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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CURITIBA - PARANÁ
Processo nº ...
RÉU, já qualificado nos autos, vem, por seu advogado, oferecer MEMORIAIS, com fundamento no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal, pelas razões a seguir expostas:
I. DOS FATOS
O réu foi denunciado por dois crimes de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217- A, na forma do artigo 69, ambos do Código Penal. O Parquet requereu o início de cumprimento de pena no regime fechado, com base no artigo 2º, §1º, da lei 8.072/90, e o reconhecimento da agravante da embriaguez preordenada, prevista no artigo 61, II, alínea l, do CP. 
Após ser citado por oficial de justiça, o acusado não ofereceu resposta à acusação, visto que, em inquérito policial, disse estar arrependido de sua conduta, e afirmou que não queria defesa técnica. O juiz, com base em sua declaração, deixou de remeter os autos à Defensoria Pública para o oferecimento de resposta.
Em audiência, no entanto, o réu disse que se interessou por Analisa, por ser muito bonita e por estar bem vestida. Disse que não perguntou a sua idade, pois acreditou que no local somente pudessem frequentar pessoas maiores de 18 (dezoito) anos. Corroborou que praticaram o sexo oral e vaginal na mesma oportunidade, de forma espontânea e voluntária por ambos.
O Ministério Público pugnou pela condenação de Jorge nos termos da denúncia.
Encerrada a audiência, o juiz deu prazo às partes para o oferecimento de memoriais.
II DO DIREITO
DO ERRO DE TIPO ESCUSÁVEL JORGE 
Ao conhecer a vítima em uma balada onde se frequenta maiores de 18 anos, não tinha como saber inequivocamente sua idade, posto que deduziu ser maior devido ao ambiente e comportamento da jovem, além de apresentar formas e vestimentas que não condizem com uma menina de apenas 13 anos. De forma voluntária praticaram sexo oral e vaginal. 
Nos moldes do art. 20, CP, o erro de tipo essencial gera a atipicidade da conduta, o que no caso em tela gera absolvição.
DA EXISTÊNCIA DE CRIME ÚNICO 
Subsidiariamente, não sendo aceita, a tese de atipicidade da conduta do réu, deve-se considerar a existência de crime único e não concurso de crimes, posto que o art. 217-A do Código Penal tem como tipo ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos. 
Para o STJ prevalece a tese de crime único, por ser um tipo penal misto alternativo (e não cumulativo), assim sendo deverá ser afastado o concurso material de crimes para o caso em tela.
DO AFASTAMENTO DA AGRAVANTE DE EMBRIAGUES PRE-ORDENADA 
Não há que se falar em embriagues pré-ordenada, posto que o denunciado não estava embriagado ao conhecer a vítima. As testemunhas de acusação não viram os fatos e não houve prova pericial para comprovar a embriagues do mesmo, sendo assim justa a medida de afastamento da agravante caso não seja reconhecida a atipicidade da conduta. 
DA PENA BASE NO MINIMO LEGAL 
O denunciado, réu primário, possuidor de bons antecedentes, com residência fixa, com boa conduta social, e no caso em tela não teve o animus necandi do tipo penal em que é acusado, posto não agir com má intenção de se aproveitar da suposta ingenuidade de ANALISA, fará jus a pena base no mínimo legal como medida necessária de reprovabilidade do ato. 
DA APLICAÇÃO DO REGIME SEMI ABERTO 
Ainda que o crime de estupro de vulnerável, artigo 217- A do CP, estar elencado como infração hedionda na lei 8.072/90, conforme artigo 1º, IV, o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º desta lei, sendo certo que o juiz ao fixar o regime inicial para o cumprimento de pena deve analisar a situação em concreto e não o preceito em abstrato. Sendo assim, diante da ocorrência de crime único, cuja pena no mínimo legal deverá ser fixada em 8 (oito) anos de reclusão, sendo o réu primário e de bons antecedentes, o regime semiaberto é a melhor solução para o réu, pois o artigo 33, §2º, alínea “a”, do CP, impõe o regime fechado para crimes com penas superiores a 8 (oito) anos, o que não é o caso.
III PEDIDO 
Face ao exposto requer: 
a) Absolvição do réu, com base no art. 386, III, do CPP, por ausência de tipicidade; 
b) caso não seja esse o entendimento para absolvição, que seja concedido o afastamento do concurso material de crimes, sendo reconhecida a existência de crime único; 
c) fixação da pena-base no mínimo legal, o afastamento da agravante da embriaguez preordenada e a incidência da atenuante da menoridade;
d) fixação do regime semiaberto para início do cumprimento de pena, com base no art. 33, § 2º, alínea “b”, do CP, diante da inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da lei 8.072/1990.
Curitiba/PR, 29 de abril de 2014.
ADVOGADO
OAB/UF

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