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Artigo Crise Provoca Reviravolta

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Salár ios m ais a l tos em país es em des envo lvim ento a traem executivos de pr im ei ro m undo
-- s ó a França já perdeu m ais de 1,6 m i lhão de pro fis s iona is (Foto : Getty Im ages )
J.R. Guzzo: Crise provoca reviravolta e faz profissionais
qualificados ganharem salários maiores nos países menos
ricos
veja.abril.com.br /blog/ricardo-setti/polit ica-cia/j- r-guzzo-crise-provoca-reviravolta-e-f az-
prof issionais-qualif icados-ganharem-salarios-maiores-nos-paises-menos-ricos/
31/05/2013
às 18:00 \
Artigo publicado em edição impressa
da revista Exame
OS POBRES PAGAM MAIS
A crise no mundo rico e a falta de
gente qualificada em países como
o Brasil provocam uma inversão
inédita de salários dos executivos.
Eles têm perspectiva de ganhar
mais aqui do que lá.
O quadro não é novo, mas hoje
está mais claro do que em
qualquer outra época. Pela
primeira vez na história,
possivelmente, trabalhar como
executivo — em português
simples, como chefe de alguma
coisa, e não como operário
imigrante — pode estar sendo
melhor no mundo pobre, ou pelo
menos no que se chama de
“emergente”, do que no mundo rico.
A regra não é clara, mas os números são. Os resultados da pesquisa mundial mais recente sobre o tema, fruto de
estudo feito por 20 000 especialistas em remuneração que trabalham em 70 países, comprovam que os executivos
dos quatro Brics, e algumas dezenas de nações com características parecidas, terão em 2013 altas salariais
maiores do que em qualquer lugar do Primeiro Mundo.
Dentro de três anos, os salários dos executivos na Ásia deverão ser superiores aos dos Estados Unidos. Já
agora, na China, um gestor vindo de fora ganhará logo de saída 30% mais do que recebia no país rico de onde
veio. O Brasil, nesse pelotão, é um dos que apresentam os maiores aumentos.
Tirando os mandarins da primeiríssima linha das megaempresas americanas e multinacionais, sobretudo na área
financeira, a remuneração dos executivos no Brasil está se aproximando, já igualou ou passou à frente da que é
paga a profissionais do mesmo nível em países ricos.
E precisamente isso, por sinal, que tem traz ido ao Brasil e países semelhantes um número cada vez maior de
executivos estrangeiros.
A compensação para os riscos provocados pelas incertezas políticas do mundo “emergente” (com o consequente
risco para a manutenção do emprego), as ameaças sempre presentes da inflação e o crescente aumento do
consumo nesses países estão na base do movimento que está à vista de todos.
Os grandes vetores dessa “transferência mundial” dos rendimentos mais altos, porém, parecem claramente
movidos por duas forças: a oferta maior que a demanda dos empregos superiores, fruto da ruindade geral da
educação em países como o Brasil, e o marasmo, às vezes quase o estado de coma, no mercado de trabalho
no mundo desenvolvido.
A primeira situação está mais do que demonstrada na economia brasileira: falta, pura e simplesmente, gente
qualificada para ocupar os postos oferecidos.
A indústria, principalmente, não consegue encontrar os profissionais de que precisa, seja para projetos de
expansão, seja para a simples manutenção de suas operações normais; mesmo para um crescimento econômico
que não chega nem a 1% ao ano, as empresas vivem à procura, sempre demorada e frequentemente
malsucedida, de executivos que sejam realmente capazes de executar as tarefas exigidas por seus cargos.
Falta pessoal em centenas de atividades, sendo a área de engenharia a mais dramática. O ambiente na maioria
dos países ricos, porém, já é coisa cercada por nevoeiro grosso.
A França talvez seja o melhor exemplo
A França talvez seja o melhor exemplo dessa situação. A renda média, número algo discutível diante de sua
cohabitação com uma “renda mediana” criada pelos estatísticos, é geralmente colocada em 2400 euros por mês,
ou cerca de 6 250 reais.
Só 10% das famílias ganham mais do que o equivalente a 14 000 reais por mês — havendo contas ainda mais
rigorosas, segundo as quais os 90% restantes recebem mensalmente menos de 3300 euros, ou 8500 reais. Enfim,
apenas 1% ganha mais do que 7600 euros, ou 20 000 reais por mês.
São cifras altamente equilibradas, às quais se juntam excelente educação e serviços públicos de primeira
qualidade. No entanto, nunca os franceses estiveram tão insatisfeitos com seu bem-estar — e têm demonstrado
isso com as pernas.
Contando apenas os que se registram nos consulados, há hoje 1,6 milhão de franceses vivendo no exterior, um
número que pode estar próximo a 3 milhões, na contabilidade real.
Não querem os poucos empregos que a França pode oferecer e não se interessam pelo Estado de bem-estar
social que tanto esforço, tanto imposto e tantas décadas custou ao país.
É um caso que dá o que pensar.
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	J.R. Guzzo: Crise provoca reviravolta e faz profissionais qualificados ganharem salários maiores nos países menos ricos

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