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DIREITO PENAL II (1)

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DIREITO PENAL II
Resolução do conflito aparente de norma
1º Princípio da especialidade: a regra especial afasta a aplicação da regra geral. 
Ex: matar alguém (regra geral – homicídio); mãe matar uma criança recém nascida (regra específica- infanticídio)
2ºPrincípio da subsidiariedade: a regra geral será sempre subsidiária à regra específica. (Aquilo que não é o principal).
Ex. Mãe tem um parto, vai para casa com o bebê e mata o filho mais velho, que tem 1 ano e meio. Não se enquadra no crime de infanticídio, mas aplica-se a regra geral – homicídio.
Resolução do conflito aparente de norma
3º Princípio da Consunção ou Absorção: quando uma determinada conduta está contida em outra conduta e torna-se, portanto, um crime só.
Ex. Roubar a TV da casa de outra pessoa
			Furto			Violação de propriedade
Ex. Comprar arma na feira do rolo para matar a sogra.
Porte ilegal de arma de fogo + homicídio
*O crime de porte ilegal é absorvido pelo de homicídio
Resolução do conflito aparente de norma
Quando ocorre princípio da absorção...
1º o crime MEIO é absorvido pelo crime FIM;
2º um crime MENOR que compõe um crime MAIOR;
Ex. Estupro (constranger alguém) + ameaça ou lesão corporal, neste caso a ameaça é absorvida pelo crime de Estupro.
3º Crime progressivo ou progressão criminosa.
Ex. Matar a sogra à pauladas – 1 paulada (lesão corporal leve); 2 a 5 (lesão corporal grave); 10 pauladas (lesão corporal gravíssima); 20 pauladas (morte). 
Outros elementos que estão no Fato Típico, mas não o compõem
Dolo
É a consciência e vontade na realização da conduta típica, visando a obtenção de resultado jurídico.
É um elemento psicológico;
Tem componente de voluntariedade (tem que querer)
Vontade livre e consciente direcionada a um resultado
Dolo Direto x Dolo Eventual
Direto
Eventual
Vontade de realizar a conduta e produzir resultado;
Agente quer o resultado
Agente não quer o resultado diretamente, mas aceita a possibilidade de produzi-lo e 
Agente indiferente ao resultado
Art. 18, I, CP
Culpa
Ação descuidada, dirigida a um resultado qualquer que acaba produzindo um resultado ilícito, não desejado, mas previsível e que poderia ter sido evitado.
Culpa é a falta de cautela, descuido, o agente não quer o resultado lesivo.
A culpa vem como elemento normativo, não há como o legislador prever todas as hipóteses de descuido. É o juiz quem faz a valoração, que verifica se foi descuido ou não. 
Descuido atrelado à culpa pode ser de 3 modalidades...
Imprudência: aquele que age sem tomar o cuidado necessário. É a culpa na sua forma comissiva.
Negligência: é a culpa na forma omissiva. O agente não toma o devido cuidado antes de começar a agir.
Imperícia: ocorre pela incapacidade técnica do agente para executar uma atividade ou profissão.
Espécies de Culpa
Inconsciente
Consciente
Resultado era previsto, mas não foi pelo agente;
Gera um resultado danoso, que era previsto pelo homem médio
Ex.  indivíduo que atinge involuntariamente a pessoa que passava pela rua, porque atirou um objeto pela janela por acreditar que ninguém passaria naquele horário.
O agente tem consciência da previsibilidade do resultado
Ex. Dirigir levemente embriagado (após beber 2 latas de cerveja) e eventualmente atropela alguém
Obs: Homem médio = ideal de pessoa com bom senso
Crime Preterdoloso
É uma das 4 espécies de crime qualificado pelo resultado.
Espécie de crime em que o agente pretendia um resultado, mas atinge um resultado mais grave.
Crime qualificado pelo resultado: é aquele em que o legislador, após descrever uma conduta típica, com todos os seus elementos, acrescenta-lhe um resultado, cuja ocorrência acarreta um agravamento da sanção penal
Ex. O agente coloca fogo no celeiro, sem saber que havia alguém lá. Ele deseja o primeiro resultado (DOLO), mas não o segundo (CULPA).
Crime Tentado (Art 14 CP)
Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime consumado 
	I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
Tentativa 
	II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente
Pena de tentativa
	Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Tentativa (“Conatus”)
É a não consumação de um crime, cuja execução foi iniciada, por circunstâncias aleias à vontade do agente.
Elementos da tentativa:
Início da execução (ato idôneo + inequívoco);
A não consumação;
Interferência de circunstâncias alheias à vontade do agente
 
Espécie de tentativa
A)Imperfeita: a interrupção do processo executório; o agente não chega a praticar todos os atos de execução do crime, por circunstâncias aleias à sua vontade.
B)Perfeita: o agente pratica todos os atos de execução do crime, mas não o consuma por circunstâncias alheias à sua vontade.
C)Branca ou incruenta: a vítima não é atingida, nem vem a sofrer ferimentos. Pode ser perfeita ou imperfeita. No primeiro caso, o agente realiza conduta integralmente, sem, contudo, conseguir ferir a vítima (erra todos os tiros); no segundo, a execução é interrompida sem que a vítima seja atingida (após o primeiro disparo errado, o agente é desarmado).
D)Cruenta: a vítima é atingida, vindo a lesionar-se. Do mesmo modo, pode ocorrer tentativa cruenta na tentativa imperfeita (a vítima é ferida, e, logo em seguida, o agente vem a ser desarmado) ou na perfeita (o autor descarrega a arma na vítima, lesionando-a).
Iter criminis
É o caminho percorrido pelo agente do início da execução até o resultado.
Não se pune a intenção, mas o efetivo percurso objetivo do iter criminis
A pena do crime tentado será a do consumado, diminuída de 1/3 a 2/3. Quanto mais próximo o agente chegar da consumação, menor será a redução, e vice-versa. 
Classificação dos crimes
Crime comum: pode ser cometido por qualquer pessoa. A lei não exige nenhum requisito especial.
Crime unissubsistente: é o que se perfaz com um único ato, como a injúria verbal. Não admite tentativa.
Crime plurissubsistente: é aquele que exige mais de um ato para sua realização (estelionato – art. 171)
Desistência voluntária
Hipótese do agente iniciar a execução, ele está no iter criminis (se prepara, quer o resultado), mas desiste de praticar o resultado.
É advinda da vontade do agente, voluntária, ou seja, o ato não adveio de qualquer tipo de coação.
Na desistência voluntária o agente só vai responder pelos atos até então consumados.
Ex. João decide matar José. Dispara 3 tiros contra ele, não o acerta e também não lesiona ninguém.
	Neste caso, João não responde por crime algum.
Arrependimento Eficaz x Arrependimento Posterior
Arrependimento Eficaz
Arrependimento Posterior
O agente praticará todos os atos executórios, mas ele age antes de conseguir o resultado para evitar a superveniência do resultado.
Se o arrependimento for eficaz o agente responde pelos atos praticados.
Art. 16 CP
O arrependimento se dá após a consumação
Crime praticado sem violência ou grave ameaça
Reparar o dano ou restituir a coisa
Pode haver o arrependimento até o recebimento da queixa ou denúncia
Crime Impossível (art 17 CP)
É também chamado de tentativa inidôneas, tentativa inadequada ou quase-crime.
Não se pune tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se.
Ineficácia absoluta do meio: o meio empregado ou instrumento utilizado para a execução jamais levarão o levarão à consumação. Ex. Matar alguém com palito de dente.
Impropriedade absoluta do objeto material: a pessoa ou a coisa sobre o que recai a conduta é absolutamente inidônea para a produção de algum resultado lesivo. Ex. Matar um cadáver; usar substância abortiva sem estar grávida; furtar alguém que não tem nada.
Erro de tipo
Trata-se de um erro incidente sobre a situação de fato ou relação jurídica descritas: 
a)
como elementares ou circunstâncias de tipo incriminador; Ex. O agente pega uma caneta alheia supondo-a ser sua; o agente casa-se com uma mulher casada supondo-a ser viúva ou divorciada;
B)como elementares de tipo permissivo; trata-se das causas de exclusão de ilicitude, também chamados de tipos justificadores ou excludentes. Ex. Legítima defesa putativa; Estado de necessidade putativa.
C)como dados acessórios irrelevantes à figura típica; se o agente querendo matar o filho, confunde-se e mata alguém muito parecido. O erro incidiu sobre dado irrelevante do homicídio (não importa quem seja a pessoa assassinada, para que haja homicídio basta que a vítima seja “alguém”, pessoa humana viva).
ERRO DE TIPO E ERRO DE DIREITO
o erro de tipo incide sobre a realidade, ou seja, sobre situações do mundo concreto. Os equívocos incidem sobre a realidade vivida e sentida no dia a dia.
Por exemplo: o agente vai caçar em área permitida, olha para uma pessoa pensando ser um animal bravio, atira e mata-a. O erro não foi “de direito”, mas sobre situação fática (confundiu uma pessoa com um animal). O fato, porém, sobre o qual incidiu o equívoco está descrito como elementar no tipo de homicídio (matar alguém – pessoa humana). Assim, em razão de erro de fato, o agente pensava que cometia um irrelevante penal (caçar em área permitida), quando, na verdade, praticava um homicídio.
FORMAS DE ERRO DE TIPO
a) Essencial: incide sobre elementares e circunstâncias. O erro de tipo essencial impede o agente de saber que está praticando o crime, quando o equívoco incidir sobre elementar, ou de perceber a existência de uma circunstância; 
Ex. um advogado, por engano, pega o guarda-chuva de seu colega, que estava pendurado no balcão do cartório; essa situação é de extrema importância para o tipo, porque subtrair objetos alheios é furto, ao passo que pegar bens próprios é um irrelevante penal. O erro foi essencial, porque, tivesse o advogado percebido a situação, não teria praticado o furto. Esse é o erro essencial sobre elementar do tipo.
Característica do erro essencial: Impede o agente de compreender o caráter criminoso do fato ou de conhecer a circunstância.
Efeitos: o erro essencial que recai sobre elementar sempre exclui o dolo, seja evitável, seja inevitável.
FORMAS DE ERRO DE TIPO
b) Acidental: versa sobre dados secundários. diz-se acidental o erro do agente que recai ou sobre o objeto material da infração (error in persona e error in objeto) ou sobre o seu modo de execução (aberratio ictus e aberratio criminis), ou sobre o nexo causal (aberratio causae ou dolo geral).
Característica: Não impede a apreciação do caráter criminoso do fato. O agente sabe perfeitamente que está cometendo um crime. Por essa razão, é um erro que não traz qualquer consequência jurídica: o agente responde pelo crime como se não houvesse erro.
FORMAS DE ERRO DE TIPO
Erro sobre a pessoa: O agente vê um desconhecido e confunde-o com a pessoa que quer atingir. Esse erro é tão irrelevante (menos para quem sofreu a agressão) que o legislador considera, para fins de sanção penal, as qualidades da pessoa que o agente queria atingir, e não as da pessoa efetivamente atingida (art. 20, § 3o, do CP).
Erro na execução do crime ou aberratio ictus. Essa espécie de erro de tipo acidental é também conhecida como desvio no golpe, uma vez que ocorre um verdadeiro erro na execução do crime. Exemplo: o marido quer matar a esposa, naquele mesmo caso. Olha-a, aponta a arma em sua direção e efetua os disparos. Em vez de acertar, porém, a vítima virtual (sua cônjuge), acaba por atingir terceira pessoa. Responde por homicídio doloso qualificado pelo motivo torpe (matar para ficar com a amante) com a agravante do art. 61, II, e.
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE
Causas de Exclusão da ilicitude
As causas que excluem a ilicitude podem ser legais, quando previstas em lei, ou supralegais, quando aplicadas analogicamente ante a falta de previsão legal. As causas legais são:
- estado de necessidade;
- legítima defesa;
- estrito cumprimento do dever legal;
- exercício regular de direito.
Estado de necessidade
É o sacrifício de um interesse juridicamente protegido para salvar de perigo atual e inevitável o direito do próprio agente ou de terceiro, desde que outra conduta, nas circunstâncias concretas, não fosse razoavelmente exigível.
Ex. Naufrágio, não tem colete salva vidas para todos.
Estado de necessidade
Requisitos:
1ºSituação de perigo atual: é o que está acontecendo, portanto uma situação presente, concreta, imediata.
2ºAmeaça a direito próprio ou de terceiro: qualquer bem jurídico protegido pelo ordenamento.
3º Situação de perigo não provocada pelo agente;
4º Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo.
5ºConduta inevitável
6ºRazoabilidade do sacrifício
7ºConhecimento da situação de fato
Espécie de Estado de necessidade
Defensiva: quando o bem jurídico que é atacado pertence ao agente que deu causa à situação de perigo. Ex. João mata o cachorro que estava atacando-o.
Agressiva: quando é atacado, o bem jurídico de terceiro inocente é destruído. Ex. Para prestar socorro à Maria, João pega o carro de José sem a autorização.
Obs: Causa de diminuição de pena, art 24§2º “a falta de razoabilidade entre o bem jurídico sacrificado e o bem jurídico protegido, apesar de afastar a excludente, pode diminuir a pena do agente de 1/3 a 2/3.
Legítima Defesa
Conceito: Consistente em repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, usando moderadamente os meios necessários.
Fundamento: O Estado não tem condições de oferecer proteção aos cidadãos em todos os lugares e momentos, então, permite que se defendam quando não houver outro meio.
Requisitos Legítima defesa
a) Agressão injusta atual ou iminente: é toda conduta humana contrária ao ordenamento jurídico, ainda que realizada por inimputável ou agente que não entenda o caráter ilícito da sua conduta.
b) Defesa de direito próprio ou de terceiro: Na legítima defesa de terceiro, a conduta legítima pode dirigir-se contra o próprio terceiro. Exemplo: bato no suicida para impedir que ponha um fim à própria vida.
c) Repulsa com meios necessários: aquilo que o agente tem em mãos para se defender no momento em que está sofrendo a agressão ou está na iminência de sofrer.
d) Uso moderado desses meios: emprego razoável dos meios necessários para conter a agressão. É a razoável proporção entre defesa e ataque
e) Conhecimento da situação justificante.
Moderação- Excesso
Ocorre o excesso quando o sujeito ao repelir a injusta agressão, excede-se na repulsa, quer utilizando meios exagerados, quer excedendo os limites da moderação. Nesse caso, o agente responderá pelos danos causados pelo excesso, que pode ser:
- Doloso ou consciente: o agente responde pelo resultado dolosamente.
- Culposo ou inconsciente: o agente responde por crime culposo.
- Exculpante: não deriva nem de dolo, nem de culpa (legítima defesa subjetiva). O fato é atípico.
Legítima defesa putativa
É a errônea suposição da existência da legítima defesa por erro de tipo ou erro de proibição.
Admite-se:
- Legítima defesa contra agressão de inimputável.
- Legítima defesa contra agressão de qualquer pessoa acobertada por causa de exclusão da culpabilidade.
- Legítima defesa putativa de legítima defesa putativa. Exemplo: dois inimigos, supondo que um vai agredir o outro, sacam suas armas e atiram pensando que estão se defendendo.
- Legítima defesa real de legítima defesa putativa. Exemplo: “A” vê “B” enfiar a mão no bolso e pensa que ele vai sacar uma arma. Pensando que vai ser atacado, atira em “B”, que pode revidar em legítima defesa real. Note bem: a legítima defesa putativa é imaginária, só existe na cabeça do agente e, por conseguinte, objetivamente configura um ataque como outro qualquer (pouco importa o que “A” pensou; para “B”, o que existe é uma agressão injusta).
- Legítima defesa real de legítima defesa subjetiva. 
- Legítima defesa putativa de legítima defesa real. Como se trata de causa
putativa, nada impede essa situação. Exemplo: “A” presencia seu amigo brigando e, para defendê-lo, agride seu oponente. Ledo engano: o amigo era o provocador e o agressor; o terceiro agredido estava apenas se defendendo.
Não se admite:
- Legítima defesa real contra legítima defesa real.
- Legítima defesa real contra estado de necessidade real.
- Legítima defesa real contra exercício regular de direito.
- Legítima defesa real contra estrito cumprimento do dever legal.
Em nenhuma dessas hipóteses havia agressão injusta.
Estrito cumprimento do dever legal
O dever tem de constar de lei, decreto, regulamento ou qualquer ato administrativo, desde que de caráter geral.
Trata-se de ação praticada em cumprimento de um dever imposto por lei, penal ou extrapenal, mesmo que cause lesão a bem de terceiro.
Exige-se que o agente se contenha nos rígidos limites de seu dever, fora dos quais desaparece a excludente. Por exemplo: execução do condenado pelo carrasco; prisão legal efetuada pelos agentes policiais; morte em batalha 
Requisitos
1º Dever legal
2º Estrito cumprimento da lei
3º Sujeitos
Exercício Regular do direito
Direito
Deve ser interpretado de modo amplo, afinal, cuida-se de excludente de ilicitude e não de norma incriminadora. Assim, abrange toda e qualquer forma de direito subjetivo, seja penal, seja extrapenal e até mesmo os costumes. Ex. trotes universitários
Culpabilidade
É a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal.
Grau de culpabilidade: relativa à dosagem da pena. Quanto mais censurável o fato e piores os indicativos subjetivos do autor, maior será a pena.
Elementos de culpabilidade:
A) imputabilidade;
B) potencial consciência da ilicitude;
C) exigibilidade de conduta diversa.
Imputabilidade
É a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
O agente deve ter condições físicas, psicológicas, morais e mentais de saber que está realizando um ilícito penal e ter total condição de controle de sua vontade.
Ex: dependente de droga, tem capacidade de entender o caráter ilícito do furto que pratica, mas não consegue controlar o invencível impulso de continuar a consumir a substância psicotrópica, razão pela qual é impelido a obter recursos financeiros para adquirir o entorpecente, tornando-se um escravo de sua vontade.
imputabilidade
Regra: todo agente é imputável, a não ser que ocorra causa excludente da imputabilidade (chamada causa de dirimente).
Causas que excluem a imputabilidade:
Doença mental
Desenvolvimento Mental incompleto
Desenvolvimento mental retardado
Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior.
imputabilidade
Causas que excluem a imputabilidade:
1º) Doença mental – é a perturbação mental ou psíquica de qualquer ordem, capaz de eliminar ou afetar a capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou a de comandar a vontade de acordo com esse entendimento.
Ex.: epilepsia condutopática, psicose, neurose, esquizofrenia, paranoias, epilepsia em geral.
A dependência patológica de substância psicotrópica, como drogas, configura doença mental, sempre que retirar a capacidade de entender ou de querer. (Arts 45 a 47 da lei 11.343/2006).
imputabilidade
Causas que excluem a imputabilidade:
2º)Desenvolvimento mental incompleto: é o desenvolvimento que ainda não se concluiu, devido à recente idade cronológica do agente ou à sua falta de convivência em sociedade, ocasionando imaturidade mental e emocional.
É o caso dos menores de 18 anos (art 27, CP)
Indígenas inadaptados à sociedade (laudo pericial é imprescindível para aferir a imputabilidade)
imputabilidade
3º) Desenvolvimento mental retardado: é o incompatível com o estágio de vida em que se encontra a pessoa, estando, portanto, abaixo do desenvolvimento normal para aquela idade cronológica.
OBS: Se a pessoa tem doença mental, mas é capaz de entender o caráter ilícito da conduta e podia agir de outra maneira, pode ser considerada CULPÁVEL.
DOENÇA MENTAL
CAPAZ DE ENTENDER
PODIA AGIR DIFERENTE
CULPÁVEL
SIM
SIM
SIM
INIMPUTÁVEL
SIM
SIM
NÃO
SIM
NÃO
NÃO
imputabilidade
Critérios de aferição da inimputabilidade
a) Sistema biológico
b) Sistema psicológico
c) Sistema biopsicológico – causa geradora prevista em lei, atue na ação delituosa, retirando do agente a capacidade de entendimento e vontade.
Causal- existência de doença mental, desenv. Mental incompleto ou retardado, que são previstos em lei.
Cronológico – atuação ao tempo da ação ou omissão delituosa;
Consequencial – perda da capacidade de querer ou entender
imputabilidade
4º)Embriaguez : Causa capaz de levar à exclusão da capacidade de entendimento e vontade do agente, em virtude de intoxicação aguda e transitória causada por álcool ou qualquer substância de efeitos psicotrópicos.
Pode ser:
Pré-ordenada: “para ter coragem”, para praticar o crime, considerado agravante.
Culposo: quando começa a beber/ usar droga, tem pleno conhecimento de determinação, mas ao ingerir a substância perde um pouco dos sentidos – ficar bêbado.
Actio libera in causa – A embriaguez não acidental jamais exclui a imputabilidade – aplica a pena como se o agente tivesse praticado o crime antes de beber.
imputabilidade
5º)Emoção ou paixão: 
Alteram a consciência da vontade
não exclui a imputabilidade/ culpabilidade porque o CCP adota o sistema biopsicológico, 
mas a própria lei prevê diminuição da pena ou atenuante.
Potencial consciência da ilicitude
Consiste na expectativa social de um comportamento diferente daquele que foi adotado pelo agente. Somente haverá exigibilidade de conduta diversa quando a coletividade podia esperar do sujeito que tivesse atuado de outra forma.
Coação moral irresistível;
Obediência hierárquica
Exigibilidade de conduta diversa
O desconhecimento da lei é inescusável, pois ninguém pode deixar de cumpri-la alegando que não sabia
Concurso de agentes
Concurso de agentes (pessoas)
Responsabilização das pessoas quando o crime é cometido por mais de uma pessoa.
A) Monossubjetivos ou de concurso eventual: podem ser cometidos por 1 ou mais agente. Ex: homicídio, furto.
B) Plurissubsistente ou de concurso necessário: são os que só podem ser praticados por uma pluralidade de agentes em concurso. Ex: associação criminosa
Requisitos para haver concurso de pessoas
1º Pluralidade de conduta: mais de 1 conduta
2º Relevância causal de todas as condutas: cada pessoa realizando uma conduta relevante para ocorrer o resultado
3º Liame subjetivo: Ligação entre os agentes. A ligação é a vontade de todas as partes está voltada para o mesmo objetivo. O liame também é chamado de unidade de desígnios ou concurso de vontade.
4º Identidade de infração para todas as pessoas: todo mundo responde pelo mesmo crime, via de regra.
Formas de concurso de pessoas
1- Coautoria: são as pessoas que realizam a conduta descrita no verbo do tipo penal
Obs: 1 pessoa: autor; 2 ou mais: coautores. *Não existe cúmplice, parceiro, aliado no DP, todos são partícipes.
2- Participação: é o auxílio prestado para a produção do resultado sem que o agente pratique o verbo do tipo.
*Teoria do domínio do fato: mentor intelectual do crime. “Aquela pessoa que tem o domínio do fato é considerada autora do fato”
Forma de participação
A doutrina prevê 3 formas de participação:
1- moral: o agente dá apoio moral (incentivando)
Induzimento: dá ideia para uma pessoa praticar o crime. (responde como se tivesse praticado o crime)
Instigação: “dá corda”, incita o agente a continuar a prática do crime.
2- material: o agente presta auxílio material, entregando objeto, criando condições para que o agente pratique o crime.
3- Cumplicidade (natureza jurídica de participação): é uma norma de extensão pessoal, porque o tipo penal se estende e alcança pessoas diversas do autor principal (CP, art 155, §5º, c/c o art 29)
Participação de menor importância
Reduz a pena de 1/6 a 1/3.
A participação do agente não foi determinante para
a prática de delito.
Participação em crime menos grave (Art 29, §2º)
Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Requisitos de participação em crime menos grave
Se é previsível e o agente previu – responde por DOLO (assume o risco)
Partícipe não previu – responde pelo crime menos grave
Era previsível para o homem médio, mas o agente não previu – Responde pela pena do crime menos grave, com a pena aumentada.
Casos de impunibilidade
Determina o art. 31 do CP que, "o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado". Entretanto, tais condutas - ajuste (acordo), instigação (estímulo), auxílio (assistência) e determinação (decisão) - serão puníveis quando houver disposição expressa neste sentido, como é o caso do art. 288 do CP - "associarem-se 03 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes (...)".
Autoria mediata
O agente utiliza-se de outra pessoas que age sem culpabilidade para executar a conduta
Autoria colateral
Quando há 2 pessoas praticando uma conduta que converge para a mesma infração penal, mas uma não conhece a intenção da outra.
Cada um responde por seu crime;
Quando não consegue provar, cada um responde por tentativa
OBS: é possível coautoria e participação em crime culposo? A coautoria é possível, mas a participação não, pois quando induz alguém a ser negligente, você também está sendo negligente/ imprudente/ imperito.
Comunicabilidade de circunstâncias pessoais (art. 30, CP)
“Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.”
Apenas circundam o crime, não integram sua essência
Sua exclusão não interfere na existência da infração penal
Significa a análise do juiz de acordo com 3 fases:
Circunstâncias judiciais
Consequência do crime
Circunstância de caráter subjetivo
Concurso de pessoas no infanticídio
Crime composto pelos seguintes elementos: ser mãe (crime próprio); matar; o próprio filho; durante o parto ou logo após; sob influência do estado puerperal. (art. 123)
Todos os componentes são elementares desse crime. Assim, comunicam-se ao coautor ou partícipe, salvo se desconhecia a sua existência, evitando-se a responsabilidade objetiva.
Situações possíveis:
1- mãe mata próprio filho com auxílio de terceiro: mãe é a autora e as elementares comunicam-se ao partícipe, que também responde por infanticídio.
2- terceiro mata o RN contando com a ajuda da mãe: ele comete homicídio, pois foi o autor da conduta principal, inexistindo correspondência entre a sua ação e os elementos do infanticídio. A mãe foi partícipe, já que não realizou o núcleo do verbo (não matou, apenas ajudou) responde também por homicídio. Ver art 29 CP.
3- mãe e terceiro executam em coautoria a conduta principal: os dois respondem por infanticídio.
Elementar de um crime
Componente essencial do tipo penal, sem o qual o crime desaparece ou se transforma em outro.
Circunstâncias e condições
São dados acessórios que se agregam o tipo penal cuja função é influenciar na pena. Se forem excluídos não descaracterizam o crime.
Circunstâncias de caráter pessoal
Diz respeito ao agente, à pessoa.
Tradução do art 30, CP
1- As elementares se comunicam aos coautores e partícipes, desde que todos tenham agido com DOLO.
2- As circunstâncias objetivas (que dizem respeito ao fato), sempre se comunicam, desde que haja DOLO.
3- A circunstância e condições de caráter pessoal NÃO se comunicam, EXCETO quando for elementar.
Participação impunível - CP, art 31
São atípico o auxílio, a instigação e o induzimento de fato que fica na fase preparatória, sem que haja início a execução.
Ex.: um sujeito pede para um chaveiro uma chave falsa para cometer um furto e é atendido pelo irresponsável profissional; no entanto, utiliza-se de escalada para cometer o furto, sem utilizar a chave. Como não houve nenhuma contribuição causal do chaveiro, este não será considerado partícipe do furto. Seu auxílio não chegou a ingressar sequer na fase de execução, sendo, portanto, impunível.
Sanção Penal
Sanção Penal
Comporta 2 espécies: pena e medida de segurança
Pena: é de caráter aflitivo, imposta pelo Estado, em execução de um sentença, ao culpado pela prática de uma infração penal, consistente na restrição ou privação de um bem jurídico, cuja finalidade é aplicar a retribuição punitiva ao delinquente, promover a sua readaptação social e prevenir novas transgressões pela intimidação dirigida à coletividade. 
Finalidades das penas
São explicadas por 3 teorias:
A) Teoria absoluta ou da retribuição: finalidade da pena é punir o autor de uma infração penal. A pena é retribuição de um mal injusto, praticada pelo criminoso
B) Teoria relativa, finalista, utilitária ou prevenção: a pena tem um fim prático e imediato de prevenção geral ou especial do crime.
C) Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória: a pena tem a dupla função de punir o criminoso e prevenir a prática do crime, pela reeducação e pela intimidação coletiva.
No Brasil, a teoria adotada é a mista.
Princípio Constitucionais relacionados ao cumprimento de pena
1º Princípio da Legalidade
2º Princípio da Personalidade
3º Princípio da Individualidade
4º Princípio da Inderrogabilidade
5º Princípio da Proporcionalidade
6º Princípio da Humanidade (CF, rt 5º, XLVII)
LHINPERINPRO
Penas Privativa de Liberdade (PPL)
Espécies:
A) Reclusão;
B) Detenção;
C) Prisão simples (contravenções penais)
Regimes penitenciários:
A) Fechado: cumpre a pena em estabelecimento penal de segurança máxima ou média; (art 34)
B) Semiaberto: cumpre a pena em colônia penal agrícola, industrial ou em estabelecimento similar; (art 35)
C) Aberto: trabalha ou frequenta cursos em liberdade, durante o dia, e recolhe-se em casa do Albergado ou estabelecimento similar à noite e nos dias de folga. (art 36)
Art. 33, CP
Cumprimento da PPL
Só inicia no fechado porque a pessoa tem o direito de progredir no regime de cumprimento de pena. O juiz só estipula o regime inicial de cumprimento. A progressão vai depender do comportamento (bom) do condenado.
Reclusão: o juiz determina qual o regime
Detenção: regime inicial será o semiaberto
se está no semiaberto e a pena é de detenção, pode-se regredir para o regime fechado se cometer falta grave (falta administrativa)
Prisão simples: regime inicial semiaberto ou aberto
Progressão de Regime
É a possibilidade de alguém que inicia o cumprimento da pena em regime mais gravoso, progredir.
Requisitos
Objetivos – Lapso temporal: consiste no tempo de cumprimento de pena no regime anterior.
Subjetivo – Bom comportamento carcerário: na antiga redação do art 112, caput, da LEP. 
Terá bom comportamento o preso que não tiver o registro de falta grave
Progressão por salto: passagem direta do regime fechado para o aberto. Não é permitido pela LEP.
Regime Disciplinar Diferenciado (RDD)
Art. 52 da LEP (Lei de Execução Penal)
É um regime de cumprimento de pena mais gravoso que o regime fechado.
Pode ficar preso até 1/6 da pena no RDD
Duração máxima de 360 dias
Recolhimento em cela individual
Visita semanal de duas pessoas, com duração de 2 horas;
Banho de sol com duração de 2 horas diárias
Não está previsto na constituição nem no CP;
Viola a finalidade da ressocialização
Quem determina é o diretor prisional
Remição: é a diminuição da pena em virtude do trabalho ou estudo.
O preso diminui 1 dia de pena para cada 3 dias de trabalho ou estudo, mas isso só ocorre se o estabelecimento prisional permitir.
Superveniência de doença mental: o condenado deve ser transferido para hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (CP, art.41), e a pena poderá ser substituída por medida de segurança (LEP, art. 183, com a redação determinada pela lei n. 12313/2010)
Caracteriza
constrangimento ilegal a manutenção do condenado em cadeia pública quando for o caso de medida de segurança.
Detração penal: é o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, do tempo de prisão provisória.
O tempo que o réu permaneceu preso preventivamente é descontado da pena imposta. Mas se a sentença for absolutória, não há “indenização”, nem “credcrime” pelo tempo em que ficou preso.
Penas Restritivas de Direito art. 43 ao 48
São penas alternativas à pena privativa de liberdade, buscam evitar o constrangimento de encarcerar determinados criminosos autores de infrações penais considerada penas menos graves, promovendo-lhes a recuperação por meio de certos direitos.
Tipos de penas restritivas
1º Prestação pecuniária (art. 45 §1º)
2º Prestação inominada (art. 45 §2º)
3º Perda de bem ou valores (art. 45 §3º)
4º Prestação de serviço à comunidade ou entidade pública

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