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PDE: lucro, consumo e investimento 1. KALECKI: DEMANDA EFETIVA, CICLO E TENDÊNCIA 1.1. Distribuição, Lucro e Renda PDE: lucro, consumo e investimento Kalecki, TDE, cap. 3 A teoria dos lucros em um modelo simplificado Poupança e investimento O efeito do saldo da balança comercial e do déficit orçamentário cap. 4 Os lucros e o investimento dentro de suposições simplificadoras Possas (1999), Demanda Efetiva, Investimento e Dinâmica (seção 3) 11/04/16 1 PDE: lucro, consumo e investimento Produto Nacional Bruto em uma economia fechada e sem governo Y = Cw + Ck + I = W + P Sendo: W = salários + ordenados P = lucro não distribuído, dividendos, depreciação, aluguéis, juros A teoria dos lucros em ummodelo simplificado “Podemos considerar em primeiro lugar os determinantes dos lucros em ummodelo fechado, no qual tanto os gastos do setor público como a tributação sejam desprezíveis. O produto nacional bruto, portanto, será igual à soma do investimento bruto (em capital fixo e estoques) e o consumo. O valor do produto nacional bruto será dividido entre trabalhadores e capitalistas e nada, praticamente, será pago como impostos. A renda dos trabalhadores consiste em salários e em ordenados. A renda dos capitalistas (ou lucros brutos) engloba a depreciação e lucros não distribuídos, dividendos e saques não operacionais, aluguéis e juros.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.65) 11/04/16 2 PDE: lucro, consumo e investimento Produto Nacional Bruto em uma economia fechada e sem governo Y = P + W = I + Ck + Cw “Temos assim o seguinte balanço do produto nacional bruto, no qual fazemos a distinção entre o consumo dos capitalistas e o consumo dos trabalhadores: Lucros brutos Investimento bruto Salários e Ordenados Consumo dos Capitalistas Consumo dos Trabalhadores Produto Nacional Bruto Produto Nacional Bruto” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.65) 11/04/16 3 PDE: lucro, consumo e investimento Princípio da Demanda Efetiva Lucros determinados pelo investimento e pelo consumo dos capitalistas Y = P + W = I + Ck + Cw Supondo Cw =W Então P = I + Ck onde P = I + Ck Dada distribuição de renda: Y = P + W = I + Ck + Cw “Se supusermos ainda que os trabalhadores não fazem poupança, o consumo dos trabalhadores será então igual à sua renda. Daí se conclui diretamente então que Lucros brutos = Investimento bruto + consumo dos capitalistas O que significa essa equação? Quer dizer que os lucros em um dado período determinam o consumo e o investimento dos capitalistas? Ou o contrário? A resposta depende de qual dos itens estiver diretamente sujeito às decisões dos capitalistas. Ora, é claro que os capitalistas podem decidir consumir e investir mais num dado período que no procedente, mas não podem decidir ganhar mais. Portanto, são suas decisões quanto a investimento e consumo que determinam os lucros e não vice-versa.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.65-6) ← ← 11/04/16 4 PDE: lucro, consumo e investimento Princípio da Demanda Efetiva Os lucros influenciam, mas não determinam, os gastos dos capitalistas, enquanto estes determinam os lucros. “Apesar de os lucros do período anterior serem um dos determinantes importantes do consumo e do investimento dos capitalistas, os capitalistas em geral não decidem consumir e investir num dado período precisamente o que ganharam no anterior. Isso explica por que os lucros não permanecem estacionários, mas flutuam com o tempo.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.66) 11/04/16 5 PDE: lucro, consumo e investimento Esquema Departamental e o PDE Dados os gastos dos capitalistas, a distribuição de renda e supondo que os trabalhadores não poupam, é possível determinar o produto agregado e sua composição em termos de demanda e renda. Dado: I, Ck, Cw=W e W/Y = w = w1 = w2 = w3 Tem-se: I = P1 + W1 = (1-w).I + w.I Ck = P2 + W2 = (1-w).Ck + w.Ck Cw =W =W1 + W2 +W3 = P3 + W3 Lucro: P? = P1 + P2 + P3? P3 = W1 + W2 P = P1 + W1 + P2 + W2 P = I + Ck Salário: Cw? = W? = W1 +W2 + W3? E Como: Y = P + W = (1-w).Y + w.Y Cw = P3 + W3 = (1-w).Cw + w.Cw Então: Cw = W = P.w/(1-w) W3 = P3.w/(1-w) Logo: Y = P + W = I + Ck + Cw DI I = P1 + W1 DII Ck = P2 + W2 DIII Cw = P3 + W3 Total Y P W ← ← 11/04/16 6 PDE: lucro, consumo e investimento Esquema Departamental e o PDE “Seria útil, para a compreensão dos problemas colocados, apresentar as coisas de um ângulo um pouco diferente. Imaginemos que, seguindo os “esquemas de reprodução” marxistas, subdividimos toda a economia em três departamentos: o Departamento I, que produz bens de capital; o Departamento II, que produz bens de consumo para os capitalistas; e o Departamento III, que produz bens de consumo para os trabalhadores. Os capitalistas do Departamento III, depois de terem vendido aos trabalhadores a quantia de bens de consumo correspondente a seus salários, ainda terão um excedente de bens de consumo equivalente a seus lucros. Esses bens serão vendidos aos trabalhadores do Departamento I e do Departamento II, e, como os trabalhadores não poupam, isso absorverá toda a sua renda. Assim, o total dos lucros será igual à soma dos lucros do Departamento I, mais os lucros do Departamento II e os salários desses dois Departamentos: ou então, o total dos lucros será igual ao valor da produção desses dois Departamentos — em outras palavras, ao valor da produção de bens de capital e de consumo para os capitalistas.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.66-7) 11/04/16 7 PDE: lucro, consumo e investimento Esquema Departamental e o PDE Exemplo 1 Dado: I=10, Ck=40 e W/Y = w = w1 = w2 = w3=0,5 Tem-se: I = P1 + W1 = 5 + 5 = 10 e Ck = P2 + W2 = 20 + 20 = 40 Cw =W1 + W2 +W3 = P3 + W3 = 5 + 20 + W3 = P3 + W3 Então: P3 = W1 + W2 = 5 + 20 = 25 P = P1 + P2 + P3 = 5 + 20 + 25 = 50 P = P1 + W1 + P2 + W2 = 5 + 5 + 20 + 20 = 10 + 40 = 50 P = I + Ck = 10 + 40 = 50 E: Cw = W = P.w/(1-w) = 50, sendo W3 = P3.w/(1-w) = 25 Logo: Y = P + W = I + Ck + Cw = 50 + 50 = 10 + 40 + 50 = 100 DI I = 10 = P1 = 5 + W1 = 5 DII Ck = 40 = P2 = 20 + W2 = 20 DIII Cw = 50 P3 = 5 + 20 + W3 = 25 Total Y = 100 P = 50 + W = 50 11/04/16 8 PDE: lucro, consumo e investimento Esquema Departamental e o PDE Exemplo 2 Dado: I=10, Ck=90 e W/Y = w = w1 = w2 = w3=0,5 Tem-se: I = P1 + W1 = 5 + 5 = 10 e Ck = P2 + W2 = 45 + 45 = 90 Cw =W1 + W2 +W3 = P3 + W3 = 5 + 45 + W3 = P3 + W3 Então: P3 = W1 + W2 = 5 + 45 = 50 P = P1 + P2 + P3 = 5 + 45 + 50 = 100 P = P1 + W1 + P2 + W2 = 5 + 5 + 45 + 45 = 10 + 90 = 100 P = I + Ck = 10 + 90 = 100 E: Cw = W = P.w/(1-w) = 100, sendo W3 = P3.w/(1-w) = 50 Logo: Y = P + W = I + Ck + Cw = 100 + 100 = 10 + 90 + 100 = 200 DI I = 10 = P1 = 5 + W1 = 5 DII Ck = 90 = P2 = 45 + W2 = 45 DIII Cw = 100 P3 = 5 + 45 + W3 = 50 Total Y = 200 P = 100 + W = 100 11/04/16 9 PDE: lucro, consumo e investimento Esquema Departamental e o PDE São os gastos dos capitalistas, dada a distribuição de renda, supondo que os trabalhadores não poupam, que determinam os lucros e salários e, logo, o nível de produção, emprego e renda da economia. “A produção do Departamento I e do Departamento II também irá determinar a produção do Departamento III, se a distribuição entre lucros e salários em todos os Departamentos for fixa. A produção do Departamento III se deslocará para cima até o ponto em que os lucros auferidos a partir dessa produção forem iguais aos salários dos Departamentos I e II. Em outras palavras, o emprego e a produção do Departamento III se deslocarão para cima até o ponto onde o excedente dessa produção sobre o que os trabalhadores desse Departamento compram com seus salários for igual aos salários dos Departamentos I e II.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.67) 11/04/16 10 PDE: lucro, consumo e investimento PDE: “os gastos determinam a renda” São os gastos dos capitalistas, dada a distribuição de renda, supondo que os trabalhadores nãopoupam, que determinam os lucros e salários e, logo, o nível de produção, emprego e renda da economia. “O que foi dito acima esclarece o papel dos “fatores de distribuição”, isto é, os fatores que determinam a distribuição da renda (como o grau de monopólio) na teoria dos lucros. Dado que os lucros são determinados pelo consumo e investimento dos capitalistas, é a renda dos trabalhadores (igual aqui ao consumo dos trabalhadores) que é determinada pelos “fatores de distribuição”. Dessa forma, o consumo e o investimento dos capitalistas, em conjunto com os “fatores de distribuição”, determinam o consumo dos trabalhadores e, consequentemente, a produção e o emprego em escala nacional.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.67) I Ck P Fatores de distribuição W = Cw Y = P + W = I + Ck + Cw ← 11/04/16 11 PDE: lucro, consumo e investimento Lucro: P = I + Ck Consumo do capitalista: Ct = qPt–λ + A, onde λ reflete a defasagem na reação dos capitalistas às variações no lucro; 0 < q < 1 indica a propensão marginal a consumir dos capitalistas; e A é constante relativa ao consumo autônomo, sujeita a modificações no LP. Os lucros e o investimento dentro de suposições simplificadoras “Podemos fazer a seguinte suposição, que é plausível enquanto primeira aproximação, sobre o consumo “real” dos capitalistas em um ano dado, Ct: de que ele consiste em uma parte A e uma parte proporcional a Pt – λ, o lucro real depois da dedução dos impostos de algum tempo atrás, isto é: Ct = qPt–λ + A (5) onde λ: indica a demora da reação do consumo dos capitalistas à mudança de sua renda corrente, q é positivo e <1 porque os capitalistas tendem a consumir apenas uma parte do incremento da renda. De fato, esta parte tende a ser bastante pequena, de forma que é provável que q seja consideravelmente menor que 1. Finalmente, A é constante a curto prazo, apesar de sujeito a modificações a longo prazo.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.73) 11/04/16 12 PDE: lucro, consumo e investimento Lucro: P = I + Ck Substituindo a equação do consumo (Ct = qPt–λ + A) na equação do lucro, tem-se que o lucro é determinado pelo investimento corrente e pelo lucro defasado: Pt = It + qPt–λ + A “Suporemos, por enquanto, que tanto a balança comercial como o orçamento do Governo são equilibrados e que os trabalhadores não poupam. Nesse caso, os lucros depois da dedução dos impostos P são iguais à soma do investimento Imais o consumo dos capitalistas C: P = I + C. (6) Substituindo o valor de C pela equação (5), obtemos: Pt = It + qPt–λ + A. (7) Conclui-se que os lucros “reais” ao tempo t são determinados pelo investimento corrente e pelos lucros no tempo t – λ.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.73-4) 11/04/16 13 PDE: lucro, consumo e investimento Lucro: P = I + Ck A substituição iterada do lucro defasado, na equação do lucro, pela soma do investimento com a mesma defasagem e pelo lucro com uma defasagem a mais... “Os lucros ao tempo t – λ por sua vez serão determinados pelo investimento àquele tempo e pelos lucros ao tempo t – 2λ, e assim por diante.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.74) ( ) ( )( ) AqAAqAqIqIqqII AqAAqPqIqqII AAAqPIqIqI AAqPIqIP AqPIP AqPC CIP tttt tttt tttt tttt ttt tt ttt ++++++++= ++++++= ++++++= ++++= ++= += += −−− −−− −−− −− − − 23 3 3 2 2 2 3 3 2 2 32 2 ...λλλ λλλ λλλ λλ λ λ 11/04/16 14 PDE: lucro, consumo e investimento Lucro: P = I + Ck => Pt = (It – ω + A) / (1–q) ...leva à redefinição do lucro apenas como função do investimento defasado e da propensão marginal a consumir do capitalista (a partir da soma de duas progressões geométricas). O efeito final da elevação do investimento sobre o lucro reflete, além da variação do investimento, a elevação do consumo do capitalista induzida pela própria elevação dos lucros ao longo do tempo. q AI q A q IP AqAAqAqIqIqqIIP AqAAqAqIqIqqIIP tt t ttttt ttttt − + = − + − = ++++++++= ++++++++= −− −−−− −−− 111 ... ... 2332 23 3 3 2 2 ωω ωωωω λλλ 11/04/16 15 PDE: lucro, consumo e investimento Lucro apenas como função do investimento defasado e da propensão marginal a consumir do capitalista – coeficientes decrescentes (desenvolvimento apresentado por Kalecki). “Fica claro assim que os lucros ao tempo t são função linear do investimento ao tempo t – λ, t – 2λ etc. e que os coeficientes de investimento, It, It – λ, It – 2λ etc., nessa relação, serão 1, q, q2 etc. respectivamente. Ora, q, conforme foi dito acima, é menor que 1, e é provável que seja consideravelmente menor que 1. Dessa forma, a série de coeficientes 1, q, q2, ... será rapidamente decrescente e consequentemente, entre It, It – λ, It – 2λ..., somente os coeficientes relativamente perto no tempo contarão na determinação dos lucros Pt. Os lucros desse modo serão função tanto do investimento corrente como do investimento do passado recente; ou, falando em termos aproximados, os lucros seguem o investimento com um hiato temporal. Dessa forma, podemos escrever como equação aproximada: Pt = f(It–ω) (8) onde ω é o hiato temporal envolvido.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.74) ( )ω λλλ − −−− = ++++++++= tt ttttt IfP AqAAqAqIqIqqIIP 233 3 2 2 ... *Complementar 11/04/16 16 PDE: lucro, consumo e investimento Lucro apenas como função do investimento defasado e da propensão marginal a consumir do capitalista – coeficientes decrescentes (desenvolvimento apresentado por Kalecki). “A forma da função f pode ser determinada da seguinte maneira: voltemos um pouco à equação (7) e coloquemos em lugar de P seu valor dado pela equação (8): f(It–ω) = It + qf (It–ω–λ) + A. Essa equação deverá ser válida qualquer que seja o decurso no tempo do investimento It. Assim, deverá dar cobertura inter alia ao caso onde o investimento é mantido por algum tempo num nível estável, de forma que tenhamos It = It–ω = It–ω–λ. Daí, f (It) = It + qf (It) + A ou f(It) = (It + A) / (1–q)” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.74) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) q AIIfAIqfIIf AIqfIIfPAqPIP t tttt ttttttt − + =⇒++= ++==⇒++= −−−− 1 λωωλ *Complementar 11/04/16 17 PDE: lucro, consumo e investimento Lucro apenas como função do investimento defasado e da propensão marginal a consumir do capitalista – coeficientes decrescentes (desenvolvimento apresentado por Kalecki). “Como essa igualdade é válida para qualquer nível de It, ela nos dá a forma da função f. Podemos então escrever a equação (8) como: Pt = (It – ω + A) / (1–q) (8ʹ) A significância da equação (8ʹ) é que reduz o número de determinantes dos lucros de dois para um, devido a levar em consideração a dependência do consumo dos capitalistas para com os lucros passados, conforme nos dá a equação (5). Os lucros, de acordo com a equação (8ʹ), são determinados completamente pelo investimento, achando-se envolvido um certo hiato temporal. Ademais, o investimento depende de decisões de investir ainda mais remotas no passado. Conclui-se que os lucros são determinados pelas decisões passadas de investir.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.74-5) ( ) ( ) q AIP q AIIf IfPAqPIP t t t t ttttt − + =⇒ − + = =⇒++= − −− 11 ω ωλ *Complementar 11/04/16 18 PDE: lucro, consumo e investimento Poupança e Investimento O investimento gera lucro e poupança de mesma magnitude e simultaneamente a sua realização. Neste sentido, poupança não financia o investimento, mas é um fluxo sempre igual e determinado pelo investimento. Y = P + W = I + Ck + Cw (Y – C) = (P – Ck) + (W – Cw) = I S = Sk + Sw = I Poupança e investimento “Devemos salientar que a igualdade entre poupança e investimento (...) será válida em todas as circunstâncias. Particularmente,ela será independente do nível da taxa de juros, que a teoria econômica costumava considerar o fator de equilíbrio entre a procura e a oferta de capita l novo. (...) Se o investimento aumenta em um certo valor, a poupança a partir dos lucros é pro tanto maior.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.70) ← ←← 11/04/16 19 PDE: lucro, consumo e investimento Lucro, Poupança e Investimento Variações no investimento geram elevação imediata do lucro e da poupança no mesmo montante. ↑P =↑I + Ck�↑(P– Ck) = ↑Sk = ↑I Os efeitos da elevação do lucro sobre o consumo do capitalista (Ct = qPt–λ + A ) e seus impactos subsequentes sobre os lucros ocorrem ao longo do tempo, sem alterar a igualdade entre poupança e investimento. ↑P = I +↑Ck� (↑P – ↑Ck) = Sk = I “Imaginemos que tanto o investimento como portanto a poupança e também os lucros se apresentem constantes por algum tempo. Imaginemos que haja então uma súbita mudança no investimento. A poupança aumentará imediatamente junto com o investimento e os lucros também subirão na mesma proporção. Contudo, o consumo dos capitalistas subirá somente depois de algum tempo, como resultado desse aumento primário dos lucros. Dessa forma, os lucros ainda estarão aumentando depois de já se ter detido o aumento do investimento e da poupança.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.75) 11/04/16 20 PDE: lucro, consumo e investimento Produto Nacional Bruto em uma economia aberta, com governo e poupança dos trabalhadores Produto Nacional Bruto: YB = P + W + T = I + Ck + Cw + G + (X-M) Lucro: P = I + Ck + (Cw –W) + (G – T) + (X – M) A elevação na poupança do trabalhador reduz os lucros dos capitalistas, enquanto a elevação do déficit orçamentário ou do saldo da balança comercial eleva os lucros acima dos gastos dos capitalistas. ← ← 11/04/16 21 PDE: lucro, consumo e investimento Produto Nacional Bruto em uma economia aberta, com governo e poupança dos trabalhadores “Conclui-se diretamente daí que um acréscimo do saldo da balança comercial elevará os lucros pro tanto, desde que os demais componentes não se alterem. (O mecanismo aí operante é o mesmo que foi descrito na página 66). (...) Conclui-se diretamente do que foi dito a cima que o saldo da balança comercial permite o aumento dos lucros a cima do nível que seria determinado pelo investimento e pelo consumo dos capitalistas. É desse ponto de vista que se poderia considerar a luta pelos mercados externos. (...) Um déficit orçamentário tem efeito semelhante ao de um saldo positivo na balança comercial. Ele também permite um aumento dos lucros a cima do nível determinado pelo investimento privado e pelo consumo dos capitalistas. (...) Os armamentos e as guerras, em geral financiados pelos déficits orçamentários, são também uma fonte dessa espécie de lucros.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.71-2) 11/04/16 22 PDE: lucro, consumo e investimento Poupança e Investimento em uma economia aberta, com governo e poupança dos trabalhadores Alterações na balança comercial [inversamente relacionada à poupança externa: (X-M)=-(M-X)=-Sx], no déficit orçamentário [inversamente relacionado à poupança do governo: (G-T)=-(T-G)=-Sg] e na poupança do trabalhador [(W-Cw)=Sw] não alteram a poupança total nem o investimento. A poupança total é igual e determinada pelo investimento. P = I + Ck + (Cw –W) + (G – T) + (X – M) (P – Ck) + (W – Cw) = I + (G – T) + (X – M) Sp = Sk + Sw = I – Sg – Sx St = Sk + Sw + Sg + Sx = I ↑Sg =↓(G-T) ou ↑Sx =↓(X-M) ou ↑Sw =↑(W-Cw) �↓P =↓(P-Ck) = ↓Sk Permanece válida a igualdade: St = Sk + Sw + Sg + Sx = I ← 11/04/16 23 PDE: lucro, consumo e investimento Poupança e Investimento em uma economia aberta, com governo e poupança dos trabalhadores “Assim, por exemplo, em nenhuma hipótese um eventual nível baixo da “poupança privada” — que nada mais é que a poupança na definição usual, adotada por Kalecki — poderia ser “reforçado” por um aumento quer da “poupança do governo”, quer da “poupança externa”. Ao contrário: dado o investimento, tais aumentos teriam necessariamente o efeito de diminuir ainda mais a poupança privada! (...) (E)nquanto por um lado a poupança privada não pode se modificar independentemente, por outro lado qualquer alteração autônoma nas poupanças “externa” e “pública” implicará fatalmente alteração inversa e da mesma magnitude na poupança privada, para um dado investimento; da mesma forma que uma alteração no investimento ceteris paribus provocará efeito direto e de igual magnitude, apenas sobre a poupança privada e não sobre os outros dois componentes, que são basicamente autônomos. A conclusão rigorosa à luz do PDE é que, para um dado nível de investimento, a poupança privada é determinada pelos outros dois componentes de “poupança”, variando inversamente com cada um deles. Em outras palavras, a suposta complementaridade entre os componentes de poupança é mera aparência enganosa: a poupança privada sempre se reduz pro tanto frente a um aumento autônomo das “poupanças” pública e externa, tanto quanto frente a uma redução autônoma do investimento.” (Possas, 1999, p.29) 11/04/16 24
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