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traumatismo dentário numa visão para a promoção da saúde

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Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.5, n.1, p.01-07, jan-jun 2010. Página 1 
 
TRAUMATISMO DENTÁRIO NUMA VISÃO PARA A PROMOÇÃO DE SAÚDE 
 
 
VANESSA DOS SANTOS ¹; SANDRO SEABRA
2
; LEILA CHEVITARESE
3
 
 
1 Cirurgiã-Dentista formada pelo Curso de Odontologia da Universidade do Grande Rio Professor José de Souza Herdy 
(UNIGRANRIO), Duque de Caxias, RJ, Brasil; 2Mestre em Odontopediatria pela UNIGRANRIO, Duque de Caxias, RJ, Brasil; ; 
3Professora do Curso de Graduação e Pós-Graduação de Odontologia e Coordenadora do Pró-Saúde I da UNIGRANRIO, Duque de 
Caxias, RJ, Brasil * ;lchevitarese@unigranrio.com.br Rua Professor José de Souza Herdy,1160. CEP 25071-200, Duque de Caxias, RJ. 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho descrito por meio de revisão da literatura tem como objetivo discutir sobre o traumatismo 
dentário, convidando o leitor a refletir sobre o assunto na lógica da estratégia saúde da família, colocando-o 
no contexto da prática sanitária da vigilância em saúde. Tal prática leva o leitor a pensar no traumatismo 
dentário dentro dos possíveis territórios: indivíduo, família e comunidade, de forma a refletir para 
desencadear processos de construção de cidadania por meio de promoção da saúde. A conclusão a que se 
chegou é que há necessidade de se expandir a compreensão e a abordagem do traumatismo dentário além da 
clínica odontológica. 
Palavras-chave: Traumatismo Dentário; Odontologia; Saúde da Família. 
 
 
 
DENTAL TRAUMA IN A VISION FOR HEALTH PROMOTION 
 
 
ABSTRACT 
 
This work described by means of literature review aims to discuss on dental trauma, inviting the reader to 
think about it in the logic of the family health strategy, putting it in the context of sanitary practice of public 
health surveillance. This practice leads the reader to think about dental trauma in the possible areas: 
individual, family and community, to reflect and to trigger processes of construction of citizenship through 
health promotion. The conclusion reached is that there is need to expand the understanding of and approach 
to dental trauma in addition to the dental clinic. 
Keywords: 
 
 
 
ESTADO DA ARTE 
 
As lesões dentárias traumáticas têm grande 
impacto na qualidade de vida da criança e do 
adolescente. A prevalência do traumatismo 
dentário é pouco estudada e se transforma em um 
problema de saúde pública, que se torna freqüente 
de acordo com seu crescente índice por meios de 
agressões, espancamentos, acidentes de trânsito, 
assim como o aumento de atividades esportivas 
principalmente no que diz respeito a esportes de 
contato, onde o uso de equipamentos de proteção 
é negligenciado. Outro fator determinante se dá 
em brincadeiras realizadas em ambientes pouco 
seguros, seja pela presença de local inadequado, 
pela despreocupação com o risco e pela ausência 
de equipamentos de segurança. 
O traumatismo dento-alveolar é inserido 
por muitos autores dentro de especialidades como 
a odontopediatria e a endodontia, mas na verdade 
este tipo de problema envolve uma abordagem 
com cuidados multidisciplinares e 
multiprofissionais, muitas vezes necessitando 
apoio médico e psicológico. Os traumas dentários 
representam uma das causas mais comuns de 
procura aos serviços de pronto atendimento, 
porém, em relação ao levantamento de 
procedimentos realizados que contribui para a 
sobrevida dos elementos dentários atingidos, a 
literatura carece de maiores estudos. Entretanto, 
cita-se a demora no atendimento de urgência, a 
desinformação e o desespero de alguns 
profissionais para o atendimento. Conduta clínica 
inadequada, e em algumas vezes omissa, 
determinará um prognóstico ruim para o caso 
(Soares e Goldberg, 2002). 
Para ser realizado um protocolo de 
atendimento e aplicar um programa de prevenção 
com intuito de diminuir a incidência destas lesões, 
é necessário aprofundar o conhecimento sobre as 
características da população atingida através dos 
fatores etiológicos, gênero, faixa etária, tipos de 
 
 
 
 
 
Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.5, n.1, p.01-07, jan-jun 2010. Página 2 
 
lesões de pronto atendimento e território de 
ocorrência. 
Segundo Andreasen (2001), a freqüência 
das lesões dentais traumáticas tem uma variação 
considerável, refletindo em um grande número de 
fatores, tais como diferenças nos critérios de 
amostragem. Contudo, os fatores mais 
significativos são as diferenças de gênero e faixa 
etária. 
Em relação à distribuição por gênero em 
vários países, na freqüência dos traumatismos, 
difere significativamente. No geral o que se 
observa é a proporção do gênero masculino duas 
vezes maiores do que no feminino. Esse fato pôde 
ser confirmado em estudos realizados por alguns 
autores, em diferentes países (Geneva, Schatz e 
Joho, 1994, Saem- Lim et al. Antunes et 
al.(2005); Carvalho (2007). 
Para a faixa etária, uma forma de eliminar 
sua influência é estudando a prevalência do 
traumatismo dentário nos estágios de 
desenvolvimento tais como na dentição decídua 
aos 5 anos (antes da dentição mista) e aos 12 anos 
(após o período de dentição mista) 
(ANDREASEN, 2001). 
Caldas e Burgos (2001) conduziram um 
estudo retrospectivo sobre os traumatismos 
dentais em pacientes atendidos em um hospital 
público de Recife, e verificaram que grande 
número de lesões ocorreu em pacientes com idade 
entre 06 e 15 anos (50,8%), seguidos pelo grupo 
de 01 a 05 anos (30,8%), onde a maioria dos 
traumas dentários nestas idades ocorreu em casa. 
Kargul et al. (2003) também realizaram um 
estudo na Universidade de Marmara na cidade de 
Istambul, onde avaliaram 300 pacientes entre 1 e 
12 anos acometidos por traumatismo dentro da 
faixa etária mostrou que a idade mais acometida 
foi a de 10 anos (18%), na dentição permanente e 
de 2 anos (7,6%) na dentição decídua. 
Carvalho em 2007, em um estudo 
retrospectivo de pacientes de trauma o Projeto de 
Trauma Dental no Curso de Odontologia da 
UNIGRANRIO, Rio de Janeiro, distribuiu os 
pacientes em seis grupos de acordo com as faixas 
etárias. A maior freqüência de traumatismo 
dentário foi observada no grupo etário de 6 a 10 
anos, com total de 241 pacientes (38,6%), seguido 
por um grupo etário de 11 a 15 anos com 192 
pacientes (30,7%). 
Em relação ao tipo de lesão, Andreasen 
(1970) estudou as lesões traumáticas dentais 
ocorridas em 1298 pacientes do Hospital 
Universitário de Copenhagen e verificou que o 
tipo de lesão encontrada variou de acordo com a 
dentição atingida (decídua ou permanente). As 
fraturas dentais foram mais comuns na dentição 
permanente enquanto os traumatismos na dentição 
decídua estavam mais relacionados às estruturas 
de suporte dos dentes. Dentre todas as lesões, a 
mais freqüente foi a luxação extrusiva (30%) 
seguida pela avulsão e por fraturas coronárias. 
Fraturas envolvendo osso alveolar apresentaram 
uma freqüência relativamente alta (14%), e isto se 
deve provavelmente ao fato de o estudo ter sido 
conduzido em um hospital. 
Sae-Lim et al. (1995) verificaram em um 
estudo realizado no Hospital Geral de Singapura, 
que 79% dos traumatismos dentais ocorreram em 
dentes permanentes, e que tanto na dentição 
decídua quanto permanente os dentes ântero-
superiores foram os mais atingidos. Neste estudo, 
foram encontradas principalmente lesões mais 
severas em ambas as dentições, como as luxações 
que representaram 71,3% do total de lesões. O 
principal tipo de lesão encontrada foi a 
subluxação (36%) seguida pela avulsão (20,4%). 
Entretanto os autores notaram que foram 
verificadaspoucas lesões aos ossos da face, 
exceto pelas fraturas dento - alveolares, que 
representavam 11,5% do total de lesões 
encontradas. 
Já, as quedas na infância relacionadas aos 
traumatismos dentários são pouco freqüentes, 
durante o primeiro ano de vida, mas podem 
ocorrer em razão, por exemplo, de uma queda de 
colo. Os traumas aumentam de acordo com os 
primeiros esforços da criança para se mover, que 
será potencializado à medida que a criança 
começa a andar e tenta correr, tendo ainda a falta 
de experiência e coordenação. A incidência chega 
ao seu pico logo antes da idade escolar e consiste 
principalmente de traumatismos devido a quedas 
e colisões tendo alta freqüência de faturas 
coronárias (ANDREASEN, 2001). 
Em uma pesquisa sobre a ocorrência de 
lesões traumáticas nas regiões bucal e maxilar, 
Uji e Teramoto (1988) verificaram que 37,7% das 
lesões ocorreram devido a quedas, 29,2% devido 
a atividades desportivas, 7,9% devido a brigas e 
apenas 1,6% foram causadas por acidentes de 
trânsito. 
Em um estudo conduzido por Blinkhorn 
(2000) com crianças de 11 a 14 anos foram 
avaliadas em dentes anteriores. De um total de 
668 crianças com algum tipo de injúria nos 
incisivos, apenas 330 lembraram como e onde o 
trauma havia ocorrido. As causas mais comuns 
das lesões foram as quedas (33,9%) e acidentes 
envolvendo bicicletas (13,6%). As lesões mais 
severas foram causadas principalmente por 
acidentes de Trânsito. 
Quatro anos após, Silva et al. (2004) 
realizaram um estudo correlacionando o trauma 
 
 
 
 
 
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dental com o trauma facial em 340 pacientes 
atendidos no período de um ano no Departamento 
de Cirurgia Oral e Maxilofacial da Universidade 
de Campinas, Brasil, e avaliaram que os fatores 
etiológicos mais freqüentes nos casos de trauma 
dental foram as quedas (51,9%) e os acidentes de 
trânsito (25%). 
Carvalho (2007) e Uji e Teramoto (1988) 
afirmam que a maior incidência de traumatismo 
dentário é em relação à queda. O primeiro autor 
em seu estudo identificou as seguintes formas: 
queda da própria altura (35,2%), acidentes com 
bicicleta (19,4%), acidentes automobilísticos 
(9,6%), neste foi incluído além das colisões, 
atropelamentos, agressões –brigas- (6,9%), prática 
esportiva (8,3%) e colisões com objetos 
inanimados (17,3%). 
Os ataques epiléticos apresentam um fator 
de grande causa ao traumatismo dentário, por 
estarem diretamente relacionados à queda durante 
aos ataques, onde sofrem lesões dentais de modo 
repetitivo (ANDREASEN, 2001). 
O traumatismo relacionado a drogas tem 
sido relatado com certa freqüência, onde muitos 
usuários sofrem fraturas coronárias de molares e 
pré-molares, aparentemente resultantes do ato de 
apertar violentamente os dentes 3 a 4 horas após o 
uso da droga, sendo restritas as cúspides linguais 
ou vestibulares, incluindo até seis dentes 
fraturados no mesmo indivíduo. (ANDREASEN, 
2001) 
Outra etiologia para o traumatismo 
dentário é a dentinogênese imperfeita, que é uma 
causa de trauma pouco usual, sendo uma fratura 
radicular espontânea causada pelo fenômeno de 
micro-resistência reduzida da dentina e a forma 
cônica anormal das raízes. (ANDREASEN, 2001) 
Foi observado por Hamilton et al. (1997), 
em um estudo retrospectivo que realizaram sobre 
a prevalência dos traumatismos dento-alveolares 
em adolescentes ingleses de 11 a 14 anos, a 
qualidade do tratamento realizado nos casos de 
traumas. Os autores relataram haver problemas no 
atendimento dado aos adolescentes que tiveram 
traumas mais significantes, pois menos da metade 
recebeu o tratamento necessário e mais da metade 
dos tratamentos realizados foram inadequados. 
O enfrentamento do traumatismo dentário 
deve ser realizado por meio da sua prevenção e 
tratamento imediato após a sua ocorrência. Tais 
ações podem ser realizadas no âmbito da atenção 
básica, que tem por estratégia a saúde da família, 
caso haja necessidade devido à gravidade das 
lesões e às condições físicas, o paciente deve ser 
encaminhado para os CEOS ou hospitais. 
Este trabalho pretende discutir o 
enfrentamento do traumatismo dentário dentro da 
atenção básica, levando em consideração os 
vários territórios envolvidos em comunidades, de 
modo a promover qualidade de vida como 
expressão de promoção de saúde. 
 
 
CONJECTURAS 
 
Seguindo a lógica da vigilância em saúde 
como sinônimo de prática sanitária vivenciada na 
estratégia saúde da família, podemos afirmar que 
o problema do traumatismo dentário deve ser 
abordado dentro dos territórios em uma 
determinada localidade, pois configuram uma 
visão como, reflexo das dinâmicas físicas, 
socioeconômicas e culturais do contexto local 
sendo uma realidade complexa e dinâmica, em 
permanente transformação. 
Segundo o Caderno de Atenção Básica, 
dos agravos em saúde bucal, o traumatismo 
dentário é característico da atenção prestada nos 
serviços de atenção básica, sendo considerado 
como um dos mais prevalentes nas comunidades, 
e por isso objeto de estudos epidemiológicos em 
virtude de sua prevalência e gravidade (BRASIL, 
2006). 
O comprometimento estético causado pelo 
traumatismo dentário pode acarretar em um 
impacto psicológico e social de grande extensão, 
principalmente em jovens e adolescentes onde os 
principais aspectos relacionados com seu 
comportamento são a aparência, especialmente 
facial, onde os olhos e a boca têm relação direta, 
com a atração física, com a relação social e com o 
sucesso profissional, tornando-os insatisfeitos 
gerando-lhes problemas emocionais, 
transformando-os em seres infelizes. 
Em relação à predisposição ao trauma, 
pode ser citado que o paciente do gênero 
masculino (Carvalho, 2007), apresenta uma 
proporção de 2:1 em relação ao feminino, isso se 
dá pelo fato de uma maior presença em atividades 
de contato. Em relação às maloclusões não têm 
como predispor, pois isso é uma condição muito 
particular, que pode ocorrer por falta de 
orientação levando ao hábito de sucção de objetos 
e dedos ou por uma predisposição genética. Isso 
pôde ser visto em um estudo feito por Traebertt et 
al. (2004), onde confirmaram que escolares do 
sexo masculino com um sobresaliência maior que 
5mm tiveram mais traumatismo dentário do que 
escolares do sexo feminino, com o mesmo de até 
5mm. Mas em compensação não houve a 
associação com o nível de educação dos pais ou 
selamento labial, o que indica que isso dependerá 
do tipo de amostra, pois em um relato feito por 
Wanderlei (2003), indicou que para a não 
 
 
 
 
 
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ocorrência ou a diminuição do trauma dental é 
necessário explicar aos responsáveis a 
importância do tratamento para a manutenção do 
dente decíduo na cavidade bucal e/ou sua 
reabilitação para o equilíbrio das dentições, assim 
como as seqüelas que este trauma pode ocasionar 
para os dentes permanentes que estão se 
formando. Vários autores indicam como fatores 
predisponentes ao traumatismo o tipo de oclusão e 
falta de proteção labial. Então, a prevenção ao 
traumatismo em dentes decíduos pode ser iniciada 
com a orientação dos hábitos de sucção do bebê, 
incentivando o aleitamento materno e evitando o 
hábito prolongado da sucção de chupeta 
(preferível que a sucção de polegar) e mamadeira, 
removendo-as antes que se instalem as 
maloclusõese alterações mio funcionais como 
protrusão dos incisivos superiores e falta de 
selamento labial, que facilitariam o trauma dos 
dentes ântero-superiores. A saúde geral também é 
a causa de limitações em atividades diárias, como 
dificuldade em morder alimentos e pronunciar 
determinadas palavras. 
Com estes fatos relatados, pode-se então 
minimizar a prevalência de traumatismo dentário 
no território indivíduo, com um programa de 
orientações de pais e professores enfatizando 
como poderão colaborar diante de um trauma 
dental, e à medida que há o crescimento da 
criança, orientá-las de forma lúdica envolvendo-a 
na importância da prevenção, objetivando sempre 
a qualidade de vida. Já para os jovens e 
adolescentes a abordagem poderá ser de forma 
clara, através de orientações verbais, 
questionamentos, palestras e brincadeiras lúdicas 
de acordo com a idade que possui tendo 
envolvimento no tema, e é primordial um 
acompanhamento a longo prazo e principalmente 
para a mudança de hábitos, por parte não só dos 
professores, mas, também, pela equipe de saúde, 
caracterizando desta forma uma ação intersetorial 
característica da promoção de saúde. 
Para que isso ocorra de forma homogenia 
se deve identificar a inter-relação familiar deste 
indivíduo, neste caso o território aqui trabalhado é 
o da família no tocante ao espaço físico e relações 
familiares. A melhor forma de identificação pode 
ser através do conhecimento do espaço físico em 
que vive. Para isso, o programa de saúde da 
família é de primordial importância, pela maior 
afinidade dos agentes comunitários com as 
famílias, pois como já se sabe, estes agentes são 
moradores da própria comunidade e que tem 
maior contato com os moradores, e estes são 
responsáveis pela conexão do indivíduo com o 
programa, onde uma das suas responsabilidades é 
fazer o controle e monitoramento no que diz 
respeito a sua saúde como um todo. 
Entretanto, outros aspectos também devem 
ser considerados, como por exemplo, a freqüência 
e a prevalência do trauma encontrado, o 
relacionamento e a personalidade dos pais de 
indivíduos portadores do trauma, o ambiente que 
mora e o desconhecimento destes para 
preservação do elemento dentário que sofreu 
traumatismo dentário. 
Sabe-se através de estudos, que a queda no 
primeiro ano de vida é pouco freqüente, pela 
presença quase que constante no colo de 
indivíduos que os resguardam. E que os traumas 
aumentam de acordo com os esforços da criança 
para se equilibrar, andar e posteriormente correr. 
Todo esse processo induz ao trauma, que se 
potencializa com um local inadequado, onde a 
presença de tapetes, chão escorregadio, móveis 
com presença de quinas, irregularidade do chão, 
mas também presença de pais portadores de vícios 
que na presença do álcool, por exemplo, se 
tornam pessoas altamente agressivas favorecendo 
o traumatismo dentário em seus filhos ou até 
mesmo nas esposas. Por isso é de extrema 
importância que o traumatismo dentário não seja 
julgado como uma especialidade endodontia ou 
pediátrica, pois neste caso o alcoolismo 
continuará mesmo após o tratamento do 
traumatismo dentário, desencadeando mais um 
fator a ser resolvido, que é o estado psicológico 
do agredido, que na maioria das vezes é ignorado. 
De forma indireta, o traumatismo dentário deve 
ser enfrentado por equipe composta de 
profissionais de diferentes áreas do saber. 
Ainda, no território família, mas com 
reflexo no indivíduo, o desconhecimento dos pais 
sobre a importância de intervir o mais rápido 
possível no traumatismo dentário, ainda é um 
fator complicador para o sucesso do tratamento. E 
quando ocorre a intervenção, nos deparamos com 
outros fatores: a falta de orientação para a 
realização de procedimentos de acompanhamento 
e controle. Isso de dá pela falta de informação do 
paciente e de seus pais, proveniente do contato 
com o cirurgião dentista que não teve formação 
que o aproximasse de tal realidade em sua 
graduação. 
As Diretrizes Curriculares Nacionais para 
o ensino de Graduação em Odontologia definem 
em seu Artigo 3º que: 
O curso de graduação em Odontologia tem 
como perfil do formando egresso/profissional o 
Cirurgião Dentista, com formação generalista, 
humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos 
os níveis de atenção a saúde, com base no rigor 
técnico e científico. Capacitado ao exercício de 
 
 
 
 
 
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atividades referentes à saúde bucal da população, 
pautado em princípios éticos, legais e na 
compreensão da realidade social, cultural e 
econômica do seu meio, dirigindo sua atuação 
para a transformação da realidade em beneficio da 
sociedade. 
É definido também no Artigo 5° parágrafo 
II: 
Atuar em todos os níveis de atenção a 
saúde, integrando-se em programas de promoção, 
manutenção, preservação, proteção e recuperação 
da saúde, sensibilizados e comprometidos com o 
ser humano, respeitando-o e valorizando-o. 
Podemos identificar que a demonstração 
da responsabilidade do cirurgião-dentista não se 
resume ao restabelecimento estético bucal, mas 
com a saúde do indivíduo como um todo. A 
deficiência de formação profissional se dá ainda 
na graduação onde se tem uma orientação em 
algumas Universidades, que visa o ensino com 
ênfase no enfrentamento curativo do cuidado em 
saúde bucal, e quando não, o trabalho feito para 
esse tipo de tratamento é de forma de extensão 
curricular, o que para muitos alunos é visto como 
uma perda de tempo ou para outros 
preconceituosos, o contato com pessoas mais 
carentes fica fora de seu padrão de 
relacionamento. O pensamento desses alunos, que 
muitas vezes pode ser entendido como reflexo de 
seus professores, não condiz com o que preconiza 
as Diretrizes Curriculares Nacionais. Talvez esse 
pensamento devesse ser reestruturado pelo 
aumento significativo da prevalência do 
traumatismo dentário e pela sua opção 
teoricamente particular, ser da área da saúde. A 
conseqüência do despreparo profissional é a 
mutilação pela perda dentária, causada pela 
presença de microorganismos e patologias 
reabsortivas. 
Com isso, como podemos querer que os 
indivíduos tenham uma melhora na qualidade de 
vida, se o próprio governo e as universidades 
também não disponibilizam suporte suficiente 
para a formação adequada do profissional. Mas 
será só culpa das entidades? Ou será também a 
falta de interesse pela situação e/ou a falta do 
conhecimento da freqüência do trauma dental. 
Recentemente, o Ministério da Saúde e o 
Ministério da Educação lançaram o Programa 
Nacional de Reorientação da Formação 
Profissional em Saúde (PRÓ-SAÚDE), de modo a 
aproximar a academia do serviço a fim de 
oferecer uma melhor resposta aos problemas de 
saúde incluindo o traumatismo dentário. 
Talvez antes de orientar os pacientes como 
e onde ser encaminhado fosse melhor primeiro 
capacitar os profissionais, já que em vários 
estudos epidemiológicos, e também no Caderno 
de Atenção Básica pode ser evidenciado o 
aumento significativo dos traumatismos dentários, 
ressaltando ainda que os mesmos ocorram sem 
distinção de classe social. 
Por isso, é de fundamental importância que 
os cursos de Odontologia, Órgãos de Classe e os 
governos se mobilizem com campanhas 
educacionais sobre este assunto, divulgando 
informações através de cartazes, palestras para 
profissionais, pais e técnicos de centros 
esportivos, como o objetivo de orientar quanto à 
melhorconduta a ser tomada no pronto-
atendimento, uma vez que são estas pessoas que 
estarão em contato direto com a vítima de 
traumatismo dentário. 
Também é importante ressaltar sobre o 
território comunidade, que abarca os espaços 
comunitários, e em especial a escola, já que 
alguns estudos citam dentre os fatores ambientais 
estudados, o hábito de sucção de chupeta o mais 
relevante na associação com má oclusão. Com 
uma visão mais longínqua podemos ver que o 
início de um trauma dental acontece neste local 
que deveria ser utilizado para educação bucal, e 
que na verdade, em muitos casos, estimula formas 
indevidas de hábitos de vida, transformando-os 
em natural para as crianças, e acarretando 
posteriormente uma predisposição maior ao 
trauma dental. 
Outra questão importante ligada a este 
território diz respeito aos espaços ergonômicos. 
Uma escola que influencia de forma negativa não 
cuidando: da disposição de armários, agravado 
pela presença de pontas aguçadas, da colocação 
de pisos derrapantes, de escadas sem corre-mão, 
de goteiras em passagens (local escorregadio), da 
falta de equipamentos de proteção individual de 
funcionários, de pisos encerados em excesso, de 
objetos que obstruam as passagens, e/ou mal 
fixados acima da altura do corpo, de carteiras sem 
manutenção, e do acondicionamento de objetos 
em locais inadequados, podem fazer com que as 
crianças se prejudiquem. O prejudicar pode ser 
interpretado de diversas maneiras. Uma delas é 
que as crianças poderão se acidentar, e como 
conseqüências imediatas poder-se-ão verificar: o 
traumatismo dentário, a perda de aula, a 
dificuldade de acesso aos serviços de saúde, o 
gasto com a compra de medicamento, pois nem 
sempre o mesmo está disponível na unidade 
pública de saúde; e a perda de dias de trabalho do 
cuidador. A outra maneira refere-se ao exemplo 
negativo de organização que a escola oferta aos 
seus estudantes que certamente carregarão para as 
suas vidas. Esta última age como modelo negativo 
 
 
 
 
 
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e influencia diretamente a falta de qualidade de 
vida permanente, portanto, a promoção de saúde. 
Em conjunto com a educação inadequada, 
a precariedade de organização de uma área 
geográfica (comunidade propriamente dita), como 
falta de organização do fluxo de qualquer objeto 
de locomoção, unido ao analfabetismo de seus 
moradores, dificultando a leitura de placas de 
trânsito e identificação da sinalização, aumenta de 
forma clara e evidente a possibilidade de 
atropelamentos, e em conseqüência, o 
traumatismo dentário. Portanto, colocam-se então, 
desafios para uma ação coletiva para gerar 
benefícios através de tomada de decisões 
igualmente coletivas, negociação de conflitos, 
visando construir um patrimônio seguindo a 
tradição local tentando implementar e/ou 
substituir por possibilidades inovadoras, 
desencadeando assim, processos de construção de 
cidadania e promoção de saúde (IVALDO 
GEHLEN, 2004). 
O exposto acima evidencia que um 
território está diretamente ligado ao outro, assim o 
território indivíduo sofre a influência direta do 
território família e do comunitário, que se 
integram entre si. É de suma importância que as 
famílias e as escolas sejam espaços de exemplos 
positivos para permitir o cuidado no tocante ao 
traumatismo dentário, valorizando e respeitando 
os indivíduos, promovendo desta forma qualidade 
de vida. 
 
CONCLUSÃO 
 
Pode-se concluir que há a necessidade de 
se expandir a compreensão e a abordagem do 
traumatismo dental além da clínica odontológica. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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Recebido em / Received: 2010-08-20 
Aceito em / Accepted: 2010-10-21

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