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Artigo workshop DEMANDA DE ENERGIA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

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I WORKSHOP DE ENERGIA E SUSTENTABILIDADE 2016 
 
 
 
DEMANDA DE ENERGIA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 
Heverton Bacca Sanches1, Prof. Dr.Antonio Cesar Germano Martins 2 
1GASI, Ciências Ambientais, UNESP “Júlio de Mesquita Filho” Campos Sorocaba 
 
Abstract Investing in energy efficiency projects can have a 
cost and return more attractive or better than investments in 
generation of new sources of energy. 
The residential, building and commercial, industrial and 
transport may have interesting opportunities for design 
application for energy efficiency. 
Finding technological solutions of low or quick cost return, 
seeking the reduction of energy intensity, which is the ratio of 
energy consumed for the goods and services provided at a level 
sufficient to offset the economic growth and reduce energy 
consumption, could be a great option in terms of sustainability. 
Keywords: Energy efficiency, demand and project. 
Resumo Investir em projetos de eficiência energética pode ter 
um custo e retorno tão atraente ou melhor que investimentos 
em geração de novas fontes de energia. 
Os setores residencial, predial e comercial, industrial e de 
transportes podem ter oportunidades interessantes para a 
aplicação de projeto que visem a eficiência energética. 
Encontrar soluções tecnológicas de custo baixo ou rápido 
retorno, na busca da diminuição da intensidade energética, 
que é a razão da energia consumida para os bens e serviços 
fornecidos, em nível suficiente para compensar o crescimento 
econômico e reduzir o consumo de energia, pode ser uma 
ótima opção em termos de sustentabilidade. 
Palavras Chaves: Eficiência Energética, demanda e projeto. 
1. INTRODUÇÃO 
Fomentar a eficiência energética pode ser mais interessante do 
que investir em novas fontes de geração de energia. No Brasil, 
segundo o Relatório Resultados PROCEL 2015, a economia de 
energia, em 2014, foi de 10,517 bilhões de kWh, o que 
correspondeu a 2,2% de todo o consumo nacional de energia 
elétrica no período e ao consumo de energia anual de 
aproximadamente 5,25 milhões de residências brasileiras, ou 
1,425 milhão tCO2 equivalentes, o que corresponde às 
emissões proporcionadas por 489 mil veículos durante um ano, 
ou ainda a energia fornecida por uma usina hidrelétrica com 
capacidade de 2.522 MW em um ano. 
A base desse estudo partiu do relatório produzido sob a 
coordenação de José Goldemberg e Steven Chu, Um futuro 
com energia sustentável: iluminando o caminho, 
principalmente o capítulo 2, Demanda energética e eficiência. 
Considerando, ainda, a Série Estudos de Eficiência Energética, 
Nota Técnica 10/14, Consumo de Energia no Brasil: Análises 
Setoriais, as Avaliações do Mercado de 
Eficiência Energética no Brasil nas diferentes classes de 
consumo, como Indústria, Residência e Comércio, guiados 
principalmente pelo Procel, o Relatório Resultados Procel 2015 
e o Plano Nacional de Energia 2030 do Ministério de Minas e 
Energia, foi buscado analisar com base no relatório de José 
Goldemberg e Steven Chu, revisar, dentro de uma abordagem 
dos números brasileiros, as perpectivas para projetos de 
eficiencia energética no país. 
2. VIABILIDADE PARA PROJETOS DE 
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO BRASIL 
No brasil, há um potencial para economizar 10% de todo o 
consumo de energia. Por tipo de cliente, o maior potencial de 
redução (eficiência energética) está na residência dos 
brasileiros. A ABESCO (Associação Brasileira das Empresas 
de Serviços e Conservação de Energia) estima que poderia 
ocorrer uma redução de 15% nas casas. Esse percentual é 
maior do que o dos consumidores industrial, comercial e outros 
que poderiam economizar, em média, 6,20%; 11% e 10%. 
Já, o setor industrial brasileiro consome cerca de 35% da 
energia elétrica do país, e 2/3 dessa energia é utilizada em 
sistemas motrizes. A redução do consumo de energia pelo uso 
mais eficiente proporciona à indústria mais competitividade e 
produtividade, além de maior disponibilidade de energia e 
redução de impactos ambientais. 
 
Figura 1. Consumo de Energia por Setor em 2012. Fonte: EPE (2013c). 
Sendo assim, podemos partir do princípio que investir em 
projetos de eficiência energética pode ter um custo e retorno 
tão atraente ou melhor que investimentos em geração de novas 
fontes de energia. Vale considerar, também, que a busca pela 
sustentabilidade pode determinar não só nas mudanças na 
maneira como produzimos energia, como também, na forma 
I WORKSHOP DE ENERGIA E SUSTENTABILIDADE 2016 
 
 
como a usamos, ou seja, na eficiência energética. O que reforça 
o argumento que, muitas vezes, reduzir a quantidade de energia 
necessária para a produção de bens e serviços, pode ser uma 
oportunidade para melhorias na equação da demanda de 
energia, oferecendo benefícios de curto e longo prazos quando 
relacionado a investimentos em projetos para geração de 
energia adicional. 
Encontrar soluções tecnológicas de custo baixo ou rápido 
retorno, na busca da diminuição da intensidade energética, que 
é a razão da energia consumida para os bens e serviços 
fornecidos, em nível suficiente para compensar o crescimento 
econômico e reduzir o consumo de energia, pode ser uma 
ótima opção em termos de sustentabilidade. Além disso, vale 
sugerir políticas e planos de incentivo na busca da eficiência 
energética, para verificar, inclusive, seus resultados na 
melhoria dos níveis de bem-estar da população, segundo o 
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). 
O desenvolvimento e o emprego de tecnologias inovadoras em 
processos industriais são capazes de reduzir o consumo de 
energia, mas algumas dessas tecnologias, também, podem ser 
usadas no comércio e nos sistemas prediais, por exemplo: 
- Computação em Nuvem (cloud computing); 
- Rede Elétrica Inteligente (smart grid); 
- Sistemas de Iluminação e Light Emission Diode 
(LED); 
- Motor Elétrico de Alto Rendimento; 
- Equipamentos de Aquecimento, Ventilação e Ar 
Condicionado. 
O Relatório Resultados PROCEL 2015 coloca que a economia 
de energia no Brasil, em 2014, foi de 10,517 bilhões de kWh, o 
que correspondeu a 2,2% de todo o consumo nacional de 
energia elétrica no período e ao consumo de energia anual de 
aproximadamente 5,25 milhões de residências brasileiras, ou 
1,425 milhão tCO2 equivalentes, o que corresponde às 
emissões proporcionadas por 489 mil veículos durante um ano, 
ou ainda a energia fornecida por uma usina hidrelétrica com 
capacidade de 2.522 MW em um ano. 
Já, no setor de transportes, o consumo de energia final, ou seja, 
a demanda de energia, aumentou de 25,8% em 1990 para 
31,3% em 2012, no Brasil. O que significa um acréscimo anual 
médio de 4,1% durante o período 1990 a 2012. Vale lembrar, 
no entanto que grande parte dessa energia vem de combustíveis 
fósseis, principalmente óleo diesel. 
Sendo assim, vale considerar, também, uma abordagem no que 
diz respeito a eficiência energética no setor de transportes, uma 
vez que sabemos que os transportes ferroviários, por exemplo, 
são dez vezes mais energo-eficiente por quilómetro do que o 
transporte rodoviário, a maior demanda do setor. 
Já, para veículo leves, uma redução de 10% no peso do veículo, 
por exemplo, pode melhorar a economia de combustível em 
4% a 8%. O uso de múltiplas tecnologias, no entanto, levam à 
25% a 33% de economia de combustível sem custo adicional. 
Temos ainda o valor de 61% de aumento em economia de 
combustível utilizando tecnologia híbrida paralela a um custo 
adicional de 20% no veículo (Owen e Gordon 2003). 
Na busca de melhores resultados em eficiência energética, vale 
considerar portanto, as políticas de incentivo, como: 
- ESCOs (Energy Services Company) que são Empresas de 
Engenharia, especializada em Serviços de Conservação de 
Energia, ou melhor, em promover a eficiência energética e de 
consumo de água nas instalaçõesde seus Clientes; 
- “Feebates” - Programas visando modificar os hábitos de 
compra nos setores de transportes e energia. Impostos seriam 
cobrados nas vendas. 
2.1. Eficiência energética no setor residencial e 
comercial 
Se o maior potencial de economia de energia está na residência 
dos brasileiros, façamos uma análise desse contexto. 
Analisando o gráfico da figura 2, do Plano Nacional de Energia 
2030, observamos um aparente potencial de aplicação de 
medidas de eficiência energética na refrigeração (34%), 
aquecimento de água (25%) e ilumiação das residências (21%), 
principalmente pela aplicação de novas tecnologias mais 
eficientes. 
 
Figura 2. Estrutura de consumo de energia elétrica por uso final no setor 
residencial (%) – 2005. Fonte: EPE, 2006b. 
Em comparação com a Avaliação do Mercado de 
Eficiência Energética no Brasil: Pesquisa na Classe 
Residencial, percebemos um panorama muito próximo, porém, 
com a troca de posição entre a participação dos 
eletrodomésticos em relação ao uso final apresentado acima. 
Ou seja, nessa avaliação o chuveiro (24%) tem maior 
participação no consumo de energia, seguido por geladeira 
(22%), ar condicionado (20%) e depois lâmpadas (14%). 
I WORKSHOP DE ENERGIA E SUSTENTABILIDADE 2016 
 
 
 
Figura 3. Participação dos Eletrodomésticos no Consumo no BRASIL. 
Fonte: Avaliação do Mercado de 
Eficiência Energética no Brasil: Pesquisa na Classe Residencial. Fonte: 
Procel Info. 
Considerando os números dos dois gráficos, figuras 2 e 3, 
apresentados percebemos que as políticas de incentivo a troca 
de geladeiras em comunidades carentes, bem como políticas de 
desoneração para fabricação e venda de geladeiras novas com o 
devido cuidado para o recolhimento e devida destinação das 
antigas podem ser eficientes na busca da melhora do consumo 
de energia. 
A tabela abaixo mostra a evolução do consumo de energia 
elétrica nos refrigeradores onde pode ser visto até 26% de 
economia no tipo Refrigeradores Combinados. 
 
Tabela 1. Evolução do consumo de energia elétrica de refrigeradores com 
selo PROCEL. Fonte: Resultados PROCEL 2015 
 
A iluminação, também aparece como um importante consumo 
no uso final da energia, portanto, sugerir o uso de sistemas de 
controle da iluminação com melhor aproveitamento da 
iluminação natural, automação por meio de sensores de 
iluminação e dimerização, e principalmente a troca pela 
tecnologia de Light Emission Diode (LED), podem levar a 
ótimos resultados uma vez esta pode ser 35% mais eficiente do 
que as demais tecnologias de lâmpadas, segundo dados do 
relatório Resultados PROCEL 2015. 
Tabela 2. Luminosidade e potência de diferentes tecnologias de lâmpadas. 
Fonte:Philips
 
O aquecimento de água, representado principalmente pelo 
chuveiro elétrico, pode apresentar um grande potencial de 
economia de energia elétrica, uma vez que tecnologia de 
controle de aquecimento por dimerização é pouco conhecida. 
Podemos considerar ainda a inexistência de políticas de 
desoneração para projetos de instalação de sistemas de 
aquecimento de água por placas solares, que em conjunto com 
sistemas de dimerização podem apresentar ótimos resultados. 
 
Figura 4. Diagrama esquemático de um sistema de aquecimento solar de 
água. Fonte: Plano nacional de energia 2030. 
 
É bom observar no entanto que outros sistemas podem 
apresentar elevado investimento na instalação e maior consumo 
de água, o que pode elevar o custo por banho, conforme 
indicado na tabela 3. 
 
 
 
 
 
 
I WORKSHOP DE ENERGIA E SUSTENTABILIDADE 2016 
 
 
Tabela 3. Custo pode banho de 8 minutos. Fonte: CIRRA. 
 
Por fim, considerar projetos arquitetônicos com melhor 
circulação ou aproveitamento do ar, áreas verdes nos arredores 
das construções, bem como sistemas de climatização mais 
eficientes com variação de velocidade (Tecnologia Inverter), 
bem como isolação das áreas climatizadas na busca do melhor 
aproveitamento do ar gelado, ou ainda, sistemas de 
reaproveitamento do ar gelado, podem ajudar na melhora da 
eficiência no quesito ar condicionado. Podemos sugerir aqui 
que a mesma política de desoneração para troca de geladeiras 
antigas poderia funcionar para a troca de ares condicionados 
antigos, também. Sempre lembrando que é importantíssimo 
nesse processo recolher o ar condicionado antigo para que ele 
não seja reutilizado em outra instalação. 
Vale ressaltar aqui a característica do setor comercial e público, 
com consumo de energia mais direcionado para a climatização 
(48%) e iluminação (23%), onde as iniciativas sugeridas 
podem ser similares às apresentadas para o setor residencial, na 
busca da eficiência energética. 
 
Figura 5. Distribuição por consumo por uso final. Fonte: Avaliação do 
Mercado de 
Eficiência Energética no Brasil: Pesquisa na Classe Comercial. Fonte: 
Procel Info. 
Todas as sugestões apresentadas acima devem ser 
acompanhadas de medidas de concientização da população, 
pois o comportamento das pessoas influencia diretamente no 
bom funcionamento, na economia e eficiência energética das 
instalações residenciais e comerciais. Isso pode ser visto em 
uma pesquisa realizada em Portugal, onde 55,5% das pessoas 
afirmaram que as campanhas de sensibilização para uma 
utilização mais eficiente de energia são suficientes e 
adequadas, bem como na sugestão de quais medidas o governo 
deveria adotar, onde, 33,2% sugerem mais campanhas de 
sensibilização. 
 
Figura 6. Influencia das campanhas de sensibilização em Portugal. Fonte: 
Estudo de mercado “Mudança de Comportamento no âmbito da 
Eficiência Energética” – DATA E / ADENE 2011. 
No Brasil isso pode ser visto por meio da evolução dos 
cadastros no portal Procel Info. 
 
Figura 7. Evolução do número de usuários cadastrados no portal Procel 
Info no período 2006-2014. Fonte: Resultados PROCEL 2015. 
2.3. Eficiência energética no setor industrial 
Se o setor industrial é o maior responsável pelo consumo de 
energia, pode apresentar também, uma importa importante 
oportunidade para avanços em eficiência energética. 
Segmentando a indústria em diferentes setores, percebemos 
que a Siderugia e o Papel & Celulose apresentam os maiores 
consumos com 38% e 23%, respectivamente. 
 
Figura 8. Consumo de Energia em Indústrias Energointensivas. Fonte: 
EPE (2013b). 
I WORKSHOP DE ENERGIA E SUSTENTABILIDADE 2016 
 
 
A maior parte do consumo desses setores está nos sistemas 
motrizes, com 68% da energia elétrica usada pelo setor 
secundário. 
Tabela 4. Participação da força motriz no consumo em eletricidade na 
indústria. 
 
A sugestão para melhora do consumo energético nesse setor 
pode estar na busca da eficiência energética de bombas e 
sistemas hidráulicos, ventiladores e sistemas de ventilação, 
compressores de ar e sistemas de ar comprimido, uso de 
acionadores de velocidade variável, compressores de fluido 
refrigerante e sistemas de refrigeração e ar condicionado; 
sistemas de manuseio de material (pontes-rolantes, elevadores 
de caneca, esteiras rolantes, ensacadeiras, etc.) e de 
processamento (agitadores, peneiras, compressores de 
processo, prensas, extrusoras, máquinas-ferramenta, 
trefiladeiras etc.). 
Para tanto, alguma medidas de eficiência energética podem ser 
adotadas nos sistemas apresentados acima, como: 
- Uso de motor de alto rendimento; 
- Adequação da potência do motor à carga; 
- Uso de acionadores (conversores de freqüência, regulador de 
tensão). 
Em relação aos motores, o Brasil já vem elevando seus 
rendimento nominais tanto da linha padrão como da linha de 
alto rendimento, aplicando mecanismos de “etiquetagem e 
padronização”, desde 1993. As metas de rendimento são 
sempre estabelecidas por consenso entre os fabricantes, por 
exemplo, Weg, Kohlbach, Eberle, Sew, Siemens, a Cepelque é 
a responsável pelos testes, o Inmetro e Procel, que coordenam 
o processo. 
Outra suposição é a operação de motores a metade da sua 
carga, ou seja, sobredimencionados para a carga que operam. 
Considerando uma amostra de 2.119 motores da indústria 
brasileira analisada (GARCIA, 2003), 36% operavam a menos 
de 50% da carga nominal. Operar a baixa carga significa operar 
a baixo rendimento, em especial quando a carga é menor que a 
metade da nominal. 
Já o uso de acionadores como conversores de freqüência, 
regulador de tensão, entre outros equipamentos, pode alcançar 
50% de economia em aplicações de acionadores de velocidade 
ajustável. Sem contar a possibilidade de contar com uma série 
de benefícios adicionais à economia de energia, como melhor 
controle do processo, redução de ruído, redução da manutenção 
necessária pelas partidas e paradas mais suaves, não só para a 
bomba e o motor, como para todo o sistema hidráulico por 
evitar os golpes de aríete, por exemplo. 
Sendo assim, políticas de estímulo para a troca dos motores 
antigos por novos, seriam muito bem-vindas, portanto, 
programas de desconto, contratos de performance de energia e 
leilões de eficiência energética podem ser medidas adequadas 
para incentivar o uso destes motores. Aí entra a importância 
das ESCOs que podem ser as empresas que facilitarão o 
crédito, treinamento, darão o apoio institucional e porque não, 
farão a conscientização para a evolução da utilização de 
motores com maior rendimento. 
 
2.3. Eficiência energética no setor de transportes 
Por fim, porém, não menos importante, analisemos o setor dos 
transportes, aparentemente sem a devida atenção no que diz 
respeito às ações e políticas para eficiência energética no 
Brasil, apesar de ser o segundo setor no quesito consumo. 
 
 
Figura 9. Consumo de Energia no Setor Transportes por Fonte. Fonte: 
EPE (2013b). 
Vale considerar a predominância do óleo diesel e da gasolina, 
principalmente devido a estrutura de transportes no Brasil, 
majoritariamente rodoviária, representada pela utilização de 
caminhão, ônibus, automóveis, comerciais leves e 
motocicletas. Isso pode ser percebido na figura 10, onde os 
modais aéreo, hidroviário e ferroviário não representam 10% 
do consumo de energia no setor em 2012. 
 
Figura 10. Consumo de Energia no Setor Transportes por Modal. Fonte: 
EPE (2013b). 
I WORKSHOP DE ENERGIA E SUSTENTABILIDADE 2016 
 
 
É importante ressaltar ainda que mais do que a predominância 
rodoviária, o transporte de passageiros é maior do que o 
transporte de cargas. 
 
Figura 11. Divisão do Consumo de Energia no Setor Transportes. Fonte: 
EPE (2012). 
E ainda percebendo um maior consumo de gasolina e álcool, a 
predominância é do transporte individual, uma vez que 
veículos de carga tendem a utilizar motores à diesel. 
 
Figura 12. Evolução da demanda de combustíveis por veículos leves. 
Fonte: EPE (2012) e EPE (2013c). 
Uma das possíveis abordagens para melhorar o consumo desse 
setor poderia ser a melhora da eficiência dos veículos leves, 
porém, o que pode ser visto é uma melhora pela utlização de 
motores Flexfuel, principalmente quando utilizam gasolina 
(17% entre 2003 e 2009, de 10,3 km/l para 12 km/l), conforme 
visto na figura abaixo. 
 
Figura 13. Evolução da eficiência dos veículos leves. Fonte: MMA (2014). 
Porém, apesar desse panorama, pode ser verificado a partir de 
2001 um importante decréscimo na venda de veículos de 
1000cc, e um aumento nas vendas de veículo com maior 
motorização. 
 
Figura 14. Participação dos automóveis 1000cc no total licenciado. Fonte: 
ANFAVEA (2013). 
Apesar de existirem políticas voltadas ao incentivo para 
melhoria da eficiência dos veículos novos de ciclo Otto no 
Brasil, promovidas pelo INMETRO para a indústria, como por 
exemplo o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, 
podemos sugerir que apenas a sensibilização e conscientização 
dos consumidores pode melhorar o panorama de consumo de 
combustíveis. 
Além disso, a desoneração para a produção de veículos 
híbridos e até mesmo elétricos poderia ajudar muito nesse 
panorama brasileiro, com hegemonia do transporte individual, 
uma vez que a tecnologia híbrida leva a até 61% de aumento 
em economia de combustível a um custo adicional de 20% no 
veículo (Owen e Gordon 2003). 
Agora, políticas de estímulo ao uso de transporte coletivo, 
principalmente o hidroviário e ferroviário, no Brasil, poderiam 
ajudar a mudar a característica de consumo de combustíveis e 
portanto do consumo energético brasileiro. Para tal iniciativa 
vale considerar a utilização de tecnologias com avanços 
hidrodinâmicos e aerodinâmicos, bem como a utilização de 
combustíveis mais eficientes ou até mesmo eletricidade para o 
caso do transporte ferroviário. A mesma análise pode ser 
considerada para o transporte de carga. 
Aqui vale relembrar os “Feebates”, que são programas visando 
modificar os hábitos de compra nos setores de transportes e 
energia. Impostos seriam cobrados nas vendas de veículos com 
baixa eficiência e descontos seriam dados para veículos mais 
eficiêntes. 
 
3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
Considerando o clima e intensidade solar no Brasil, a melhor 
utilização, ou mesmo, a desoneração ou estímulo ao uso de 
sistemas de aquecimento solar pode ajudar na diminuição do 
consumo de energia em sistemas de aquecimento de água. 
Sugerir o uso de sistemas de controle da iluminação com 
melhor aproveitamento da iluminação natural, automação por 
meio de sensores de iluminação e dimerização, e 
principalmente a troca pela tecnologia de Light Emission 
Diode (LED), podem levar a ótimos resultados não só nas 
residências como nos prédios comerciais, públicos e até mesmo 
nas indústrias. 
I WORKSHOP DE ENERGIA E SUSTENTABILIDADE 2016 
 
 
Projetos arquitetônicos com melhor circulação ou 
aproveitamento do ar natural, áreas verdes nos arredores das 
construções, bem como sistemas de climatização mais 
eficientes com variação de velocidade (Tecnologia Inverter), 
bem como isolação das áreas climatizadas na busca do melhor 
aproveitamento do ar gelado, ou ainda, sistemas de 
reaproveitamento do ar gelado, podem ajudar na melhora da 
eficiência no quesito ar condicionado. 
Na indústria percebemos qua ainda existem oportunidades 
principalmente nos sistemas motrizes, ou seja, pela utilização 
de motores elétricos com maior rendimento, cálculo mais 
adequado as cargas que esses motores acionam e a utilização 
de inversores de frequência e soft-starters, por exemplo. 
Finalmente, pelos números e sugestões apresentadas, podemos 
verificar grandes oportunidades no setor de transportes, o 
segundo maior consumidor de energia no país. Porém, isso 
passará principalmente por uma mudança nas políticas e 
planejamento para esse setor, dando maior prioridade ao 
transporte coletivo e de carga pelos modais hidroviários e 
ferroviários, pouco utilizados, no entanto com muito potencial. 
Podemos observar ainda que o Brasil preferiu adotar políticas 
de estímulo ao desenvolvimento da eficiência dos veículos 
novos por Ciclo Otto, e tecnologia Flexfuel, ou seja, que 
podem ser abastecidos por gasolina ou álcool, porém, pode ser 
importante iniciar um projeto de estímulo ao desenvolvimento 
e adoção de veículos híbridos e elétricos, principalemente pelo 
fato dos números do transporte individual serem elevados, no 
país. 
4. CONCLUSÕES 
Percebemos que o Brasil por meio do ministérios de Minas e 
Energia, da Empresa de Pesquisa Energética, do Procel, do 
INMETRO, da ANEEL e outros, conhece as características e 
números do consumo energético nos seus setores residencial, 
predal público e comercial, industrial e de transportes, porém, 
parece não buscar com a agressividade necessária as 
oportunidades custo-efetivas para melhorar a eficiência 
energética e reduzira intensidade energética na sua economia. 
Se a adoção de tecnologias mais eficiêntes é dificultada pelo 
custo, desonerá-las pode ser a solução mais interessante para a 
sua utilização imediata. Além disso, as novas tecnologias 
trazem novas oportunidades para um mercado muitas vezes 
saturado ou ineficiente. 
Portanto, as ESCOs (Energy Services Company) que são 
Empresas de Engenharia, especializada em Serviços de 
Conservação de Energia, podem ser a solução imediata e mais 
interessante para desenvolver e estimular a adoção de medidas 
de eficiência energética, seja nos setores residencial, predial e 
industrial. 
Cabe, ainda, sugerir o início imediato de um projeto de 
estímulo ao desenvolvimento e adoção de veículos híbridos e 
elétricos, principalmente pelo fato dos números do transporte 
individual serem elevados, no país. 
Finalmente, pela diminuição da utilização do transporte 
individual e também do consumo de combustíveis fósseis, é 
importante para o país estimular o desenvolvimento dos modais 
hidroviários e ferroviários, não só para o transporte coletivo, 
como para o de carga, o que poderia refletir diretamente no 
consumo de diesel. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
[1] Goldemberg, José e Steven Chu (2007). Um future com 
energia sustentável: iluminando o caminho. FAPESP, 
Academia Brasileira de Ciências e InterAcademy Council; pp. 
85−134. 
[2] Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa 
Energética. Série Estudos de Eficiência Energética, Nota 
Técnica 10/14, Consumo de Energia no Brasil: Análises 
Setoriais. Brasília, 2014. Relatório. PDF. 
[3] ELETROBRAS. Procel. Resultados Procel 2015: Ano Base 
2014. Brasília, 2015. Relatório. PDF. 
[4] Grupo de Chuveiros da Abinee - GCA - e o CIRRA (Centro 
Internacional de Referência em Reuso de Água). USP. 
Avaliação do consumo de insumos em chuveiro elétrico, 
chuveiro híbrido, aquecedor a gás, aquecedor solar e aquecedor 
de acumulação elétrico. São Paulo, 2009. Relatório. PDF. 
[5] Ministério de Minas e Energia. Secretaria de Planejamento 
e Desenvolvimento Energético. Plano Nacional de Energia 
2030. Brasília, 2007. Relatório. PDF. 
[6] http://www.procelinfo.com.br/. Acesso em: 29 de maio. 
2016.