importância de se ter conhecimento sobre determinado assunto, é no momento da avaliação (quando ela acontece sem momentos estanques) que os envolvidos “acordam” em seu fazer escolar. É para prova que se estuda, é para ganhar nota que se faz a atividade, se não houver avaliação não se pode aprovar ou reprovar os alunos, a avaliação coloca autoridade nos termos: semana de provas, média final, faltam dois décimos, os alunos colam etc. Em nosso dia a dia, sabemos que a avaliação é um processo que acontece o tempo todo, com todo mun- do, todos os dias. Ao levantar e olhar no espelho, estamos fazendo uma avaliação. Ao olhar pela janela para saber do tempo, estamos avaliando; quando não gostamos de uma comida, de uma roupa ou de um olhar, estamos avaliando. E isso não reprova ou aprova o tempo, a roupa ou a comida. Na avaliação diária sabemos que somos diferentes, temos gostos e olhares distintos para as coisas. Na escola não temos essa consciência. Normalmente as avaliações são feitas ao mesmo tempo para todos de uma sala, como o mesmo instrumento. E as respostas estarão certas ou erradas e cada uma valerá um número que determinará a média do aluno e o quanto ele sabe ou não sabe. E isso acontece de forma sistematizada e institucionalizada. É interessante refletir que às vezes estudamos muito, e “cai” na prova àquilo que não estudamos. Ou o contrário, a prova pede exatamente aquele único ponto que sabemos... “por sorte”, como se a avaliação real, verdadeira e sincera precisasse de sorte. Até mesmo alguns professores colocam nas provas “Boa sorte”. Como se fosse preciso ter sorte para saber ou não das coisas. É perceptível que muita coisa deve ser discutida em relação à avaliação. Acredito que a grande discus- são começa mesmo com o conceito de certo ou errado, as finalidades da educação, o grupo ao qual se está avaliando entre outros pontos importantes. A solução é discutir claramente o que se quer, tanto como professor, aluno, pais, gestores. Assim, os critérios de avaliação podem ser negociados coletivamente buscando um fim comum. Algumas coisas devem ser respeitadas e avaliar o que se ensinou é uma delas. Não se pode cobrar aquilo que não se infor- mou. Entre outros fatores que precisam ser refletidose tratados, mas esta discussão pede outros momentos pedagógicos. Aula 2 Níveis de Ensino 38 Formação Docente para a Diversidade Vamos verificar o que a LDB orienta sobre avaliação: Artigo 12 – Os estabelecimentos de ensino V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os respon- sáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei 12.013/2009.) Artigo 13 Os docentes incumbir- -se-ão de: III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; Artigo 23 – A educação básica §1.º - A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tratar de transferên- cias entre estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo como base as normas curriculares gerais. Artigo 24 – A educação básica. II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do Ensino Fundamental, pode ser feita: por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas; independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino; III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o regimento escolar pode admitir formas de progressão parcial, desde que preservada a sequência do currículo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino; V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos; VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação; Aula 2Níveis de Ensino 39Formação Docente para a Diversidade Artigo 31 – A educação infantil I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental; (Incluído pela Lei 12.796/2013.) Artigo 32 – O Ensino Fundamental §2.º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar no Ensino Fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino. Artigo 36 – O currículo do Ensino Médio 2 – adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes; §1.º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do Ensino Médio o educando demonstre: domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; 2. conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; Artigo 41 – Educação profissional e tecnológica O conhecimento adquirido na educação profissional e tecnológica, inclusive no tra- balho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para prossegui- mento ou conclusão de estudos. (Redação dada pela Lei 11.741/2008.) É importante destacar que no artigo 24 consta que a verificação do rendimento, em que a avaliação deverá ser contínua e cumulativa e deverão prevalecer os aspectos qualitativos sobre os quantitativos, assim como o resultado ao longo do período sobre os de eventuais provas finais. Isto é, as avaliações deve- rão acontecer a todo tempo no Ensino Fundamental e não deverá haver uma única forma de avaliação. Fica claro, assim, que o objetivo das avaliações é diagnosticar o que foi e o que não foi aprendido pelos alunos a fim de sanar as deficiências, pois a avaliação não é um processo final, na realidade ela é o início das tomadas de decisões do processo ensino-aprendizagem. Extra Sistema Educacional Brasileiro Ebenezer Takuno de Menezes É a forma de como se organiza a educação regular no Brasil. Essa organização se dá em sistemas de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A Constituição Federal de 1988, com a Emenda Constitucional n.º 14, de 1996 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Aula 2 Níveis de Ensino 40 Formação Docente para a Diversidade (LDB), instituída pela lei nº 9394, de 1996, são as leis maiores que regulamentam o atual sistema edu- cacional brasileiro. A atual estrutura do sistema educacional regular compreende a educação básica – formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio – e a educação superior. De acordo com a le- gislação vigente, compete aos municípios atuar prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil e aos Estados e o Distrito federal, no ensino fundamental e médio. O governo federal, por sua vez, exerce, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, cabendo-lhe prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Além disso, cabe ao governo federal organizar o sistema de educação superior. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, é oferecida em creches, para crianças de até 3 anos de idade e em pré-escolas, para crianças de 4 a 6 anos. O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, é obrigatório e gratuito na escola pública, cabendo ao Poder Público garantir sua oferta para todos, inclusive aos que a ele não tiveram acesso na idade própria. O ensino médio, etapa final da educação básica, tem duração mínima de três anos e atende a for- mação geral do educando, podendo incluir programas de preparação geral para o trabalho e, facultati- vamente, a habilitação profissional. Além do ensino regular, integram a educação formal: a educação especial, para os portadores de necessidades especiais; a educação de jovens e adultos, destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade apropriada. A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciências e à tecnologia, com o objetivo de conduzir ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. O ensino de nível técnico é ministrado de forma independente do ensino médio regular. Este, entretanto, é requisito para a obtenção do diploma de técnico. A educação superior abrange os cursos de graduação nas diferentes áreas profissionais, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido classificados em pro- cessos seletivos. Também faz parte desse nível de ensino a pós-graduação, que compreende programas de mestrado e doutorado e cursos de especialização. A partir da LDB de 1996 foram criados os cursos seqüenciais por campo do saber, de diferentes níveis de abrangência, que são abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino superior. Disponível em: <http://www.educabrasil.com.br/sistema-educacional-brasileiro/>. Acesso em: 27 de jun. 2016. Aula 2Níveis de Ensino 41Formação Docente para aDiversidade Atividades 1. Faça uma reflexão sobre o Ensino Fundamental no Brasil comparando as diferenças que você conhece da educação pública e da privada. 2. Considerando que o Ensino Superior deve proporcionar um ensino que atenda a diversidade cultural de sua comunidade, qual o grande desafio para se alcançar tal objetivo? 3. Faça uma crítica ao sistema avaliativo que concentra as provas em datas específicas, como semana de provas ou datas de avaliação concentradas. Referências BRASIL, LEI Nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, publicado no DOU de 27.12.1961. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L4024.htm. Acesso em: 02 mai. 2016. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Brasília, DF: MEC/SEF, 1997. ______, LEI Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, publicado no DOU de 23.12.1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 02 mai. 2016. ______, LEI Nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade, publicado no DOU de 07.02.2016. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11274.htm. Acesso em: 02. Mai. 2016. ______, LEI Nº 11.525, de 25 de setembro de 2007. Acrescenta § 5o ao art. 32 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para incluir conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes no currículo do ensino fundamental, publicado no DOU 26.06.2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/ L11525.htm. Acesso em: 02. Mai. 2016. ______, LEI Nº 14.472, de 1º de setembro de 2011. Acrescenta § 6o ao art. 32 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, incluindo os símbolos nacionais como tema transversal nos currículos do ensino fundamental, publicado no DOU 02.09.2011. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12472.htm..Acesso em: 02. Mai. 2016 ______, Ministério da Educação, Resolução CEB N º 2, de 7 de abril de 1998. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, publicada no DOU 15.04.98. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/ arquivos/pdf/rceb02_98.pdf. Acesso em: 02. Mai. 2016. Aula 2 Níveis de Ensino 42 Formação Docente para a Diversidade ______, LEI Nº 12.796, de 04 de abril de 2013. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Publicado no DOU 05.04.2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2013/lei/l12796.htm. Acesso em: 02. Mai. 2016. ______, LEI Nº 11.741, de 16 de julho de 2008. Altera dispositivos da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para redimensionar, institucionalizar e integrar as ações da educação profissional técnica de nível médio, da educação de jovens e adultos e da educação profissional e tecnológica. Publicado no DOU 17.07.2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007- 2010/2008/Lei/L11741.htm. Acesso em: 02. Mai. 2016. CANDAU, V. Diferenças Culturais e Educação; Construindo Caminhos. São Paulo: Sete Letras, 2011. _____________, Cultura(s) e educação: entre o crítico e o pós-crítico. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. GADOTTI, M. Diversidade cultural e educação para todos. Rio de Janeiro: Graal, 1992. MENEZES, Ebenezer Takuno de, SANTOS, Thais Helena dos. Verbete sistema educacional brasileiro. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix, 2001. Disponível em: <http://www.educabrasil. com.br/sistema-educacional-brasileiro/>. Acesso em: 02 de mai. 2016. Resolução das Atividades 1. Espera-se que o aluno mostre que a educação privada é privilegiada em relação à educação pública. 2. A dificuldade é explorar um universo representado por uma população formada de incontáveis grupos étnicos, com seus costumes, cultura e conhecimentos. 3. A avaliação deverá ser contínua e cumulativa e deverão prevalecer os aspectos qualitativos sobre os quantitativos, assim como o resultado ao longo do período sobre os de eventuais provas finais. Aula 3 de Ensino Modalidades Para iniciar nossos estudos sobre Modalidades de Ensino, vamos buscar o entendimento do termo. O que é modalidade? É um substantivo feminino, que indica tipo, aparência ou aspecto de algo. Assim, este capítulo vai apresentar os “tipos” de ensino que temos em nosso país e seu caráter flexível. Começaremos conhecendo as modalidades apresentadas pela LDB (9.394/96) e, em seguida, as que surgiram conforme as necessidades que se foram apresentando ao longo do caminho. Veremos também as finalidades e objetivos de cada modalidade e terminaremos com as características curriculares e diretrizes que se voltam para a diversidade. 43Formação Docente para a Diversidade Aula 3 Modalidades de Ensino 44 Formação Docente para a Diversidade Parte 1 Definição de modalidades de ensino Como já vimos, o sistema educacional no Brasil é dividido em Educação Básica e Ensino Superior. A LDB (9.394/96) também estrutura a educação por etapas e modalidades de ensino. As etapas são: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, já estudadas por nós anteriormente. E as modalidades de en- sino de acordo com a LDB são: Educação de Jovens e Adultos, Educação Profissional e Educação Especial. Um termo muito usado nos ambientes escolares é ensino regular. É considerado “regular” o sistema de ensino tradicional que se realiza em tempo e espaços previstos pela lei de forma geral. As modalidades de ensino foram criadas para atender diversamente os alunos com necessidades distintas. Assim podemos ter a seguinte definição: Modalidade de ensino é um tipo de oferta do ensino básico distinto do regular para atender alunos com diversas necessidades. A LDB, ao valorizar as modalidades, contribui para a diversidade. Elas podem ser ofertadas em todos os níveis de ensino, inclusive no Ensino Superior. Vejam as modalidades de ensino ofertadas pelo nosso sistema de ensino atualmente: Educação Escolar Indígena Educação Especial Educação de Jovens e Adultos (EJA) Educação do Campo Educação Profissional Vamos conhecer mais sobre cada uma dessas modalidades. Aula 3Modalidades de Ensino 45Formação Docente para a Diversidade Educação de Jovens e Adultos A Seção V da LDB é voltada para a Educação de Jovens e Adultos, também conhecida pela sigla EJA. O artigo 37 orienta para quem ela se destina: “àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade própria”. Também é assegurado no mesmo artigo a oferta, gratui- dade e oportunidades educacionais apropriadas. Para tal, a lei prevê estímulo ao acesso e permanência do trabalhador na escola por meio de ações integradas e complementares entre si. Em 2008, a Lei 11.741acres- centa à LDB a articulação preferencial do ensino com a educação profissional. O artigo 38 determina aos sistemas de ensino, cursos e exames supletivos para habilitar o prossegui- mento de ensino para aqueles que não o tenham feito em tempo normal. Tais exames poderão ser aplicados no nível de conclusão do Ensino Fundamental em alunos com mais de quinze anos e no nível de Ensino Médio para maiores de dezoito anos. Educação Profissional
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