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Artigos científicos para auxilo de TCC - Mecanica dos solos

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Estudo sobre Métodos de Diagnóstico Ambiental de Nascentes em 
Unidade de Conservação Permanente 
 
Leonardo Augusto Lobato Bello 
Universidade da Amazônia, Belém, Brasil, leonardobello@unama.br 
 
Fábio Flávio Marçal Torres 
Universidade da Amazônia, Belém, Brasil, torresffm@gmail.com 
 
Alberto Carlos de Melo Lima 
Universidade da Amazônia, Belém, Brasil, acmlima@gmail.com 
 
Tácio Mauro Pereira de Campos 
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, tacio@puc-rio.br 
 
RESUMO: O presente trabalho apresenta um estudo a respeito das metodologias existentes sobre 
mapeamento de nascentes para fins de diagnóstico ambiental, com o foco especial no Parque 
Ambiental do Utinga, em Belém, que é uma Unidade de Conservação inserida no contexto urbano. 
Para tanto, realizou-se levantamento bibliográfico e documental de casos que relatassem 
experiências na utilização de métodos para mapeamento e identificação de nascentes, em seguida, 
propôs-se a segregação destas metodologias, de acordo com o modelo de aplicação delas em 
categorias distintas, A partir disto, as metodologias identificadas nos trabalhos pesquisados foram 
elencadas e segregadas de acordo com as categorias propostas, realizando-se também pontuações de 
suas respectivas vantagens e desvantagens de modo que seja possível dar condições de optar por um 
método mais adequado a utilização desejada. Como resultado, foi possível identificar os desafios na 
gestão do Parque do Utinga e apontar procedimentos a serrem seguidos pelo Plano de Manejo do 
Parque, a fim de realizar o mapeamento e diagnóstico das nascentes na cabeceira dos lagos de 
abastecimento da cidade de Belém. De uma forma geral, os métodos de mapeamento e cadastro 
envolvem caminhamentos observacionais de campo, técnicas de georeferenciamento, indicadores 
topográficos e hidrográficos. Por sua vez, o diagnóstico é feito por meio de parâmetros físicos, 
químicos, biológicos em associação com técnicas qualitativas de avaliação de impacto ambiental. 
Por fim, apresentam-se algumas metodologias de preservação e conservação de nascentes, baseadas 
na proteção física do local e readequação do uso e ocupação do solo no entorno. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Nascentes, Diagnóstico, Preservação, Parque Utinga 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Este artigo é resultado de atividades realizadas a 
partir de um projeto de pesquisa em andamento 
na Universidade da Amazônia (Unama), ainda 
em fase inicial, que tem como objetivo mapear 
e estudar a qualidade de nascentes que ocorrem 
em áreas urbanas, particularmente aquelas 
inseridas na área do Parque Ambiental do 
Utinga (PEUT), este caracterizado como uma 
Unidade de Conservação (UC) de Proteção 
Integral, inserido na área metropolitana da 
cidade de Belém. 
O PEUT é uma área de domínio público 
estadual, sendo gerenciado pela Secretaria de 
Estado de Meio Ambiente do Pará (SEMA-PA), 
que detém os mananciais de abastecimento de 
água da Região Metropolitana de Belém, os 
quais têm sofrido pressões antrópicas oriundas 
do desenvolvimento urbano das cidades de 
Belém e Ananindeua, que aportam carga de 
resíduos e contaminantes, tanto no ambiente 
superficial quanto em subsuperfície. Este 
cenário de desenvolvimento da urbe tem se 
constituído muito em função do processo 
formação e crescimento das cidades que se 
caracterizou pela ausência de planejamento e 
consequente destruição dos recursos naturais, 
incluindo, algumas vezes, áreas notoriamente 
consideradas como de proteção, como é o caso 
das nascentes e corpos hídricos de água. 
Nestes casos, além da urbanização que se 
impõe sobre o afloramento hídrico, a 
devastação dos recursos naturais no seu 
entorno, advindos do processo de ocupação 
urbana, interfere também na dinâmica das 
microbacias hidrográficas da urbe tendo como 
principal consequência o desenvolvimento da 
erosão hídrica, assoreamento e desaparecimento 
das nascentes incluídas nestas regiões. 
 Infelizmente, no presente não existe 
corriqueiramente um mapa cadastral das 
nascentes na área do PEUT, com estudos 
sistematizados sobre suas características. 
Contudo existem estudos sobre a qualidade das 
águas dos mananciais e subterrâneas. 
 Assim, este artigo representa a fase inicial da 
pesquisa e apresenta uma revisão sobre alguns 
métodos empregados no mapeamento e 
avaliação da qualidade e na preservação de 
nascentes a serem empregados nas pesquisas 
dentro do parque. 
 
 
2 NASCENTES: DEFINIÇÕES E 
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA 
 
2.1. Código Florestal e as Nascentes 
 
A Lei Nº 12.651, de 25 de maio de 2012, a 
qual institui o Código Florestal Brasileiro, 
dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e 
estabelece normas gerais para áreas de 
preservação permanente. Nela, definem-se 
como Áreas de Preservação Permanente (APP) 
as áreas protegidas, cobertas ou não por 
vegetação nativa, com a função ambiental de 
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a 
estabilidade geológica e a biodiversidade, 
facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, 
proteger o solo e assegurar o bem-estar das 
populações humanas. Além disto, a referida Lei 
define nascente como: “...afloramento natural 
do lençol freático que apresenta perenidade e dá 
início a um curso d’água...” e olho d’água 
como: “...afloramento natural do lençol freático, 
mesmo que intermitente...”. 
A área situada ao redor de uma nascente ou 
olho d’água constitui-se como APP e, ainda que 
intermitente, deverá ser protegida em um raio 
de cinquenta metros, de tal forma que proteja, 
em cada caso, a bacia constituinte. (CONAMA 
nº 303/2002). 
Felippe (2009) considera como nascente um 
sistema ambiental que se integra à rede de 
drenagem superficial, devido o afloramento da 
água subterrânea ocorrido naturalmente, de 
modo perene ou temporário. Em virtude de seu 
valor inestimável dentro de uma propriedade 
agrícola, deve ser tratada com cuidado especial. 
Calheiros (2004) ressalta que evidências de 
água fornecida de boa qualidade, abundante e 
contínua caracterizam uma nascente ideal. 
As nascentes são tradicionalmente 
caracterizadas na literatura especializada a partir 
do regime hidrológico sazonal, vazões, tipo de 
exfiltração e morfologia (Felippe et al. 2009 
apud Faria, 1997; Valente e Gomes, 2005, Todd 
e Mays, 2005). 
 
2.2. Ciclo Hidrológico e Hidrogeologia das 
Nascentes 
 
A chuva apresenta alguns destinos dentro da 
área de uma bacia hidrográfica, sendo 
parcialmente interceptada pela vegetação 
evaporada, retornando para a atmosfera, parte 
escoa superficialmente formando enxurrada. No 
entanto, a parte de maior interesse no contexto 
das nascentes é aquela que se infiltra no solo 
(Calheiros, 2004). A Figura 1 apresenta a 
dinâmica das águas e alguns tipos de nascentes 
possíveis. 
Quando a região saturada se localiza sobre 
uma camada impermeável e possui uma 
superfície livre sem pressão, a não ser a 
atmosférica, tem-se o chamado lençol freático 
ou lençol não confinado. Quando se localiza 
entre camadas impermeáveis e condições 
especiais que façam a água movimentar-se sob 
pressão, tem-se o lençol artesiano ou lençol 
confinado. 
A localização das nascentes se dá 
comumente em encostas ou depressões do 
terreno, podendo também ocorrer no nível de 
base, representada pelo curso d’água local; 
podem ser perenes (de fluxo contínuo), 
temporárias (de fluxo apenas na estação 
chuvosa) e efêmeras (surgem durante a chuva, 
permanecendo por apenas alguns dias ou horas). 
 
 
Figura 1. Ilustração da dinâmica das águas - nascentes 
 
O nível do lençol freático é elevado até a 
superfície provocando o encharcamento do solo 
devido ao armazenamento de água infiltrada 
oriundo de partes mais baixas do terreno 
(SEMA–PR, 2010). São conhecidas como 
difusas, as várias e pequenas nascentes, 
espalhadas por todo oterreno, provenientes 
deste encharcamento. Enquanto que as que 
apresentam descarga do aquífero concentrada 
em uma pequena área localizada, sem acúmulo 
de água inicial, são classificadas como pontuais. 
As nascentes podem ser perenes (fluxo 
contínuo) ou temporárias (fluxo sazonal). 
 
 
3 METODOLOGIA 
 
A metodologia de pesquisa utilizada neste relato 
foi baseada no estudo bibliográfico de casos 
envolvendo: (i) aspectos associados ao uso, 
ocupação e pressões urbanas no entorno do 
Parque do Utinga; (ii) métodos de avaliação de 
impacto destas pressões na qualidade de 
nascentes; (iii) metodologias de identificação e 
mapeamento de nascentes; e (iv) técnicas de 
intervenção e proteção ambiental de nascentes. 
 Para tanto, o levantamento bibliográfico 
considerou um espaço temporal de cerca de 20 
anos, uma vez que a área foi considerada como 
parque ambiental a partir de 1993. 
 Realizou-se uma compilação das 
metodologias estudadas, elencando-as e 
segregando-as de acordo com seus princípios de 
utilização e ponderando seus pontos positivos e 
negativos. Posteriormente, foi realizada uma 
análise crítica sobre as variáveis de controle dos 
desafios identificados, convergindo para uma 
síntese de procedimentos a segregação das 
metodologias, a fim de criar um cenário padrão 
dos procedimentos a serem seguidos no 
mapeamento, diagnóstico, intervenção e 
proteção das nascentes do PEUT, cujos 
resultados serão alvo de publicação específica 
posterior. As fontes primárias de consulta 
envolveram obtenção de dados e informações 
conceituais, quantitativos e qualitativos, obtidos 
em material bibliográfico e virtual cedidos pelo 
Governo Federal, através do Ministério do Meio 
Ambiente, secretarias estaduais de meio 
ambiente, em especial a do estado de São Paulo 
e do Pará, em artigos científicos eletrônicos, 
livros e bases de dissertações e teses. 
 
 
4 DESAFIOS E INTERAÇÕES DAS 
NASCENTES URBANAS 
 
4.1 Desenvolvimento Urbano e o PEUT 
 
Segundo IMAZON (2013), a história de criação 
do Parque Estadual do Utinga está intimamente 
relacionada ao histórico de abastecimento de 
água da Região Metropolitana de Belém. 
Assim, o Governo do Pará, por meio do decreto 
nº 3.251, de 12 de abril de 1984, declarou uma 
área de 1.598,10 hectares como de utilidade 
pública para fins de desapropriação, a qual foi 
denominada “Área de Proteção Sanitária - Lago 
Bolonha e Água Preta”. Posteriormente, o 
Parque Ambiental de Belém foi criado em 1993, 
pelo decreto estadual n° 1.552, com área de 
aproximadamente 1.340 hectares, como uma 
Unidade de Conservação e Proteção Integral 
proteção integral. Em seguida, a fim de se 
adequar às normativas do Sistema Nacional de 
Unidades de Conservação (SNUC), a 
designação foi alterada para Parque Estadual do 
Utinga, em 2 de outubro de 2008, pelo decreto 
estadual nº 1.330. A palavra Utinga significa 
HORIZONTE MENOS PERMEÁVEL 
PRECIPITAÇÃO ESCOAMENTO 
SUPERFICIAL 
NASCENTE COM 
ACÚMULO DE ÁGUA 
RIO 
EVAPOTRANSPIRAÇÃO 
ÁGUA 
ARMAZENADA 
NO SOLO 
EVAPORAÇÃO 
NASCENTE SEM 
ACÚMULO DE 
ÁGUA 
 
 
uma expressão tupi, que significa rio ou riacho 
de águas claras. Esse termo foi utilizado para 
homenagear os mananciais que abastecem 
Belém. Mais recentemente, os limites do parque 
foram oficialmente definidos no decreto 
estadual n° 265, de 30 de novembro de 2011, 
contendo área igual a 1.393.088 hectares. A 
figura 2 apresenta a poligonal final do PEUT e 
os seus lagos. 
 
 
 
Figura 2. Polígono final do PEUT (IMAZON, 2013). 
 
 A ocupação urbana no entorno do parque 
tem sido bastante intensa ao longo dos anos. 
Cardoso et al. (2009) apresentam uma análise 
espectral da ocupação da urbe na região e 
apontam intensificação do processo urbanístico 
(Figura 3). 
 
 
 
Figura 3. Classificação espectral de ocupação no entorno 
no PEUT (Cardoso et al., 2009). 
 
 Por sua vez, a existência de postos de 
combustíveis no entorno do Parque tem sido 
estudada por Martins et al., (2010) que relatam 
a localização de alguns postos em relação aos 
lagos Bolonha e Água Preta, o mapa de fluxo 
subterrâneo na região e nível de alteração nas 
análises das águas amostradas no local. 
 Além do eventual aporte de hidrocarbonetos 
nos mananciais do PEUT, existe a possibilidade 
de carga de contaminantes orgânicos advinda do 
esgotamento sanitário na área do entorno, uma 
vez que não há Estação de Tratamento de 
Esgoto que atenda o local e o percentual de área 
edificada no entorno do Parque é da ordem de 
60% da área total do entorno, conforme se 
observa na figura 4. 
 
 
Figura 4. Caracterização da ocupação no PEUT 
(IMAZON, 2013) 
 
 Outro desafio da manutenção da qualidade 
ambiental do PEUT relaciona-se com a 
proximidade do Aterro Controlado de Resíduos 
Sólidos Urbanos do Aurá, que dista 1,2km, e 
que descarrega seus efluentes na bacia do Aurá. 
Esta, por sua vez, desemboca adjacente à 
captação de água no Rio Guamá que abastece o 
lago Água Preta. Esta situação tem sido 
amplamente investigada por Matta, (2002), 
Morales (2002), Bahia et al. (2004) que alertam 
para este cenário. Por sua vez, aspectos sobre a 
qualidade da água dos reservatórios, 
considerando as pressões urbanas citadas, 
também têm sido estudados por Bahia et al. 
(2010) e Vasconcelos e Souza (2011). 
 
4.2 Impactos sobre as Nascentes 
 
O cenário de ocupação do entorno no PEUT 
gera alterações no meio ambiente que podem 
1984 2008 
61% 
Perímetro do 
Parque - PEUT 
Lago Bolonha 
Lago Agua Preta 
Limite do 
Entorno 
Perímetro do 
Parque - PEUT 
Área 
edificada no 
entorno do 
Parque (61%) 
afetar a dinâmica das nascentes. Felippe e 
Magalhães Jr (2009) elencam alguns eventuais 
impactos e suas correlações com o sistema 
hídrico e particularmente com a dinâmica das 
nascentes (Tabela 1). 
 
Tabela 1. Impactos ambientais e suas consequências para 
a dinâmica das nascentes (Felippe e Magalhães Jr., 2009) 
 
 
4.3 Mapeamento e Diagnóstico 
 
O cadastro e o mapeamento das nascentes são 
essenciais na investigação ambiental destas. 
Infelizmente não são corriqueiros mapas como 
o apresentado por Felippe (2009) na Figura 6. 
Entretanto, Covre et al., 2009; Felippe e 
Magalhães Jr, 2009; Felippe et al., 2009; 
Galatto et al., 2011 reportam atividades de 
levantamento cadastral de nascentes para fins de 
diagnóstico ambiental, os quais, de uma 
maneira geral, empregam os seguintes 
procedimentos: 
� Interpretação de imagens preexistentes; 
mapas cadastrais de nascentes; modelos de 
elevação de terreno; mapas hidrográficos; 
imagens de satélites, ortofotos, etc. 
� Caminhamentos de campo para 
identificação dos afloramentos hídricos; 
� Entrevistas com proprietário de terras 
adjacentes para pré localização 
� Registro fotográfico, aquisição 
coordenadas geográficas e amostragens; 
� Preenchimento de cadastro em 
formulário próprio; 
� Elaboração de mapa cadastral 
georeferenciado em escala 1:10.000. 
 Por sua vez, o diagnóstico e avaliação da 
qualidade ambiental de nascentes reportados na 
literatura, de uma forma geral, apontam para o 
seguinte procedimento: 
� -Avaliação de parâmetros da água (físicos, 
químicos e microbiológicos); 
� -Levantamentos faunísticos e florísticos 
� -Avaliação do uso e ocupação do solo 
� -Análises qualitativas de impacto 
 
 
Figura 6. Localização das nascentes do parque 
Mangabeiras – BH (Felippe, 2009) 
 
 Diagnósticos baseados em parâmetros de 
qualidade da água são reportados por Xavier e 
Teixeira (2007), Bortolozo et al. (2013) e Silva 
et al. (2013). 
 Análises com base no nível qualitativo e 
descritivo de degradação têm sido empregadas 
por Pinto et al. (2004), Santos Jr et al. (2009) e 
Oliveira e Gomes (2012), e análises do uso e 
ocupaçãodo entorno de nascentes têm sido 
realizadas por Lozinski et al. (2010) e Oliveira 
et al. (2010) 
 Ressalta-se, entretanto o uso do Índice de 
Impacto Ambiental em Nascentes (IIAN) como 
ferramenta corriqueira para a análise qualitativa 
de nascentes realizadas com sucesso por Gomes 
et al. (2005), Felippe (2009), Felippe et al. 
(2009), Pesciotti et al. (2010) e Franca Junior e 
Villa (2013). Nestes casos, o IIAN considerou 
parâmetros macroscópicos que são passíveis de 
identificação visual e sobre os quais são 
atribuídas qualificações vinculadas a valores 
específicos (tabela 2). A soma dos valores provê 
o indicador numérico de impacto, o qual é 
usado para designar a classe da nascente e a 
pressão que ela recebe conforme tabela 3. 
Fizzola et al. (2013) atribuiu peso de 
importância aos parâmetros macroscópicos 
sugeridos por Felippe (2009). 
 
Tabela 2. Índice de Impacto Ambiental em Nascentes 
(Adaptado de Felippe (2009) por Fizzola et al. (2013)) 
Parâmetros 
Macroscópicos com 
pesos 
Qualificação 
Ruim (1) Médio (2) Bom (3) 
Odor da água (2) forte com odor não há 
Lixo ao redor da 
nascente (3) muito pouco não há 
Materiais flutuantes 
(lixo na água) (5) muito pouco não há 
Óleos (5) muito pouco não há 
Esgoto na nascente (5) visível provável não há 
Vegetação (4) 
primária 
(nativa, não 
alterada) 
secundária 
(alterada, 
espécies 
invasoras) 
ausente 
Uso da nascente (3) dessedentação de animais 
captação 
humana não há 
Acesso (1) fácil difícil sem 
acesso 
Equipamentos urbanos 
(3) 
a menos de 50 
metros 
entre 50 e 
100 metros 
> 100 
metros 
 
Tabela 3. Classificação das nascentes quanto aos 
impactos macroscópicos. (Adaptado de Felippe (2009) 
por Fizzola et al. 2013) 
Classe Classe de Pressões e Impactos Pontuação 
A Muito altos 74 – 87 
B Baixos 60 – 73 
C Medianos 45 – 59 
D Elevados 32 – 45 
E Muito Elevado 31 
 
 Além do IIAN, Fizzola et al. (2013) 
reportam o emprego do Índice de 
Vulnerabilidade Intrínseca dos Aquíferos à 
Poluição (IVIAP), adaptado de Aller et al. 
(1987) e de Nobre et al. (2008), que é composto 
por seis parâmetros: profundidade do nível 
freático, recarga, meio aquífero, mapa de 
pedocobertura, topografia e condutividade 
hidráulica, cada um destes com pesos 
específicos, aos quais são atribuídas 
qualificações e notas de vulnerabilidade que, 
quando somados e comparados com a tabela 
chave de valoração, provêm classificação dos 
aquíferos quanto à vulnerabilidade intrínseca. A 
relação entre IIAN e IVIAP designa a matriz de 
classificação do Índice de Risco à Poluição das 
Águas de Nascentes (Tabela 4). 
 
Tabela 4. Matriz de classificação do Índice de Risco à 
Poluição das Águas de Nascentes (Fizzola et al. 2013) 
 
 
 
4.4 Intervenção e Proteção 
 
Após o mapeamento e identificação das 
nascentes, seguido do diagnóstico e avaliação 
de impacto ou risco de poluição, há necessidade 
de implantar um Plano de Intervenção e 
Monitoramento, considerando que as áreas de 
nascentes são Áreas de Proteção Permanente 
(APP). Neste sentido, as ações contidas nos 
planos de intervenção na APP devem prever: 
� Extinção imediata de aportes de resíduos; 
� Readequação do uso e ocupação do solo; 
� Efetivação de políticas de educação 
ambiental; 
� Restrição de acesso de pessoas e veículos 
no local; 
� Implantação de técnicas de reparo e 
conservação; 
� Recomposição da cobertura vegetal; 
� Monitoramento da qualidade da água. 
 
De acordo com SEMA-PR (2010), as 
técnicas antigas para proteção de nascentes 
baseavam-se em construir caixas ou pequenas 
barragens sobre a nascente, o que gerava 
alterações nos terrenos da região de aplicação 
da técnica. No entanto, atualmente, as técnicas 
sofreram mudanças, apresentando-se maneiras 
variadas. 
Calheiros et al. (2004) apresentam algumas 
técnicas de reparo e conservação de nascentes, 
objetivando evitar a contaminação destas. 
Dentre elas, citam-se: (i) caixa de proteção do 
tipo trincheira; (ii) captação com drenos 
cobertos; e (iii) instalação do protetor de fonte 
Caxambu. 
 A técnica (i) é realizada a partir da abertura 
de trincheira em posição transversal à direção 
do fluxo até penetrar na camada permeável por 
onde corre o lençol. Por sua vez, na técnica (ii) 
constroem-se drenos cobertos com tubos que 
irão conduzir a água por gravidade. Ressalta-se 
que há necessidade de definir através de 
sondagem os pontos de penetração para 
captação do dreno (Daker, 1996 apud Calheiros, 
2004). Por fim, a técnica (iii) apresentada pela 
instalação de um protetor de fonte Caxambu, o 
qual consiste em um conjunto de tubulações, 
um tudo principal a base de concreto e quatro 
tubos de saída de PVC, que controlam o 
escoamento de água em duas saídas, com o 
objetivo de limpeza e captação. 
 Crispim et al. (2012) descrevem a técnica de 
Solo-Cimento que consiste em proteger 
nascentes por meio da utilização de argamassa 
de solo do local e cimento, de modo a proteger 
contra processos erosivos, permitir a limpeza da 
nascente e aumentar o fluxo de água. No 
campo, a técnica envolve inicialmente a coleta 
do solo do local, peneiramento do material e 
adição de cimento na proporção de 3 partes de 
solo para 1 parte de cimento. A nascente a ser 
aplicada a técnica passa por um processo de 
limpeza do local, seguida de pequena escavação 
e aumento da área de drenagem e colocação de 
agregado graúdo como elemento filtrante (pedra 
rachão, brita ou seixo). Em seguida, aplica-se o 
solo-cimento constituindo inicialmente uma 
barreira ao fluxo sobre a qual se instalam os 
tubos de drenagem e limpeza. Finalmente, 
aterra-se o topo do elemento drenante com o 
solo-cimento, deixando um tubo de limpeza 
vertical que deverá permanecer fechado. 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
As nascentes são áreas de proteção permanente, 
preconizadas em Lei. Entretanto, quando 
inseridas em contexto urbano padecem pelo 
avanço da urbe sobre elas e, por vezes, pelo 
descaso do Poder Público em frear tal avanço e 
garantir sua preservação. Neste contexto, o 
mapeamento, diagnóstico e preservação de 
nascentes são ações necessárias e fundamentais 
para o estabelecimento de preceitos ambientais 
cabíveis, com base sustentável. As técnicas 
descritas no presente relato são usuais e estão 
disponíveis corriqueiramente para os órgãos 
públicos, academia e demais setores pertinentes. 
O emprego de técnicas de geoprocessamento 
associada com métodos qualitativos de 
avaliação de impacto, permeadas com 
investigações laboratoriais da qualidade da água 
e da ocupação do solo são práticas a serem 
seguidas no diagnóstico ambiental de nascentes. 
Adicionalmente, técnicas simples de 
restauração e proteção física das nascentes, 
restauração da mata nativa ou ciliar e políticas 
de educação ambiental são práticas que devem 
ser incorporadas ao dia-a-dia dos gestores. O 
Plano de Manejo do PEUT tenta incorporar 
estas fundamentações, de maneira conjunta com 
projetos de pesquisa como o que se pretende 
com este relato, a fim de se desenvolver um 
plano metodológico eficaz para mapeamento de 
nascentes do PEUT, onde seja possível 
identificar a ocorrência, o diagnóstico ambiental 
e efetivar intervenções em conjunto com o 
Poder Público, por intermédio da SEMA-PA. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BAHIA, V. E.; FENZL, N.; LEAL, L. R. B. e 
MORALES, G. P. (2010). Avaliação hidroquímica 
dos recursos hídricos na área de abrangência do 
Parque Estadual do Utinga, Belém(PA) Qualidade das 
águas subterrâneas da bacia do Murucutu, Belém – 
PA. Anais... XVI Congresso Brasileiro de Águas 
Subterrâneas e XVII Encontro Nacional de 
Perfuradores de Poços. São Luiz, Maranhão, 2010 
BAHIA, V. E.; LUIZ, J. G. e FENZL, N. (2004) 
Influência do Depósito sanitário metropolitano de 
Belém (Aurá)sobre as águas subterrâneas da área. 
Rev. Águas Subterrâneas. No. 18/Janeiro 2004 
BORTOLOZO, F. R.; FROEHNER, S. e PARRON, L. 
M. (2013). Diagnóstico ambiental de uma nascente na 
cabeceira de drenagem d rio Tibagi, município de 
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