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*Fase da formação da culpa: A instituição do Júri tem previsão Constitucional no artigo 5º, XXXVIII, no qual traz a seguinte redação “é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa, b) sigilo nas votações, c) a soberania das votações, d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. As alíneas a, b, c e d trazem os princípios constitucionais referentes ao Tribunal do Júri, princípios que devem nortear a interpretação e aplicação das normas infraconstitucionais e não o exposto. O procedimento do júri é composto por duas fases (escalonado): judicium accusationis (juízo de formação de culpa) e o judicium causae (juízo da causa). Em regra o procedimento inicia-se com o oferecimento da denúncia ou queixa, porém, não basta que a denúncia impute ao réu uma conduta típica ilícita e culpável. Isto satisfaz o aspecto formal da peça acusatória, mas para o regular exercício da ação pública se exige que os fatos ali narrados tenham alguma uniformidade nas provas do inquérito ou constantes das peças de informação. Oferecida à denúncia ou queixa, acompanhada de regra pelo inquérito policial, o Juiz verificando a existência da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria, deve receber a peça. Depois de recebida a denúncia o réu será citado para responder a acusação, por escrito no prazo de 10 (dez dias). Na defesa prévia o réu poderá alegar qualquer matéria pertinente a sua defesa, arrolar até 08 testemunhas, e juntar documentos, ou seja, esta fase tem por objetivo a colheita de provas. O art. 411, § 2º do CPP, prevê a realização de pelo menos uma audiência de instrução, entretanto o referido dispositivo legal prevê que as provas serão produzidas em uma única audiência. Ao término da instrução as partes devem fazer suas alegações finais de forma oral, ambos, acusação e defesa têm vinte minutos prorrogáveis por mais dez, mas, nada impede que em caso complexos a defesa solicite a apresentação em memoriais, ficando a escolha do julgador a concessão. *Os debates em plenário Quando todos os atos e diligencias necessária for cumpridas para que se verifique se há alguma irregularidade no andamento do processo, bem como, todas as pessoas, provas e tantas quantas outras formas de material puder serem usadas no dia do Julgamento já tiver sido devidamente arroladas, passa-se para o começo do fim da segunda fase do Júri. § 1º - o juiz decidira sobre a isenção ou dispensa do jurado que tenha requerido e analisara eventual pedido de adiamento do julgamento; § 2º – Será verificada a presença das partes e das testemunhas; se caso ocorrer do Ministério Publico não estar presente, o julgamento será marcado para o próximo dia útil que não estiver agendado em sua pauta (artigo 455 CPP). Salientando que essa falta pelo Parquet deve ser sempre justificada, e se não o for, o magistrado devera informar ao Procurador Geral da República, para que tome as medidas necessárias. E válido salientar que com a nova reforma do Júri, podem faltar o acusado que estiver respondendo em liberdade, o assistente ou ate mesmo o advogado do querelante, desde que devidamente intimados, não acarretara em adiamento. Cumpre frisar que antes da reforma de 2008, o acusado somente poderia faltar se estivesse respondendo por crime em liberdade e que este fosse afiançável. Porém, a defesa poderá arguir a presença do acusado com o fito de interroga-lo, sendo imprescindível sua presença, do mesmo modo, se o réu preso não for apresentado, ocorrera como no caso do MP, será adiado para o próximo dia útil desimpedido. Cumpre ressaltar que todos esses pedidos de adiamento e de faltas, devem ser entregues ao juiz previamente. Caso uma testemunha falte, a se não for apontado motivo justo, o julgamento ocorrerá, incorrendo a testemunha faltosa em crime de desobediência, mas, se justificada sua ausência, e esta for imprescindível para a condução do julgamento, devera ser adiado, somente uma vez, desde que intimada a mesma, e que seja impossível, sua condução imediata ate o plenário. § 3º - As testemunhas que comparecerem, ficarão em um local reservado, onde não poderá ouvir os debates feitos, nem as respostas dadas pelas outras testemunhas conforme dispõe o artigo 460 do CPP. § 4º - o juiz após verificar se a urna contem os nomes dos 25 jurados sorteados, mandará o escrivão proceder com a chamada. “Art. 462. Realizadas as diligências referidas nos arts. 454 a 461 deste Código, o juiz presidente verificará se a urna contém as cédulas dos 25 (vinte e cinco) jurados sorteados, mandando que o escrivão proceda à chamada deles.” § 5º - havendo no mínimo presentes 15 jurados, o juiz decretará aberta a audiência e julgamento, devera ter esse numero de jurados para eventual exclusão ou que possam ser impedidos, suspeição ou incompatível (artigo 451 CPP). § 6º - o Oficial de Justiça apregoara o representante do Ministério Publico (e o querelante), o acusado e seu defensor, bem como o assistente que tenha sido admitido no processo e as testemunhas. Após o pregão, deverão ser arguidas toda e qualquer nulidade que possam ter ocorridas após a pronuncia, sob pena de validar o ato, havendo feito a arguição, o juiz analisara o matéria referente ao vicio alegado. § 7º - antes de sortear os sete jurados que irão compor a tribuna julgadora, o magistrado fará saber a eles os impedimentos constantes nos artigos 448 e 449 do Código de Processo Penal: Havendo impedimento por parentesco ou por convivência entre os jurados, deve servir o que primeiro for sorteado (artigo 450 CPP). § 8º - Após escolhidos os jurados, serão advertidos de que não poderão comunicar-se entre si, e nem manifestar opinião sobre o caso, sob pena de exclusão e multa. Os nomes dos jurados serão colocados em uma urna e após retirados um a um, onde o Defensor e o Ministério Público poderão recusar até três sem justificar, chamado essa faculdade de recusa peremptória. Alem dessas recusas às partes poderão recusar outros jurados, quantos for necessário, justificando o motivo, que poderá ser por suspeição, impedimento ou incompatibilidade. Um fato importante ocorreu após a reforma de 2008; com a nova redação, ficou mais difícil separar o julgamento nos processos que houver mais de um réu, isto porque antes da reforma, quando um jurado não era aceito por um dos acusados mas aceito por outro, separava-se o processo, salvo se o Ministério Público também não aceita-se. Com o advento da Lei 11.698/2008, se um jurado for recusado por um dos réus, será excluído do Conselho de Sentença, mesmo que aceito por outros réus. Caso ocorra a cisão do processo, seguira o disposto do §2º do artigo 469 do CPP, onde será primeiramente julgado, aquele corréu a quem se atribuiu a autoria, ou no caso de coautoria, aquele que estiver preso; se ambos estiverem presos, o que a há mais tempo estar encarcerado, se mesmo assim for igual as condições, o que foi pronunciado primeiro. § 9º - Composto o Conselho de Julgamento, os jurados prestaram compromisso de julgar com imparcialidade e receberão copia da pronuncia e das eventuais decisões posteriores a ela, que tenham admitido alterar a acusação. § 10 – Iniciada a instrução as inquirições ocorrerão da seguinte forma: Toma o depoimento: a) Do ofendido; b) Das testemunhas de acusação; c) Das testemunhas de defesa; d) Possíveis acareações; e) Dos peritos (se houver); f) Interroga-se o réu. (se caso estiver presente, poderá defender-se, chamado de autodefesa; igualmente, caso exista mais de um réu, os mesmo serão inquiridos em separados, de modo que um não escute o que o outro responda). Provas Novas: De acordo com o artigo 479 do CPP, durante o julgamento não poderá ser admitido provas novas, que forem juntadas desrespeitando o prazo legal, de no mínimo três dias antes do julgamento. § 11º - Acabando a instrução probatória, passará para fase de Debates, onde o Ministério Público terá 1h30min para produzir a acusação. Após o MP, o assistente de acusaçãoterá ¼ do tempo deste para fazer suas alegações. Da mesma sorte a defesa terá o mesmo tempo disposto ao MP e ao assistente para realizar a exposição de defesa. Findo essa fase, à acusação será facultado a réplica, sendo concedido uma hora para tanto, da mesma forma a defesa a treplica com o mesmo tempo. § 12º - Após as alegações finais, passará ao julgamento do fato, onde os jurados responderão aos quesitos apresentados pelo magistrado, com congruência com o caso analisado, devendo ser de forma bem clara e objetiva conforme dispõe o artigo do 483 do CPP. A resposta dos jurados será secreta (artigo 485 CPP). *resumo: 1 - É escolhido o conselho de sentença. Defesa e promotoria podem dispensar até três jurados sorteados. Sete participarão do julgamento 2 - Juiz, promotor, defesa e jurados formulam, nessa ordem, perguntas para o réu, que tem o direito de respondê-las ou não 3 - O juiz apresenta aos jurados o processo, expondo os fatos, as provas existentes e as conclusões da promotoria e da defesa 4 - São ouvidas as testemunhas. Primeiro as indicadas pelo juiz (quando há), seguidas pelas de acusação e depois pelas de defesa 5 - Começam os debates entre a acusação e a defesa. O primeiro a falar é o promotor, que tem duas horas para a acusação 6 - O advogado – ou defensor público, no caso de pessoas que não podem pagar – também tem duas horas para a defesa 7 - O promotor pode pedir uma réplica. Cabe ao juiz concedê-la ou não. Também pode haver uma tréplica do advogado, se necessário 8 - O juiz formula os quesitos (perguntas) que serão votados pelo conselho de sentença e os lê, em plenário, para os jurados 9 - Um oficial de justiça recolhe as cédulas de votação dos quesitos. Os votos são contabilizados pelo juiz 10 - Voltando ao plenário, o juiz pede que todos se levantem e dá o veredicto em público. Estipula a pena e encerra o julgamento *Votação em sala secreta: Aos jurados, quando se recolherem à sala secreta, serão entregues os autos do processo, bem como, se o pedirem, os instrumentos do crime, devendo o juiz estar presente para evitar a influência de uns sobre os outros. Os jurados poderão também, a qualquer momento, e por intermédio do juiz, pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se encontra a peça por ele lida ou citada (art.476). Antes de proceder-se à votação de cada quesito, o juiz mandará distribuir pelos jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco e facilmente dobráveis, contendo umas a palavra "sim" e outras a palavra "não", a fim de, secretamente, serem recolhidos os votos (art.485). Assim que sejam distribuídas as cédulas, o juiz lerá o quesito que deva ser respondido e um oficial de justiça recolherá as cédulas com os votos dos jurados, e outro, as cédulas não utilizadas. Cada um dos oficiais apresentará, para esse fim, aos jurados, uma urna ou outro receptáculo que assegure o sigilo da votação (art.486). Após a votação de cada quesito, o presidente, verificados os votos e as cédulas não utilizadas, mandará que o escrivão escreva o resultado em termo especial e que sejam declarados o número de votos afirmativos e o de negativos (art.487). As decisões do júri serão tomadas por maioria de votos (art.488). Se um julgamento demorar dois dias ou mais, os jurados se hospedam em alojamentos e são acompanhados por oficiais de justiça, para garantir que não troquem informações entre si. *Sentença: A sentença é o ato que põe fim ao cotejo, devendo ser lavrada pelo juiz-presidente com vinculação total à decisão proferida pelo Conselho de Sentença. Na nova sistemática do Rito do Tribunal do Júri, a sentença foi alvo de sensíveis e importantes alterações, estando agora prevista no art. 492, sendo divido no inciso I para a sentença condenatória e no inciso II para a absolutória. “I – no caso de condenação: a) fixará a pena-base; b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas nos debates; c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em atenção às causas admitidas pelo júri; d) observará as demais disposições do art. 387 deste Código; (sobre a sentença comum) e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva; f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condenação”; Como visto acima, as alterações quanto à sentença de condenação são mais formais do que práticas, ou, melhor dizendo, formalizam assuntos que, na prática, já faziam parte da sentença de um Júri, como estabelecer os efeitos genéricos e específicos da condenação, ou mesmo mandar o acusado recolher-se à prisão. “II – no caso de absolvição: a) mandará colocar em liberdade o acusado se por outro motivo não estiver preso; b) revogará as medidas restritivas provisoriamente decretadas; c) imporá, se for o caso, a medida de segurança cabível”. Quanto à sentença de absolvição, houve sim uma mudança enorme e extremamente bem-vinda. Como agora a regra é de que não haja recursos, o réu absolvido pelo Conselho de Sentença que não cumpra outra pena deverá ser solto imediatamente, salvo algum motivo muito forte, onde estará o juiz-presidente autorizado a tomar as medidas cabíveis. * Referências: Acquaviva. M. Dicionário Jurídico. Ed. Rideel, 2009, edição 3ª, 657 – 676. Moraes. A. Direito Constitucional. Ed. Atlas, 2010, edição 25ª, 88 – 90, 106 – 110. Mirabete. J. Código de Processo Penal Interpretado. Ed. Atlas, 1997, edição 5ª, 97 – 237. Nucci. G. Tribunal do Júri. Ed. Revista dos Tribunais, 2008, edição 1ª, 29 – 115. Nucci. G. Código de Processo Penal Comentado. Ed. Revista dos Tribunais, 2008, edição 4ª, 75 – 99. Pellegrini. A. Teoria Geral do Processo, Ed. Malheiros, 2009, edição 25ª, 58 – 63. Toledo. F. Princípios Básicos de Direito Penal. Ed. Saraiva, 2007, edição 5ª, 159 – 214. SCHAUFFERT, Ana Victória Francisco. O tribunal do júri, as modificações trazidas pela lei n° 11.689/08 e questões controvertidas. [2] SOUZA, Ariagne Cristine Mensonça. Princípios constitucionais informadores do tribunal do júri. [3] o mesmo. [4] MORETO, Rodrigo. Competência penal, sentença, recursos e ações de impugnação – doutrina e jurisprudência. BRASIL, Senado. Direitos e garantias fundamentais do cidadão. In: http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/cidadania/DireitosCidadao/not01.htm. GUIMARÃES, Sâmara Rhafaela A de A. Princípios do Tribunal do júri. In: http://utilidadejuridicaonline.blogspot.com.br/2013/02/principios-do-tribunal-do-juri.html. MORETO, Rodrigo. Competência penal, sentença, recursos e ações de impugnação – doutrina e jurisprudência. In: http://msmidia.profissional.ws/moretto/pdf/CompetenciaSentencaMoretto.pdf SCHAUFFERT, Ana Victória Francisco. O tribunal do júri, as modificações trazidas pela lei n° 11.689/08 e questões controvertidas. In: http://siaibib01.univali.br/pdf/Ana%20Victoria%20Francisco%20Schauffert.pdf. SOUZA, Ariagne Cristine Mensonça. Princípios constitucionais informadores do tribunal do júri. In: http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/Juridica/article/viewFile/550/744 - Silva, Jose Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 1994, p. 103-09 e 123-29. - Moraes, Alexandre de. Direito constitucional. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2008, p.5. - Bastos, Celso Ribeiro; Martins, Ives Gandra. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1988, v. 1. p. 426. - Marques, José Frederico. A instituição do júri. Campinas: Bookseller, 1997, p. 19-67 - Marques, José Frederico. O júri no direito brasileiro. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1955, p. 55-77 - Nucci, Guilherme de Souza. Júri: princípios constitucionais. São Paulo: Juarez de Oliveira, 1999, p.79-177
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