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DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E RESPONSABILIDADE CIVIL PROFA. VIVIANE ALESSANDRA GREGO HAJEL ________________________________________________________________________________________________ 1 III – TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 1. Cessão de crédito. 2. Assunção de dívida. 1. CESSÃO DE CRÉDITO – CC, arts. 286 a 298 Conceito - Do latim, cedere, ceder. È o contrato bilateral, consensual, oneroso ou gratuito pelo qual o cedente transfere o seu direito de crédito ao cessionário. “negócio jurídico por meio do qual o credor (cedente) transmite total ou parcialmente o seu crédito a um terceiro (cessionário), mantendo-se a relação obrigacional primitiva com o mesmo devedor (cedido).” - Gagliano e Pamplona Filho “A cessão de créditos é o negócio jurídico, em geral de caráter oneroso, através do qual o sujeito ativo de uma obrigação a transfere a terceiro, estranho ao negócio original, independentemente da anuência do devedor. O alienante toma o nome do cedente, o adquirente o de cessionário, e o devedor, sujeito passivo da obrigação, o de cedido”. - Silvio Rodrigues “O crédito, como integrante de um patrimônio, possui um valor de comércio. Trata-se, sem dúvida, de uma alienação. Quando, no direito, a alienação tem por fim bem imateriais, toma o nome de cessão. Na cessão de credito, o cedente é aquele que aliena o direito; o cessionário, o que adquire. O cedido é o devedor, a quem incumbe cumprir a obrigação”. - Silvio de Salvo Venosa “Nesse negócio, o crédito é transferido intacto, tal como contraído; mantém-se o mesmo objeto da obrigação. Há apenas modificações do sujeito ativo”. - Silvio de Salvo Venosa - qualquer tipo de crédito pode ser cedido? De maneira geral, sim. Por exceção (CC, art. 286), são intransmissíveis os créditos que: - pela natureza da obrigação forem incompatíveis com a cessão (direito a alimentos/direitos da personalidade, como a honra, o nome, a intimidade); - apresentem proibição legal (direito de preferência – CC, art. 520/cessão do tutelado para o tutor – CC, art. 1.749, III/direitos previdenciários); - que apresentem cláusula contratual proibitiva (contrato de mútuo, títulos de crédito). Requisitos - capacidade dos agentes - legitimidade dos agentes - forma específica (escritura pública ou instrumento particular – CC, art. 654) para validade perante terceiros – CC, art. 288 - registro no Cartório de Registro de Títulos e Documentos, para eficácia erga omnes - anuência do cônjuge, em caso de o crédito contar com garantia real (hipoteca, por exemplo) - CC, art. 104 – requisitos de validade à generalidade dos negócios jurídicos DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E RESPONSABILIDADE CIVIL PROFA. VIVIANE ALESSANDRA GREGO HAJEL ________________________________________________________________________________________________ 2 Espécies - convencional: negócio jurídico a título gratuito ou oneroso - judicial: por decisão do juiz – cessão a herdeiro ou legatário de crédito do falecido - legal: por força de lei – cessão dos acessórios da dívida, como garantias, juros – CC, art. 287 - pro soluto: quando, com a transferência, o cedente deixa de ter responsabilidade pelo crédito. - pro solvendo: cedente continua responsável pelo pagamento do crédito, se o cedido não o fizer. - onerosa: cessão de direito de crédito no valor de R$ 5.000,00 por R$ 4.200,00, por exemplo - gratuita: cessão de direito de crédito por igual valor A figura do devedor - também denominado “cedido”, não é parte no negócio da cessão, mas enquanto não tomar dela conhecimento, se pagar ao credor inicial, pagou bem – CC, art. 290. - a cessão de crédito independe de autorização do devedor - notificação do devedor caracterizada como dever imposto ao cedente, anexo ao dever de lealdade, inserido no contexto da boa-fé objetiva - dispensa da notificação, se o devedor, por escrito público ou particular, se declarar ciente da cessão realizada - efetuada a notificação, o devedor poderá opor as exceções (defesas – pagamento, compensação, remissão de dívida, erro, lesão, coação, simulação, por exemplo) ao cessionário, inclusive, as que tinha contra o cedente – CC, art. 294 Efeitos Cessão onerosa - do cedido: pagar a dívida - do cedente: existência do crédito ao tempo da cessão (cessão pro soluto) – CC, arts. 295 e 296 crédito + pagamento da dívida (cessão pro solvendo) – CC, arts. 296 e 297 Cessão gratuita - do cedido: pagar a dívida - do cedente: existência do crédito ao tempo da cessão, se houver agido de má-fé – CC, art. 295 Cessão legal ou judicial - cedente não responde pela realidade da dívida DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E RESPONSABILIDADE CIVIL PROFA. VIVIANE ALESSANDRA GREGO HAJEL ________________________________________________________________________________________________ 3 2. ASSUNÇÃO DE DÍVIDA Conceito “[...] negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor, com anuência expressa do credor, transfere a um terceiro, que o substitui, os encargos obrigacionais, de modo que este assume sua posição na relação obrigacional, responsabilizando-se pela dívida, que subsiste com os seus acessórios.”- Carlos Roberto Gonçalves “[...] operação pela qual um terceiro (assuntor) se obriga em face do credor a efetuar a prestação devida por outrem.” – Antunes Varela Dispositivos legais - Código Civil, arts. 299 a 303 - matéria não tratada pelo Código Civil de 1916, embora passível de efetivação Características - natureza contratual - negócio bilateral - passível de realização por pessoa física ou jurídica - forma livre ou especial, quando assim se fizer necessário - pode ter como objetos dívidas presentes e futuras – exceto as de caráter personalíssimo - pode apresentar os vícios dos negócios jurídicos, em geral - devem ser observados os requisitos do CC, art. 104 - não pode ocorrer sem a concordância do credor (idoneidade patrimonial do novo devedor) - havendo prazo para manifestação do credor, no qual ele silencia, entende-se pela sua recusa - é opção das partes a liberação total, ou não, do devedor primitivo da obrigação - o negócio admite condição - o contrato também pode opor-se à assunção de dívida Espécies expromissão: por contrato entre terceiro e credor, sem a anuência do devedor expromitente (terceiro) credor delegação: por contrato entre terceiro e devedor, com a concordância do credor delegante (devedor) delegado (terceiro) delegatário (credor) assunção liberatória: integral sucessão no débito, pela substituição do devedor pelo expromitente, ficando exonerado o devedor primitivo * exceção: se o terceiro que assumiu a dívida era insolvente e o credor o ignorava CC, art. 299. - assunção cumulativa: expromitente ingressa na obrigação como novo devedor, ao lado do primitivo > solidariedade passiva DIREITO CIVIL – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E RESPONSABILIDADE CIVIL PROFA. VIVIANE ALESSANDRA GREGO HAJEL ________________________________________________________________________________________________ 4 Efeitos - substituição do devedor na relação obrigacional - havendo assunção cumulativa, não se exime o devedor primitivo (responsabilidade subsidiária) - os encargos obrigacionais transferem-se ao novo devedor - o novo devedor não pode opor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo (compensação, por exemplo) – CC, art. 302 - o novo devedor pode alegar os vícios do vínculo obrigacional primitivo - extinçãodas garantias especiais (fiança, aval, hipoteca) dadas pelo devedor primitivo ao credor, salvo concordância expressa deste – CC, art. 300 - as garantias reais prestadas pelo devedor originário permanecem válidas - anulada a substituição, renasce a obrigação para o devedor originário, com todas as suas garantias. Exemplos - venda de fundo de comércio – ver CC, arts. 1.145 e 1.146 - fusão de empresas - dissolução de sociedades, quando o sócio assume dívidas em nome da pessoa jurídica - cessão de financiamento para aquisição da casa própria BIBLIOGRAFIA COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de direito civil: obrigações e responsabilidade civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 2. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 2. GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: obrigações. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 2. GOMES, Orlando. Obrigações. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 2. LÔBO, Paulo. Direito civil: obrigações. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das obrigações, 1ª parte. 32. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v. 4. NADER, Paulo. Curso de direito civil: obrigações. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. v. 2. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: teoria geral de obrigações. 20. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. v. 2. RODRIGUES, Silvio. Direito civil: parte geral das obrigações. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 2. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. WALD, Arnoldo. Curso de direito civil brasileiro: obrigações e contratos. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
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