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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DOMÉSTICA E HOTELARIA GASTRONOMIA INDIANA História A Índia, assim como o Brasil, é considerada por muitos como um continente; isto porque agrega dentro de um único país uma grande variedade de culturas, religiões, idiomas e costumes. O fator predominante para essa grande diversidade cultural é a herança deixada pelos imigrantes que passaram por lá e contribuíram com seus costumes e se adaptaram ao clima e a gastronomia. A crença e a cultura hindu vem mostrando grande influencia na evolução da cozinha indiana. Porém, a culinária indiana é interpretada como resultado das grandes interações regionais do subcontinente desde os mongóis, até a ocupação e saída dos britânicos fazendo dela uma mistura única de várias cozinhas internacionais. Cada tempero comercializado entre a Índia e a Europa, as especiarias, como por exemplo, a pimenta, o gengibre, a canela, o cravo e a noz- moscada, teve importância histórica e esse comércio foi o maior catalisador que motivou era dos descobrimentos europeu, iniciada com as tentativas de alcançar a Índia contornando a África pelo mar. A descoberta da rota marítima para a Índia em 1498, por Vasco da Gama, sinalizou o início do estabelecimento de territórios controlados pelas potências européias no subcontinente. Os portugueses constituíram bases em Goa, Damão, Diu e Bombaim, dentre outras. Seguiram-se os franceses e os neerlandeses no século XVII. Mais tarde no período colonial, com a ocupação inglesa, foi introduzida a culinária européia na Índia, o que diversificou ainda mais a cozinha indiana. A Companhia Inglesa das Índias Orientais estabeleceu uma primeira base em Bengala, em 1757. Na altura dos anos 1850, os britânicos já controlavam quase todo o subcontinente, inclusive o território correspondente aos atuais Paquistão e Bangladesh. E mais recentemente quando os ingleses após a Segunda Grande Guerra Mundial resolveram deixar e dividir a Índia (de predomínio hindu ao sul) criando o Paquistão ( região de maioria muçulmana ) provocou-se maciços deslocamentos humanos de grandes grupos populacionais entre os dois territórios motivados por preconceito de ambas as partes decorrentes de diferença religiosa, também influenciando a cultura culinária local. Tal se deu porque organizações sociais fundadas no final do século XIX e início do século XX para defender os interesses indianos junto ao governo da Índia britânica transformaram-se em movimentos de massa contra a presença britânica no subcontinente, agindo por meio de ações parlamentares e resistência não-violenta. Após a partição da Índia, ou seja, a separação do antigo Raj britânico entre a República da Índia e o Paquistão, em agosto de 1947, o mundo testemunhou a maior migração maciça da história, quando um total de 12 milhões de hindus, siques e muçulmanos cruzaram a fronteira da Índia com o Paquistão Ocidental e a fronteira da Índia com o Paquistão Oriental. Hoje a cozinha indiana vem influenciando as cozinhas em todo o mundo, especialmente no sudeste da ásia e no caribe. Influências da gastronomia indiana A gastronomia está tão marcada pela exibição aromática como pelo peso das correntes religiosas que convivem naquele território: hindus, budistas, cristãos, muçulmanos, judeus e jainistas criam uma dinâmica em que se estabelece uma estreita relação entre espiritualidade e comida. O país em que predomina a religião hindu é um lugar de enormes contrastes culturais e econômicos e tem sua filosofia de vida baseada em crenças que estão intrinsecamente relacionadas à religião. Maior parte da população indiana é hinduísta e conseqüentemente, vegetariana. Na Índia, comida e religião caminham juntas. Texto exclusivo da disciplina de Cardápios Regionais – Profa. Lenice F. Oliveira Página 1 O Hinduísmo é uma tradição religiosa que se originou na Índia. Os hindus acreditam num espírito supremo cósmico, que é adorado de muitas formas, representado por divindades individuais, onde Brama é uma das principais. O hinduísmo é centrado sobre uma variedade de práticas que são vistos como meios de ajudar o indivíduo a experimentar a divindade que está em todas as partes, e realizar a verdadeira natureza de seu Ser. O preparo dos pratos constitui um ato de devoção antes de a comida ser consumida uma pequena porção de cada prato é colocada no altar presente na cozinha de todo indiano e oferecida aos deuses. A carne não é algo que se encontra em fartura à mesa dos indianos. Um fato interessante sobre o povo indiano é que consideram a vaca como um animal sagrado, baseado sob dois aspectos: o primeiro é que os animais de raça bovina serviam de meio de transporte dos deuses na antiguidade e a filosofia hinduísta, e a segunda explicação é que a vaca é o elemento mãe da natureza: aquela que doa seu alimento (leite) e não pede nada em troca, Por isso, encontra-se o leite e seus derivados presentes em muitas preparações gastronômicas deste país. Por exemplo: • Lassi - uma bebida tipicamente indiana de fruta batida com iogurte. • Curry - que são ensopados que podem ser de peixe ou de legumes que são engrossados com leite, creme de leite e iogurte. • Raita – molho de iogurte com especiarias e produtos vegetais, usado em muitos pratos para diminuir o sabor apimentado. • Ghee - manteiga clarificada, que utilizam para fritar e como condimento. • Panir - produto caseiro a meio caminho entre o requeijão e a coalhada. • Koya - o leite coagulado (ou texturizado), feito com uma técnica milenar, usado em sobremesas e em alguns tipos de curry. O leite e seus derivados são tão valorizados pelos hindus, que os consideram capazes de reforçar a espiritualidade do indivíduo. Especiarias na Índia A culinária da alquimia e das especiarias. Sem dúvida sua maior identidade é a diversidade de sabores e temperos desenvolvidos pelos cozinheiros do país asiático. Além do sabor, as cores impressionam nos pratos e na cultura em geral. Na Índia, cultiva-se todo tipo de malaguetas, de tamanhos, cores e sabores diferentes, que vão desde a malagueta dhane , de sabor ácido, própria de Mizoram e de algumas zonas de Manipur, até a muito picante Sangli sanam, da zona de Maharashta, passando por variedades da Caxemira, como a Madras pari. O culto das especiarias chega ao ponto de incorporar nas receitas produtos como a assa-fétida (resina vegetal de aroma desagradável), o bétele (semente de uma palmeira), as sementes de pepino amargo e as de carambola ou a manga em pó. Qualquer planta, raiz, semente, folha, casca, bulbo, fruto ou hortaliça é transformado em condimento. Os mais apreciados são o açafrão e a cúrcuma. Há também o gengibre fresco, o cardamomo, o cominho, as sementes de coentro, o cravo ou a canela, o feno-grego, a noz-moscada, a pimenta-do-reino, a menta, a hortelã, as sementes de mostarda e o tamarindo. Porém, não se encontra na Índia referências a uma especiaria ou mistura de especiarias com o nome de curry, conforme já mencionado acima, os hindus chamam curry ao ensopado de legumes, carne ou de peixe. Estas chamadas especiarias eram antes apenas comercializadas na Europa via os comerciantes árabes, ou então por meio de caravanas longínquas. No século XV o acesso a especiarias Texto exclusivo da disciplina de Cardápios Regionais – Profa. Lenice F. Oliveira Página 2 influenciaria no contexto social das pessoas, ou seja, as elitizava. Daí Portugal chegou às Índias via marítima e o comércio se intensificou sensivelmente. Como há muitos séculos elas estão presentes na culinária europeia e muitas já se fundiram com as regionais na tradição gastronômica do país. Talvez, o que os ingleses levaram de voltapara o seu país com o nome de curry foi uma versão da masala. A masala é uma requintada mistura de condimentos, ervas e plantas aromáticas que chega a incluir até trinta ingredientes diferentes e que, apesar de ser preparada de forma diversa em cada casa do país, constitui um dos traços de identidade da cozinha indiana. O Garam Masala é uma combinação mais forte, porém outras apenas mais aromáticas também são encontradas. Elas podem ser combinadas a outros elementos como vinagre e leite de coco, de forma a formar uma pasta. Além do mais não é a toa que as especiarias fazem sucesso há séculos. Além de destacarem sabores, acentuarem a condimentação e dar cores e aromas aos alimentos, elas também facilitam na digestão e tem inúmeras propriedades medicinais. A parte agridoce da culinária indiana Quanto aos molhos, a mistura de frutas, hortaliças e ervas aromáticas dá lugar a duas diferentes famílias: os chutney e os achars. O chutney, molho agridoce da culinária indiana, embora nem todos tenham este sabor é preparado com frutas e tantas especiarias quantas o seu criador for capaz de unir. Onde as pimentas, açúcar mascavo e frutos se encontram, junto a vegetais e outras especiarias. Na Índia, ao contrário de alguns produtores europeus, o chutney é produzido na hora de consumir, não para guardar em conserva. O mais difundido é o de manga, mas pode-se encontrar de muitos outros sabores. Chutney de vegetais não cozinham, apenas os de frutos. Em Goa, a ex-colônia portuguesa encontra-se de camarão seco e de coentro. De forma geral existem os doces e os quentes. Os pães hindus podem ser como o chapati, leves ou macios, como o rumali-roti, consumidos em forma de lâminas muito finas e crocantes, preparadas na chapa, ou como o nan, macio, e de forma triangular. Os chapatis são preparados com uma farinha de trigo integral especial, tradicional da Índia, também denominada chapati. Estes pães são normalmente consumidos no desjejum, podendo, no entanto, ser consumidos em qualquer refeição ao longo do dia, de preferência quentes, acabados de fazer. Para além da farinha de trigo integral pode incluir ainda açúcar, manteiga, óleo e sal. Com estes ingredientes é formada uma massa, que é usada para formar apas (pão-folha)) com cerca de 15 cm de diâmetro, que são assados numa frigideira. Os achars são preparados com hortaliças ou frutas conservadas num suco de vinagre, semelhante aos picles. Modos de vida na Índia A comida é uma parte importante da cultura indiana, desempenhando papel tanto na vida diária quanto nos festivais. Muitas vezes a comida indiana cotidiana consiste de 2 ou 3 pratos principais com acompanhamentos variados como chutney (condimento agridoce, picante ou uma mistura dos dois) e picles, alimentos ricos em carboidratos como arroz eroti (pão), assim como sobremesas. A Índia, assim como a maioria dos países orientais, tem no arroz um alimento básico e que é preparado de várias formas pelo país. Em termos gerais, a culinária indiana pode ser dividida em 4 categorias: norte, sul, leste e oeste da Índia. Os pontos comuns da culinária indiana são arroz, atta (farinha de trigo integral), e uma variedade de legumes sendo que os mais importantes são masoor (tipo de lentilha), chana (grão-de- bico), toor (guandu), urad (tipo de feijão) e mung (semente da vigna radiata). Texto exclusivo da disciplina de Cardápios Regionais – Profa. Lenice F. Oliveira Página 3 No norte e oeste da Índia óleo de amendoim é tradicionalmente mais popular para fritar, enquanto que no leste óleo de mostarda é mais comumente usado. No sul da índia óleo de coco e de gergelim são comuns. Uma parte significativa da população (superior a 1 bilhão de habitantes) é vegetariana realçando o uso de vegetais e frutas, cereais e segredos culinários. Outra parte (não hinduísta e mulçumanos) incluem: frango, peixe, bode, cordeiro e outras carnes. Não usam talheres, pois acreditam que esses objetos tiram o sabor dos alimentos, por isso preferem comer com as mãos. Também utilizam apenas a mão direita para comer os alimentos, pois a esquerda é para higienização do corpo. O nome, "Varak", é inspirado nas lâminas de ouro ou prata muito finas que a cozinha indiana adiciona em determinados pratos, em homenagem ao convidado. Frutos na culinária A jaca é uma fruta originária da Ásia, árvore tropical trazida da Índia para o Brasil no século XVIII, tendo se aclimatado muito bem no Brasil. Possui grande produtividade, é a maior de todas as frutas comestíveis. Este fruto pode ser consumido como legume enquanto está verde e depois de maduro como fruta. Bebidas na culinária indiana O Chai é a bebida típica mais comum por toda a Índia, o qual é geralmente preparado como masala chai com uma mistura de especiarias fervidas no leite. O café é a segunda bebida mais popular. Outras bebidas incluem nimbu pani (limonada), lassi (feita com mistura de iogurte com água, sal e especiarias), badam dood (leite com nozes e cardamomo), chaach (feito com coalhada/iogurte) e sharbat (suco de frutas e pétalas de flores). Os indianos também têm muitas bebidas alcoólicas nativas como vinho de palma, fenny (tipo de licor), bhang e cerveja indiana. Porém, a prática de consumir bebida junto com comidas não é comum na Índia. BIBLIOGRAFIA Influências na cozinha indiana, Disponível em: http://www.indianfoodsco.com/Classes/CulinayHistory.htm, Acesso em dez 2010. HAMILTON, C. Y., "Os sabores da lusofonia: encontros de culturas", Senac 2005, ISBN:8573594071 Texto exclusivo da disciplina de Cardápios Regionais – Profa. Lenice F. Oliveira Página 4
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