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DISCIPLINA: ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO – CONCEITOS E APLICAÇÕES AULA 02 Prof.ª Mariana Monfort 2 INTRODUÇÃO Olá, seja bem-vindo(a)! Nesta aula, falaremos sobre organização e eficiência, e dentro deste assunto veremos mais profundamente: Conceito de Eficiência Integração Vertical Tipos de Padronização CONTEXTUALIZANDO Certamente você conhece empresas como McDonald's, Burger King e Correios, não é mesmo? Pensando dentro do contexto de gestão, o que estas três empresas apresentam de características que as tornam diferentes em seus segmentos de atuação? Reflita e anote suas conclusões. TEMA 1 - O CONCEITO DE EFICIÊNCIA Eficiência não é uma necessidade atual, ela existe desde a Antiguidade. No Egito faraônico, para as grandes construções das pirâmides, Tyldesley (2005) relata que a necessidade de eficiência nas pedreiras já era um fator de atenção. O autor cita, como exemplo, a Pirâmide de Degraus de Djoser. O faraó Djoser (2636–2611 a.C.) reinou no período em que o Egito não enfrentava carência de mão de obra e poderia solicitar, caso quisesse, ajuda de todo camponês sadio no reino para a construção das pirâmides de Degraus de Djoser. A única limitante, na época, para a construção das pirâmides, seria o fornecimento de blocos de pedras. Apesar disso, a construção se tornou uma grande prova de uma administração eficiente, tendo em vista que o Faraó conseguiu deter total controle sobre os recursos de sua edificação e, mesmo frente às limitações, construiu o que ficou conhecido como o primeiro edifício monumental em pedra do mundo. Quer saber um pouco mais sobre a construção dessa pirâmide? Confira! https://www.youtube.com/watch?v=_6GJMwMAtDk 3 Na Administração, o conceito de eficiência pode ser observado a partir da Teoria Científica da Administração. A Ford Motor Company foi um exemplo, no início do século XX, daquilo que chamamos hoje de Benchmarking1, pois na época os gerentes de outras indústrias tinham na Ford um modelo a ser seguido, porque a empresa colhia bons resultados em termos de eficiência e eficácia, ao aplicar os princípios da administração de Ford, afirma Jones e George (2011). O modelo produtivo do início do século XX, denominado de Fordismo, se sustentava no princípio da eficiência produtiva por meio do carro Ford modelo T e a célebre frase de Ford: “O cliente pode ter o carro da cor que quiser, desde que seja preto”. O modelo T é bem ilustrativo, pois traz à tona questões importantes do início do processo produtivo: a economia de escala, a linha de produção, a padronização, a venda de um bem de massa, etc. Deste modo, quanto mais eficiente fosse a produção, mais se produziria, e com uma maior produção haveriam economias de escala, o que impactaria em preços reduzidos, possibilitando a compra do bem pela grande massa. Quanto maior a venda, maiores os lucros, e por consequência, mais postos de trabalhos, reforçando o ciclo econômico (VIZEU; GONÇALVES, 2010). Neste contexto, “dois foram os mecanismos fundamentais para garantir esta eficiência produtiva, a gestão centrada na obtenção da eficiência e a massificação de bens de consumo (bens padronizados).” (VIZEU; GONÇALVES, 2010, p. 20). Para a gestão centrada na obtenção da eficiência, Ford acreditava que era imprescindível o bom desempenho de seus trabalhadores. Era esperado um alto nível de eficiência, e para que fosse alcançado era preciso incentivá-los a revelar a técnica mais adequada de realização de suas atividades (JONES; GEORGE, 2011). 1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Benchmarking 4 Técnicas que foram estudadas por Frederick Taylor, engenheiro e pioneiro da Teoria Científica da Administração e do estudo dos Tempos e Movimentos. Taylor conceituou a eficiência como o resultado do relacionamento entre o padrão do processo estabelecido e o real desempenho do operário. Taylor ainda destacou sete princípios secundários para aumento da eficiência, conforme relata Chiavenato (2004): Princípios Secundários para o Alimento da Eficiência (Taylor). 1. Estudo dos tempos e movimentos Estudo para identificar a melhor maneira de executar uma atividade, de forma que elimine movimentos inúteis e racionalize o trabalho. 2. Preocupação com a fadiga Necessidade de determinar como a fadiga acontece e como evitá-la, pois, é a responsável pela redução da eficiência do operário, normalmente gerada por movimentos mal planejados. 3. Seleção científica do trabalhador Seleção para adequação do operário à tarefa especializada necessária. 4. Padrão de produção O alcance da eficiência completa, devendo ser o padrão de produção do operário médio. 5. Supervisão funcional Oposto do comando único da Teoria Clássica da Administração. Esse princípio determinava que cada operário era subordinado à vários supervisores, pois para Taylor até mesmo a supervisão era especializada. Assim, o operário tinha vários supervisores, cada um especializado em uma atividade e área especifica. 6. Plano de incentivo salarial 5 Forma de remuneração do operário de acordo com a peça produzida. Quem superasse os padrões da produção receberia prêmios adicionais. 7. Condições ambientais do trabalho Preocupação com os aspectos físicos como baixo nível de ruído, temperatura e iluminação adequada para reduzir a fadiga. Assim, a eficiência, segundo Taylor, preocupa-se com os meios, e não com os fins de um processo. Para Castro (2006), a eficiência está inserida nas operações e atende os fatores internos da organização. Torres (2004) completa que a eficiência não busca alcançar simplesmente os objetivos predeterminados, mas explicitar como eles foram alcançados. Chiavenato (1994) explica que, quando um administrador se preocupa com a forma correta de fazer as coisas, ele se volta para a melhor utilização de seus recursos, ou seja, para sua eficiência. Logo, a eficiência seria o meio, o método correto de fazer um trabalho bem feito. Modesto (2000) afirma que explorar a eficiência é útil, por exemplo, para evidenciar abusos administrativos tão comuns na vida brasileira, representados pela ausência de gestão adequada de recursos, como compras superfaturadas, construções públicas luxuosas ou iniciadas ao lado de obras inacabadas com mesma finalidade, entre tantos outros exemplos. Antes de prosseguir com esta aula, assista um breve vídeo no Youtube para ter em mente os pensamentos de Ford e Taylor: https://www.youtube.com/watch?v=kWiJswkV0pw O princípio da eficiência Já que vamos falar sobre eficiência agora, como definir este termo? 6 Bio (1996) define eficiência como o modo correto de fazer as tarefas. Para o autor, uma organização só é eficiente quando alcança a meta de volume de produção com a menor quantidade de recursos gastos possíveis, ou seja, ao menor custo por unidade produzida. Megginson, Mosley e Pietri Júnior (1998) seguem o mesmo raciocínio, pois, para os autores, a eficiência é um conceito matemático, é a relação entre o insumo e o produto (input e output). Ainda para estes autores, um administrador eficiente faz produtos com melhores resultados de produtividade e desempenho em relação aos insumos utilizados para sua produção. Para Daft (1999, p. 39), a eficiência é limitada na medida em que trata das características internas da organização. “Eficiência organizacional é o volume de recursos utilizados para produzir uma unidade de produto. Ela pode ser medida como a razãoentre as entradas e as saídas”. Para o autor, a organização pode ser considerada mais eficiente apenas quando é capaz de alcançar determinado nível de produção e menor utilização de recursos que a concorrente. A eficiência é um dos princípios que regem a Administração Pública Brasileira e estão descritos no artigo 37 da Constituição Federal. Martins (2012) explica que toda a atividade administrativa é baseada nesses princípios reguladores das ações dos servidores e administradores dos órgãos públicos. Originalmente, os princípios no texto constitucional eram: Legalidade, Moralidade, Publicidade e Impessoalidade. Apenas em 1998 o novo princípio da Eficiência foi incluído devido à nova ordem econômica mundial instalada. Como estamos tratando de Eficiência, veja o que o professor Marcus Bittencourt sobre isto: https://www.youtube.com/watch?v=pVcYWIOHmNA Este princípio assume duas vertentes, conforme relata Martins (2012): Organização e estruturação da máquina estatal para deixá-la mais racional, de forma que os anseios da sociedade sejam supridos de forma mais satisfatória. 7 Regulação da atuação dos agentes públicos para que tenham o melhor desempenho e atinjam os máximos resultados. Assim como no exemplo das organizações públicas, de modo geral nas organizações a eficiência é tão importante quanto a eficácia. Acompanhe este vídeo para entender um pouco mais sobre a diferença de eficiência e eficácia! Ainda sobre eficiência e eficácia, Daft (1999) declara que, por vezes, a eficácia pode ser conduzida pela eficiência, mas que em algumas organizações os dois conceitos não têm relação, podendo a empresa não alcançar suas metas (lucro), por exemplo, por produzir produtos de baixa demanda, mas ser altamente eficiente, pois teve uma produção com custos reduzidos, ou então, em sua ineficiência, alcançar bons lucros. Um julgamento do desempenho do administrador a partir dos critérios de eficácia e eficiência foi proposto por Peter Drucker. Para Drucker, entre esses dois fatores, a eficácia seria mais importante, pois por maior que seja o nível de eficiência, nada compensará os objetivos errados (VIZEU; GONÇALVES, 2010). Para saber mais sobre a visão de Peter Drucker sobre eficiência, veja o vídeo indicado a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=u00oVLRsvqo O importante até aqui é que o conceito de eficiência fique bem claro: eficiência é o método, os meios para se atingir determinados fins, trata-se de todo o esforço e dedicação que temos para que atinjamos um resultado desejado. Leitura obrigatória Leia as páginas 128-133 da obra: COLTRE, S. M. Fundamentos de Administração: um olhar transversal. Curitiba: Intersaberes, 2014. 8 TEMA 2 - INTEGRAÇÃO VERTICAL Por integração se entende a mobilização e a implicação das entidades para uma ação coletiva que dá lugar a um saber feito conjuntamente e aplicável (AVENIER, 2004 apud CHEBBI; CRUZ; DELGADO, 2007). Assim, integrar-se seria sinônimo de união para algum fim maior. Nesse sentido, surge na teoria científica da Administração, através de Ford e sua busca por maior eficiência produtiva, o conceito de integração vertical do processo produtivo como uma possível solução na busca pela eficiência. Que tal conhecer um exemplo de uma empresa nacional que utiliza o processo de integração vertical? https://www.youtube.com/watch?v=UUtqH5C1bzE Em qualquer empresa, o processo de produção é iniciado pelos inputs (aquisição de matérias-primas) e termina com os outputs (distribuição e venda de bens e serviços acabados), completando a cadeia produtiva. A decisão acerca da gestão desta cadeia, se os insumos serão comprados (terceirizados) ou produzidos internamente pela própria empresa, é uma decisão da estratégia do negócio que influenciará na organização da cadeia produtiva. Assim, no cotidiano organizacional, é função do gestor o melhor trade-off, ou seja, a busca pela melhor decisão. Será a aquisição de bens e serviços de terceiros ou a produção interna deles? As vantagens e desvantagens da opção de compra em detrimento da produção interna (e vice-versa) de bens e serviços serão objetos de estudo em outras disciplinas, tais como Administração de Materiais e Administração Financeira e Orçamentária. Assim, vamos aos principais conceitos e definições de integração vertical. Um dos conceitos centrais de integração vertical é o de Porter, o pioneiro da Administração Estratégica, que afirma: Integração vertical é a combinação de processos de produção, distribuição, vendas e/ou outros processos econômicos 9 tecnologicamente distintos dentro das fronteiras de uma mesma empresa, ou seja, todos os processos estão sob sua responsabilidade e controle, não dependendo de outras empresas para produzir ou comercializar seus produtos (PORTER, 1996, p. 278). Silva (1997) ainda complementa que uma empresa opta pelo seu crescimento verticalmente ao agregar fases de seu processo produtivo como forma para aumentar a quantidade de produtos ou processos intermediários para seu próprio uso, fazendo algo que antes era fornecido por terceiros. Portanto, a organização passa a administrar processos que podem iniciar na produção da matéria-prima até a entrega ao consumidor final, como você já pode conferir no vídeo sobre a plataforma de petróleo da Petrobras. Veja, agora, o caso do Grupo Martins que, atuando no ramo atacadista, constituiu empresas integradas, como uma transportadora com mais de dois mil veículos, um banco para atender seus clientes e até lojas de varejo: http://portal.martins.com.br/portal/home E, em seguida, conheça a Saraiva, editora de livros que abriu um agressivo número de livrarias, acarretando no aumento da capacidade de produção da sua gráfica (SILVA, 1997): https://www.youtube.com/watch?v=bR1HLssaoOg A integração vertical é conhecida ainda como: “Para frente” (à jusante), quando a organização segue em direção ao consumidor final e exemplifica com um atacadista que abre uma rede varejista ou uma tecelagem que entra para o ramo de confecções. “Para trás” (à montante) quando a organização segue o inverso, indo da direção do mercado fornecedor no sentido da produção, como uma empresa de sucos que cultiva seus pomares ou um varejista que passa a confeccionar seus produtos (SILVA, 1997). Assim, as alternativas de integração vertical de que a empresa dispõe seriam: optar por fazer tudo internamente, ou seja, integrar-se verticalmente por meio de desenvolvimento interno ou das atividades e/ou operações, ou por meio 10 de aquisição de seus fornecedores e/ou distribuidores, podendo obter maior controle sobre suas operações, seus fornecedores e seu mercado, mas possivelmente perdendo em flexibilidade. A empresa também pode optar por comprar no mercado tudo que necessita para a sua manufatura e com isso obter grande flexibilidade, desde que os custos de substituição dos fornecedores sejam plausíveis. Uma outra opção é fazer internamente o que a distingue dos seus principais competidores, e comprar todo o restante que se faça necessário para o seu processo produtivo no mercado (QUEIROZ; QUEIROZ, 2006). Queiroz e Queiroz acrescentam à possibilidade de aquisição dos fornecedores e/ou distribuidores como formas de promover a integração vertical do processo produtivo. Somando-se isto ao fato de que a empresa poderia também optar por comprar toda a matéria-prima que precisa no mercado ou comprar aquilo que não lhe é sua core competence, ou seja, sua competência central. Voltando ao conceito de integração vertical, podemos somar os conceitosapresentados a definição de Wright, Kroll e Parnell (2000), de que integração vertical é também a aquisição de empresas que possuem competências essenciais e complementares que podem ser compartilhadas ou transferidas (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000). Assim, nosso conceito de Integração Vertical vai ao encontro da proposta de Queiroz e Queiroz (2006), de que ela pode acontecer não somente quando a empresa combina os processos de produção, distribuição, vendas e outros dentro da própria fronteira da empresa, mas também quando adquire novas empresas que já possuem competências essenciais e complementares que possam vir a colaborar com os processos de produção internos da empresa. Vantagens e Desvantagens da Integração Vertical no cotidiano das organizações E quais seriam as principais vantagens e desvantagens da integração vertical nas empresas? A integração vertical pode ser vantajosa quando resulta em economia e eliminação de intermediários, tendo em vista que ela não mais 11 precisará recorrer à um terceiro para lhe fornecer insumos, como antes necessitava, reduzindo assim as etapas do ciclo produtivo e seus custos indiretos, adotando o melhor desenvolvimento tecnológico do processo produtivo - existindo controle do início ao fim da produção, há a probabilidade de aperfeiçoamento do processo produtivo -, as economias de escala decorrentes disto, e por consequência, à redução dos preços do produto final, podendo vir à diminuir, também, o prazo de entrega, tornando, de modo geral, os processos de produção mais eficientes e inovadores (WRISHT; KROLL; PARNELL, 2000). Essa integração também elimina trocas contratuais ou de mercado e gera total controle sobre as etapas vizinhas da produção, dando flexibilidade completa para as organizações decidirem seus investimentos, produção, distribuição e emprego em todos os seus estágios (MAC DOWELL; CAVALCANTI, 1998). Para Mac Dowell e Cavalcanti (1998), essa integração vertical tem três determinantes para o processo ocorrer: Tecnológico Ocorre quando uma quantidade menor de insumos intermediários é necessária. Ocorre também para acelerar ou simplificar o desenvolvimento tecnológico. Imperfeição nos mercados A integração ocorre como uma consequência de assimetria de informações do mercado, incertezas ou competição imperfeita, como o monopólio. Economia nos custos de transação As transações entre empresas geram custos, como de compra, armazenagem e levantamento de fornecedor, que podem ser evitados na integração vertical. Silva (1997) ainda acrescenta algumas motivações para as já descritas por Mac Dowell e Cavalcanti (1998) sobre a integração vertical das empresas. 12 Porém, como todas as decisões, uma organização deve mensurar se a integração vertical será vantajosa, pois às vezes podem apresentar futuras desvantagens e tem alguns fatores restritivos que podem impedir o processo, como declara Silva (1997). Perda de flexibilidade e dificuldade de saída Pois a organização se aprofunda mais no seu campo de atuação e se prende mais ao mercado ou processo produtivo em que atua, sendo um risco principalmente para momentos de crise do setor. Aumento de custos e investimentos maiores Quando ocorrem períodos de queda da demanda e o preço da matéria- prima cai mais do que a proporção dos produtos acabados, a organização não tem vantagem em comprar os insumos de fornecedores com preços menores que seus preços de produção. Por esse motivo, algumas empresas integradas verticalmente ainda mantêm a compra de insumos de alguns fornecedores externos que podem reduzir seus custos em momentos de preços em queda. Também pode ter aumento de custos quando não se utiliza a plena capacidade de produção instalada. Buraco negro Falta de um conhecimento detalhado da sua estrutura de custos, de qual etapa do processo gera mais valor e vantagem competitiva. Vinculação a um tipo de matéria-prima A empresa integrada tem dificuldades em se adaptar rapidamente aos novos insumos e produtos que aparecem no mercado. Novo padrão competitivo A integração vertical pode colocar as organizações em mercados diferentes de seus padrões de competitividade original. 13 Wright, Kroll e Parnell (2000) resumem as vantagens como a adoção de melhorias e inovações de uma empresa para outra e as desvantagens como maiores custos de burocracia e de coordenação. Grandes exemplos de integração vertical foram a CCE que, produzindo alguns componentes, conseguiu a redução dos insumos que comprava e pode produzir a quantidade de televisores que quisesse e agora faz com que concorrentes paguem mais pelos componentes e ainda tenham sua produção limitada; showrooms de diversas empresas como Nestlé, Perdigão e Brastemp que levaram as empresas para mais perto de seus consumidores finais; o plano de saúde Unimed que faz a complementaridade com sua rede de hospitais próprios; e as diversas organizações que criaram suas “universidades corporativas” para treinamento de seus próprios colaboradores, como o McDonald´s e a Walt Disney (SILVA, 1997). Assim, percebemos a importância de tal integração vertical em nosso mundo corporativo. O objetivo foi o despertar de sua importância dentro do contexto organizacional, como uma forma de estruturação das organizações que conhecemos. Para um exemplo concreto, leia o artigo Integração e Coordenação Vertical na Cadeia de Papel e Celulose: O Caso Votorantim clicando a seguir: http://www.ead.fea.usp.br/semead/9semead/resultado_semead/trabalhos PDF/143.pdf Leitura obrigatória Leia o capítulo 9 da obra: COUGHLAN, A. T. et al. Canais de Marketing. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. 14 TEMA 3 - TIPOS DE PADRONIZAÇÃO Em uma época na qual os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto à qualidade dos produtos e serviços, as organizações precisam buscar novos meios de se manter competitivas. Hoje ocorre uma preocupação das empresas no atendimento das necessidades e exigências dos consumidores, flexibilizando suas ofertas e eliminando tarefas que não agregam valor aos produtos e serviços fornecidos (SILVA; DUARTE; OLIVEIRA, 2004). Ou seja, as empresas precisam padronizar seus processos para ganhar eficiência (MINTZBERG; LAMPEL; QUINN; GHOSHAL, 2007). Para Vieira (2004, apud SILVA; DUARTE; OLIVEIRA, 2004), a sobrevivência não só de empresas, mas também da humanidade, depende da padronização há milhares de anos, porém, originalmente, não havia a necessidade de os processos padronizados serem registrados, pois o que as pessoas aprendiam ficava gravado apenas em suas memórias. Na Administração Científica, a padronização foi essencial na busca da eficiência, pois simplificava a cadeia produtiva à medida que a homogeneização reduzia a variabilidade e também os excessos em seus processos, assim foram criadas várias técnicas para desenvolver bons padrões. Taylor, na sua organização racional do trabalho, não visava apenas a análise do trabalho, a fadiga do operário, o estudo dos tempos e movimentos, a divisão do trabalho e a especialização do operário com planos de incentivos salariais. Se preocupou também com a padronização de processos, métodos de trabalho, ferramentas, instrumentos, máquinas, equipamentos, matérias-primas e componentes, pretendendo reduzir as variações e diferenças dentro do processo de produção para, assim, aumentar a eficiência e eliminar o desperdício (CHIAVENATO, 2014). Hoje, para Silva, Duarte e Oliveira (2004), o gerenciamento é baseado na padronização. O mercado está se tornando, cada vez mais, uma grandecommoditie, na qual a busca pela padronização é um marco da sociedade em 15 que vivemos. Pensando em padronização, você sabe dizer qual marca tem o símbolo de padronização de lanches no mundo? Confira a seguir, se acertou a resposta! https://www.youtube.com/watch?v=iKNP3SEDt00 Não importa em que lugar do mundo você esteja, este sanduíche sempre será o mesmo, pois é um lanche produzido por um processo produtivo padronizado. Os processos serão os mesmos, assim o resultado também deverá ser. Veja agora os conceitos e as definições de padronização conforme alguns autores: Para avaliação de desempenho, os padrões são fatores-chave, divididos em tangíveis ou intangíveis, específicos ou vagos, mas sempre de acordo com o resultado esperado (CHIAVENATO, 1987). Campos (1992) descreve padrão como uma ferramenta básica para gerenciamento da rotina de trabalho diária, que pode indicar a meta e seus procedimentos para alcançá-la e o planejamento da atividade a ser realizada. Para Myrrha (2004, apud SILVA; DUARTE; OLIVEIRA, 2004), padrão é um acordo documentado que será utilizado várias vezes por pessoas que realizam determinada função. Wolgien Junior (2009) relata que, para o Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), a padronização pode ser descrita como um conjunto de tarefas sistemáticas estabelecidas, utilizadas e avaliadas de acordo com seu cumprimento, adequação e efeitos sobre seus resultados de acordo com os padrões. Já Chiavenato (2014) define padrão como uma unidade de medida aceita por todos como critério e padronização como a aplicação desses padrões, objetivando redução de custos e uniformidade. Ou seja, para o autor, padronização gera aumento de eficiência à medida em que normas fixas são aplicadas, homogeneizando seus ciclos de produção. E os padrões são as formas de se compreender melhor o que deve ser realizado. 16 Padrões são expressões técnicas do que é esperado em um serviço, processo ou produto. Os funcionários da organização devem ser treinados para conhecimento e execução destes padrões, cabendo ao gerenciamento verificar se os resultados estão transcorrendo conforme esperado. Aliás, segundo Silva, Duarte e Oliveira (2004), existe uma diferença entre padrão e norma, você sabia? Padrão É um compromisso entre as pessoas. Deve-se ser elaborada após uma discussão democrática entre as pessoas que entendem do trabalho que está sendo tratado. Norma Definida por quem tem o direito, e não está sujeita à discussão. Deve-se obedecê-la, pois ela não está em discussão. A regra básica da padronização de um processo é que ele deve ser feito participativamente, sempre. Legal, não é? Resumidamente, quem entende do trabalho é quem deve redigir o padrão. Claro que ele deverá ser, posteriormente, aprovado pelo chefe, mas deve sempre ser criado com a participação de quem executa o trabalho (SILVA; DUARTE; OLIVEIRA, 2004). Assim, podemos descrever padrão como um acordo entre o supervisor e o funcionário a respeito da melhor forma de se realizar determinada tarefa para atingir a meta estipulada. Padronização, então, é o conjunto desses padrões a serviço da eficiência de toda a cadeia produtiva da organização. Os padrões, conforme Silva, Duarte e Oliveira (2004) e Chiavenato (2014) podem ser anunciados, entre outros fatores, em dinheiro, tempo, qualidade, unidades físicas, custos ou índices. Confira os padrões propostos pelos autores: Qualidade 17 Como controle de qualidade do produto e da matéria-prima, assistência técnica e especificações do produto. Quantidade Representado como níveis de estoque e rotatividade, volume de vendas, volume de produção, número de empregados, quantidade de acidentes e número de horas trabalhadas. Tempo São padrões de rendimento, tempo padrão de produção, tempo médio de estocagem e de processamento do pedido. Custo Relacionado com os custos indiretos e diretos, sendo custo padrão, custo de estocagem, custo-benefício, e custo de produção. A Escola de Administração Científica desenvolveu o estudo de tempos e movimentos para determinar o tempo padrão, ou tempo médio, que um funcionário comum levaria para executar sua tarefa, gerando o conceito de custo padrão. Cleland e King (apud CHIAVENATO, 1987) ainda utilizam outra tipologia para classificar os padrões de controle. Padrões éticos Forma desejada de comportamento pessoal. Padrões de programação Prazos e datas para términos de tarefas. Padrões de desempenho técnico Relacionado aos níveis esperados de desempenho. Custos padrões Custos das operações e funções. 18 Índices financeiros Indicadores dos itens utilizados para determinada atividade e os recursos financeiros que foram aplicados. Orçamentos Padrões utilizados como meios de controle financeiro, do caixa e das despesas. Retorno sobre o investimento Forma de controlar e avaliar o desenvolvimento das aplicações financeiras. Critérios mistos Padrões de controle do desempenho da empresa a longo prazo, como posição da empresa no mercado e sua imagem, relações com consumidores e sociedade, treinamento do pessoal, conservação do patrimônio, entre outros. Apesar de todo o esforço ao redor do padrão criado, Wolgien Junior (2009) lembra que sua criação não é garantia de uma boa padronização. Conforme aponta Silva, Duarte e Oliveira (2004), a padronização só estará clara quando estiver registrado, na memória de todos que a executam, os procedimentos e regras a serem seguidas. Antes de prosseguir com o assunto da padronização, veja a seguir e veja o que um especialista da Exame tem a dizer sobre o que vimos até agora: https://www.youtube.com/watch?v=2UzdtOp1AP0 Vantagens e Desvantagens da Padronização no cotidiano das organizações Sem padronização, cada pessoa executa a atividade à sua maneira e, para Meegen (2002), a padronização é uma rota segura para atingir a 19 competitividade e produtividade. Algumas vantagens da padronização (SILVA, DUARTE; OLIVEIRA, 2004): Segurança de uma performance da cadeia produtiva, com suas operações e processos com maior qualidade e produtividade; Contribuição para o progresso e aperfeiçoamento do sistema; Maior motivação do funcionário pela sua participação em um procedimento da empresa; Maior segurança no ambiente de trabalho e, para o cliente; E a certeza da previsibilidade do produto ou serviço que receberá. Os autores ainda afirmam que, para a organização, padronização representa uma segurança de seu domínio tecnológico ao documentar o modo correto de fazer o que estava apenas na mente do funcionário, e agora pode auxiliar os demais funcionários a fazer da mesma forma e alcançar os mesmos resultados, facilitando o treinamento e o planejamento diário das atividades, eliminando esforços desnecessários. No seu trabalho, como você realiza as suas atividades? E o seu colega, faz exatamente igual? Vocês apresentam o mesmo resultado? Quando chega um colaborador novo no setor, como acontece o treinamento, ele recebe um manual com todos os procedimentos de trabalho ou as coisas vão sendo passadas sem rigor e ele acaba realizando as atividades à sua maneira? Está na hora de padronizar os processos! Silva, Duarte e Oliveira (2004) ainda explicam que, mesmo com inúmeras vantagens da padronização, ainda existem muitas resistências dentro das organizações, pois, algumas vezes as pessoas reagem sem seguir os padrões estabelecidos, principalmente por conta da perda de motivação e de liberdade do funcionário paraexercer sua criatividade na realização da atividade. É bom lembrar que da mesma forma que a padronização impacta na competitividade, a falta dela também pode ter seu impacto (DAN JUNIOR; BORGES; WOLGIEN JUNIOR; BOTELHO, 2009). 20 Leitura obrigatória Leia o capítulo 9 da obra: SELEME, R.; STADLER, H. Controle da Qualidade: as ferramentas essenciais. Curitiba: Intersaberes, 2012. Saiba Mais Leia agora o artigo Padronização: um fator importante para a engenharia de métodos, disponível na Revista Qualit@s, vol. 3, 2004: http://revista.uepb.edu.br/index.php/qualitas/article/viewFile/35/27 NA PRÁTICA Após falarmos de Mc Donald’s, Burguer King, Grupo Martins e Correios, pesquise o histórico de mais três empresas brasileiras que apresentam características de integração vertical, padronização e eficiência nos processos produtivos. Faça uma descrição das empresas, trazendo um breve posicionamento dela no mercado (atividades que desempenha, ramo em que atua, etc.) e relatando as características dos conceitos apreendidos nesta aula que se fazem presentes nas empresas pesquisadas. 21 SÍNTESE Ao final desta rota, mais uma vez, imagino que você claramente conseguiu visualizar a aplicação dos conteúdos apreendidos em seu cotidiano, pois são partes inerentes das organizações em que vivemos. Empresas como Mc Donald’s e Burguer King, por exemplo, nos remetem facilmente à conceitos de eficiência e padronização. Assim como os Correios, empresa que possui, além de monopólio nos serviços postais, tem serviços de encomendas e logística, correspondente bancário, universidade corporativa e, mais recentemente, uma incorporadora de novas empresas, a Correios Par. Outras organizações também ilustram exemplos de integração vertical nas empresas brasileiras, como o Grupo Martins que, atuando no ramo atacadista, constituiu empresas integradas: uma transportadora com mais de dois mil veículos, um banco para atender seus clientes e até lojas de varejo. Em termos conceituais, podemos entender eficiência como o modo correto de fazer as tarefas e alcançar os objetivos, gastando a menor quantidade de recursos possíveis. Integração vertical pode ser entendida como a combinação de processos de produção, distribuição, vendas e outros dentro da própria fronteira da empresa, e também quando esta adquire novas empresas que já possuem competências essenciais e complementares que possam colaborar com os processos de produção internos da empresa. E, por fim, a padronização pode ser entendida como a aplicação de padrões, sendo unidades de medidas aceitas por todos como critérios de regulamentação da atividade a ser desenvolvida, objetivando a redução de custos e a uniformidade. REFERÊNCIAS BIO, S. R. Sistemas de informação: um enfoque gerencial. São Paulo: Atlas, 1996. p. 20-23. CAMPOS, V. F. Qualidade total: padronização de empresas. 3. ed. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1992. 22 CASTRO, R. B. de. Eficácia, Eficiência e Efetividade na Administração Pública. In: Encontro da associação nacional de pós-graduação e pesquisa em administração, 30, Salvador, 2006. Anais Salvador: 30º EnANPAD, 2006. CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. CHIAVENATO, I. Recursos humanos na empresa: pessoas, organizações e sistemas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1994. CHIAVENATO, I. Teoria geral da administração. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1987. DALF, R. L. Teoria e projetos das organizações. 6. ed. Rio de janeiro: LTC, 1999. p. 39-45. JONES, G. R.; GEORGE, J. M. Administração contemporânea. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. MAC DOWELL, M. C.; CAVALCANTI, J. C. Integração vertical: um painel de literatura. Revista Nova Economia, v. 8, n. 1, 1998. MARTINS, C. F. N. O princípio da eficiência na administração pública. Faculdade das Atividades empresariais de Teresina. 23 abr. 2012. Disponível em: <http://www.faete.edu.br/revista/artigocristiane.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2015. MEEGEN, R. A. V. 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