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2015 JOÃO RICARDO EPPRECHT RAFAEL YONETA MONTE VICTOR ROBLES CAPOVILA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADEGRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO TRABALHO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ORGANIZACIONAL MUNDO VERDE 1 | P a g e “Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define e não se define o que não se entende. Não há sucesso no que não se gerencia.” William Edwards Deming 2 | P a g e SUMÁRIO I) Introdução ................................................................................................................................................................ 3 II) Metodologia ............................................................................................................................................................ 5 III) Descrição da Empresa .......................................................................................................................................... 6 IV) Revisão da Teoria ................................................................................................................................................ 13 Revisão Teórica: Modelo de Análise de Desempenho Organizacional - Hamilton Luiz Corrêa...................... 13 Vantagens e Desvantagens do MADE-O ......................................................................................................... 22 Revisão Teórica: Modelo Balanced Scorecard ..................................................................................................... 23 Revisão Teórica: Modelo PNQ .............................................................................................................................. 31 Vantagens e Desvantagens do PNQ ................................................................................................................. 36 Revisão Teórica: Modelo SIGMA Sustentabilidade ............................................................................................ 37 Vantagens e Desvantagens do SIGMA Sustentabilidade ............................................................................... 42 Revisão Teórica: Modelo Skandia ......................................................................................................................... 43 Vantagens e Desvantagens do Skandia ........................................................................................................... 47 V) Proposta do Modelo .............................................................................................................................................. 48 VI) Aplicação do Modelo........................................................................................................................................... 73 VII) Análise ................................................................................................................................................................ 78 VIII) Conclusões e Recomendações.......................................................................................................................... 85 IX) Anexo ................................................................................................................................................................... 88 X) Bibliografia ........................................................................................................................................................... 90 3 | P a g e I) INTRODUÇÃO Como parte da disciplina de Avaliação de Desempenho Organizacional do curso de Administração de Empresas da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, este estudo foi desenvolvido no intuito de desenvolver um arcabouço teórico e aplicá-lo na concepção de um modelo de avaliação de desempenho organizacional adaptado para a realidade de uma organização, aplicação do modelo e proposição de recomendações para a empresa. O estudo foi realizado ao longo do segundo semestre de 2015 e contou com o apoio do Prof. Dr. Hamilton Luiz Corrêa e foi desenvolvido com a empresa Mundo Verde. Através dos conhecimentos adquiridos em sala de aula e estudos complementares de cinco modelos (MADE-O, BSC, PNQ, SIGMA e SKANDIA) foi possível compreender diferentes perspectivas de análise das organizações e a partir destes modelos foi estruturado o Modelo de Avaliação de Desempenho do Mundo Verde, procurando alinhar a análise do modelo com o plano de negócios e posicionamento da organização. O roteiro para o desenvolvimento do trabalho foi o seguinte: 1. Introdução 2. Metodologia 3. Descrição da Empresa 4. Revisão da Teoria 5. Proposta do Modelo 6. Aplicação do Modelo 7. Análise 8. Conclusão e Recomendação 4 | P a g e 9. Anexos 10. Referências Bibliográficas 5 | P a g e II) METODOLOGIA O procedimento de avaliação de desempenho organizacional desenvolvido irá buscar aplicar alguns dos modelos desenvolvidos na matéria de Avaliação do Desempenho Organizacional dentro do contexto da empresa Mundo Verde. Para tanto, serão utilizadas ferramentas e critérios presentes no MADE-O, BSC e PNQ, objetivando a construção de um modelo particular capaz de permitir uma análise em profundidade da performance do Mundo Verde em seus diferentes planos de negócios. Por meio de um contato de um dos membros do grupo com franqueados da rede Mundo Verde, que dispõem de linhas de comunicação direta com a matriz, foi construído um questionário para coleta dos indicadores definidos pelo modelo construído. Este questionário foi enviado para a matriz no formato de um formulário e respondido por Gerson Torres, gerente regional de São Paulo da marca. Na etapa seguinte, os dados serão tabulados e analisados sob a ótica do modelo desenvolvido pelo grupo, buscando identificar aspectos internos e externos a organização que sejam pertinentes a um entendimento claro das reais condições do Mundo Verde. Ao fim, são levantadas propostas de melhoria para o Mundo Verde, tendo estas sido captadas através da análise da implementação do modelo da empresa, visando uma melhor adequação ao modelo e aumento da competitividade e desempenho da empresa. 6 | P a g e III) Descrição da Empresa A empresa escolhida para o desenvolvimento desse artigo é o Mundo Verde, maior varejista de produtos naturais e para o bem estar da América Latina. Serão analisados no presente estudo seus processos para elaboração de um Modelo de Avaliação de Desempenho Organizacional. O trabalho será composto por (1) descrição da companhia e de suas práticas, ações desenvolvidas, etc; (2) levantamento do referencial teórico da temática, (3) desenvolvimento e aplicação de um Modelo adaptado à realidade do Mundo Verde e (4) concluir com um parecer crítico sobre o uso deste, propondo recomendações para o Mundo Verde a partir da análise crítica. O Mundo Verde é um varejista de produtos naturais e para o bem-estar, especializado principalmente em alimentação saudável, trabalhando com produtos que não são facilmente encontrados em supermercados convencionais. Fundado em 1987 na cidade de Petrópolis - região serrana do Rio de Janeiro - buscando suprir a crescente demanda por produtos de cunho mais saudável. Essa tendência acentuou- se nas décadas de 90 e 2000,provinda de outras partes do globo como Europa e Estados Unidos. A cor verde tornou-se um símbolo dos adeptos ao estilo de vida da geração Y, que prezava pelo equilíbrio entre a rotina de trabalho e o bem-estar de seu corpo. Esse cenário colaborou para a acelerada expansão da empresa no território nacional. Aproveitando o movimento de migração de muitos brasileiros para um estilo de vida saudável e usando a estratégia de franchising desde 1993, a empresa já está presente em mais de 350 pontos no Brasil, buscando expandir ano a ano o número de estabelecimentos licenciados pela marca, fortalecendo ainda mais sua liderança 7 | P a g e em sua indústria de atuação. O maior foco se dá na região Sudeste, em especial nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A missão da marca é “Oferecer Qualidade de Vida, Consumo Responsável e Sustentabilidade” e a visão é “Ser marca Mundial em Bem-Estar”. O Mundo Verde ainda conta com um decálogo com 10 valores para o bem estar, uma declaração de valores que forma um acróstico Mundo Verde e o lema “Preserve o VERDE, O MUNDO é seu!” O portfólio de produtos é flexível e pode ser definida por cada franqueado. A única exigência da franquia é que os produtos top de vendas e os produtos da marca própria do Mundo Verde sempre estejam nas gôndolas para os consumidores. Os segmentos de produtos que as lojas trabalham são: light, diet, sem glúten, sem lactose, suplementos, vitaminas, integrais, orgânicos, funcionais, chás, fitoterápicos, kosher, vegetariano, vegano, mel e derivados, cosméticos, bem-estar, decoração, CDs, DVDs, livros e orientais. Cada loja possui em média 5.000 produtos diferentes nas gôndolas. São mais de 1200 fornecedores cadastrados, todos com selo de verificação de procedência do Mundo Verde, entregando os mais de 30.000 produtos cadastrados no conjunto das lojas. Em média, cada loja tem 60 m², sete funcionários e faturamento mensal de R$120.000,00. No conjunto das lojas, a empresa vende pouco menos de R$ 1 bi por ano. Esses números dão ao Mundo Verde o título de líder no mercado em que atua. Um franqueado repassa mensalmente 4,5% de seu faturamento bruto como royalties para a franquia e 1% quando a marca desenvolve uma campanha de marketing na televisão, sendo que atualmente a marca foca nos canais por assinatura. Os concorrentes da marca estão crescendo em quantidade, especialmente no e-commerce, onde o Mundo Verde ainda não se faz presente. Porém, nenhum deles tem proporções nacionais como a firma estudada, caracterizando uma pulverização 8 | P a g e no resto do mercado, de modo que os concorrentes não têm marcas consolidadas no mercado como o Mundo Verde. Sendo assim, o Mundo Verde possui, em grande maioria, clientes fiéis e com grande identificação com a marca. Ao contrário dos grandes varejistas especializados em alimentação, por exemplo, Extra e Carrefour, o posicionamento do Mundo Verde quanto aos preços é obter lucro a partir de um mark up mais alto e um giro mais baixo ao invés do oposto. A empresa dá liberdade para cada franqueado precificar os produtos como julgar mais conveniente, o que cria divergência de preços entre lojas localizadas em regiões onde os moradores têm diferentes poderes aquisitivos. Por exemplo, as lojas localizadas dentro de shopping centers têm margens maiores do que as localizadas em bairros mais pobres (como a loja da favela da Rocinha). Porém, no geral, as lojas não têm preços altos na percepção dos consumidores, visto que em outras lojas não é possível encontrar com tamanha praticidade e bom atendimento o mix de produtos oferecidos pelas lojas Mundo Verde. A estratégia do Mundo Verde é a diferenciação (foco no cliente) porque a empresa desenvolveu um novo modelo de vendas de alimentos, que todas as lojas possuem um nutricionista pronto para atender os clientes e prover um atendimento especializado de modo que os clientes podem tirar dúvidas sobre produtos e práticas alimentares, por exemplo. E esse serviço não se restringe ao meio físico. O Mundo Verde possui uma central telefônica gratuita (0800) onde é possível que qualquer pessoa converse com um dos nutricionistas da marca no intuito de prover esclarecimentos que a população em geral possuir. Inicialmente a marca foi criada e gerida por descendentes da família real brasileira de a própria cidade de Petrópolis, porém em 2009 o fundo francês de private equity Axxon adquiriu a marca, promovendo uma reforma administrativa e tendo como visão o crescimento orgânico da rede de franquias. Houve durante esse período um grande salto no número de lojas e a empresa entrou para um novo ramo 9 | P a g e de negócios: produção de produtos naturais com a marca própria: Mundo Verde Seleção, que é vendida apenas nas lojas da marca. Em 2014 a companhia passou por uma nova reestruturação, quando Carlos Wizard compra 100% do Mundo Verde e nomeia Charles Wizard, seu filho, como novo presidente. A compra gerou forte publicidade para a marca, visto que Wizard se consagrou como um dos homens mais ricos do Brasil através das redes de escolas de idiomas Wizard e Yázigi. A estratégia era de crescimento da capilaridade da rede por todo o Brasil, em especial cidades médias no interior com boa perspectiva econômico-financeira que ainda não contavam com presença da marca e nas grandes metrópoles como São Paulo e Salvador. Wizard trouxe consigo uma nova equipe administrativa. Apesar de diversos franqueados das escolas de inglês terem entrado como franqueados do Mundo Verde, por admiração ao trabalho de Wizard, os franqueados antigos do Mundo Verde desenvolveram certa desconfiança porque quando a sua primeira escola de idiomas (Wizard) saturou o mercado, Carlos criou uma nova marca para que se abrissem mais unidades, canibalizando parte de sua outra marca e, por conseguinte, o lucro de franqueados com unidades da Wizard próximas às novas unidades da Yázigi. Além disso, logo que chegou Wizard deu início às obras para um novo centro de distribuição que na teoria forneceria produto para os lojistas com preços mais competitivos que na compra de diversos distribuidores diferentes. Porém, no intuito de lucrar além dos royalties, Wizard precificou os produtos do centro de distribuição no mesmo nível que os franqueados já pagavam, causando irritação dos mesmos e tornando a obra um fracasso, uma vez que os franqueados preferiram permanecer com seus antigos e diversificados fornecedores, pois Wizard ao centralizar a distribuição teria muito poder de barganha sobre eles. 10 | P a g e Outra diretriz estratégica de sua gestão foi o treinamento tanto de franqueados como de funcionários. Todos os funcionários da marca passam por duas semanas de treinamento para que possam ter conhecimento do amplo portfólio de produtos e para que possam compreender e, posteriormente, explicar aos consumidores os benefícios e indicações para cada produto. Já os franqueados passaram a se reunir periodicamente para uma série de palestras motivacionais, discussão de indicadores e sugestões de melhoria. Os membros do Conselho de Gestão também participam do encontro e tentam trocar conhecimentos com os franqueados. O Mundo Verde baseia seu posicionamento em três bases, para satisfazer as necessidades funcionais e experienciais dos clientes, a empresa (1) oferece produtos saudáveis que visam dar uma experiência de consumo mais agradável a seus consumidores, (2) oferece maior qualidade de vida e bem-estar; e (3) um estilo de vida que proporciona melhores experiências de consumo. O Mundo Verde utiliza a segmentação psicográfica e comportamental para definir seu mercado-alvo. Atravésda segmentação psicográfica a empresa busca atender consumidores com estilo de vida saudável. Entretanto, a empresa busca atrair novos consumidores para padrão de vida, com o objetivo de expandir sua base de clientes. A estratégia de seleção de segmentos usada pelo Mundo Verde é a especialização em segmentos múltiplos, entre eles os vegetarianos, veganos, intolerantes a lactose, judeus adeptos dos produtos kosher, atletas de alta performance, intolerantes a glúten ou pessoas que simplesmente prezam pelo consumo de produtos saudáveis. Para obter alguma sinergia entre esses segmentos, a empresa usa especialização por mercado, oferecendo diversos produtos para atender as necessidades dos mais diversos segmentos citados anteriormente. 11 | P a g e Para atender a todos esses segmentos, o Mundo Verde oferece produtos saudáveis que proporcionem saúde, bem-estar e que satisfaçam às necessidades especificas de cada segmento. A empresa oferece serviço de atendimento de nutricionista como forma de adequar os seus produtos a cada um dos segmentos. Portanto, o público alvo do Mundo Verde são indivíduos com estilo de vida saudável que buscam produtos que proporcionem saúde e bem-estar. Todas as faixas etárias estão entre os clientes da empresa, além de diversas classes sociais, visto que seus preços não são tão altos. Esse público abrange desde idosos, com necessidades de alimentação diferenciadas, até crianças recém-nascidas cujos pais buscam papinhas saudáveis. A empresa é orientada para uma estratégia de marketing em que se vende um estilo de vida ao consumidor. O slogan da companhia é “Você saudável” o que possibilita à marca tanto chamar a atenção de potenciais novos clientes que busquem mais saudabilidade quanto os consumidores que já são adeptos a essa filosofia sentem-se bem ao ressaltar que são saudáveis. O marketing do Mundo Verde gira na maioria dos momentos de interação com clientes acerca dos benefícios de ser um indivíduo saudável, da dinâmica de compra nas lojas (onde “não se leva dúvidas”, pois um nutricionista está ao dispor dos clientes) e ao impacto social positivo da marca. O Mundo Verde tem muita força no marketing digital, usando redes sociais como Fabebook, Youtube, Twitter, Instagram entre outras para comunicar mensagens de inspiração, promoções de produtos, reportagens, dicas de receitas saudáveis, preservação do meio ambiente e sustentabilidade, informações sobre valores nutricionais de alimentos, abertura de lojas e divulgação da marca própria. Em seu site e aplicativo para smartphone a marca publica artigos do blog, relatos de nutricionistas, campanhas sociais, canal de comunicação direta com a 12 | P a g e marca e com o presidente, oferece e-books, depoimentos, sugestões de exercícios físicos e beleza. A principal ação de impacto social chama-se “mundo do faz de contas” onde o mundo verde tenta promover o bem-estar através da dinâmica de levar contadores de histórias para hospitais, asilos e escolas visando a conscientização da importância do meio ambiente, cidadania, alimentação. O intuito é levar esperança, autoestima, cultura, alegria e lazer a quem precisa. Já no aspecto ambiental, o Mundo Verde pública artigos de conscientização. No ano de 2014 o Estado de São Paulo enfrentou uma grave crise hídrica e o Mundo Verde atuou para conscientizar os paulistas da importância de economizarem água, bem como sugerindo meios para realizá-lo. 13 | P a g e IV) REVISÃO DA TEORIA REVISÃO TEÓRICA: MODELO DE ANÁLISE DE DESEMPENHO ORGANIZACIONAL - HAMILTON LUIZ CORRÊA. Em vista das transformações O modelo desenvolvido por Corrêa (1986) tem por objetivo criar uma análise de desempenho organizacional que permitisse a avaliação da organização em suas diferentes esferas. As etapas de desenvolvimento do MADE-O (Modelo de Análise de Desempenho Organizacional) são apresentadas em: Conhecimento da empresa; Definição de Módulos; Escolha dos Indicadores; Hierarquização dos módulos e indicadores; e Definição dos padrões. Estabelecidas às fases iniciais da AD (Avaliação de Desempenho) é preciso definir algumas diretrizes de utilização da AD, uma vez que a AD constitui como instrumento de controle e não meramente como uma ferramenta gerencial e de gerenciamento dos resultados do AD. Nos últimos anos, as empresas têm passado por um processo de mudanças, o que tem elevado seu grau de complexidade. Nesse sentido, Corrêa (1986) apresenta uma ferramenta de análise do desempenho organizacional que torna evidente a real situação da empresa por meio de sistemas de avaliação de empresas. Para tanto, ainda segundo CORRÊA (1986) o modelo de Avaliação de Empresas deve possuir algumas características, a saber: 14 | P a g e Característica Definição Global Contemplar todas as dimensões que afetam o funcionamento da empresa Histórico Entendimento sobre se a situação da empresa é um problema conjuntural ou estrutural. Benchmarking Levar em conta as características do segmento em que a empresa atua. Relação Causa/Efeito Entendimento sobre a interação entre as diferentes áreas da empresa Antecipação Possibilidade de se trabalhar sobre as origens dos problemas É importante ressaltar que existe uma diferença entre Avaliação de desempenho (AD) de Diagnóstico de desempenho (DG). A Avaliação de desempenho tem por característica se um processo contínuo de mensuração do desempenho organizacional, buscando identificar problemas no seu início. Já o Diagnóstico em um caráter emergencial, de forma que sua utilização se dá de uma forma pontual, geralmente em situações em que as perdas já se concretizaram, de forma que está se torna uma vantagem da AD em relação a DG, a AG permite que se antecipe o problema antes que determinado sintoma se instale na empresa. De posse destas características, torna-se possível compreender alguns métodos e modelos de avaliação de desempenho, como o modelo de Martindell, que utiliza 10 variáveis com valores máximos e mínimos, contemplando ainda flexibilidade, intangibilidade, comparabilidade, mensurabilidade e enfoque sistêmico, o modelo de Buchele, que define três grandes áreas a serem avaliadas, fazendo uma análise financeira, análise dos principais departamentos e análise dos 15 | P a g e processos administrativos e o modelo de Robbins, composto por 3 passos, medida de desempenho real, comparação com padrões e operações e correção dos desvios por meio de ações corretivas. Diferentemente dos demais, o modelo de Robbins leva em conta aspectos como oportunidades, flexibilidade, economia, compreensibilidade, disposição estratégica e habilidade de ressaltar a exceção. No que se refere ao MADE-O, pode-se notar que está baseado em duas vertentes, uma vertente de abrangência, onde se procura medir o desempenho de todos os recursos da empresa, e uma vertente temporal, onde se busca medir o desempenho da empresa em um determinado período. Apresentando uma sequência lógica de desenvolvimento, de forma que na primeira etapa, de conhecimento da empresa, busca-se conhecer as reais intenções e condições da empresa, identificando-se as prioridades e o funcionamento da empresa, isso se da por meio da descrição e análise dos seus objetivos e missão, do seu ambiente, ameaças, oportunidades que a cerca, seus pontos fortes e fracos, estrutura e estratégias. É importante ressaltar que a análise realizada por empresas em diferentes situações ou estágios de desenvolvimento são distintas, mesmoque sejam de um mesmo setor ou mercado. Além disso, na operacionalização da metodologia há ainda uma fase anterior a de conhecimento da empresa, a fase de planejamento e formação de equipes, nessas fases serão determinados a finalidade do AD e a estruturação da equipe que irá executar a AD. O MADE-O pode ser melhor ilustrado no seguinte esquema proposto por CORRÊA (1986): 16 | P a g e Tendo-se claro o conhecimento da empresa, é feito uma divisão em módulos, a fase mais importante da AD, esta divisão em módulos busca segmentar a empresa em áreas distintas, de forma que os módulos são: econômico-financeiro; operacional; recursos humanos; satisfação do cliente; inovação tecnológica; adaptação ao ambiente; avaliação técnica; clima organizacional; benefícios sociais; e potencialidade gerencial. Vale lembrar que os módulos podem variar em função das atividades e das necessidades de cada empresa. A divisão em módulos permite uma visão sistêmica da organização. Além disso, os módulos são justificados por resultados de ações administrativas, de forma que podem ser divididas ações de resultado em função de seu tempo (imediatos, médio prazo, longo prazo). Na fase seguinte, de Escolha dos Indicadores, serão determinados os indicadores de cada modulo, definidos anteriormente, que serão utilizados como métricas de desempenho do modelo, de forma que os indicadores se constituem em conceitos mensuráveis que permitem verificar o desempenho dos módulos nas atividades neles incluídas. Feito isso, é necessário hierarquizar os módulos e Indicadores, isso se deve ao fato de que os módulos e os indicadores não possuírem mesmo potencial de contribuição no desempenho organizacional, ou seja, quanto maior a tendência de 17 | P a g e um módulo influenciar o resultado e o desempenho da empresa, maior será seu peso na hierarquização. A mesma lógica é valida para hierarquizar os indicadores, aqueles que trouxerem maiores resultados ao desempenho do módulo apresentarão maior pontuação. Para tanto, podem ser utilizados métodos estatísticos que determinam o grau de correlação entre o modulo ou índice e o desempenho. Alguns dos indicadores e seus respectivos módulos são apresentados a seguir, segundo modelo proposto por CORREA (1986): Módulo Operacional Número de unidades produzidas Capacidade potencial de produção Custo da unidade (s) produzida (s) Unidades produzidas por empregado Receita por empregado Módulo: Recursos Humanos Número de empregados Salário médio Porcentagem de empregados treinados anualmente Porcentagem de empregados promovidos Módulo: Satisfação do cliente Número de consumidores Volume de consumo Número de reclamações Nível de satisfação dos consumidores Consumo médio Nível de elevação dos preços 18 | P a g e Módulo: Inovação Tecnológica Investimentos em P&D x Faturamento Redução das despesas por inovação implantadas Número de inovações implantadas Número de novos produtos gerados Número de produtos aperfeiçoados Número de produtos desenvolvidos Módulo: Adaptação ao ambiente Grau de percepção da dinâmica do ambiente Grau de adaptabilidade ao ambiente Nível de acesso à autoridade do governo Nível de acesso aos setores financeiros Nível de aceitação pela comunidade Nível de acesso aos fornecedores de matéria prima Nível de aceitação dos clientes Módulo: Infraestrutura técnica Nível de modernidade dos equipamentos Nível de modernidade do processo Módulo: Clima Organizacional Nível de satisfação dos funcionários Índice de rotatividade Índice de absenteísmo Nível de comunicação superior Nível de comunicação subordinado Nível de comunicação Inter passo 19 | P a g e Módulo: Benefícios Sociais Receitas não geradas por preços subsidiados Aplicação em atividades que beneficiam a comunidade Índice de absenteísmo Nível de comunicação subordinado Módulo: Potencialidade Gerencial Nível de Capacitação do Corpo Gerencial Experiência do Corpo Gerencial De posse destes dados, torna-se possível definir padrões, fazer comparações e análises. O agrupamento em padrões pode ser feito de diferentes formas, por exemplo: Dados históricos da própria empresa; Dados históricos de empresas similares ou do mesmo setor; Dados internacionais de empresas do mesmo setor; ou Dados de outras empresas. Cada uma apresentará determinadas dificuldades. A comparação e as análises são feitas através da confrontação dos dados obtidos na empresa e os padrões, dessa forma é possível comprar e conhecer o desempenho da empresa em diferentes níveis. Entretanto, existem alguns ajustes que podem ser necessários para a construção de uma análise que possa servir como ferramenta de controle. Um destes ajustes é feito após uma investigação das informações adquiridas, isto é feito por meio de uma análise de desempenho de cada indicador e modulo, caso constate-se que os módulos ou indicadores não são coerentes ou são dados difíceis de serem adquiridos, pode ser necessário retirar o modulo em questão, com o objetivo de adquirir resultados mais consistentes. 20 | P a g e Outros obstáculos que podem surgir, porem estes na fase de implementação da AD, diz respeito à problemas: Operacionais e de pessoas, em função de bloqueios em comportamentos e atitudes de funcionários; Metodológicos, que diz respeito à integração entre as partes da empresa; e Ambiente político-social, refere-se a pressões ambientais que podem levar a contestação da exposição de resultados obtidos através da AD, isso torna-se fundamental ao analisar empresas públicas, uma vez que pressões externas à empresa, predominantemente pressões políticas, acabam por gerar conflitos no âmbito administrativo. Outro problema pode ser o excesso de burocracia, de forma que a implementação da AD esbarra em complicações legais internas da empresa. Ainda no que diz respeito a fase de implementação, é importante ressaltar que existe um momento ou fase pontual de existência de uma empresa em que a implementação do MADE-O pode trazer mais malefícios que benefícios, que seria em momentos no qual a empresa passa por dificuldade ou crise, sejam elas financeira ou operacional. Isso se deve ao fato de que a implementação do MADE-O pode gerar insegurança entre os funcionários, de forma que o resultado da empresa pode ser comprometido. Além disso, é necessário ressaltar a necessidade de gestão do resultado da AD, de forma que o resultado é capaz de trazer implicações positivas e no contexto externo à empresa. O desdobramento positivo da divulgação de resultados se transmite em uma maior transparência da empresa para com a sociedade, de forma a trazer o interesse público para a empresa. Quanto à análise dos resultados, a AD permite um melhor entendimento dos setores ou áreas que apresentam deficiência na empresa, isso pode ser percebido através da análise dos módulos dentro de seus respectivos indicadores. Dessa forma, é possível notar que o MADE-O constitui-se em uma importante ferramenta de mensuração do desempenho organizacional, além de servir de 21 | P a g e ferramenta de controle organizacional. Entretanto, é valido lembrar que a análise realizada por empresas em diferentes situações ou estágios de desenvolvimento são distintas, mesmo que sejam de um mesmo setor ou mercado, de forma que isso acabara impactar negativamente o modelo, uma vez que, no mundo real dificilmente as organizações encontram-se em mesmosestágios de desenvolvimento, prejudicando a comparação com os padrões estabelecidos. Isso nos leva a outro ponto de deficiência do modelo, o modelo não leva em consideração a movimentação das empresas concorrentes no mercado, em outras palavras, caso alguma outra empresa venha a apresentar um projeto ou processo de expansão que possa afetar o mercado, o modelo não será capaz de representar esta movimentação. 22 | P a g e VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MADE-O Vantagens Desvantagens Capacidade de análise do desemepenho organizacional segundo uma ponderação dos pesos atribuidos aos módulos e indicadores Incapacidade de o modelo evidenciar os estagios de maturidade em que se encontram as empresas análisadas, de forma que a possa haver alguma incompatibilidade entre a análise de uma empresa com seus correspondentes no mercado. O Modelo permite uma análise de desempenho organizacional altamente flexível, de forma que pode ser aplicado em sem grandes prejuizos à empresas inseridas em diferentes ambientes organizacionais. O modelo não considera possíveis manobras estratégicas que as empresas possam estar realizando, de forma que seus indicadores, principalmente financeiros, apresentem-se deficitários em função de um possível investimento em expansão ou crescimento inorgânico. Modelo apresenta uma construção relativamente simples e focada, sem prejudicar a aplicabilidade e a eficiência da análise de desempenho organizacional. Ausência de alinhamento entre o modelo proposto e a visão organizacional. 23 | P a g e REVISÃO TEÓRICA: MODELO BALANCED SCORECARD A mensuração do desempenho através do viés financeiro foi utilizada desde o tempo dos egípcios como meio de controle. Sua aplicação foi refinada com o surgimento de indicadores como o ROI (Return on Investment), mas o viés continuava fazendo todo o sentido para a realidade das indústrias surgidas no século XIX. No entanto, o que se coloca como problema é o fato de que a tomada de decisões baseada apenas nos aspectos financeiros da organização faz surgir a tendência de investir demasiadamente na obtenção de resultados de curto prazo, em detrimento da sustentabilidade financeira e crescimento no longo prazo. Dessa forma, entende-se que medidas financeiras são inadequadas para ambientes competitivos, porque não contemplam todo o valor que pode e deve ser criado por uma gestão eficiente. A metodologia Balanced Scorecard tem como finalidade a gestão do desempenho das organizações em função do grau de concordância e realização de seus objetivos estratégicos previamente definidos. Desenvolvida por Robert Kaplan e David Norton, pesquisadores em administração estratégica, e publicada pela primeira vez no início da década de 1990, a ferramenta de gestão tornou-se amplamente difundida no mundo das organizações por levar em consideração aspectos que não somente os contemplados na esfera financeira. 24 | P a g e As finalidades de aplicação da Balanced Scorecard são, principalmente: Ter foco e visão sistêmica quanto ao que precisa ser atingido e clareza frente ao desempenho esperado da organização no futuro; Convergir esforços de todos os colaboradores e áreas da organização para os objetivos estratégicos, através da realização de atividades em cada área que estejam inter-relacionadas com as demais perspectivas que constituem a organização; Assegurar o compromisso da organização com o desempenho e cumprimento de cada objetivo estratégico e da visão, num plano mais amplo. Tornar a estratégia um processo contínuo da organização, comunicando-a ao plano operacional, de forma a alinhar toda a organização ao redor do que for estrategicamente definido. 25 | P a g e Elaborado a partir das premissas contidas na Missão da organização e em seus valores, o quadro estratégico que se compõe a partir da metodologia é, em certo grau, a tradução da estratégia da organização para todos os seus colaboradores. Dotado de forte apelo visual, o resultado da aplicação dessa metodologia é capaz de exibir de maneira sistêmica o encadeamento entre os objetivos estratégicos e o caminho pelo qual é proposto o cumprimento da Visão, tornando evidente o modo como cada objetivo é fundamental para a execução dos demais e assegurando consistência e sustentabilidade para a concretização da estratégia a longo prazo. O sistema por meio do qual são concebidas as diretrizes estratégicas é elaborado com o objetivo máximo de concretizar a Visão da organização a partir das práticas descritas em sua Missão. É oportuno o encontro entre os objetivos e essas diretrizes máximas que pode ser observado no quadro estratégico, que pode ser entendido como um “mapa de estratégias”: a começar pelos objetivos localizados mais embaixo, à medida em que os objetivos são alcançados, novas estratégias descritas mais acima podem ser concretizadas, até que seja alcançada a Visão. Reiterando a plena completude e aplicabilidade da metodologia, é válido considerar que os objetivos são agrupados de acordo com a perspectiva da organização a que se referem e são constantemente mensurados através de indicadores, que serão explorados mais a frente. A mensuração do desempenho de cada objetivo estratégico individualmente garante noção apurada sobre o desempenho geral da organização no sentido de concretização de sua Visão. Para tanto, são elaborados indicadores que devem ser constantemente aferidos pelos gestores, estabelecidos para que sua interpretação seja livre de ambiguidades e para que seu significado seja autônomo. A distribuição dos objetivos estratégicos no quadro estratégico é feita a partir da proposição de quatro perspectivas da organização a serem analisadas e pensadas 26 | P a g e para integrarem-se a partir de suas peculiaridades: Financeira, de Clientes, de Processos Internos e de Aprendizagem e Crescimento. Aprendizagem e Crescimento é a perspectiva que envolve ações relativas à cultura organizacional de aprimoramento da organização e o modo como se adapta às mudanças do ambiente em que está inserida. É importante que a organização seja capaz de se transformar para melhor reagir às situações diversas a que pode ser exposta, consolidando uma rede interna de trabalho entre seus membros que permita o dinamismo e a colaboração em torno de um problema adverso. Nesse sentido, comunicação é um dos fatores-chave tanto para o ambiente interno quanto para o externo da organização. Perspectiva de Processos Internos abrange a eficiência das atividades internas da organização e sua relação com a intensidade com que os produtos e serviços vão de encontro ou não às necessidades de seus clientes. É analisada a dinâmica interna e são pensadas maneiras de otimizá-la para os pontos fortes da organização concretizem-se como vantagens competitivas. É possível, ainda, determinar em quais processos a organização deve alcançar excelência para oferecer soluções e serviços cada vez mais alinhados às necessidades dos clientes e, com isso, atrair e reter membros dos segmentos-alvos do mercado. Perspectiva de Clientes é constituída pela identificação de quais são os pontos de interesse dos clientes pela organização; é preciso compreender quais são os processos a serem realizados para satisfazê-los em maior grau possível. A relação com os clientes da organização deve ser pensada e frequentemente acompanhada quanto aos níveis de satisfação e qualidade percebida para que todoo modelo de negócios tenha sustentabilidade ao longo do tempo. Perspectiva Financeira é o a visão dos gestores da organização quanto aos recursos infraestruturais e a receita obtida com os produtos vendidos e 27 | P a g e serviços oferecidos ao mercado. É necessário definir estratégias que possibilitem a manutenção da disponibilidade de recursos para o desempenho das demais áreas da empresa e assegurem a viabilidade do modelo de negócios. A organização dos objetivos estratégicos a partir das perspectivas propostas para análise de uma empresa garantem a coesão entre todas as partes relacionadas sob o enfoque sistêmico do quadro estratégico. É possível arranjá-los da maneira mais adequada para cada organização e, com isso, compreender quais são os objetivos de qual perspectiva que permitem a sustentação e execução de objetivos agrupados nas demais perspectivas. É sabido que na era atual, da alta competição, da globalização e do crescimento sem precedentes das tecnologias da informação o ambiente de trabalho para que uma empresa gere valor ficou mais complexo. Surgiu assim a necessidade por uma nova ferramenta de avaliação do desempenho das organizações. A metodologia do Balanced Scorecard (BSC) criada por Kaplan e Norton da Harvard Business School tem como objetivo possibilitar que as empresas desenvolvam e cumpram sua estratégia através de uma metodologia simples e estruturada. Ela busca criar uma lógica personalizada para que cada empresa tenha não só indicadores financeiros, mas também indicadores financeiros que – futuramente – possam se tornar em resultados futuros. Os autores propões que os objetivos e as medidas do BSC são derivados da estratégia da organização, focando em quatro perspectivas, ligadas através de uma relação consecutiva: a. Aprendizado e Crescimento b. Processos Internos c. Clientes 28 | P a g e d. Finanças A questão chave nessa equação é como integrar os indicadores do BSC à estratégia da empresa. Os autores propõem que não basta apenas formular os indicadores e dividi-los em quatro módulos, mas na realidade é necessário alinhar esses indicadores e módulos à estratégia e comunicar isso aos funcionários. A empresa precisa de, literalmente, uma história com começo, meio e fim para que os funcionários possam ter uma visão estratégica do negócio e executar suas funções de modo sistêmico, provendo ganhos para a organização como um todo. Kaplan e Norton sugerem que há 3 princípios que integram o BSC à estratégia: . 1) Relação de Causa e Efeito; . 2) Resultados e Vetores de Desempenho; . 3) Relação com os fatores financeiros; 1) As Relações de Causa e Efeito são hipóteses que se forem cumpridas implicam em um resultado. Diversas relações de causa e efeito podem se desencadear desde os insumos até o cumprimento da visão da empresa. Todas essas relações devem ser claras e explícitas para os funcionários de modo que eles sigam as medidas pressupostas pelas hipóteses e ao fim possam validar se o efeito foi realmente o esperado. Portanto, a relação de causa e efeito é como o cimento – tanto numa perspectiva micro quanto macro – das quatro perspectivas do BSC. Essa relação é um desencadeamento lógico que precisa comunicar a estratégia na empresa, como numa história ou narrativa. 2) Os resultados e Vetores de Desempenho são os dois tipos de indicadores que as organizações devem ter no BSC. Uma empresa, na maioria das ocasiões, terá 29 | P a g e indicadores gerais, como lucratividade, EBITDA, marketshare, etc... esses indicadores são chamados de Resultados porque eles indicam ocorrências. Por outro lado, as empresas também necessitam de indicadores sob medida para seu modelo de negócios, por exemplo, processos internos específicos, posicionamento de mercado, entre outros. Esses indicadores por sua vez são chamados de Vetores de Desempenho porque indicam tendências para resultados futuros, havendo a possibilidade de tomada de decisões antes que essas se concretizem. Um bom BSC deve equilibrar os resultados e os vetores de desempenho. 3) As relações com os fatores financeiros referem-se ao foco total nos resultados monetários. Atualmente as empresas vem desenvolvendo iniciativas não que visam melhorar tanto a parte interna (como empowerment ou homme office) quanto externa (monitoramento da satisfação dos clientes ou parcerias) porém é fundamental que todas essas iniciativas sejam vinculadas – mesmo que indiretamente – ao resultado da companhia. Se esses programas de mudanças não forem associados a objetivos financeiros, perde-se a visão holística dessas práticas e elas deixam de ser eficientes e focadas no maior objetivo das organizações, o lucro dos acionistas. É também importante salientar que existem, além das medidas estratégicas usadas no BSC, medidas de diagnóstico. A diferença essencial entre ambas é que as medidas estratégicas focam nos indicadores interligados por relações de causa e efeito descrevendo a estratégia da organização. Já as medidas de diagnóstico prezam por monitorar as atividades operacionais da empresa. Esses indicadores devem ser acompanhados por gerentes e analistas, porém só devem chegar à cúpula estratégica em caso de comportamento extraordinário. É possível que uma companhia tenha uma centena ou mais desses indicadores, porém as medidas estratégicas devem se restringir a um número entre 15 e 25. 30 | P a g e Vantagens e Desvantagens do BSC Vantagens Desvantagens 1. Perspectivas organizacionais bem delimitadas: maximização dos resultados de planos de ação em função da existência de foco preciso. 1. Inexistência de frente de análise vinculadas ao ambiente externo, pode reforçar viés de isolamento da organização em seu meio. 2. Proposição de um fluxo claramente estabelecido para a criação de valor financeiro por meio das frentes de avaliação. 2. Incompletude do modelo quanto à clareza das etapas de implementação. 3. Elevado grau de integração com diretrizes e planejamento estratégico das organizações, além do fomento à comunicação e alinhamento internos. 3. Necessidade de indicadores fortemente quantitativos, o que pode ser prejudicial em empresas cuja natureza dos dados coletados seja predominantemente qualitativa. 31 | P a g e REVISÃO TEÓRICA: MODELO PNQ Organizado anualmente pela Fundação Nacional da Qualidade, o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) busca avaliar as organizações através de seu Modelo de Excelência em Gestão (MEG). A avaliação periódica do desempenho organizacional revela-se também como a melhor maneira de aferir o grau de maturidade de gestão de uma empresa, para além dos efeitos positivos decorrentes da possibilidade de diagnóstico e aprimoramento constante do desempenho. O MEG é constituído como uma ferramenta de abordagem sistêmica com critérios e pilares de qualidade internacionalmente empregados e reconhecidos. Com esses atributos, o modelo contribui assertivamente para que a empresa seja capaz de adaptar-se às mudanças do mercado sem que haja prejuízo na qualidade final entregue aos clientes. Por fim, vale ressaltar que o modelo proposto proporciona o aprendizado organizacional, bem como o alinhamento sistêmico a partir do foco em resultados. A abordagem integrada proposta pelo MEG possibilita que as organizações organizem-se de modo ótimo para o cumprimento de objetivos e estratégias, diferentemente do que acontece espontaneamente quando a preocupação com a excelência em gestão inexiste. Isso é viável por meio de um ciclo de aprendizagemconstante, que funciona de modo externo aos ciclos operacionais de produção contemplados na ideia do PDCA. A ideia consiste em avaliar o quão bem as atividades são executadas dentro do ciclo PDCA, possibilitando que sugestões de aprimoramento sejam elaboradas para que posteriormente sejam definidas como padrões e institucionalizadas. 1. Modelo de Excelência em Gestão (MEG) são os critérios escolhidos para o PNQ avaliar as práticas de classe global encontradas em organizações de alto 32 | P a g e desempenho. Trata-se de uma espécie de benchmarking consolidado sobre indicadores que promovem melhoria dos processos e outputs organizacionais. São eles: liderança; estratégias e planos; clientes; sociedade; informações e conhecimento; pessoas; processos; e resultados; Liderança: líderes são aqueles que inspiram pessoas. A liderança é o pilar chave para o MEG pois o líder irá disseminar a cultura organizacional, definir diretrizes de governança, identificar e satisfazer as vontades dos stakeholders e realização da análise do desempenho da organização. Estratégias e planos: a estratégia é o caminho escolhido pela organização para alcançar suas metas. O MEG divide esse critério em formulação e implementação. A primeira avalia como as lideranças desenvolvem as estratégias da empresa. Já na segunda, definem-se indicadores para analisar se a estratégia está de fato trazendo resultados. Clientes: o objetivo da organização é compreender as expectativas e necessidades do cliente, no intuito de oferecer seu produto com a qualidade 33 | P a g e adequada para que o mesmo seja satisfeito. A organização deve analisar os diferentes clientes, criar canais de interação e publicidade de produtos. Sociedade: uma organização deve preocupar-se com a responsabilidade socioambiental visando gerar um impacto positivo em sua comunidade, promovendo legados sustentáveis para o futuro. Informações e conhecimento: esse critério é tão importante que envolve todos os outros no MEG. O conhecimento só se torna útil quando é compartilhado. Como exemplos de utilidades pode-se listar a criação de mercados, desenvolvimento de pessoas, melhoria de processos e resultados econômicos financeiros. Pessoas: Atualmente as empresas cada vez mais utilizam a terminologia capital humano como o mais importante para sua cadeia de valor. Sem bons profissionais uma organização não seria sustentável. Nesse critério avalia-se a estrutura que a empresa possui no intuito de desenvolver seus funcionários, benefícios oferecidos, treinamentos, etc. Processos: Dizem respeito a toda a cadeia de valor e, neste critério, buscam- se inovações nos processos que possam melhorar o resultado econômico financeiro, inovações tecnológicas, desenvolvimento de novos produtos e ganhos de produtividade. Isso implica que o critério processo afeta fornecedores, ofertantes de serviços financeiros e produção interna, por exemplo. Resultados: No MEG todas as ações devem ser executadas com foto em resultados. Os resultados devem influenciar positivamente pelo menos um dos sete critérios anteriormente explicados. Essa influência deve ser detectada através de indicadores da avaliação de desempenho organizacional e comparada com outros players do mercado para que seja concluído se a empresa está ou não conseguindo atingir sua estratégia. 34 | P a g e 2. Construção e estrutura do MEG: O emprego do MEG na realidade das organizações tem início na tradução dos fundamentos de excelência em critérios de avaliação, processos e estratégias. O framework que comporta o modelo discutido tem a intenção de evidenciar como os fundamentos são complementares e podem conduzir efetivamente aos resultados. Vale ressaltar que os fundamentos Pensamento Sistêmico, Aprendizado Organizacional, Cultura de Inovação e Desenvolvimento de Parcerias permeiam a execução de todos os demais, pois o que ocorre na prática é que eles influenciam a organização em seu modus operandi, de modo que todos os demais fundamentos tenham sua aplicação influenciada pela presença ou ausência dos fundamentos destacados. A partir do apontamento dos fundamentos e de sua tradução em requisitos/critérios, tem origem os critérios de excelência que são contemplados na figura esférica do MEG. Com a imagem, entende-se que todas as perspectivas relevantes da análise da qualidade se encontram cercadas por um ambiente de informações e conhecimento, apresentando ainda forte interdependência, a qual evidencia-se nos formatos geométricos em que estão dispostos os critérios e que passam a ideia de 35 | P a g e complementaridade. Por fim, o modelo propõe ainda a divisão de cada critério em uma série de itens específicos. 3. Grau de maturidade de gestão é determinado em função dos Processos Gerenciais observados e dos Resultados Organizacionais obtidos. A dimensão dos processos gerenciais é realizada levando em conta quatro fatores. O enfoque é um desses fatores e diz respeito ao quão lógicas e coerentes são as atitudes da organização. Outro é a aplicação, que busca medir o quanto a empresa consegue explorar seus padrões de modo consistente em toda sua amplitude. O aprendizado é referente à capacidade de melhoria contínua da organização, enquanto integração busca conhecer o quanto os processos são condizentes com as diretrizes estratégicas e enfoque adotado. Quanto aos Resultados Organizacionais, observa-se sua relevância, tendência e nível atual, ou seja, é desejado avaliar o quanto a empresa consegue executar atingir resultados consistentes, considerando também o comportamento de longo prazo dos resultados e o confronto com os padrões para identificação do grau atual de conformidade com o planejado. Sendo assim, é possível estabelecer um esquema dado pelo inter- relacionamento dos fundamentos e critérios, tornando visual as relações de causa e efeito estabelecidas nas atividades da empresa e como estas são controladas para a finalidade das empresas: a geração de valor. O esquema está ilustrado abaixo. 36 | P a g e VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PNQ Vantagens Desvantagens 1. O PNQ facilita o benchmarking das empresas por consolidar um modelo único para análise. 1. Sujeito a subjetividade dos examinadores para determinar a empresa vencedora do prêmio. 2. A partir dos documentos entregues à FNQ, ao final da competição a Fundação entrega um relatório com os principais pontos a serem melhorados dentro das empresas. 2. Padronização dos módulos torna a estrutura engessada para adequação a estratégia de cada negócio 3. Difunde as melhores práticas em gestão no país, auxiliando no desenvolvimento do ambiente empresarial brasileiro. 3. Pelo fato de o modelo ser vinculado ao prêmio, o foco pode ser desvirtuado da gestão para o vencimento do prêmio. 37 | P a g e REVISÃO TEÓRICA: MODELO SIGMA SUSTENTABILIDADE A literatura acadêmica que diz respeito aos modelos de avaliação de desempenho teve intensa expansão nas últimas décadas, marcadas principalmente pela estruturação de modelos como o MADE-O, o PNQ e o BSC. No contexto organizacional contemporâneo, faz cada vez mais sentido que cada empresa busque prover-se dos melhores métodos para conhecerem e avaliarem continuamente seu desempenho. Não somente os melhores métodos à luz dos arcabouços teóricos, mas os mais ajustados às suas atividades. Nesse sentido, há também o Sigma Sustentabilidade, que será explorado a seguir. O modelo foi idealizado dentro da ações de um projeto que se denomina ProjetoSigma (Sustentability Integrated Guidelines for Management); iniciativa do Instituto Britânico de Padrões (BSI). O BSI tem como finalidade suportar o aprimoramento da dimensão global de negócios, agindo diretamente sobre organizações de diversos setores. A atuação do instituto se pauta na adoção universal de melhores práticas gerenciais, no controle consistente de riscos e na aceitação de padrões internacionais como forma de obtenção de excelência e prosperidade econômica global. Criado a partir da definição de que sustentabilidade consiste na “capacidade de continuidade no longo prazo”, o Modelo Sigma Sustentabilidade foca-se no auxílio para que organizações alcancem desenvolvimento sustentável através da fundamentação nos princípios do Triple Bottom Line (que preza pela integração dos vieses econômico, social e ambiental). Entende-se que as organizações bem sucedidas do futuro serão aquelas que são capazes de criar valor econômico, valor social e valor ambiental ao mesmo tempo. O desenvolvimento do modelo se deu pela consulta a stakeholders de diversas organizações e aplicações práticas em algumas companhias, o que confere caráter efetivo devido ao embasamento empírico. 38 | P a g e Trata-se simultaneamente de uma síntese de vários modelos relacionados a sustentabilidade e uma proposta acerca do que deve ser uma organização sustentável. Baseado nos pilares de gestão holística e consistente transparência da gestão das organizações, o modelo se constrói a partir de 13 ferramentas principias; as quais podem ser moldadas e adaptadas à cada organização. Ademais, o modelo exige interação dos stakeholders internos e externos à gestão, o que fomenta o comprometimento da cúpula executiva com as questões abordadas no modelo, com ênfase para os tópicos pertinentes aos recursos naturais. A fim de contemplar a visão holística sobre as organizações, o modelo propõe a adição de duas novas dimensões ao que já era contemplado pelo Triple Bottom Line. Assim sendo, obtêm-se 5 dimensões, denominadas, capitais: 39 | P a g e Tipo de Capital Descrição Capital Infraestrutura Diz respeito ao processo produtivo, máquinas e equipamentos. Além de preocupações como produtividade e redução de custos. Capital Humano e Intelectual Consiste nas pessoas, recursos humanos que as organizações possuem e sua gestão, levando em conta as tendências demográficas e profissionais (a exemplo da especialização). Capital Natural Contempla os recursos naturais dos quais depende o desenvolvimento saudável das atividades das organizações, tanto no panorama presente quanto nos cenários futuros. Capital Financeiro Contempla os recursos financeiros da organização e suas tendências de longo prazo; é preciso observar comportamentos passados e probabilidades futuras para que se gerencie de modo eficiente o capital financeiro. Capital Social Diz respeito aos relacionamentos com a sociedade no panorama exterior à organização propriamente dita. Ou seja, é traduzido pela qualidade da imagem perante à sociedade e do respeito aos direitos humanos, além do fomento de práticas organizacionais que incentivem ganhos em qualidade de vida. 40 | P a g e Embora muito flexível, o modelo Sigma Sustentabilidade impõe diversas exigências à empresa em função do volume de variáveis que devem passar a serem observadas. O pioneirismo do artigo estudado se dá com a proposta de que prioridades para a avaliação sejam definidas em função da natureza das atividades de cada organização. Para que seja viável, essa flexibilização demanda que sejam definidas novas prioridades a partir de uma análise qualitativa. O segundo passo consiste na identificação de indicadores relevantes, enquanto o terceiro é a identificação de métricas para que sejam mensuradas e acompanhadas as variáveis. Por fim, a aplicação do modelo culmina na comparação frente aos padrões definidos como desempenho de referência, o que consiste num feedback do desempenho organizacional auferido e serve como insumo para identificação de pontos a serem melhorados e desenho de planos de ação. Os idealizadores do modelo pensaram também em um framework gerencial dividido em quatro etapas para implementação do Sigma Sustentabilidade. A primeira etapa consiste em Liderança e Visão, ou seja, no engajamento da cúpula dirigente da organização a fim de que sejam discutidas questões relativas à sustentabilidade. Essa etapa contempla ainda a definição dos stakeholders principais com os quais deve-se manter e gerenciar relacionamentos saudáveis para que a empresa se mantenha sustentável. Ademais, deve-se reconhecer a importância da diretoria para divulgação das "novas" preocupações dentro do ambiente organizacional, dando suporte também pela cultura para que o novo modelo tenha a adesão necessária dos colaboradores. A segunda etapa da implementação do modelo se dá com a realização de seu planejamento, ou seja, são definidas as prioridades de monitoramento e atuação: os processos e questões com relação aos quais a organização é mais sensível. Essa etapa tem como resultado também alguns objetivos estratégicos e seus desdobramentos e planos táticos para que a organização alinhe-se estrategicamente aos pilares da 41 | P a g e sustentabilidade. Nesse ponto, passa a ser conhecido e divulgado quais aspectos do desempenho organizacional serão monitorados e qual o desempenho esperado de cada um deles. A terceira etapa diz respeito à entrega efetiva em termos organizacionais, que se traduz no alinhamento das ações em nível gerencial à visão de sustentabilidade da organização. É também assegurado que os planos de ação já elaborados sejam postos em prática. Por fim, tem-se a etapa de monitoramento e revisão na qual é investigado o progresso atingido em cada período de avaliação no caminho dos objetivos estabelecidos. Essa etapa é favorável ainda ao engajamento dos stakeholders, tanto internos quanto externos; à medida em que emanam transparência e comprometimento com as questões de sustentabilidade, trazendo-as para a dimensão prática organizacional. É fundamental ressaltar que essa última etapa permite, através do conhecimento do progresso já alcançado, calcular o quanto ainda falta para o cumprimento dos objetivos, bem como conceber planos de ação futuros que permitam alcançar melhores resultados dentro de períodos futuros. O modelo Sigma Sustentabilidade é completo e consegue assegurar abordagem sistêmica na avaliação do desempenho das organizações em que é implantado. No entanto, a proposição de capitais (dimensões) menos flexíveis quando comparadas com o MADE-O, por exemplo, pode assumir caráter restritivo dentro das possibilidades de cada organização, o que por vezes prejudica a avaliação do desempenho. Essa questão é amenizada pela proposta do artigo lido de flexibilização da prioridade de cada uma das dimensões dentro do contexto de cada empresa. A possibilidade de maior flexibilização assim como proposta no MADE- O requer maior habilidade dos gestores e da equipe avaliadora para que a avaliação seja bem executada. Nesse sentido, modelos mais estruturados como o Sigma Sustentabilidade podem ser favoráveis à avaliação de desempenho, principalmente em organizações cujas atividades relacionem-se fortemente com a exploração de 42 | P a g e recursos naturais e nas quais a gestão desses, conjuntamente com a gestão da imagem da empresa, assume caráter estratégico. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SIGMA SUSTENTABILIDADE Vantagens Desvantagens Focona sustentabilidade, o que permite cumprimento consiste dos objetivos alinhados a essa perspectiva. Menor flexibilidade de perspectivas de avaliação: proposição de apenas 5 dimensões fixas, o que pode forçar adaptações indesejadas e por parte das organizações. Divisão em capitais propicia abordagem sistêmica, o que resulta em avaliação relevante e fidedigna. Foco em sustentabilidade por resultar em avaliações que confrontam possíveis objetivos de produção e rentabilidade, acrescendo à gestão das organizações o desafio de conciliá- los. Comprometimento do modelo com os pilares do Accountability, o que resulta em benefícios advindos do foco em transparência e aprimoramento das relações com investidores. Requer maior habilidade da equipe de avaliação: necessidade de adaptação das demandas dos stakeholders, que devem ajustar o limite entre o que pode ser feito em prol do bom relacionamento e o que se torna prejudicial aos resultados globais. 43 | P a g e REVISÃO TEÓRICA: MODELO SKANDIA Historicamente no mercado é necessário avaliar o valor de empresas. Esse valor, com o advento de modernas tecnologias, globalização e intesificação da competição passou a ser cada vez mais subjetivo, uma vez que o valor de empresas estava tanto explícito em seus ativos, como implícito no valor de sua marca, nos conhecimentos tácitos, no posicionamento de marketing na mente dos consumidores, etc. A contabilidade tradicional não levava em consideração os ativos intangíveis e não financeiros, causando uma distorção na análise de demonstrativos financeiros de empresas, pois os ganhos futuros das mesmas está diretamente relacionado a esse tipo de capital. A Skandia, empresa sueca de serviços financeiros, foi a pioneira ao introduzir novos conceitos no intuito de quantificar o que é intangível. Isso foi possível após estruturar uma metodologia que extremamente simples e lógica para classificar os diferentes tipos de ativos das organizações, dando-se um maior foco aos ativos que gerarão receitas financeiras no futuro através da inovação e crescimento. O modelo Skandia busca extrapolar as fronteiras da contabilidade convencional, expondo a necessidade de uma nova metodologia para auferir o lado não financeiro das organizações. Num cenário de competição global, em que a informação é amplamente difundida pelos consumidores é necessário que as empresas criem diferenciais sustentáveis para se manterem competitivas. A inovação que resulta nesses diferenciais sustentáveis não são contabilizadas nos demonstrativos financeiros, apesar de serem levados em conta no valuation das empresas. Sendo assim, a Skandia desenvolveu um novo método para que pudesse quantificar seu capital intelectual e divulgá-lo para o mercado. 44 | P a g e A Skandia criou um novo balanço patrimonial, que permite a inclusão de valores antes invisíveis frente aos balanços exclusivamente financeiros. Ao considerar o capital intelectual, que é descrito como a soma entre capital humano e o capital estrutural criou-se o seguinte esquema: Assets Debt & Equity Good will Technology Competence Intellectual Capital O capital humano é descrito como sendo o responsável por processar inputs em outputs que gerem valor para a organização. Porém, o capital humano não pode ser comprado e é volátil (rotatividade dos funcionários), portanto, torna-se um objetivo das empresas usar o capital humano para transformá-lo em capital estrutural. Este por sua vez é um ativo não financeiro que tenha valor de mercado, por exemplo um software avançado que dê ganhos em termos de competitividade para a empresa frente a seus concorrentes, um banco de dados de seus clientes, etc. A Skandia defende que a forma de tangibilizar esse tipo de capital é com números, uma vez que os números são a linguagem dos analistas e empresas. Assim, esses números podem auxiliar a quantificar o quanto de receita o capital intelectual pode gerar no futuro e adicioná-lo ao valor de mercado da organização. Para estruturar o capital intelectual a Skandia propõe o Value Scheme: uma quebra de tudo que possui valor numa organização e compõe seu valor de mercado. Esse esquema permite aos gestores da organização compreender de forma mais abrangente como cada tipo de capital afeta os demais e, no fim, o valor de mercado da empresa. Além disso, foca-se no capital estrutural, uma vez que sua importância para a inovação é muito significativa. Capital Financeiro Capital Não Financeiro 45 | P a g e Para orientar os gestores a terem um foco cada vez maior no capital intelectual, o modelo de avaliação de desempenho organizacional proposto pela Skandia é o chamado Skandia Navigator. Skandia Navigator: fazendo uma analogia a uma casa, o navigator permite uma quebra do desempenho da organização entre passado, presente e futuro. O teto da casa é composto pelos demonstrativos financeiros da empresa, ou seja, o desempenho passado. Os pilares são foco em processos e clientes, que buscam entender a performance presente. A base é a renovação e desenvolvimento, a perspectiva do futuro. Em cada um dos focos, deve-se criar 3-4 indicadores para que a empresa possa compreender sua situação e qual caminho está tomando, decidindo de forma mais consistente o que pode gerar valor no futuro. Cabe citar a semelhança com o Balanced Scorecard de Kaplan e Norton, dado que ambos foram criados em períodos cronológicos próximos. 46 | P a g e O principal ponto do modelo é trabalhar com as perspectivas futuras da empresa, que podem gerar resultados financeiros no futuro, satisfazendo os acionistas dessa empresa. Em 1995, a Skandia introduziu seu modelo ao mercado ao disponibilizar um suplemento ao seu resultado financeiro apontando os conceitos por trás da metodologia e destacando como a companhia está trabalhando para prosperar no futuro. Além disso, a Skandia criou um cargo exclusivo para a gestão do capital intelectual na companhia, o chamado ICM (Intellectual Capital Management), tendo como objetivo visualizar possíveis vantagens de longo prazo e formular as estratégias da Skandia. Assim surgiu também o Intellectual Capital Management Model, um modelo que busca compreender e alavancar o capital humano e o capital estrutural de uma organização, podendo acelerar a curva de aprendizado da empresa, reduzir custos, aumentar eficiência dos processos, criação e extração de valor. 47 | P a g e VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SKANDIA Vantagens Desvantagens Foco na geração de valor no futuro, através do crescimento e inovação. Concentração exacerbada em uma única dimensão (capital intelectual) Aufere o valor da empresa de forma mais justa, uma vez que considera ativos financeiros e não financeiros. Subjetividade no estabelecimento dos indicadores para o capital intelectual e difícil relação com os resultados Proporciona ganhos além da eficiência operacional, uma vez que busca criar valor a partir do capital intelectual. Dificuldade de comparação com outras empresas, uma vez que as empresas diferenciam-se muito entre si, necessitando de modelos diferentes e não facilmente comparáveis. 48 | P a g e V) PROPOSTA DO MODELO O Modelo de Avaliação de Desempenho Organizacional proposto para a empresa Mundo Verde contempla a junção de características relevantes de cada um dos modelos explorados nos referenciais teóricos. Os atributos teóricos de cada um dos modelos foram escolhidosem função do grau de aderência às atividades da empresa analisada, ou seja: o quanto cada um dos módulos, capitais, perspectivas, critérios (terminologia variável segundo cada modelo) se faz relevante para que se conheça, planeje, monitore e avalie o desempenho da empresa. O objetivo responsável por congregar diferentes atributos de cinco modelos diferentes foi o de prover a gestão da empresa Mundo Verde com um modelo capaz de promover uma avaliação completamente adaptada e integrada de seu desempenho organizacional. Antes de explicar em profundidade o modelo elaborado, é válido explicitar quais característica positivas foram apropriadas de cada uma das ferramentas analisadas, que são o MADE-O, o BSC, o PNQ, o Sigma Sustentabilidade e o Skandia. O esquema visual do modelo proposto encontra-se abaixo, seguido das explicações sobre as influências de cada um dos demais modelo teóricos incorporados. 49 | P a g e Com relação ao MADE-O, foram apropriadas as seguintes características: 50 | P a g e 1ª Característica herdada do MADE-O: Viés analítico expandido ao ambiente externo da organização, considerando na abordagem sistêmica também os aspectos de mercado e relativos aos fornecedores. É relevante que a empresa conheça o desenvolvimento ao longo do tempo de variáveis pertinentes do setor externo, incrementando a quantidade de insumos disponíveis para análise estratégica dos resultados obtidos, alimentando o ciclo de aprendizagem e proposição de melhorias entre cada avaliação realizada. 2ª Característica herdada do MADE-O: Interdependência entre as frentes analíticas. Apropriando-se a terminologia proposta pelo MADE-O, os módulos de avaliação de desempenho possuem notável influência um sobre os outros: - O módulo Mercados foi posicionado na diagonal em direção ao ponto de interseção entre as perspectivas Clientes e Financeira. O módulo contempla o monitoramento e a avaliação do desempenho da empresa sob a perspectiva e acontecimentos pertinentes ao cenário de mercado enfrentado pela organização no ambiente competitivo. Deseja-se conhecer a eficiência da empresa no aproveitamento de oportunidades de mercado nos diferentes contextos de atuação, bem como as ações bem sucedidas da concorrência direta e a evolução de variáveis significativas nos setores em que a empresa atua. O posicionamento desse módulo dentro do modelo se deve ao fato de que as influências são sentidas diretamente no comportamento dos clientes, os quais afetam o desempenho financeiro da empresa. Por vezes, a influência se dá de modo mais direto, pressionando diretamente as margens de lucro obtidas. Monitorar o mercado provê insumos valiosos para a avaliação de desempenho e permite que a empresa se posicione com maior assertividade no planejamento e execução das atividades que serão consideradas no ciclo de avaliação imediatamente adjacente. 51 | P a g e - O módulo Fornecedores foi posicionado entre os módulos dos Capitais Intelectual e Natural devido ao seu papel como agentes de articulação de recursos essenciais para as atividades da empresa. O relacionamento com fornecedores deve ser controlado e gerenciado para que resultados cada vez mais positivos sejam obtidos. O modelo de negócios da empresa é, em grande parte, pautado na possibilidade de diversificação do portfólio de produtos oferecido em cada uma das unidades. Por esse motivo, o relacionamento e as necessidades dos fornecedores devem ser avaliados de modo consistente. As atividades globais ficam prejudicadas caso acordos menos vantajosos junto aos fornecedores sejam firmados, diminuindo o valor gerado pela marca. Já a atuação regional pode ser altamente influenciada ou até mesmo interrompida caso a distribuição local se dê de modo incompatível com as necessidades, o que gera perda de receitas e conduz a empresa no sentido oposto ao planejado estrategicamente. Em função dos fatores mencionados, justifica-se a necessidade de monitoramento dessa perspectiva na avaliação do desempenho organizacional. Um exemplo de resultado promissor do bom relacionamento com fornecedores é a obtenção de produtos oferecidos exclusivamente nas lojas Mundo Verde e/ ou com condições diferenciadas em termos de quantidades de lotes e logística para entregas. Do Balanced Scrorecard, foram incorporadas as seguintes características: 1ª Característica herdada do BSC: Distribuição em quatro perspectivas de análise dos aspectos de caráter interno da empresa: Financeira, Clientes, Processos Internos e Aprendizagem e Crescimento. Essas perspectivas constituem boa parte do modelo proposto. O fato mais marcante da apropriação teórica do BSC consiste na distribuição de objetivos estratégicos dentro das perspetivas e de modo intrínseco à 52 | P a g e avaliação de desempenho, em função da elevada integração que o modelo propõe entre avaliação e estratégia, um de seus atributos mais significativos. A elaboração de alguns objetivos Os objetivos estratégicos foram definidos dentro de cada uma das perspectivas de modo a traduzir a estratégia da empresa declarada (Visão) em etapas de prazos menos extensos e mais objetivas, com o intuito de orientar as ações organizacionais tanto no curto quanto no longo prazo. Reforçando a ideia de interdependência entre os módulos de avaliação do desempenho, as perspectivas preservadas do framework do BSC também possuem influência entre si. Nesse caso, o relacionamento entre as perspectivas pode ser observado a partir da ordem vertical com que estão dispostas: quanto mais para cima dentro do esquema analítico, maior a relevância analítica. Vale esclarecer que a hierarquização posicional é pertinente apenas aos módulos de avaliação incorporados do BSC. 2ª Característica herdada do BSC: Indicações das relações de causa-efeito mais diretamente percebidas por meio de setas indicativas. Assim como proposto pela ferramenta desenvolvida por Kaplan e Norton, os objetivos listados dentro das perspectivas de avaliação foram ligados por setas que indicam relações mais diretas. No entando, torna-se impreterível esclarecer que as relações indicadas por setas não são as únicas existentes e relevantes. Preservando o arcabouço teórico da metodologia, todas as perspectivas possuem influência, com maior ou menor grau de intensidade, umas nas outras. À medida em que os objetivos e atividades contemplados em uma perspectiva trazem efeitos reais à organização, as perspectivas posicionadas acima dessa passam a ser por ela sustentada de alguma maneira. Desse modo, a influência se dá de modo sistêmico dentro e fora dos objetivos e das perspectivas de análise preservadas do modelo do BSC. 53 | P a g e Finalmente, o cerne do modelo de avaliação incorporado a partir do BSC está esquematizado a seguir: O esquema apresentado consiste no Balanced Scorecard e suas 4 perspectivas, tidas como ideais e suficientes para análise dos principais aspectos relevantes do ambiente interno da organização. É necessária, no entanto, uma explicação em profundidade das características do modelo proposto, de sua estrutura e do seu 54 | P a g e potencial efetivo de promoção do conhecimento acerca do desempenho organizacional. NOTA: Os números dentro de esferas relativos a cada um dos objetivos estratégicos definidos servem apenas para indicação de quais objetivos são contemplados dentro de cada perspectiva no momento de visualização do modelo completo. A essência do modelo consiste na avaliação de modo sistêmico e completo das perspectivas
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