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Análise do Discurso do Método

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Análise do Discurso do Método 
O Discurso do Método apresenta uma série de passos para chegar ao conhecimento universalmente 
válido. Nesta obra , René Descartes começa por afirmar que a inteligência e a Razão igualmente distribuídas 
igualmente por todos os seres humanos. Afirma também que todos os homens são capazes de distinguir o 
falso do verdadeiro .Então o mesmo autor questiona-se , porque é que que algumas pessoas se enganam. 
A resposta é simples , alguns usam a inteligência e Razão de uma melhor maneira , ou seja têm um bom 
método. É necessário o método para aplicar bem as suas faculdades e quanto melhor for esse método , mais 
perto se fica da verdade filosófica. A intenção do autor era portanto apresentar o método que usou para 
chegar a certezas e verdades. O objetivo da obra era encontrar um método que garanta a certeza nas ciências. 
Se este método for encontrado , responder à questão se haverão certezas. Descartes fala-nos da importância 
da matemática .Esta parte do universal ( princípio sólido ) para o particular. Através das leis óbvias e válidas 
chegamos a outras . 
Descartes pensa que se pusermos tudo em dúvida , podemos chegar a um princípio útil e 
posteriormente alcançar novas conclusões , ou seja , começar a descobrir o que é o conhecimento. Esta 
dúvida cartesiana é diferente da dúvida céptica , enquanto a dúvida céptica é sistemática , incerta e estéril ( 
não nos leva a lado nenhum ) , a dúvida metódica ( de Descartes ) pretende chegar à verdade . A dúvida é 
metódica ( apenas durante um certo tempo ), voluntária ( quer chegar a um conhecimento universal ) , 
radical e hiperbólica . Esta dúvida leva-nos a ser autónomos , este é o objetivo da filosofia e da obra. A 
autonomia é muito importante na ciência , temos de afastar os nossos costumes , ensinamentos e 
preconceitos e pensar com a nossa cabeça .Deixar tudo para trás e começar de novo. 
Descartes demonstra uma certa humildade própria dos filósofos ao dizer que não tem a intenção de ensinar o 
método que cada um deverá adoptar , mas apenas mostrar a forma como Descartes chegou à sua. 
Na segunda parte Descartes afirma que “ antes de sermos adultos fomos crianças “ , que significa que 
ninguém é homem ( ser utilizador da razão ) desde o nascimento , portanto durante muito tempo fomos 
controlados pelos nossos sentidos e professores ( nós usamos a razão através daquilo que nos diziam ) . 
Assim temos que pôr tudo em dúvida ( metódica e nunca céptica ) para sermos autónomos e independentes , 
“ deitar tudo abaixo o edifício “ e reconstruí-lo guiando-nos pela razão . Resumindo , como devedores dos 
saberes dos outros é necessário pôr tudo em dúvida , ou seja , rever tudo para chegar à verdade. 
Ainda nesta parte , Descartes apresenta as quatro regras do método. 
A primeira regra é a Regra da Evidência ( clareza e distinção ) que diz que só o que é claro e distinto é que 
faz parte da ciência e que uma ideia clara e distinta é um ideia que não se pode pôr em dúvida . 
Recapitulando : não aceitar nada que não seja claro e distinto. 
A segunda regra é a Regra da Análise/Divisão que divide o problema em diferentes partes para o analisar 
mais especificamente. 
A terceira regra é a Regra da Síntese que analisa o problema do mais simples para o mais difícil. 
A quarta Regra é a Regras da Enumeração / Revisão que volta ao início para rever tudo e confirmar , só 
assim se pode aceitar com certeza as nossas conclusões. 
Na terceira parte , Descartes quer dar as bases para a construção da nova ciência . 
O autor vai construir uma moral provisória enquanto não encontra a definitiva. Fazendo uma 
analogia simples , este moral provisória é o contentor onde os trabalhadores que estão a construir um 
edifício guardam os materiais de construção. Este edifício de que fala Descartes é o edifício do 
conhecimento , sendo portanto , muito importante a base ( a primeira certeza) do mesmo . A moral é o 
conjunto de regras que nos ajudam a viver. 
Descartes nunca escreveu uma obra acerca da “ moral definitiva “ , a razão para tal não ter sucedido é ou 
porque não teve tempo ou , numa perspectiva mais filosófica , não há morais definitivas . A moral é 
permutável , muda com os tempos e circunstâncias. 
Descartes pensa que primeiro temos de viver e só depois filosofar ( refletir sobre o modo como estamos a 
viver ) . 
O autor apresenta quatro máximas através das quais vai sustentar o seu comportamento moral , orientando a 
moral provisória. 
A primeira é o pragmatismo que nos diz para obedecermos aos costumes e leis do país em que vivemos. 
A segunda máxima é a do ser resoluto e decidido , ou seja , tomar uma decisão e não mais voltar atrás , ir 
sempre na mesma direção. Devemos ser decididos e não confundir o essencial com o acessório. 
A terceira máxima diz-nos que devemos fazer o melhor que esta ao nosso alcance , estando assim 
relacionada com o estoicismo. O estoico é aquele que pensa que a felicidade está numa certa pobreza 
material. O estoicismo põe em primeiro lugar aquilo que é bom para todos . O estoico é altruísta e ao 
contrário do egoísta ou invejoso a sua felicidade está para além do bem pessoal. 
Na quarta máxima Descartes diz-nos que mesmo que a sua moral seja provisória ele não fica isento de 
procurar a verdade e criticar os comportamentos. Nunca pode abdicar de ser o mais razoável . Esta máxima é 
a síntese de todas as outras. À semelhança de Sócrates , Descartes defende que os ignorantes são incapazes 
de praticar o bem ou justiça pois simplesmente não conhecem o seu significado , portanto só os sábios ( 
pessoas mais perto da verdade ) são capazes de os realizar. 
Estas máximas são o resultado do método que Descartes está a propor. 
Descartes também critica a atitude dos cépticos , pois estes nunca têm alternativas . Duvidam , criticam mas 
nunca encontram a solução ou a verdade . O tipo de cepticismo de Descartes é por seu lado diferente dos 
Cépticos Extremos , ele duvida mas com o intuito de encontrar a verdade , não sendo a sua dúvida 
interminável. 
Descartes procurava encontrar algo sólido e fixo para construir o edifício do conhecimento. 
A quarta parte é a principal da obra . Nesta parte , o autor vai apenas dedicar-se à procura da verdade 
Descartes adverte-nos para o facto que podemos estar a sonhar , diz-nos que devemos duvidar dos nossos 
sentidos e que devemos tomar cuidado para não cometer erros involuntariamente ( falta de método). 
“ Cognito Ergo Sum “ ( penso , logo existo ) , com esta afirmação nasce a primeira nasce a primeira certeza. 
A dúvida nunca consegue destruir esta definição , pois para duvidar tenho de pensar. Mesmo que esta “ 
realidade “ física seja uma espécie de sonho , a alma nunca perde a sua identidade , ou seja existo sempre 
como um ser pensante. O ser humano possui duas substâncias : a alma e o corpo . O que com que nós 
existamos é a alma. 
Descartes sabe que não é perfeito porque ele duvidou e um ser perfeito tem a sabedoria total e não 
duvida , o que nos leva portanto , à segunda certeza , a existência de Deus. 
Ao pôr o Homem como primeira certeza e Deus como segunda , Descartes inverteu toda a filosofia medieval 
e abriu as portas para a filosofia moderna. 
Descartes formulou três provas para demonstrar a existência de Deus. 
A primeira prova da existência de Deus é a Prova da Casualidade que nos diz que apenas um ser 
perfeito pode dar origem a outro ser. Cada causa tem um efeito , Deus é , portanto , a causa da nossa 
existência ( este Deus não é o Deus puramente religioso ). 
Senão existisse um ser perfeito nós não saberíamos o que era imperfeição . Segundo Descartes , Deus não 
teria criado outros seres perfeitos porque senão auto anulava-se. 
A segunda prova era a Prova da Participação , pois o ser humano ao olhar para as suascaracterísticas tem 
que supor que existe um ser que não se engana. 
O último argumento para provar a existência de Deus é o do Santo Anselmo ( filósofo do século XII ) , no 
qual se diz que um ser perfeito senão existisse não era perfeito. Dentro da ideia de Deus está na ideia de 
perfeição e dentro desta encontra-se a ideia de existência .Descartes faz uma analogia a um triângulo que 
contêm em si três ângulos para explicar este argumento. 
Na quinta parte , Descartes fala-nos da 3ª certeza a que chegou . Descartes , na quarta parte da obra , 
volta a afirmar que Deus existe e é um ser perfeito. Se Deus é perfeito então a hipótese de ser um ser 
superior malvado e enganador é excluída .Logo se Deus , que criou o nosso mundo , é perfeito e portanto 
não nos engana , a realidade física que percepcionamos existe. 
Nesta parte , Descartes distingue , também , claramente alma ( res cognita ) de corpo ( res extensa ) . 
A sexta parte da obra serve como conclusão da mesma . Nesta , Descartes refere-se a Galileu Galilei 
e à sua condenação por parte da Igreja , mostrando também o autor algum receio em que a sua obra não seja 
bem recebida pela Igreja e também ele seja condenado. 
Descartes , nesta parte , afirma que existem muitos mais tópicos sobre os quais ele gostaria de estudar e 
escrever , e menciona a importância da obra estar escrita em francês , ao contrário do latim ( língua em que 
normalmente as obras cientificas eram escritas e que pouca gente conhecia ) o francês , conhecido por muito 
mais gente permitia uma divulgação da obra , não só dentro da comunidade cientifica , mas sim para toda a 
população. A obra estava escrita de uma forma que todas as pessoas eram capazes de a compreender , não só 
as que possuíam conhecimentos no campo da Filosofia. Desta forma , mais gente a leria e causaria um maior 
impacto. O autor mostra assim uma grande preocupação pela divulgação da Filosofia. 
Texto retirado do site: http://apontamentosecundario.blogs.sapo.pt/269.html

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