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PESSOA JURÍDICA 01. Conceito - Também, podem ser denominada de pessoas coletivas, morais, fictícias ou abstratas. - É o conjunto de pessoas ou bens, dotado de personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei, para a consecução de fins comuns. - Pessoas jurídicas são entidades a que a lei confere personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direito e obrigações. - As pessoas jurídicas atuam na vida jurídica com personalidade diversa da dos indivíduos que a compõem. Ou seja, a pessoa jurídica não se confunde com os seus membros, sendo essa regra inerente à própria concepção da pessoa jurídica. 02. Teorias Existem teorias que procuram explicar a natureza jurídica (a existência) das pessoas jurídicas. Eis as teorias: teorias da ficção e teorias da realidade. Teoria da ficção = as pessoas jurídicas são criadas por uma ficção legal. Assim, não reconhecia existência real à pessoa jurídica, imaginando-a como abstração, mera criação da lei. Tem Savigny como seu principal defensor. Teorias da Realidade Para as teorias da realidade, as pessoas jurídicas são realidades vivas e não mera abstração, tendo existência própria como indivíduos. Teoria da realidade objetiva ou orgânica = a pessoa jurídica tem identidade organizacional própria, identidade essa que deve ser preservada. Ou seja, a pessoa jurídica tem existência própria, real, social como os indivíduos. Teoria da realidade jurídica ou institucionalista = considera a pessoa jurídica como organizações sociais destinadas a um serviço ou ofício, e por isso personificadas. Teoria da realidade técnica = a pessoa jurídica teria existência real, não obstante a sua personalidade ser conferida pelo direito. A personificação da pessoa jurídica é construção da técnica jurídica, admitindo que tenham capacidade jurídica própria. Tanto o Código Civil de 1916 quanto o Código Civil de 2002 adotaram a teoria da realidade técnica. Artigo 45, Código Civil. “Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. “Serão averbadas no registro as alterações que esses atos sofrerem”. Teoria da realidade técnica = teoria da ficção + teoria da realidade orgânica. Nessa teoria, para a pessoa jurídica existir depende do ato de constituição dos seus membros, o que representa um exercício da autonomia privada. Essa é a corrente que melhor explica o fenômeno pelo qual um grupo de pessoas, com objetivos comuns, pode ter personalidade própria, que não se confunde com a de cada um de seus membros e, portanto, a que melhor segurança oferece. 03. Características - A pessoa jurídica possui vários direitos, tais como: a) direitos relacionados com a personalidade (art. 52, CC). Ex.: nome. b) direito das coisas (a pessoa jurídica pode ser proprietária ou possuidora); c) direitos obrigacionais gerais (são sujeitos de direito) d) direitos industriais quanto às marcas e aos nomes (art. 5º, XXIX da CF) e) direitos sucessórios (a pessoa jurídica pode adquirir bens mortis causa, por sucessão testamentária) f) admite-se a possibilidade da pessoa jurídica sofrer dano moral, na esteira da Súmula 227 do STJ. Obs.: O dano moral da pessoa jurídica atinge a sua honra objetiva (reputação social), mas nunca sua honra subjetiva. - A pessoa jurídica tem existência distinta dos seus membros. (teoria da realidade técnica) Obs.: Tal regra pode ser afastada, nos casos da desconsideração da personalidade jurídica (art. 50, CC). Ou seja, esta exceção ocorre nos casos de desvio de finalidade ou abuso da personalidade jurídica. Enfim, a desconsideração da personalidade jurídica nada mais é do que a desconsideração daquela antiga regra pela qual a pessoa jurídica não se confunde com os seus membros. 04. Pressupostos existenciais da pessoa jurídica A) Vontade humana criadora É o elemento anímico para a formação de uma pessoa jurídica. Não se pode conceber, no campo do direito privado, a formação de uma pessoa jurídica por simples imposição estatal, em prejuízo da autonomia negocial e da livre iniciativa. É a affectio societatis. B) Observância das condições legais para a sua instituição A aquisição da personalidade jurídica exige, na forma da legislação em vigor, a inscrição dos seus atos constitutivos (contrato social ou estatuto) no registro peculiar. Obs.: Algumas sociedades, outrossim, em virtude das peculiaridades de seu objeto ou do risco que a sua atividade representa à economia ou ao sistema financeiro nacional, demandam, além do registro, autorização governamental para o seu funcionamento. Ex.: companhias de seguro Ato constitutivo Associações – não tem fins lucrativos – o ato constitutivo é o estatuto; Sociedades – Simples ou Empresárias- O ato constitutivo é o contrato Social; Fundações – o ato constitutivo é a escritura pública ou testamento. Conclui-se, portanto, que a teoria ora adotada pelo Código Civil reconhece poder criador à vontade humana, independentemente da chancela estatal, desde que respeitadas as condições legais de existência e validade. C) Licitude de seu objeto Não há que se reconhecer existência legal e validade à pessoa jurídica que tenha objeto social ilícito ou proibido por lei, pois a autonomia da vontade não chega a esse ponto. A autonomia da vontade é limitada pela lei, neste sentido. 05. Surgimento da Pessoa Jurídica A inscrição do ato constitutivo ou do contrato social no registro competente é condição indispensável para a atribuição de personalidade à pessoa jurídica. Artigo 45, Código Civil. “Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. “Serão averbadas no registro as alterações que esses atos sofrerem”. Sociedades – o contrato social deve ser registrado na junta comercial. Fundações, associações e sociedades civis – os respectivos atos constitutivos devem ser registrados no Cartório de Registro Civil das pessoas jurídicas. O registro da pessoa jurídica tem natureza constitutiva, por ser atributivo de sua personalidade, diferentemente do registro civil de nascimento da pessoa natural. Obs.: As sociedades simples de advogados só podem ser registrados na OAB. Itens do registro Artigo 46, Código Civil. O registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. As pessoas jurídicas atuam mediante os órgãos previstos no estatuto e no contrato social, que são, em geral, a diretoria e a assembléia geral ou o conselho deliberativo. Esses órgãos não representam propriamente a pessoajurídica, que não é incapaz, mas apenas presentam. Artigo 47, Código Civil. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. Artigo 48, Código Civil. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. Artigo 49, Código Civil. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório. Obs.: Sem o registro de seu ato constitutivo a pessoa jurídica será considerada irregular, mera associação ou sociedade de fato, sem personalidade jurídica, ou seja, mera relação contratual disciplinada pelo estatuto ou contrato social. 06. Grupos despersonalizados Tais grupos não possuem personalidade jurídica, mas gozam de capacidade processual e tem legitimidade ativa e passiva para acionar e serem acionados em juízo. A) Família B) Massa Falida É o acervo de bens pertencentes ao falido, após a sentença declaratória de falência decretando a perda do direito à administração e à disposição do referido patrimônio, bem como o ente despersonalizado voltado à defesa dos interesses gerais dos credores. C) Herança jacente e vacante (arts. 1891 a 1823, Código Civil) D) Espólio É o complexo de direitos e obrigações do falecido, abrangendo bens de toda natureza. E) Sociedades sem personalidade jurídica, denominadas sociedades de fato ou irregulares F) Condomínio 07. Classificação da Pessoa Jurídica Artigo 41, Código Civil. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. Artigo 42, Código Civil. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Artigo 43, Código Civil. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. Artigo 44, Código Civil. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos. VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. § 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. § 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. § 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.
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