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Antidepressivos - Farmacologia

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1 
 
Farmacologia II - Aula 4 – 27.02.2018 – Vitória Leal e Yala Figueiredo – 
Medicina XXXIV 
Anti-
depressivos 
Prof. Gersika Bittencourt 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Os antidepressivos são medicamentos bastante 
usados na clínica para o tratamento de 
depressão e para o tratamento de ansiedade, se 
utilizados em doses menores do que as doses 
antidepressivas. 
 
Um dos transtornos de humor mais 
diagnosticado nos pacientes na clínica é a 
depressão. Dentro dos transtornos de humor, 
estão: transtorno bipolar, depressão induzida 
pela utilização de substancias químicas, 
depressão induzida por outras patologias, 
depressão maior. 
 
As mulheres são mais susceptíveis e mais 
propensas a desenvolver depressão, isso se 
deve possivelmente pela variação hormonal. E 
com o avanço da idade do paciente, aumenta 
se também o risco de desenvolver depressão 
independente do sexo. 
 
A depressão é uma patologia, deve ser 
diagnosticada. Como isso é feito? 
 
De acordo com a tabela 1 no final deste 
capítulo, é preciso ter os sintomas número 1 e 
2 que estão listados pelo menos 15 dias 
consecutivos ou cinco dos outros sete sintomas 
listados diariamente por pelo menos 15 dias 
consecutivos. 
Principais causas da depressão 
 
 Utilização de substancias químicas, 
como medicamentos. 
 Afecções ou patologias subjacentes, 
como: câncer, infarto agudo do 
miocárdio. 
 Genética. 
 Biológica – principal motivo. Existem 
alterações biológicas no SNC do 
paciente, como a redução da 
quantidade de neurotransmissores, 
principalmente as catecolaminas na 
fenda sináptica, dentro dos 
neurotransmissores que estão 
reduzidos, destaca-se serotonina, 
noradrenalina e dopamina. 
 
A fenda sináptica de um paciente normal tem 
uma quantidade X de neurotransmissores 
suficientes para manter seu estado de humor, 
já em um paciente depressivo estes níveis de 
neurotransmissores estão reduzidos. Então 
todo medicamento antidepressivo tem como 
finalidade única, elevar a quantidade de 
neurotransmissores na fenda sináptica, 
independente do mecanismo de ação. Porém 
cada medicamento usa um mecanismo 
diferente, dessa forma cada medicamento pode 
elevar neurotransmissores diferentes. 
 
Aula 4 - Antidepressivos 
Vitória Leal e Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 2 
Os antidepressivos são classificados em 2 
classes maiores: 
 
1. Antidepressivos de primeira 
geração ou típicos (são mais 
antigos), que se dividem em: 
 
1.1.ANTIDEPRESSIVOS 
TRICÍCLICOS (ADT) 
 
Apesar de ser uma classe muito eficaz com 
boa resposta terapêutica, atualmente essa 
classe de medicamentos não é utilizada mais 
como primeira escolha para o tratamento da 
depressão, pois produz muitos efeitos 
colaterais para o paciente. 
 
É utilizada em pacientes que possuem uma 
depressão que não é tratável (depressão 
refratária), associado a outros antidepressivos 
mais novos ou em pacientes intolerantes aos 
antidepressivos mais novos. 
 
Os ADT foram a primeira classe de 
antidepressivos descoberta e utilizado no 
Brasil, isso foi muito importante para a clínica 
medica porque antes disso o paciente 
depressivo era tratado com 
eletroconvulsoterapia. Nesse método o 
paciente tinha que ser internado, submetido a 
anestesia, era colocado eletrodos no seu SNC e 
o paciente recebia pequenos eletrochoques 
para estimular a liberação de 
neurotransmissores pelos neurônios. Então 
depois da descoberta dos ADT, o tratamento 
passou a ser feito em casa (ambulatorial). 
 
Atualmente, a eletroconvulsoterapia ainda é 
utilizada para pacientes que não tem sucesso 
terapêutico com medicamento ou para 
pacientes que precisam de uma resposta 
rápida. 
 
Os antidepressivos de maneira em geral 
demandam tempo para iniciar a sua ação, no 
mínimo um mês para o paciente atingir o 
steady state (equilíbrio de concentração 
plasmática) e ter uma resposta terapêutica 
interessante. Por exemplo: pacientes com 
depressão e ideia suicida, a 
eletroconvulsoterapia é uma opção, pois sua 
resposta terapêutica é mais rápida ou pacientes 
com muitas reações adversas ao utilizar os 
medicamentos antidepressivos de maneira em 
geral. 
 
Até hoje os ADT são muitos usados devido ao 
seu preço acessível, boa resposta terapêutica, 
apesar dos efeitos colaterais. 
 
Os ADT são subdivididos em dois tipos 
(*mais usados): 
 
 Aminas terciárias: amitriptilina*, 
imipramina*, clomipramina, doxepina. 
 Aminas secundárias: desipramina, 
amoxapina, nortriptilina* (metabólito 
ativo da amitriptilina). 
 
Mecanismo de ação 
 
Os pacientes com depressão tem quantidade 
reduzida de neurotransmissores na fenda, que 
podem ser recaptados pela bomba de 
receptação do neurônio pré-sináptico. Então, 
de maneira geral, o mecanismo de ação dos 
ADT é inibição da receptação de 
neurotransmissores na fenda sináptica, 
aumentando sua quantidade na fenda. 
 
As aminas terciárias inibem principalmente a 
receptação de serotonina, enquanto as aminas 
secundarias inibem a receptação 
noradrenalina. Porém, as aminas terciarias, ao 
serem metabolizadas dão origem as aminas 
secundarias, por esse motivo as aminas 
terciarias inibem tanto a receptação de 
serotonina quanto de noradrenalina. Por 
exemplo: a amitriptilina quando metabolizada 
gera a nortriptilina. 
 
Quando administrados por via oral, os ADT 
sofrem uma absorção rápida, e por terem meia 
vida de eliminação de em média de 24 horas, 
são fármacos utilizados de 1 a 2 (no máximo) 
vezes ao dia. Ao atingirem a corrente 
sanguínea, se ligam extensamente as proteínas 
plasmáticas podendo ser deslocado por outros 
fármacos. 
 
Metabolização 
 
Os ADT são metabolizados pelas enzimas do 
citocromo p450, principalmente CYP 2D6, 
que é uma enzima que sofre muita 
variabilidade genética. Portanto existem 
Aula 4 - Antidepressivos 
Vitória Leal e Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 3 
pacientes que são metabolizadores rápidos 
(muito enzima) e outros metabolizadores 
lentos (pouca enzima). Por isso que ao utilizar 
essa classe de fármacos, pode ser interessante 
se realizar monitorização terapêutica para 
checar a concentração sanguínea e avaliar se 
está dentro da faixa terapêutica. Porque os 
ADT produzem muitos efeitos colaterais, se o 
paciente for um metabolizador lento e utilizar 
a mesma dose de um metabolizador rápido, irá 
ocorrer a acumulação do ADT no organismo 
do paciente potencializando os efeitos tóxicos. 
 
Depois de sofrer metabolismo 
(biotransformação), os ADT são eliminados 
por via renal. 
 
Reações adversas 
 
Os ADT, ao invés de chegar ao SNC e apenas 
inibirem a receptação do neurotransmissor, 
têm afinidade por vários receptores no 
organismo, sendo capazes de se ligarem a 
diversos tipos de receptores. 
 
Por exemplo: os ADT são capazes de bloquear 
os receptores histaminérgicos do tipo H1, 
provocando sonolência, aumento do apetite, e 
consequentemente ganho de peso. Além disso, 
são capazes de bloquear os receptores 
muscarinicos de acetilcolina, provocando 
muitas reações anticolinérgicas, como: 
constipação intestinal, xerostomia, visão turva. 
Eles também bloqueiam os receptores alfa-1 
adrenérgicos, provocando hipotensão postural 
no paciente e consequentemente tonturas. 
 
Não é interessante tratar as reações adversas 
dos pacientes, só que se o paciente não obtém 
melhoracom os outros antidepressivos, então 
para amenizar essas reações adversas, existem 
alguns procedimentos que podem ser feitos, 
como por exemplo: 
 
 Para tratar os efeitos anticolinérgicos 
centrais dos ADT, pode se administrar 
a fisostigmina (inibidor de 
acetilconilesterase que age tanto 
perifericamente quanto a nível central 
aumentando os níveis de acetilcolina). 
 Para tratar a retenção urinária (efeito 
anticolinérgicos), pode se administrar 
o betanecol (agonista colinérgico 
direto que se liga nos receptores 
muscarinicos do tipo M3 presentes na 
bexiga, aumentando a contração do 
musculo detrusor da bexiga e o 
esvaziamento). 
 
Contra-indicações 
 
Existem situações em que o paciente que 
utiliza os ADT e manifestam efeitos colaterais 
graves, nesse caso deve se suspender o uso do 
ADT. Estas contraindicações são: 
 
 Nos casos de efeitos colaterais como 
retenção urinaria grave e pacientes 
com crises de mania/psicose, ou 
pacientes com problemas cardíacos 
graves e idosos. 
 O ADT pode causar crise de 
mania/psicose no paciente caso ocorra 
uma grande inibição da receptação do 
neurotransmissor, que passa então a 
estar em excesso podendo produzir 
uma crise psicótica no paciente. 
Especialmente o excesso de dopamina. 
 Em paciente com problemas cardíacos 
graves, são capazes de alterarem a 
condução elétrica cardíaca, e 
consequentemente podendo produzir 
bloqueio de ramo. 
 Em idosos é contraindicado devido a 
já possuírem a farmacocinética 
alterada, podendo acumular os ADT 
por menor capacidade de 
biotransformação e excreção, 
potencializando os efeitos colaterais. 
O problema nesse caso, são a 
produção de efeitos colaterais 
anticolinérgicos centrais em pacientes 
idosos, que podem levar a alterações 
de memória. Ademais, a hipotensão 
ortostática (postural) pode levar a 
queda, e consequentemente fraturas 
que nesses pacientes são de difícil 
tratamento. 
 
1.2.INIBIDORES DA MAO (IMAO) 
 
A MAO (monoaminaoxidase) é a enzima 
responsável para degradação dos 
neurotransmissores que são monoaminas. Um 
paciente depressivo tem um número reduzido 
de monoaminas na fenda sináptica, se a MAO 
Aula 4 - Antidepressivos 
Vitória Leal e Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 4 
estiver ativa, ela irá degradar esse 
neurotransmissores. Então ao inibir a MAO, 
inibe a degradação desses neurotransmissores, 
e consequentemente aumenta a 
biodisponibilidade desses neurotransmissores 
na fenda sináptica. Existem 2 tipos de MAO 
no nosso organismo: 
 
 MAO A 
 MAO B 
 
A diferença entre elas é a localização tecidual. 
Por exemplo: no TGI tem-se MAO A, no SNC 
tem- se MAO A e MAO B, no fígado tem –se 
MAO A e MAO B. 
 
Os IMAO podem ser classificados com: 
 
 Inibidores seletivos e reversíveis: 
inibem MAO A ou MAO B, e o 
medicamento inibe a enzima 
temporariamente. 
 Inibidores não seletivos e 
irreversíveis: inibem MAO A e MAO 
B, e o medicamento inibe a enzima 
definitivamente. 
 
No Brasil, existem: 
 
 Seleginina: seletivo e reversível de 
MAO B – utilizado para tratamento de 
Parkinson. 
 Moclobemida: seletivo e reversível 
de MAO A - utilizado no tratamento 
da depressão 
 Tranilcipromina: não seletivo e 
irreversível de MAO - é o mais usado, 
com sucesso terapêutico alto. 
 
Os IMAO são bastantes prescritos por médicos 
especialistas, por exemplo psiquiatras, em 
casos de insucesso com as classes de 
antidepressivos mais novas (não é primeira 
escolha) para paciente com depressão grave, e 
pacientes que não respondem a outros 
tratamentos. 
 
Interações medicamentosas 
 
Esta classe de medicamento está amplamente 
envolvido em interações medicamentosas 
graves, por isso na maioria dos casos somente 
é prescrita por especialistas. 
Dentre as principais interações estão: 
 
Efeito queijo tiramina: a tiramina é uma 
substancia presente em vários alimentos e 
medicamentos, quando utilizada por via oral 
ela sofre a degradação pela MAO A presente 
no TGI, os IMAO não seletivos ao inibirem 
essa MAO, inibem a degradação de tiramina, 
que será absorvida em uma maior quantidade 
pelo TGI chegando em grande quantidade na 
corrente sanguínea. A tiramina aumenta a 
liberação de noradrenalina pelos neurônios pré 
sinápticos, isso significa que o consumo 
massivo de tiramina origina no paciente uma 
crise hipertensiva grave que pode ser 
potencialmente fatal. Então os pacientes que 
utilizam inibidores de MAO não seletivos tem 
um restrição dietética, devem evitar consumir 
queijos, vinho, chocolate, fígado de galinha, 
necessitando de um acompanhamento 
nutricional. 
 
 Cuidado: paciente fez o tratamento 
para depressão durante nove meses com 
tranilcipromina, com melhora clínica, e desejo 
de abandonar o uso. Depois que o paciente 
deixa de utilizar a tranilcipromina, como ele é 
um inibidor irreversível da MAO, é necessário 
um prazo de pelo menos 15 dias após a 
suspensão do uso do medicamento para manter 
uma dieta livre. Esse prazo é necessário para 
que o organismo sintetize novas moléculas de 
MAO. 
 
Desvantagem 
 
A desvantagem da tranilcipromina é a 
produção de insônia, por isso para evitar esse 
efeito colateral se pede para o paciente tomar o 
medicamento antes das 16 horas, diminuindo o 
risco de produzir insônia. 
 
 CUIDADO: a associação do inibidor 
de MAO com ADT pode provocar uma crise 
norapinergica (aumento súbito de 
noradrenalina no organismo), porque o ADT 
impede a receptação de noradrenalina 
aumentando a quantidade de noradrenalina na 
fenda, o IMAO inibe a degradação da 
noradrenalina, isso quer dizer que se tem um 
aumento brusco de noradrenalina no 
organismo, podendo ter elevações de pressão 
arterial. 
Aula 4 - Antidepressivos 
Vitória Leal e Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 5 
 
Existem pacientes que necessitam da 
associação de antidepressivos para obter uma 
melhora clínica. Nesse caso, deve se fazer uma 
redução da dose de ambos os fármacos. 
 
2. Antidepressivos de segunda geração 
 
2.1 INIBIDOR SELETIVO DE 
RECEPTAÇÃO DE SEROTONINA 
(ISRS) 
 
Esse medicamento inibe apenas a receptação 
de serotonina para o neurônio pré-sináptico, 
aumentando a concentração de serotonina na 
fenda pré-sináptica. 
 
Dentre esses inibidores destacam-se: 
fluoxetina, paroxetina, sertralina, 
fluvoxamina, citalopram (é uma mistura 
racêmica do R citalopram com o S 
citalopram), escitalopram (isômero S do 
citalopram – é mais especifico para o receptor, 
tende a produzir menos efeitos colaterais, é 
mais potente). 
 
Essa classe é amplamente utilizada pela 
população, porque ela possui as seguintes 
vantagens: 
 
 ISRS não bloqueia receptor 
histaminérgico, não bloqueia receptor 
muscarinico, e não bloqueia receptor 
alfa-1 adrenérgico, então pode-se dizer 
que ele produz menos efeitos 
colaterais para esses pacientes. 
 Não produz interação medicamentosa 
com alimentos, permitindo uma dieta 
livre. 
 A meia vida de eliminação dos 
fármacos dessa classe é considerada 
longa, por isso podem ser utilizados 
em uma única dose diária. 
 
Interação medicamentosa 
 
A única interação medicamentosa importante 
em relação a esses fármacos é em relação à 
paroxetina e fluoxetina. Esses medicamentos 
são considerados inibidores enzimáticos, então 
inibem o metabolismo de outros 
medicamentos ao inibiremas enzimas do 
citocromo p450, principalmente da CYP2D6, 
que é uma enzima que metaboliza os ADT. 
Por isso, cuidado ao associar esse dois 
medicamentos, pois eles vão inibir a 
metabolização do ADT aumentando a 
concentração plasmática. 
 
A paroxetina e a fluoxetina também interagem 
com o taloxifeno, que é um fármaco utilizado 
para o tratamento para o câncer de mama, é 
um modulador dos receptores de estrogênio, 
impedindo a ligação deste hormônio no seu 
receptor impedindo a proliferação da célula 
cancerígena. 
 
O taloxifeno é um pró-fármaco, ou seja, ele 
precisa sofrer metabolismo pela CYP 2D6 
para se transformar no fármaco ativo. A 
fluoxetina e a paroxetina inibem a CYP2D6. 
Então uma paciente com câncer de mama 
utilizando taloxifeno, e pode desenvolver uma 
depressão, ao fazer o uso da fluoxetina e 
paroxetina, esses medicamentos irão inibir 
drasticamente o efeito farmacológico do 
taloxifeno. Isso já é provado! A resposta 
terapêutica é reduzida. 
 
Reações adversas 
 
ISRS produz menos efeitos colaterais que os 
ADT, porem ele não é isentos destes. Os 
principais efeitos dessa classe: 
 
 Distúrbio no TGI, como náuseas e 
vômitos, por causa do excesso de 
serotonina no organismo, que se liga 
em outros receptores, inclusive os do 
TGI. Então o paciente pode ter 
distúrbios gástricos, no SNC pode 
produzir agitação, pânico, insônia. 
 Disfunção sexual, principalmente 
redução de libido, especialmente do 
sexo masculino. Isso é um problema 
porque o paciente tende a deixar de 
utilizar o medicamento, nesse caso é 
interessante substituir por outra classe. 
 
 Cuidado: associação de ISRS com 
IMAO. Têm pacientes que tomam fluoxetina e 
associa um IMAO. Quando isso acontece, o 
paciente pode apresentar uma crise 
serotoninérgica. O ISRS inibe somente a 
receptação de serotonina e o IMAO inibe a 
degradação de serotonina, então se tem um 
Aula 4 - Antidepressivos 
Vitória Leal e Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 6 
excesso, que é caracterizado por crise 
serotoninérgica. As principais reações desta 
crise são dor abdominal, diarreia, hipertensão 
arterial, insônia, agitação psicomotora, 
aumento da temperatura corporal, rigidez 
muscular. 
 
Abstinência 
 
Suspensão repentina dos medicamentos 
antidepressivos pode causar uma síndrome de 
abstinência. Medicamentos antidepressivos 
atuam no SNC, então é necessário que seja 
feito a redução da dose gradativamente. A 
maioria dos pacientes escolhem por conta 
própria parar de tomar o medicamento, seja 
por estar se sentindo melhor ou por ter muitos 
efeitos adversos. 
 
Se um pacientes estiver tomando citalopram e 
ou fluoxetina (ISRS) e eles decidirem 
suspender abruptamente a administração 
desses medicamentos, a crise de abstinência 
será mais acentuada em que paciente? 
 
 A fluoxetina tem a vida de eliminação 
mais longa de 2 a 4 dias, e o seu 
metabolito tem a meia vida de 15 dias 
– tanto é que para atingir o steady 
state é necessário no mínimo dois 
meses. O citalopram e os outros ISRS 
tem meia vida de eliminação de 24 
horas, são eliminados mais 
rapidamente, tanto que é se atinge o 
steady state de 7 a 15 dias. Então o 
paciente que toma citalopram 
apresentará crise de abstinência mais 
rápido, pois possui meia vida de 
eliminação mais curta. Já a fluoxetina 
tem menor intensidade de produzir a 
crise de abstinência, pois sua meia 
vida de eliminação é mais longa. 
 
Tratamento de depressão em idosos 
 
Tratar um distúrbio de humor em idoso não é 
fácil. A classe de primeira escolha para idosos 
são os ISRS, é uma das classes mais seguras. 
Dentro dessa classe, existem dois 
medicamentos que devem ser evitados que são 
a fluoxetina e a paroxetina, pois normalmente 
os idosos são polimedicados e como esses dois 
fármacos são considerados inibidores 
enzimáticos, pode-se produzir muita interação 
medicamentosa com os medicamentos que os 
idosos já tomam. 
 
Além disso, a fluoxetina por possuir uma meia 
vida de eliminação muito longa, ela pode se 
acumular no organismo do idoso 
potencializando os efeitos colaterais dessa 
classe. 
 
Para o idoso é interessante utilizar o 
citalopram e a sertralina dentro dos ISRS, ou 
pode se utilizar outros antidepressivos de 
segunda geração, por exemplo: existe um 
antidepressivo de segunda geração que é a 
mirtazapina, ela é interessante para ser 
utilizado em idosos, principalmente aqueles 
que têm insônia, porque a mirtazapina mesmo 
sendo de segunda geração é um medicamento 
antidepressivo que bloqueia os receptores 
histaminérgicos H1 e produz sonolência no 
paciente. 
 
2.2. INIBIDORES DA RECEPTAÇÃO DE 
SEROTONINA E NORADRENALINA 
(IRSN) 
 
Os ADT são capazes de inibir a receptação de 
serotonina e noradrenalina, a diferença é que o 
principal medicamento nessa classe é a 
venfalaxina, possui uma estrutura química 
diferente. 
 
O ADT é um antidepressivo que tem na sua 
estrutura química três ciclos, já a venfalaxina 
não tem essa estrutura. Porém o mecanismo de 
ação é o mesmo, aumenta os níveis de 
serotonina e noradrenalina na fenda sináptica 
por bloqueio da bomba de receptação desses 
dois neurotransmissores. Porém a venfalaxina 
possui vantagens em relação aos ADT, que é 
não bloquear os receptores histaminérgicos, 
muscarinicos e alfa 1 adrenérgicos, ou seja, a 
venfalaxina não tem afinidade por esses 
receptores. 
 
O principal efeito colateral da venfalaxina é 
relacionado ao TGI, que é náusea, 
principalmente no início do tratamento. 
 
Hoje, a venfalaxina é disponibilizada de duas 
maneiras: 
Aula 4 - Antidepressivos 
Vitória Leal e Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 7 
 Venfalaxina de liberação imediata: 
tem meia vida de eliminação muito 
curta e por isso deve ser utilizada de 2 
a 3 vezes ao dia. Se usada em doses 
mais elvadas, pode produzir no 
paciente hipertensão diastólica 
sustentável devido a seu mecanismo 
de ação. 
 Venfalaxina XR: pode ser tomada em 
dose única diária e é liberada 
gradativamente na corrente sanguínea 
do paciente durante todo o dia, 
fornecendo menos risco de causar 
hipertensão, pois sua concentração 
plasmática vai ser controlada durante 
o dia, evitando picos plasmáticos. É 
mais cara. 
 
Normalmente, a hipertensão diastólica 
acontece quando o paciente toma mais de 
200mg por ao dia, menos que isso não é 
comum. 
 
ANTIDEPRESSIVO 
NORADRENÉRGICO E 
SEROTONINÉRGICO ESPECÍFICO 
(ANASE) 
 
Existem fàrmacos que aumentam a liberação 
de serotonina e noradrenalina – até então, os 
medicamentos apenas inibiam sua recaptação. 
Então, o ANESE aumenta a disponibildade 
destes dois neurotransmissores na fenda 
sináptica por um mecanismo diferente – 
lembrando que o paciente depressivo tem 
déficit desses neurotransmissores na fenda 
sináptica, fazendo com que eles não se liguem 
a seus receptores, causando manifestação dos 
sintomas. 
 
MITARZAPINA 
 
É o principal medicamento dessa classe. Ele é 
antagonista dos receptores alfa-2 
adrenérgicos e age bloqueando esses 
repectores no neurônio pré-sináptico – tanto 
os autorreceptores (no neurônio 
noradrenégico) quanto os hétero receptores 
(no neurônigo serotoninérgico). 
 
Então, se ocorre o bloqueio os receptores alfa-
2 adrenérgicos, aumenta-se a liberação da NE 
na fenda sináptica. Se ela se ligar como 
agonista, existe uma inibiçãoda liberação do 
neurotransmissor. Ou seja, a mitarzapina 
bloqueia o receptor, ele não liga e ela impede 
que a NE se ligue ao receptor alfa-2. Se não se 
ligar, não tem autorregulação porque a 
liberação de NE aumenta, não tem controle. 
 
Como visto, além de bloquear o autorreceptor 
adrenérgico, ela também bloqueia o hétero 
receptor. Se a NE se ligar ao receptor alfa-2 
adrenérgico presente no nêuronio 
serotoninérgico, a NE regulará a liberação de 
serotonina, impedindo sua liberação. Como a 
mitarzapina bloqueia esse receptor, essa 
liberação de serotonina na fenda sináptica irá 
aumentar. Então, aumenta-se a liberação de 
NE e serotonina pelo bloqueio dos receptores 
alfa-2 adrenérgicos no neuronio pré-sináptico 
– tanto do noradrenégico quando do 
serotoninérgico. 
 
A mitarzapina é bastante prescrita porque pode 
ser utilizada tanto em monoterapia – quando o 
paciente não tem um sucesso terapêutico com 
outros fármacos – ou em uma associação da 
mitarzapina com outros antidepressivos para 
potencializar ação. Ela é interessante porque 
tem um mecanismo diferente dos outros. 
 
Imagine associar um antidepressivo tricíclico 
com venlafaxina. É possível, mas os dois têm 
o mesmo mecanismo de ação – ambos 
bloquieam a bomba de recaptação e, querendo 
ou não, vão acabar competindo pelo bloqueio 
da bomba. Se eu não tenho uma melhora com 
a venlafaxina, eu posso associar a mitarzapina 
porque ela vai aumentar a quantidade na fenda 
sináptica por liberação, então a melhora clínica 
é porque eu aumento ainda mais a 
disponibilidade do neurotransmissor. Ela é 
interessante para depressão associada à 
ansiedade ou para pacientes que tenham 
depressão associada com insônia. 
 
Também têm grande capacidade de bloquear 
os receptores H1 de histamina, produzindo 
solonência no paciente – o paciente tem uma 
redução do SNC e fica menos agitado. O 
problema é que alguns indivíduos aumentam o 
peso corporal ao usar o medicamento porque 
ele bloqueia o receptor H1, aumentando o 
apetite. 
Aula 4 - Antidepressivos 
Vitória Leal e Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 8 
BLOQUEADORES DE 
RECAPTAÇÃO DE 
NORADRENALINA E DOPAMINA 
(IRND) 
 
BUPROPIONA 
 
Também muito prescrito, é um fármaco que 
inibe a recaptação de noradrenalina e 
dopamina, aumentando sua quantidade na 
fenda sináptica. Além de ser utilizado no 
tratamento de depressão, também pode ser 
usado para auxiliar no abandono do hábito de 
fumar proque sabe-se que a nicotina é capaz 
de aumentar a liberação de dopamina em áreas 
de compensação do SNC. 
 
Por inibir recaptação de dopamina, a 
bupropiona aumenta os niveis desse 
neurotransmissor na mesma região do SNC, 
diminuindo a vontade de fumar do paciente 
porque a vontade só aparece quando a 
nicotina entra no SNC, aumenta a 
noradrenalina e causa uma sensação de 
compensação. Este fármaco faz a mesma 
coisa, diminuindo a vontade de fumar. 
 
Além disso, a bupropiona inibe a recaptação 
de noradrenalina. Então, ela aumenta sua 
quantidade no locus-cereleus no SNC, 
diminuindo o risco de crise de abstinência 
nesses pacientes. 
 
 Existem alguns pacientes que 
devemos ter cuidado ao receitar, 
principalmente quem tem epilepsia ou crises 
convulsivas porque quando utilizada em altas 
doses (acima de 450mg), ela diminui o limiar 
convulsivo, aumentando a chance de crises no 
paciente. Ainda, medicamentos anti-
convulsivantes são capazes de induzir o 
metabolismo da bupropiona, facilitando sua 
excreção e diminuindo seu efeito 
farmacológico. Por isso, para pacientes 
epilépticos, em uso de anticonvulsivantes, é 
interessante utilizar outra classe de 
antidepressivos. 
 
Reações adversas 
 
 Em doses normais (terapêuticas), a 
bupropiona tende a produzir poucos 
efeitos colaterais e quando eles 
aparecem tendem a ser leves e 
transitórios. O mais grave são as crises 
convulsivas, mas aparece apenas em 
quem é suscesível. Dessa forma, ele é 
considerado um medicamento 
seguro. 
 Outro benefício: ela não tem afinidade 
de ligação aos receptores 
histaminérgicos, nem muscarínicos, 
nem alfa-1 adrenérgicos, justificando 
essa baixa gama de efeitos colaterais. 
 
ANEXOS 
 
Todas as classes aqui citadas são classificadas 
como antidepressivos, mas também podem ser 
usadas em outro tipo de medicamento. Por 
exemplo, antidepressivo tricíclico pode tratar 
dor neuropática, miopatica ou neurogênica – 
como em casos de fibromialgia; tratamento de 
enxaqueca. O que vai variar a aplicação clínica 
de cada um desses fármacos será sua 
posologia. 
 
Por quanto tempo deve-se utilizar o 
medicamento antidepressivo? É para o resto 
da vida? 
 
Não necessariamente. Isso depende do número 
de vezes que ele apresenta a sintomatologia – 
quem tem a primeira vez, pode utilizar de seis 
a nove meses. Caso ele tenha uma melhora 
clínica, deve-se ir reduzindo sua dose 
gradativamente até suspender o uso do 
fármaco. Quem já apresentou episódios 
anteriores, deve fazer uma terapia de 
manutenção. Quem tem crises recorrentes, 
pode vir a utilizar pelo resto da vida. Varia de 
acordo com a recorrencia da sintomatologia. 
 
O que se deve prestar atenção é se esse 
paciente tem recorrência do sintoma por 
patologia crônica ou por resistência ao 
tratamento – muitas vezes o paciente não é 
aderente e alega que o medicamento não faz 
efeito. Se voce suspeita que não tá usando, 
deve-se fazer monitorização terapêutica. 
 
Ainda, deve-se tomar cuidado com a 
prescrição de medicamentos para depressão de 
baixa segurança em pacientes que tem idéia 
suicida. 
9 
 
Tem que ter cuidado ao usar o antidepressivo tricícilio porque ele causa alteração cardíaca. 
 
Tabela 1 - Critérios de avaliação de diagnóstico: 
 
Critérios DSM IV de Diagnóstico 
Depressão maior 
1. Humor deprimido indicado por relato subjetivo (por ex., sente-se triste ou 
vazio) ou observação feita por outros (por ex., chora muito). 
2. Interesse ou prazer diminuídos todas as atividades. 
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (por ex., mais de 
5% do peso corporal em 1 mês), ou diminuição ou aumento do apetite. 
4. Insônia ou hipersonia. 
5. Agitação ou retardo psicomotor. 
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias 
7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser 
delirante) 
8. Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão. 
9. Pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação 
suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano 
específico para cometer suicídio. 
Manual Estatístico e Diagnóstico de desordens mentais da Associação Norte-
americana de Psiquiatria (DSM-IV)

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