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Espécies de Trabalho ou Relação de emprego

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DIREITO DO TRABALHO Aula 26/02/18
Há necessidades da presença de todos os requisitos ao mesmo tempo para se formado o vínculo empregatício, que são: a pessoalidade, onerosidade, subordinação, habitualidade (não-eventualidade) e alteridade, a ausência de um desses requisitos caracterizadores, seja qual for, vai passar a ser uma relação de trabalho e não de emprego.
Não esquecendo que a relação de trabalho é um gênero e a relação de emprego uma espécie. 
Hoje vamos tratar de algumas espécies de trabalho ou de relação de emprego, porque? Porque algumas tem um trato diferenciado, possui uma regulamentação especifica pela peculiaridade da atividade movida pelo trabalhador. 
1. TRABALHO EM DOMICILIO: é regulamentado pelo artigo 6º da CLT.
Esse trabalho em domicilio se caracteriza não porque o trabalhador desenvolve atividade necessariamente em sua casa ou em seu domicilio, inicialmente era assim, o trabalho desenvolvido era feito em casa, posteriormente foi se enquadrando também aquele que se desenvolve fora do estabelecimento, no domicilio ou em outro local mais oportuno para o trabalhador. O trabalho em domicilio é o executado na habitação do empregado ou em local por este escolhido, o que vai caracterizar o trabalho em domicilio é o trabalho que é realizado longe do acompanhamento direto, longe do contato direto do empregador, ou seja, a subordinação, o controle ainda existe, mas a diferença é que esse controle não é direto, não é aquele que o empregado realiza diretamente com o empregador. É aquela atividade que é desenvolvida fora do estabelecimento do empregador podendo ser no domicilio do empregado propriamente dito, mas também outro local escolhido pelo trabalhador, o que vai caracterizar é que é distante do empregador logo esse controle que é necessário para a existência do vínculo empregatício não é indireto, vai ser feito de que forma então? Pode ser feito através da produção, então o empregador diz que vai ser contratado para trabalhar e receber R$ 10,00 por cada peça produzida em que vai dá o material e no final de semana o trabalhador tem que entregar 30 peças dessa forma o empregador está controlando a produção desse empregado, não é possível nesse o controle da jornada diária, não é viável, observe que o controle como nós vimos na aula passada pode variar, nesse caso é o controle menor, mas tem que existir, caso não exista não é vínculo empregatício, muitas vezes acontece do empregador querer descaracterizar, convencer o trabalhador de que não possui vínculo empregatício para não dá os direitos trabalhistas. O artigo 6º determina que não pode haver diferença entre trabalhador em domicilio e empregado que trabalha no estabelecimento, que diferença essa que o legislador colocou no artigo 6º da CLT? 
Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego
Parágrafo único.  Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio.      
Esse artigo mostra que tem direito ao salário mínimo, 13º, férias, contribuição previdenciária, aviso prévio etc, é dizer que aquele trabalhador mesmo desenvolvendo o trabalho em domicilio ele tem direitos semelhantes ao do empregado do estabelecimento mas isso não está dizendo que tem direito as mesmas condições de trabalho, não está dizendo que aquele que trabalha no estabelecimento caso prorrogue a jornada dele tem direito a hora extra, nem que aquele que trabalha em casa tem direito a hora extra, pois as condições de trabalho são outras, quando se fala que são os mesmos direitos não está falando que são as mesmas condições, está dizendo que aqueles direitos mínimos que são previstos na legislação e norma coletiva/convenções são estendidos para aqueles que desenvolve atividade em domicilio. 
A subordinação é menos intensa uma vez que desenvolve longe dos olhos do empregador mas existe, logo o trabalho em domicilio é aquele desenvolvido longe do estabelecimento, longe do contato direto do empregador, mas esse controle ainda que menor tem que existir pois caso contrário não existirá vínculo empregatício.
Uma modalidade, uma espécie de trabalho em domicílio é a dita teletrabalho que surgiu posteriormente ao avanço da tecnologia, da prestação de serviços, da profissionalização, então houve a necessidade da legislação se adaptar, se enquadrar a modernização. O teletrabalho é desenvolvido também a distância, nesse aspecto é igual ao do domicilio, a diferença é que no teletrabralho se tem um controle virtual do empregador, ele continua longe fisicamente, mas próximo virtualmente, ou seja, a tecnologia, os meios de comunicação aproximam as partes, o trabalhador e o tomador de serviço e essa aproximação permite um controle maior do que do trabalho em domicilio, nessa modalidade a grande diferenciadora vai ser a tecnologia, porque ela vai aproximar mais o empregador do trabalhador, mas uma aproximação virtual e como consequência o controle vai ser maior. É uma forma de organização de atividade em que o trabalhador se encontra longe fisicamente na sede do empregador, mas próximo por meio telemarticos. O teletrabalho é uma modalidade nova, inclusive veio a ser regulamentado agora pela reforma trabalhista. Exemplo: existe um escritório na avenida paulista de 100 m² em que paga de aluguel R$20.000,00 por mês, existiam advogados que eram chamados somente para audiências, outros que elaboravam as peças – total de 30 advogados, então o proprietário pensou em reduzir os custos adotando a modalidade de teletrabalho permitir que esses advogados que fazem a inicial trabalhem em casa, em outro estabelecimento que não seja o meu escritório, nesse caso o proprietário alugou outro espaço de 30 metros logo vai se ter um consumo menor de energia, de agua etc em que lá vai estar presente somente três advogados e outros fazendo a comunicação através da tecnologia, exemplo através de teleconferências. Um ponto negativo para colocar nesse tipo de trabalho é o isolamento porque não tem a característica do direito de trabalho que é coletivização logo enfraquece a representatividade e com isso é tendência diminuir movimentos sindicais logo no enfraquecimento das lutas de classe. O teletrabalho não é um trabalho externo – é aquele que a pessoa não desenvolve a atividade no estabelecimento, mas desenvolve em diversos locais, mas sim um trabalho interno virtual, o teletrabalho não é desenvolvido em vários locais, é um local que não é o estabelecimento do empregador, mas é de âmbito interno e não externo logo a semelhança é que os dois são realizados fora do estabelecimento do empregador e a diferença é que no trabalho externo a pessoa desenvolve em várias localidades enquanto que no teletrabralho se tem um ponto diverso do estabelecimento do empregador, o trabalhador externo não tem direito a hora extra porque não há controle desse trabalhador enquanto que o teletrabalhador pode receber hora extra desde que haja controle.
A reforma trabalhista inseriu na CLT a modalidade teletrabalho em que é regido pelo artigo 75
Art. 75-B.  Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. 
Parágrafo único.  O comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho.
Art. 75-C.  A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado.                    
§ 1o Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho desde que hajamútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual.
§ 2o Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do empregador, garantido prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente registro em aditivo contratual. 
Art. 75-D.  As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito
Parágrafo único.  As utilidades mencionadas no caput deste artigo não integram a remuneração do empregado.
Art. 75-E.  O empregador deverá instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho.
Parágrafo único.  O empregado deverá assinar termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador.
O comparecimento esporádico do trabalhador não desqualifica como teletrabalho, desde que o trabalho não seja feito lá. A legislação colocou expressamente, isso quer dizer externado mesmo que seja de forma verbal, mas a doutrina majoritária diz que de fato essa redação indica uma forma escrita por causa das outras disposições, o importante é que seja demonstrado de forma clara que a modalidade é do teletrabalho pois é uma modalidade peculiar. A legislação disse que caso queira mudar do presencial para o teletrabalho é preciso do ajuste mutuo - acordo, porém, para sair do teletrabalho para o presencial não. 
TRABALHADOR RURAL: o fundamento jurídico não está na CLT, possui lei própria, a 5.889/73 e decreto 73.626/74.
Como é visto no artigo 7º da CLT ela excluiu o empregado rural da sua regulamentação 
Art. 7º Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando fôr em cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam:        
b) aos trabalhadores rurais, assim considerados aqueles que, exercendo funções diretamente ligadas à agricultura e à pecuária, não sejam empregados em atividades que, pelos métodos de execução dos respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas operações, se classifiquem como industriais ou comerciais;
Na sua lei, no artigo 2º traz o conceito de empregado rural
Art. 2º Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário.
- Local: a legislação colocou como prédio rustico ou propriedade rural, a lei não especifica o que é cada um, já algumas doutrinas dizem que diz respeito a estrutura, equipamentos, ao uso de tecnologia, maquinário, próximo de uma área urbana outros doutrinadores dizem que diz respeito a localização, a distância, uma área predominantemente rural.
- Empregador: é aquele que desenvolve uma atividade agrícola, pecuária ou extrativa voltada para a comercialização, ou seja, é aquele que desenvolve atividade agro econômica, para saber se o trabalhador é rural tem que se olhar para o empregador, para saber qual atividade ele desenvolve.
Alguns doutrinadores dizem que esses dois critérios são acumulativos, ou seja, tem que ser o local + o empregador. Usaremos somente o critério do empregador porque hoje em dia está difícil delimitar onde é parte rural e onde é parte urbana.
Exemplo: tem uma horta, um sitio e um empregado, esse ajuda na comercialização, ou seja, ajuda a plantar, a colher e a vender na feira, nesse caso é empregador rural porque a produção agrícola será comercializada, não é o volume que será levado em conta. 
Exemplo: tem um sitio, uma criação de galinha, uma horta e não é comercializada não vai ser empregador rural pois é para o seu próprio consumo, o enquadramento dele seria doméstico 
 Decreto Art. 2º Considera-se empregador rural, para os efeitos deste Regulamento, a pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que explore atividade agro-econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados.
       § 4º Consideram-se como exploração industrial em estabelecimento agrário, para os fins do parágrafo anterior, as atividades que compreendem o primeiro tratamento dos produtos agrários in natura sem transformá-los em sua natureza, tais como:
       I - O beneficiamento, a primeira modificação e o preparo dos produtos agropecuários e hortigranjeiros e das matérias-primas de origem animal ou vegetal para posterior venda ou industrialização;
       II - O aproveitamento dos subprodutos oriundos das operações de preparo e modificação dos produtos in natura, referidas no item anterior.
Exemplo: se tem um plantio de cupuaçu, se pegar o fruto e comercializar, continua sendo rural? Sim. Se pegar o fruto e extrair a popa, continua sendo rural? Sim. Se pegar a popa e fazer cosméticos, doces, continua sendo rural? Não, nesse caso vai além do primeiro beneficiamento, até a popa é o primeiro, não está transformando a matéria primaria, se transforma a matéria prima passa a ser industrial, celetista. Do que é chamado aquele que planta, colhe e transforma? Se tem prevalecendo o entendimento da atividade preponderante, o que muitos estão fazendo é a criação de pessoas jurídicas diferentes, então se tem aquela fazenda, aquela propriedade onde é feita a colheita, os que trabalham nessa parte são empregados rurais de uma pessoa jurídica aí se tem a fábrica que vai transformar o produto, os que trabalham nessa parte serão celetistas de uma outra pessoa jurídica. 
Os direitos mínimos/básicos são os mesmos, a constituição federal igualou em seu artigo 7º os direitos do urbano e do rural, ou seja, todos têm direito a salário mínimo, a férias, a aviso prévio, a contribuição previdenciária etc. só que alguns desses direitos tem trato diferenciado, exemplo, todos têm direito a adicional noturno, porem o percentual é diferente
Peculiaridades: 
- Período de repouso: o artigo 6º da lei obriga a concessão do intervalo intrajornada de 1 hora para descanso e refeição observados os usos e costumes 
- Aviso prévio: 1 dia por semana 
- Adicional noturno: se tem duas peculiaridades na legislação do trabalhador rural, a lavoura que é de 21:00 até as 05:00 da manhã e pecuária que é das 20:00 até as 04:00 da manhã e para o trabalhador rural o percentual é de 25%
- Utilidades: bens que o empregador venha a fornecer para o trabalhador, o rol que pode ser descontado do salário do trabalhador é taxativo para o rural, somente a alimentação e a moradia é descontado para o rural 
EMPREGADO DOMESTICO: antes era regido pela lei 5859/72 e então a emenda constitucional de 73 estendeu aos domésticos diversos direitos precisando de uma regulamentação que é a lei complementar 150/15 
A palavra doméstico vem da expressão em latim domus que significa casa
Art. 1o Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei.
Alguns requisitos são os mesmos como: continuidade, alteridade, pessoalidade – pessoa física que não admite a substituição, subordinação – controle realizado pelo tomador de serviço, onerosidade.
Temos duas diferenças: a continuidade e o empregador. A legislação foi clara, antes da lei complementar essa continuidade era um critério muito amplo, agora com a lei complementar se teve esse critério mais objetivo, que é mais de 2 dias na semana, até 2 dias é diarista, não importa a frequência ou a precisão dos dias, é a partir/no mínimo de 3 dias que considerado. O empregador doméstico é pessoa física, ou seja, não pode ser profissional liberal, ele não pode desenvolver atividade lucrativa, econômica.

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