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Aula 8 Esporte e Reprodução Cultural em Pierre Bourdieu

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Dimensões Sociológicas da Educação Física e do Esporte
Prof. Dr. Ary José Rocco Jr.
Encontro 8
Setembro / 2013
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Hoje – 30 de Setembro
Esporte e Reprodução Cultural em Pierre Bourdieu
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Esporte e Reprodução Cultural em Pierre Bourdieu
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Introdução
Pierre Bourdieu: um dos poucos sociólogos que se preocupou com o fenômeno esportivo.
Relação entre cultura, dominação e desigualdades sociais.
Cultura: meio importante para reprodução da estrutura de classes da sociedade.
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Pierre Bourdieu
Denguin, 1 de agosto de 1930 — Paris, 23 de janeiro de 2002.
Mundo social deve ser compreendido à luz de três conceitos fundamentais: campo, habitus e capital.
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Pierre Bourdieu
Objetivo da teoria da sociedade de Bourdieu: entender a constituição e reprodução da vida social e descobrir os mecanismos que atuam neste sentido.
Objetividade: eliminar aspectos subjetivos da sociologia.
Conceito de Habitus.
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Habitus
Sistema de disposições, que atuam no cotidiano como esquemas de pensamento, percepção e avaliação ou julgamento.
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Habitus
Fórmula de reprodução: estrutura – habitus – práxis.
Estrutura cunha, em indivíduos ou grupos, determinadas disposições que levam a ações práticas e a uma práxis estratégica, assim que a estrutura original é recolocada e o círculo fechado novamente.
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Formas de Capital
Três formas de capital: econômico, cultural e social.
Estratificação social: base das três formas mencionadas acima.
A luta de classes econômica é uma luta de classe simbólica: não é só uma luta em torno da distribuição de bens e serviços, mas também em torno de valores corretos.
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Campo Social
Bourdieu substitui a ideia de sociedade por "campos sociais". 
Ideia "campo" parecida com a de mercado.
Adequação para o esporte moderno (lógica mercantil).
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Teoria dos Campos
Campos: 
espaços estruturados de posições (ou de postos) cujas propriedades dependem das posições nestes espaços, podendo ser analisadas independentemente das características de seus ocupantes (em parte determinadas por elas).
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Teoria dos Campos
Os campos possuem leis gerais invariáveis e propriedades particulares que se expressam como funções variáveis secundárias.
Conhecimentos adquiridos com um campo específico são úteis para se interrogar e interpretar outros campos. 
 
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Teoria dos Campos
Campo: definição dos objetos de disputas e dos interesses específicos do próprio campo. 
Esses objetos e interesses são percebidos apenas por pessoas com formação apropriada para adentrarem no campo.
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Teoria dos Campos
Para que um campo funcione:
haja objetos de disputas e pessoas prontas para disputar o jogo;
dotadas de habitus que impliquem no conhecimento e reconhecimento das leis imanentes do jogo, dos objetos de disputas, etc..
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Teoria dos Campos
Habitus:
condição de existência de um determinado campo e produto de seu funcionamento dentro de uma estrutura específica.
 
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Teoria dos Campos
Estrutura do campo:
estado da relação de força entre os agentes ou as instituições engajadas na luta ou, se preferirmos, da distribuição do capital específico que, acumulado no curso das lutas anteriores, orienta as estratégias ulteriores.
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Teoria dos Campos
Relação de força:
agentes que monopolizam o capital específico, tendem a estratégias que visem a manutenção da ordem estabelecida; e,
agentes que possuem menos capital, inversamente, tendem a estratégias de subversão e rompimento com o estalão, dentro de certos limites.
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Teoria dos Campos
Agentes engajados num determinado campo possuem determinados interesses específicos comuns:
o principal deles é a existência do próprio campo;
luta entre esses antagonistas pressupõe um acordo sobre o que merece ser disputado e produz a crença no valor dessa disputa.
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Teoria dos Campos
Outro fator relevante é a conservação do que se é produzido dentro do campo.
Conservação: aparição de um corpo de conservadores do passado e do presente e serve, aos detentores do capital específico, para conservar e se conservar conservando. 
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Teoria dos Campos
Questão do Esporte:
1. Existe efetivamente um campo esportivo?; e,
2. como funciona o sistema de esquemas geradores para a construção de um habitus esportivo adequado à indústria do entretenimento?
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Como é possível ser esportivo?
Existe um conjunto de práticas e de consumos esportivos dirigido aos agentes sociais, o qual procura encontrar uma certa demanda social. 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Questão Central: 
Como se produz a demanda dos "produtos esportivos", como as pessoas passam a ter o "gosto" pelo esporte e justamente por um esporte mais que outro, enquanto prática ou enquanto espetáculo? 
Segundo quais princípios os agentes escolhem entre as diferentes práticas ou consumos esportivos que lhes são oferecidos como possibilidade em um dado momento? 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Condições históricas e sociais deste fenômeno social - esporte moderno. 
Condições sociais que tornaram possível a constituição do sistema de instituições e de agentes direta ou indiretamente ligados à existência de práticas e de consumos esportivos.
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Agrupamentos "esportivos“:
assegurar a representação e a defesa dos interesses dos praticantes de um esporte determinado; e,
elaborar e aplicar as normas que regem estas práticas, até os produtores e vendedores de bens e de serviços necessários à prática do esporte e produtores e vendedores de espetáculos esportivos e de bens associados.
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Bourdieu: existe um campo esportivo, ou seja, existe um sistema, de instituições e agentes vinculados ao esporte, que funciona como um campo. 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
História do esporte:
história relativamente autônoma;
articulada com os grandes acontecimentos da história econômica e política; e,
tem seu próprio tempo, suas próprias leis de evolução, suas próprias crises, em suma, sua cronologia específica. 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Transformação de modalidade em Esporte:
história particular;
periodização própria; 
realidade específica; e,
série de acontecimentos idênticos. 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Conceito de esporte moderno:
a constituição de um campo de concorrência no interior do qual o esporte se apresentou como uma prática específica, irredutível a atividades rituais ou divertimentos festivos processados na forma de jogos, determina a existência do esporte moderno.
 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Campo Esportivo:
campo de práticas específicas;
dotado de lutas e regras próprias e do investimento de competências específicas; e,
supor a existência de uma espécie de fronteira móvel em cada história que compõe o campo.
 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
História social do esporte:
constituição de um espaço de jogo;
dotado de lógica própria;
com práticas sociais particulares e definidas em uma história própria. 
 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Esportes mais antigos apresentam maiores sinais de desenvolvimento. 
Esportes surgidos mais tardiamente passaram por uma história diferente, abalizada justamente nos esportes mais desenvolvidos.
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Histórias diferentes: existência de um "momento" consensual do surgimento das ditas modalidades mais antigas (sentido moderno). 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Passagem do jogo ao esporte: 
realizado nas grandes escolas reservadas às "elites" da sociedade burguesa, nas public schools inglesas, onde os filhos das famílias da aristocracia ou da grande burguesia retomaram alguns jogos populares, isto é, vulgares, impondo-lhes uma mudança de significado e de função.
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Princípiosdesta transformação:
exercícios corporais da "elite" foram separados das ocasiões sociais ordinárias às quais os jogos populares permaneciam associados (festas agrárias, por exemplo); e,
desprovidos das funções sociais ainda ligadas a vários jogos tradicionais (como os jogos rituais praticados em muitas sociedades pré-capitalistas em certas passagens do ano agrícola). 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Escola:
as práticas dotadas de funções sociais e integradas no calendário coletivo;
convertidas em exercícios corporais, atividades que constituem fins em si mesmas; e,
submetidas às regras específicas, cada vez mais irredutíveis a qualquer necessidade funcional, e inseridas num calendário específico. 
 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Autonomização do campo das práticas esportivas:
processo de racionalização;
constituição de um corpo de regulamentos específicos;
corpo de dirigentes especializados; e,
aplicação universal de regras fixas. 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
“Trocas" esportivas:
 se estabelecem entre as diferentes instituições escolares, e depois entre regiões, etc. 
Autonomia relativa do campo das práticas esportivas: autoadministração e regulação. 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Tradição histórica ou garantidas pelo Estado: 
estes organismos são investidos de direito de fixar as normas de participação nas provas por eles organizadas:
exercer, sob o controle dos tribunais, um poder disciplinar (exclusões, sanções, etc.), destinado a impor o respeito às regras específicas por eles editadas; e, 
conceder títulos específicos, como títulos esportivos ou, como na Inglaterra, os títulos de treinadores. 
 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Institucionalização: acompanhada de uma filosofia política do esporte - arquitetada no interior da aristocracia, determinou, entre outras coisas, a teoria do amadorismo.
Esporte, com o espírito amador, tornou-se um instrumento vital para as elites. 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Formação das virtudes necessárias aos futuros líderes.
Limites impostos pelas regras:
jogo limpo (fair play), privilegiava a disposição cavalheiresca (refutação à busca da vitória a qualquer custo).
Ética aristocrática.
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Ética aristocrática:
esplendor em 1896, com a realização da primeira Olimpíada dos tempos modernos; e,
primeiro Comitê Olímpico era composto basicamente por duques, condes e lordes, todos de nobreza antiga. 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Esporte:
novo tipo de aprendizagem;
urgência de uma instituição escolar inteiramente nova;
definição de educação burguesa; e,
oposição a definição pequeno-burguesa e professoral. 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Campo (das práticas esportivas):
lutas provenientes da disputa do monopólio de imposição da definição e da função legítima da atividade esportiva: 
amadorismo x profissionalismo, esportes distintivos x esportes populares, etc.
 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Prática de esportes:
adolescentes das classes populares e médias, possibilita, dentro da lógica do campo, o surgimento de uma demanda futura, ou seja, produz futuros consumidores de espetáculos esportivos. 
 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
“O Esporte que nasceu dos jogos realmente populares, isto é, produzidos pelo povo, retorna ao povo, como folk music, sob a forma de espetáculos produzidos para o povo”. 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Esporte espetáculo:
mercadoria de massa;
organização de espetáculos esportivos - ramo entre outros do show business; e,
mascarar o divórcio entre a prática e o consumo e, ao mesmo tempo, as funções do simples consumo passivo. 
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Bourdieu e o Esporte Moderno
Espetáculos esportivos:
antes restritos a praticantes e aos espectadores presenciais;
alcançaram as massas;
quando, através da mass media, foram conformados como um produto midiático; e,
representa a passagem de um esporte praticado em círculos sociais restritos, otimizado pela máxima do amadorismo, para um esporte espetacularizado, com produção profissional e destinado ao consumo de massa.
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07 de Outubro de 2013
Apresentação de Trabalhos:
Grupo 1: Faixas Etárias
Grupo 2: Gênero
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Organização dos Seminários
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Grupos
Grupos de 7 ou 8 alunos – 10 grupos.
Apresentações de 15 / 20 minutos.
Roteiro e material de apoio, para cada grupo, fornecidos pelo Professor.
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Datas e Temas

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