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28/01/2013 1 CAPÍTULO 3 – DINÂMICA DOS FLUIDOS ELEMENTAR – EQUAÇÃO DE BERNOULLI – 2ª PARTE UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ENGENHARIA CIVIL E DE MINAS Prof. Eliane Justino 3.6 – EXEMPLOS DA APLICAÇÃO DA EQUAÇÃO DE BERNOULLI � Se o escoamento puder ser modelado como invíscido, incompressível e se o regime for permanente, tem-se para a Equação de Bernoulli entre dois pontos que pertencem a mesma linha de corrente, (1) e (2): � 3.6.1 – JATO LIVRE � Descreve a descarga de líquidos para a atmosfera de um grande reservatório. � Como mostrado na Figura a seguir. 28/01/2013 2 3.6.1– JATO LIVRE � Escoamento Vertical no Bocal de um Tanque 3.6.1– JATO LIVRE � Aplicando a Equação de Bernoulli entre (1) e (2): � Considerando que a referência está na saída do jato � O reservatório é de grande porte – V1 ≈ 0 – Conservação da Massa. � p1 = p2 = 0 – estão expostos à pressão atmosférica e consideraremos a pressão relativa, sendo assim os valores de p1 e p2 são nulos. � Portanto: 28/01/2013 3 3.6.1– JATO LIVRE � Para se provar que p2 = 0, ou seja esta submetido a pressão atmosférica, pode-se aplicar F = m.a na direção normal a linha de corrente entre os pontos (2) e (4). � Se as linhas de correntes na seção de descarga do bocal são retilíneas (R = ∞) segue que p2 = p4, analise a Equação abaixo. � Como (2) é um ponto arbitrário no plano de descarga do bocal, segue que a pressão neste plano é igual a atmosférica. 3.6.1 – JATO LIVRE � Note que a pressão precisa ser constante na direção normal às linha de corrente porque não existe componente da força peso ou uma aceleração na direção horizontal. � O escoamento se comporta como um jato livre, com a pressão uniforme e igual a atmosférica (p5 =0 ), a jusante do plano de descarga do bocal. � Aplicando a Equação de Bernoulli entre os pontos (1) e (5), considerando a referência no ponto (5), tem-se: 28/01/2013 4 3.6.1 – JATO LIVRE � H é a distância entre a seção de descarga do bocal e ponto (5) 3.6.1 – JATO LIVRE � Considerando agora um jato horizontal EscoamentoEscoamentoEscoamentoEscoamento HorizontalHorizontalHorizontalHorizontal nononono BocalBocalBocalBocal dededede umumumum TanqueTanqueTanqueTanque 28/01/2013 5 3.6.1 – JATO LIVRE � A velocidade na linha de centro do escoamento V2, será um pouco maior que V1, e um pouco menor do que a do fundo, V3, devido a diferença de elevação. � V1 < V2 < V3 � A velocidade na linha de centro do escoamento representa bem a velocidade média do escoamento se d << h. � Se o contorno do bocal não é suave, veja figura a seguir, o diâmetro do jato, dj, será menor que o diâmetro do orifício, dh. � Este efeito, conhecido como vena contracta, é o resultado da inabilidade do fluido de fazer uma curva de 90º. 3.6.1 – JATO LIVRE � Como as linhas de corrente no plano de saída são curvas ( R < ∞), a pressão não é constante entre as linhas de corrente. Note que é necessário um gradiente infinito de pressão para que seja possível fazer uma curva com raio nulo (R = 0). EfeitoEfeitoEfeitoEfeito dadadada VenaVenaVenaVena ContractaContractaContractaContracta numnumnumnum OrifícioOrifícioOrifícioOrifício comcomcomcom BordaBordaBordaBorda pontudapontudapontudapontuda 28/01/2013 6 3.6.1 – JATO LIVRE � A pressão mais alta ocorre ao longo da linha de centro em (2) e a mais baixa, p1 = p3 = 0, ocorre na periferia do jato. � Assim, as hipóteses de que a velocidade é uniforme, que as linhas de correntes são retilíneas e que a pressão é constante na seção de descarga não são válidas. � Entretanto, elas são no plano da vena contracta (seção a – a). � A hipótese de velocidade uniforme é válida nesta seção desde que dj << h. � O formato da vena contracta é função do tipo de geometria da seção de descarga. 3.6.1 – JATO LIVRE � Algumas configurações típicas estão mostradas na Figura ao lado juntamente com os valores típicos experimentais do coeficiente de contração, Cc. � Este coeficiente é definido pela relação Aj/Ah onde Aj é a área da seção transversal do jato na vena contracta e Ah é a área da seção de descarga do tanque. 28/01/2013 7 3.6.1 – ESCOAMENTOS CONFINADOS � São caso de escoamentos em que a pressão não pode ser determinada a priori, como acontece no caso de jato livre, visto que, a pressão em que estes escoamentos estão submetidas é diferente da pressão atmosférica. � EXEMPLO: Escoamento em bocais e nas tubulações que apresentam diâmetro variáveis. � Onde a velocidade média do escoamento varia, porque a área de escoamento não é constante. � Para solucionar este tipo de problema é utilizado o conceito de Conservação da Massa (ou Equação da Continuidade) juntamente com a equação de Bernoulli. 3.6.1 – ESCOAMENTOS CONFINADOS � Será utilizado uma Derivação a partir de argumento intuitivos para obtenção da Equação da Conservação da Massa Simplificada: � Considere um escoamento de um fluido num volume fixo, tal como um tanque, que apresenta apenas uma seção de alimentação e uma seção de descarga, como mostrado na Figura abaixo: 28/01/2013 8 3.6.1 – ESCOAMENTOS CONFINADOS � Se o escoamento ocorre em regime permanente, de modo que não existe acumulo de fluido no volume, a taxa com que o fluido escoa para o volume precisa ser igual a taxa com que o fluido escoa do volume (de outro modo a massa não seria conservada). � A vazão em massa na seção de descarga: � Onde Q é a vazão em volume (m3/s). � Se a área da seção de descarga é A e o fluido escoar na direção normal ao plano da seção com velocidade média V, a quantidade de fluido em volume que passa pela seção no intervalo de tempo δt é expressa por: 3.6.1 – ESCOAMENTOS CONFINADOS � Ou seja, igual a área da seção de descarga multiplicada pela distância percorrida pelo escoamento (Vδt). � Assim, sendo a vazão em volume dada por Q = A.V, tem se para vazão em massa: � Para que a massa no volume considerado permaneça constante, a vazão em massa na seção de alimentação deve ser igual àquela na seção de descarga. 28/01/2013 9 3.6.1 – ESCOAMENTOS CONFINADOS � Se a seção de Alimentação for (1) e a de descarga (20, tem-se: � Assim, a conservação da massa exige que: � Se a massa específica do fluido permanecer constante, ρ1 = ρ2, a Equação se torna; 3.6.1 – ESCOAMENTOS CONFINADOS � Por exemplo, se a área da seção de descarga é igual a metade da área da seção de alimentação, segue que a velocidade media na seção de descarga é igual ao dobro daquela na seção de alimentação. � EXEMPLO 3.7 – pág. 109 � A Figura a seguir mostra um tanque (diâmetro D = 1,0 m) que é alimentado com um escoamento de água proveniente de um tubo que apresenta d, igual a 0,1m. Determine a vazão em volume Q, necessário para que o nível da água (h) permaneça constante e igual a 2 m. 28/01/2013 10 EXEMPLO 3.7 – pág. 109 EXEMPLO 3.7 – pág. 109 � SOLUÇÃO � Se modelarmos o escoamento como invíscido, incompressível e em regime permanente, a aplicação da Equação de Bernoulli entre os pontos (1) e (2) resulta em: (1) � Admitindo que p1 = p2 = 0, z1 = h e z2 = 0, tem-se 28/01/2013 11 EXEMPLO 3.7 – pág. 109 � Note que o nível d’água pode permanecer constante (h = constante) porque existe uma alimentação de água no tanque. Da Equação da Conservação da massa, que é adequada para escoamento incompressível, requer que Q1 = Q2, onde Q = A.V. Assim, A1.V1 = A2.V2, ou: (2) � Assim: (3) EXEMPLO 3.7 – pág. 109 � Combinando as Equações (1) e (3), obtém-se � e: � Neste exemplo nós não desprezamos a energia cinética da água no tanque (V1 ≠ 0). Se o diâmetro do tanque é grande em relação ao diâmetro do jato (D >> d), A Eq. (3) indica que V1 << V2 e a hipótese de V1 = 0 será adequado 28/01/2013 12 EXEMPLO 3.7 – pág. 109� O erro associado com esta hipótese pode ser visto a partir da relação entre a vazão calculada admitindo que V1 ≠ 0, indicada por Q, e aquela obtida admitindo que V1 = 0, denotada por Q0. Essa relação é dada por: � A Figura a seguir mostra o gráfico dessa relação funcional. Note que 1 < Q / Q0 ≤ 1,01 se 0 < d / D < 0,4. EXEMPLO 3.7 – pág. 109 � Assim, o erro provocado pela hipótese de V1 = 0 é menor do que 1% nesta faixa de relação de diâmetros. 28/01/2013 13 EXEMPLO 3.8 – pág. 110 � A Figura abaixo mostra o esquema de uma mangueira de diâmetro D = 0,03 m que é alimentada, em regime permanente, com ar proveniente de um tanque. O fluido é descarregado no ambiente através de um bocal que apresenta seção de descarga, d, igual a 0,01 m. Sabendo que a pressão no tanque é constante e igual a 3,0 kPa (relativa) e que a atmosfera apresenta pressão e temperatura, padrões, determine a vazão em massa e a pressão na mangueira. EXEMPLO 3.8 – pág. 110 � SOLUÇÃO: � Se nós admitirmos que o escoamento ocorre em regime permanente é invíscido e incompressível, nós podemos aplicar a equação de Bernoulli ao Longo da Linha de Corrente que passa por (1), (2) e (3). Assim: � Se nós admitirmos que z1 = z2 = z3 (a mangueira está na horizontal), que V1 = 0 (o tanque é grande) e que p3 = 0 (jato livre), tem-se que: � e (1) 28/01/2013 14 EXEMPLO 3.8 – pág. 110 � A massa específica do ar no tanque pode ser obtida com a Lei do Gases Perfeito (utilizando temperatura e pressão absolutas). Assim: � Assim, nós encontramos que: e EXEMPLO 3.8 – pág. 110 � Note que o valor de V3 independe do formato do bocal e foi determinado utilizando apenas o valor de p1 e as hipóteses envolvidas na Equação de Bernoulli. A carga de pressão no tanque, p1/γ = (3000 Pa)/(9,8 m/s2) (1,26 kg/m3) = 243 m, é convertida em carga de velocidade V32/2g = (69,0 m/s2)/ (2 x 9,8 m/s2) = 243 m. � Observe que, apesar de termos utilizado pressões relativas na Equação de Bernoulli (p3 = 0), nós utilizamos a pressão absoluta para calcular a massa específica do ar com a Lei dos Gases Perfeitos. � A pressão na mangueira pode ser calculada utilizando a Eq. (1) e a Equação da conservação de massa. 28/01/2013 15 EXEMPLO 3.8 – pág. 110 � Assim: � E da Eq. (1): � A pressão na mangueira é constante e igual a p2 se os efeitos viscosos não forem significativos. O decréscimo na pressão de p1 a p2 acelera o ar e aumenta sua energia cinética de zero no tanque até um valor intermediário na mangueira e finalmente até um valor máximo na seção de descarga. EXEMPLO 3.8 – pág. 110 � Como a velocidade do ar na seção de descarga do bocal é nove vezes maior que na mangueira, a maior queda de pressão ocorre do bocal (p1 = 3 kPa, p2 = 2,96 kPa e p3 = 0). � Como a variação de pressão de (1) para (3) não é muito grande em termos absoluto, (p1 – p3)/ p1 = 3,0/101 = 0,03, temos que a variação na massa específica do ar não é significativa. (veja equação dos gases perfeito). � Assim, a hipótese de escoamento incompressível é razoável para este problema. � Se a pressão no tanque fosse consideravelmente maior ou se os efeitos viscosos forem importantes, os resultados obtidos neste exercícios não são adequados. 28/01/2013 16 EXEMPLO 3.9 – pág. 112 � Em muitos casos a combinação dos efeitos de energia cinética, pressão e gravidade são importantes no escoamento. O Exemplo 3.9 ilustra uma destas situações. � A Figura a seguir mostra o escoamento de água numa redução. A pressão estática em (1) em (2) são medidas com um manômetro em U invertido que utiliza óleo, densidade igual a SG, como fluido manométrico. Nestas condições, determine a leitura no manômetro (h). EXEMPLO 3.9 – pág. 112 28/01/2013 17 EXEMPLO 3.9 – pág. 112 � SOLUÇÃO: � Se admitirmos que o regime de operação é o permanente e que o escoamento é incompressível e invíscido, nós podemos escrever a Equação de Bernoulli do seguinte modo: � A Equação da conservação da massa pode fornecer uma segunda relação entre V1 e V2 se admitirmos que os perfis de velocidade são uniformes nestas duas seções. Deste modo: EXEMPLO 3.9 – pág. 112 � Combinando as duas últimas Equações: (1) � Esta diferença de pressão é medida pelo manômetro e pode ser determinada com os conceitos desenvolvidos no Cap. 2. Assim: � Ou (2) 28/01/2013 18 EXEMPLO 3.9 – pág. 112 � As Equações (1) e (2) podem ser combinadas para fornecer: � Mas como V2 = Q/A2. � A diferença de elevação z1 – z2 não aparece na equação porque o termo de variação de elevação na Equação de Bernoulli é cancelado pelo termo referente a variação de elevação na equação de manômetro. EXEMPLO 3.9 – pág. 112 � Entretanto, a diferença de pressão p1 – p2 é função do ângulo θ por causa do termo z1 – z2 da Eq. (1). � Assim, para uma dada vazão em volume, a diferença de pressão p1 – p2 medida no manômetro variará com o θ mas a leitura do manômetro, h, é independente deste ângulo. � Geralmente, um aumento de velocidade é acompanhado por uma diminuição na pressão. � Por exemplo, a velocidade média do escoamento de ar na região superior de uma asa de avião é maior do que a velocidade média do escoamento na região inferior da asa. Assim, a força liquida a pressão na região inferior da asa é maior do que aquela na região superior da asa e isto gera a força de sustentação na asa. 28/01/2013 19 CAVITAÇÃO � Se a diferença entre estas velocidades é alta, a diferença entre as pressões também pode ser considerável, isto pode introduzir efeitos compressíveis nos escoamentos de gases, e a cavitação nos escoamento de líquidos. � A Cavitação ocorre quando a pressão no fluido é reduzida a pressão de vapor e o líquido evapora. � Pressão de Vapor, pv, é a pressão em que as bolhas de vapor se formam num líquido, ou seja, é a pressão em que o líquido muda de fase. � Esta pressão depende do tipo de líquido e da temperatura. CAVITAÇÃO � EXEMPLO: A água evapora a 100º C na atmosfera padrão, 1,013 bar, e a 30º C quando a pressão no líquido é igual a 4,24 kPa (abs), ou seja: � pv = 4,24 kPa (abs) - a 30º C � pv = 101,3 kPa (abs) - a 100º C � É possível identificar a produção de Cavitação num escoamento de líquido utilizando a Equação de Bernoulli. � EXEMPLO: Se a velocidade do fluido aumenta, por uma redução da área disponível para o escoamento, a pressão diminuirá. 28/01/2013 20 CAVITAÇÃO � Distribuição de Pressão e Cavitação Numa Tubulação com Diâmetro Variável; CAVITAÇÃO � Esta diminuição de pressão, necessária para acelerar o fluido na restrição, pode ser grande o suficiente para que a pressão no líquido atinja o valor da sua pressão de vapor. � EXEMPLO: Cavitação pode ser demonstrada numa mangueira de jardim. � Se o bocal de borrifamento for estrangulado obtém-se uma restrição da área de escoamento, de modo que a velocidade da água nesta restrição poderá ser relativamente grande, se formos diminuindo a área de escoamento, o som produzido pelo escoamento de água mudará, um ruído bem definido é produzido a partir de um certo estrangulamento, este som é provocado pela Cavitação. 28/01/2013 21 CAVITAÇÃO � A Ebulição ocorre na Cavitação (apesar da temperatura ser baixa) e, assim, temos a formação de bolhas de vapor nas zonas de baixa pressão. � Quando o fluido escoa para uma região que apresenta pressão mais alta (baixa velocidade), as bolhas colapsam. � Este processo pode produzir efeitos dinâmicos (implosões) que causam transientes de pressão na vizinhança das bolhas. Acredita-se que pressões tão altas quanto 690 MPa ocorrem neste processo. � Se as bolhas colapsam próximas de uma fronteira física elas podem, depois de um certo tempo, danificar a superfície na área de cavitação. CAVITAÇÃO � A Figura abaixo mostra a cavitação nas pontas de uma hélice. Neste caso,a alta rotação da hélice produz uma zona de baixa pressão na periferia da hélice. Obviamente, é necessário projetar e utilizar adequadamente os equipamentos para eliminar os danos que podem ser produzidos pela cavitação. 28/01/2013 22 EXEMPLO 3.10 – pag. 114 � A Figura a seguir mostra um modo de retirar água a 20º C de um grande tanque. Sabendo que o diâmetro da mangueira é constante, determine a máxima elevação da mangueira, H, para que não ocorra Cavitação no escoamento de água na mangueira. Admita que a seção de descarga da mangueira está localizada a 1,5 m abaixo da superfície inferior do tanque e que a pressão atmosférica é igual a 1,13 bar. EXEMPLO 3.10 – pag. 114 � SOLUÇÃO: � Nós podemos aplicar a Equação de Bernoulli ao longo da linha de Corrente que passa por (1), (2) e (3) se o escoamento ocorre em regime permanente, é incompressível e invíscido. Nestas condições: (1) � Nós vamos utilizar o fundo do tanque como referência. Assim, z1 = 4,5 m, z2 = H e z3 = -1,5 m. Nós também vamos admitir que V1 = 0 (tanque grande), p1 = 0 (tanque aberto), p3 = 0 (jato livre). � A Equação da continuidade estabelece que A2V2 = A3V3. Como o diâmetro da mangueira é constante, temos que V2 = V3. Assim a velocidade do fluido na mangueira pode ser determinada com a Eq. (1), ou seja; 28/01/2013 23 EXEMPLO 3.10 – pag. 114 � A utilização da Eq (1) entre os pontos (1) e (2) fornece a pressão na elevação máxima da mangueira, p2. � A Tab. B.1 do Apêndice mostra que a pressão de vapor da água a 20º C é igual a 2,338 kPa (abs). Assim, a pressão mínima na deve ser igual a 2,338 kPa (abs) para que ocorra cavitação incipiente no escoamento. � A análise da Figura deste Exercício e da Eq. (2) mostra que a pressão mínima do escoamento na mangueira ocorre no ponto de elevação máxima. (2)(2)(2)(2) EXEMPLO 3.10 – pag. 114 � Como nós utilizamos pressões relativas na Eq. 1 nós precisamos converter a pressão no ponto (2) em pressão relativa, ou seja, p2 = 2,338 – 101,3 = - 99 kPa. Aplicando este valor na Eq. (2), temos: � Note que ocorrerá a formação de bolhas em (2) se o valor de H for maior do que o calculado e, nesta condição, o escoamento no sifão cessará. 28/01/2013 24 EXEMPLO 3.10 – pag. 114 � Poderíamos ter trabalhado com pressões absolutas (p2 = 2,338 kPa e p1 = 101,3 kPa) em todo o problema e é claro que obteríamos o mesmo resultado. Quando mais baixa a seção de descarga da mangueira maior a vazão e menor o valor permissível de H. � Nós também poderíamos ter utilizado a Equação de Bernoulli entre os pontos (2) e (3) com V2 = V3 e obteríamos o mesmo valor de H. Neste caso não seria necessário determinar V2 como a aplicação da equação de Bernoulli entre os pontos (1) e (3).. � Os resultados obtidos neste Exemplo são independentes do diâmetro e do comprimento da mangueira (desde que os efeitos viscosos não sejam importantes). Observe que ainda é necessário realizar um projeto mecânico da mangueira (ou tubulação) para assegurar que ela não colapse devido a diferença entre pressão atmosférica e a pressão no escoamento. 3.6.3 – MEDIÇÃO DE VAZÃO � Muitos dispositivos foram desenvolvidos a partir da Equação de Bernoulli, para medir velocidade de escoamento e vazões em massa, um exemplo disto é o Tubo de Pitot. � Há também os dispositivos utilizados, na medição de vazões em volume em tubos, condutos e canais abertos. � Considerando medidores de vazão “ideais”, ou seja, aqueles onde os efeitos viscosos e de compressibilidade não são levados em consideração. O objetivo disto é entender o princípio básico de operação destes medidores de vazão. � Um modo eficiente de medir a vazão em volume em tubos é instalar algum tipo de restrição no tubo e medir a diferença entre as pressões na região de baixa velocidade e alta pressão (1) e a de alta velocidade e baixa pressão (2). 28/01/2013 25 3.6.3 – MEDIÇÃO DE VAZÃO � A Figura abaixo mostra três tipos de comuns de medidores de vazão: 3.6.3 – MEDIÇÃO DE VAZÃO � A operação de cada um é baseada no mesmo princípio – um aumento de velocidade provoca uma diminuição na pressão. � A diferença entre eles é uma questão de custo, precisão e como sua condição ideal de funcionamento se aproxima da operação ideal. � Admitindo que o escoamento entre os pontos (1) e (2) é incompressível, invíscido e horizontal (z1 = z2). Se o regime de escoamento é permanente, a Equação de Bernoulli fica restrita a: (1) 28/01/2013 26 3.6.3 – MEDIÇÃO DE VAZÃO � Note que o efeito da inclinação do escoamento pode ser incorporado na Equação incluindo a mudança de elevação z1 – z2 na Equação de Bernoulli. � Admitindo que os perfis de velocidade são uniforme em (1) e (2), a Equação de Conservação da massa, pode ser rescrita como: (2) � Combinando as Equações (1) e (2), tem-se a seguinte expressão para a vazão em volume teórica: 3.6.3 – MEDIÇÃO DE VAZÃO � Assim para uma dada geometria do escoamento (A1 e A2) a vazão em volume pode ser determinada se a diferença de pressão p1 – p2 for medida. � A vazão real, Qreal, será menor que o resultado teórico porque existe várias diferenças entre o mundo real e aquele modificado pelas hipóteses utilizadas na obtenção da Equação para a vazão em volume real, estas diferenças dependem da geometria dos medidores e podem ser menor do que 1% ou tão grande quanto 40%. 28/01/2013 27 EXEMPLO 3.11 – pág. 116 � Querosene (densidade = SG = 0,85) escoa no medidor Venturi mostrado na Figura abaixo e a vazão em volume varia de 0,005 a 0,050 m3/s. Determine a faixa de variação da diferença de pressão medida nestes escoamento (p1 – p2). EXEMPLO 3.11 – pág. 116 � SOLUÇÃO: � Admitindo que o escoamento é invíscido, incompressível e que o regime é permanente, a relação entre a variação de pressão e a vazão pode ser calculada com a Equação: � Tem-se: 28/01/2013 28 EXEMPLO 3.11 – pág. 116 � A massa específica do querosene é igual a: � A diferença de pressão correspondente a vazão mínima é: � Já a diferença de pressão correspondente a vazão máxima é: EXEMPLO 3.11 – pág. 116 � Assim: � Estes valores representam as diferenças de pressão que seriam encontradas em escoamentos incompressíveis, invíscidos e em regime permanente. � Os resultados ideais apresentados são independentes da geometria do medidor de vazão – um orifício, bocal ou medidor Venturi. � A Equação: 28/01/2013 29 EXEMPLO 3.11 – pág. 116 � Mostra que a vazão em volume varia com a raiz quadrada da diferença de pressão. � Assim, como indicam os resultados do Exemplo 3.11, um aumento de 10 vezes na vazão em volume provoca um aumento de 100 vezes na diferença de pressão � Esta relação não linear pode causar dificuldade nas medição de vazão se a faixa de variação for muito larga. � Tais medições podem requere transdutores de pressão com uma faixa muito ampla de operação. � Um modo alternativo para escapar deste problema é a utilização de dois manômetros em paralelo – um dedicado a medir as baixas vazões e outro dedicado a faixa com vazões mais altas. MEDIDORES DE VAZÕES EM VOLUME EM CANAIS ABERTOS � Outros medidores de vazão, baseados na Equação de Bernoulli, são utilizados para medir vazão em canais abertos tais como as calhas e canais de irrigação. � Dois destes dispositivos de medida, a comporta deslizantes e o vertedouro de soleira delgada, serão analisados sob a hipótese de que o escoamento é invíscido, incompressível e que o regime é o permanente. 28/01/2013 30 MEDIDORES DE VAZÕES EM VOLUME EM CANAIS ABERTOS - COMPORTAS � A comporta mostrada na Figura abaixo é muito utilizada para controlar e medir vazão em canais abertos. Comporta Comporta Comporta Comporta Deslizante Deslizante Deslizante Deslizante MEDIDORES DE VAZÕES EM VOLUME EM CANAIS ABERTOS - COMPORTAS � A vazão em volume,Q, é função da profundidade de escoamento de água a montante da comporta, z1, da largura da comporta, b e da sua abertura, a. � Aplicando a Equação de Bernoulli e a Equação da Conservação de Massa (Continuidade) entre os pontos (1) e (2) pode oferecer uma boa aproximação da vazão real neste dispositivo, � Admitindo que os perfis de velocidade são suficientemente uniformes a montante e a jusante da comporta. � Aplicando a Equações de Bernoulli e da Continuidade entre (1) e (2) que estão localizados na superfície livre do escoamento tem-se 28/01/2013 31 MEDIDORES DE VAZÕES EM VOLUME EM CANAIS ABERTOS - COMPORTAS e � Como os dois pontos são superficiais, tem-se que p1 = p2 = 0. Combinando as Equações, resulta: MEDIDORES DE VAZÕES EM VOLUME EM CANAIS ABERTOS - COMPORTAS � No caso limite onde z1 >> z2, esta Equação fica reduzida a: � Neste caso limite a energia cinética do fluido a montante da comporta é desprezível e a velocidade do fluido a jusante da comporta é igual a de uma queda livre com uma altura igual (z1 – z2) ≈≈≈≈ z1. � O mesmo resultado pode ser obtido a partir da Equação de Bernoulli entre os pontos (3) e (4) e utilizando p3 = γZ1 e p4 = γz2 porque as linhas de correntes nestas sessões são retas. � Nesta formulação, em vez de temos as contribuições da energia potencial em (1) e (2) encontra-se as contribuições da pressão em (3) e (4). 28/01/2013 32 MEDIDORES DE VAZÕES EM VOLUME EM CANAIS ABERTOS - COMPORTAS � Como o fluido não pode fazer uma curva de 90º e, também encontra-se uma vena contracta que induz um coeficiente de contração, Cc = Z2/a menor que 1. � O valor típico de Cc é aproximadamente igual a 0,61 para 0 < a/z1 < 0,20. � Mas o valor do coeficiente de contração cresce rapidamente quando a relação a/z1 aumenta. EXEMPLO 3.12 – pág. 118 � A água escoa sob a comporta deslizante mostrada na Figura abaixo. Estime o valor da vazão em volume de água na comporta por unidade de comprimento de canal. 28/01/2013 33 EXEMPLO 3.12 – pág. 118 � SOLUÇÃO: � Nós vamos admitir que o escoamento é incompressível, invíscido e que o regime de escoamento é o permanente. Assim, nós podemos aplicar a Equação: � Obtém-se, Q/b, ou seja vazão em volume por unidade de comprimento do canal, dada por: EXEMPLO 3.12 – pág. 118 � Neste caso nós temos que z1 = 5,0 m e a = 0,8 m. Como a/z1 = 0,16 < 0,20, vamos admitir que Cc o coeficiente de contração, é igual a 0,61. Assim, z2 = Cc .a = 0,61 x 0,8 = 0,488 m e a vazão por unidade de comprimento do canal é: � Se nós considerarmos que z1 >> z2 e desprezarmos a energia cinética do fluido a montante da comporta, encontramos: 28/01/2013 34 EXEMPLO 3.12 – pág. 118 � Neste caso, a diferença entre as vazões calculadas dos dois modos não é muito significativa porque a relação entre as profundidades é razoavelmente grande (z1/z2= 5,0/0,488 = 10,2). � Este resultado mostra que muitas vezes é razoável desprezar a energia cinética do escoamento a montante da comporta em relação àquela a jusante da comporta. MEDIDORES DE VAZÕES EM VOLUME EM CANAIS ABERTOS – VERTEDOR0 � Um outro dispositivo utilizado para medir a vazão em canais abertos é o vertedoro. � A Figura abaixo mostra um vertedoro retangular de soleira delgada típico. 28/01/2013 35 MEDIDORES DE VAZÕES EM VOLUME EM CANAIS ABERTOS – VERTEDOR0 � Neste tipo de dispositivo a vazão de líquido sobre o vertedoro é função da altura do vertedoro, Pw, da largura do canal, b e da carga d’água acima do topo do vertedoro, H. � A aplicação da Equação de Bernoulli pode fornecer um resultado aproximado para a vazão nestas situações, mesmo sabendo que o escoamento real no vertedoro é muito complexo. � Os campos de pressão e gravitacional provocam a aceleração do fluido entre os pontos (1) e (2) do escoamento, ou seja, a velocidade varia de V1 para V2. � No ponto (1) a pressão é p1 = γ h, enquanto que no ponto (2) a pressão é praticamente igual a atmosférica p2 = 0. MEDIDORES DE VAZÕES EM VOLUME EM CANAIS ABERTOS – VERTEDOR0 � Na região localizada acima do topo do vertedoro (seção a – a) a pressão varia do valor atmosférico na superfície superior até o valor máximo na seção e de novo para o valor atmosférico na superfície inferior. � Tal distribuição de pressão combinada com as linhas de corrente curvas produz um perfil de velocidade não uniforme na seção a – a. � A distribuição de velocidade nesta seção só pode ser determinada experimentalmente ou utilizando recursos teóricos avançados.. � Analisando o problema de um modo mais simples, admitindo que o escoamento no vertedoro é similar ao escoamento num orifício com linhas de correntes livres. 28/01/2013 36 MEDIDORES DE VAZÕES EM VOLUME EM CANAIS ABERTOS – VERTEDOR0 � Se a hipótese for válida, pode-se esperar que a velocidade média sobre o vertedoro é proporcional a (2.g.H)1/2 e que a área de escoamento para o vertedoro é proporcional a H. b. Assim: � Onde C1 é uma constante que precisa ser determinada. � C1 – geralmente é determinada por via experimental. EXEMPLO 3.13 – pag. 120 � Água escoa sobre um vertedor triangular como mostrado na Figura abaixo. Determine a dependência funcional entre a vazão em volume, Q, e a profundidade H utilizando um procedimento baseado na Equação de Bernoulli. Se a vazão em volume é Q0, quando H = H0, estime qual é a vazão quando a profundidade aumenta para H = 3 H0. 28/01/2013 37 EXEMPLO 3.13 – pag. 120 SOLUÇÃO: � Se admitirmos que o escoamento é invíscido, incompressível e que ocorre em regime permanente nós podemos utilizar a equação: � Com esta, estima-se a velocidade média do escoamento sobre a comporta triangular. � Deste modo nós obtemos que a velocidade média é proporcional a (2gH)1/2. � Também vamos admitir que a área de escoamento, para uma profundidade H, é H(H.tan(θ/2). EXEMPLO 3.13 – pag. 120 � A combinação destas hipótese resulta em: � Onde C2 é uma constante que precisa ser determinada experimentalmente. � Se triplicarmos a profundidade (de H0 para 3H0), a relação entre as vazões é dada por: � Note que a vazão em volume é proporcional a H5/2 no vertedoro triangular enquanto que no retangular é proporcional a H3/2. 28/01/2013 38 EXERCÍCIOS PROPOSTOS � Exercício 3.2 – pág 130 – Modificado. � A água escoa em regime permanente no bocal mostrado na Figura abaixo. O eixo de simetria do bocal está na vertical e a distribuição de velocidade neste eixo é dada por V = 10 (1+ z) k m/s. Admitindo que os efeitos viscosos são desprezíveis. Determine (a) o gradiente de pressão necessário para produzir este escoamento (em função de z). (b) se a pressão na seção (1) é de 340 kPa, determine a pressão na seção (2) (I) integrando o gradiente de pressão obtido na parte (a) e (II) aplicando a Equação de Bernoulli, ρH20 = 998 kg/m3. EXERCÍCIOS PROPOSTOS � EXERCÍCIOEXERCÍCIOEXERCÍCIOEXERCÍCIO 02020202 - A água escoa sobre um vertedoro triangular como mostrado na figura abaixo. Determine qual é a vazão que passa neste vertedoro, sabendo que a altura de lâmina d’água acima deste é de 2,0 m e que o ângulo de abertura, θ = 30º. Considere o coeficiente de contração do vertedoro igual a 0,50. 28/01/2013 39 EXERCÍCIOS PROPOSTOS � EXERCÍCIOEXERCÍCIOEXERCÍCIOEXERCÍCIO 03030303 - E se o vertedoro fosse trapezoidal, como mostrado na Figura abaixo, com l = 1,5 m e fosse mantido mesmo valor de lâmina d’água do exercício anterior, H = 2,0 m. Considere o coeficiente de contração do vertedoro igual a 0,72. EXERCÍCIOS PROPOSTOS � EXERCÍCIOEXERCÍCIOEXERCÍCIOEXERCÍCIO 04040404 - A água escoa sobre uma comporta deslizante como mostrada na Figura abaixo. Estime o valor de vazão em volume de água na comporta.