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Rayssa Vasconcelos 31/03/2018 Cicatrização da pele O processo de cicatrização é extremamente organizado, complexo e que visa a restauração da integridade tecidual local com a formação de um produto final que é a cicatriz. O processo de cicatrização é dividido em três fases: Inflamatória, Proliferativa e de maturação. I. Fase inflamatória: A fase inflamatória tem início imediato, ocorrendo logo após o trauma. Seu principal objetivo é remoção de tecido lesado, desvitalizado, restaurar os mecanismos de defesa locais e estabelecer sinais adequados para as fases seguintes. Esta fase é dividida em duas Etapas: Hemostasia e inflamação. • Hemostasia: Quando os vasos são lesados e ocorre a perda sanguínea ocorre o contato das plaquetas com o colágeno subendotelial, ativando a via intrínseca da cascata de coagulação, com objetivo de estancar o sangramento. Assim ocorrendo agregação plaquetaria e seu entralaçamento em uma rede de fibrina, formando o coágulo que além de função hemostática vai prover uma matriz extracelular (MEC) provisória, onde células inflamatórias poderão se deslocar, se fixar (fibroblastos, neutrófilos, macrófagos e fatores de crescimento). Nesse primeiro momento ocorre vasoconstrição local mediada por aminas vasoativas das células lesadas e por sistema nervoso simpático no local. • Inflamação: A agregação e degranulação das plaquetas com liberação de diversos fatores de crescimento, juntamente os mediadores inflamatórios das células lesadas, são sinais que iniciam o processo inflamatório, criando gradientes quimiotáxicos para atração e migração de células inflamatórias, promovem vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular no local. As primeiras células inflamatórias a responder e adentrar ao sítio são os neutrófilos (polimorfonucleados PMN) que em 24 a 48 horas atinge seu pico e depois decaem. Eles fazem limpeza do local, remoção de tecido lesado, partículas exogenas e bactérias; e liberam mediadores (TNF-α) que amplia o processo e atrai mais células inflamatórias. Os monócitos são as próximas células a adentrar a ferida, ao chegarem ao local diferenciam-se em macrófagos ativos, em 48 a 72 horas atinge o pico e duram por semanas. Eles são atraídos ao local por diversos fatores e tem ação fagocitária, são produtores de citocinas e fatores de crescimento que vai estimular a angiogênese, reepitelização, migração e multiplicação de fibroblastos e a produção de colágeno e mantém a produção do processo de inflamação local. OBS: a sua supressão implica a inibição quase total no processo de cicatrização. Os linfócitos tem ação secundaria como reguladores do processo, a supressão do linfócito CD4 enfraquece a cicatriz final, supressão de linfócitos CD8 tem efeito oposto. I. Fase proliferativa/ transicional/ fibroplasia: Esta fase atua principalmente na restauração da cobertura epidérmica, produz a MEC, contração da ferida e angiogênese. É o momento que ocorre a migração a migração de fibroblastos advindos da vizinhança do tecido lesado (pode ser fibroblastos maduros) ou da diferenciação de células tronco mesenquimais locais. A migração e proliferação são estimuladas por citocinas liberadas pelos macrófagos (PDGF, TGF-β, PGF, fator crescimento tecido conjuntivo). Produção da MEC: a matriz inicial de fibronectina e fibrina passa a ser substituida pela MEC cicatricial sintetizadas pelos fibroblastos (produção de Colágenos, glicosaminoglicanos e proteoglicanos). OBS: a elastina não é fabricada durante o processo de cicatrização. Do 3 ao 5 dias o colágeno passa a ser produzido e tem pico ao 21 dias após isso a produção e degradação entra em equilíbrio. O fibroblasto produz inicialmente procolágeno que sofre processo de hidroxilação dos resíduos de lisina e prolina, ações dependentes de vitamina C e ferro. A proporção de colágeno I e III em uma pele sã é de 90% para 10%, durante o processo de cicatrização o colágeno tipo III está em 30% (facilita penetração de novos capilares). Contração da ferida: É um processo feito por alteração fenotípica do fibroblasto para o miofibroblasto que se ligam na MEC. A lisil-oxidase liga as fibrilas de colãgeno e os miofibroblastos. Servem para fechar a ferida, aproximar tecidos. 0,6 a 0,75mm por dia. Rayssa Vasconcelos 31/03/2018 Neovascularização: Angiogênese é a produção de novos vasos, é um fenômeno importante pois e levado fluxo sanguíneo à ferida promovendo suas demanadas energéticas e facilitando a chegada de células inflamatórias no local. Lactato elevado, baixa tensão de O2, baixo pH e fatores de crescimento vão estimular a angiogênese. A fase pode ser observada de maneira macroscópica no avermelhamento da cicatriz imatura. Epitelização: Uma ferida fechada por primeira intenção já estará completamente epitelizada entre 24 a 48 horas, já uma ferida fechada por segunda intenção terá o tempo de reepitelização dependente do seu tamanho. Os queratinócitos se proliferam e direcionam-se a borda oposta, será dividido em duas porção: superior que é a crosta, e inferior que é o tecido granulação. Quando há o encontro de uma borda a outra ocorre o processo de inibição que aborta a migração e estimula a retomar seu padrão de maturação em camadas como na pele sã, no qual ocorre a liberação da crosta. A presença de epitélio sobre a ferida exerce influência sobre a fibroplasia, quanto antes é feito a cobertura com os queratinócitos menor é a fibrose no local. I. Fase de remodelação (maturação) Ocorre a remodelação da MEC, se houver excesso de colágeno produzido na fase proliferativa é degradado e substituído por fibras de colágenos de ligações cruzadas (cross-link) e são alinhadas respeitando as forças de tensão daquela área. Isso permite uma redução do volume da cicatriz como também aumenta sua força tensil. O principal agente remodelador é o fibroblasto através da produção da metaloproteinases (MMP) dependentes de zinco, colagenase, gelatinase e matrilisina. Além disso exercem ação na angiogênese, reepitelização e migração de fibroblastos e células inflamatórias. Aqui também ocorre a redução da densidade de capilares e no numero de fibroblastos e macrófagos residentes mediante apoptose, tornando a cicatriz madura relativamente acelular. Tipos de cicatrização: Primeira intenção: os bordos são opostos (aproximados) cirurgicamente logo após a lesão ou até 6 horas depois. Nesse modelo as fases inflamatórias proliferativa e maturação são abreviadas, possuindo menor deposição de tecido fibrótico e melhor resultado estético. Segunda intenção: nesse caso os bordos não são aproximadas, ocorre prolongamento das fases, podendo haver formação cicatricial de má qualidade e grande hipertrofia. Pode evoluir contraturas, sinéquias e bridas. Terceira intenção: são feridas que a sutura dos bordos é postergada por alguns dias com intuito de melhorar as condições locais. Reepitelização: ocorre em lesões na epiderme e derme superficial. Essas lesões são fechadas pela migração e multiplicação de queratinócitos com mínimo estimulo cicatricial, encurtando as fases cicatriciais e cursando com virtual ausência de cicatriz ou apenas alterações pigmentares Referência: Cirurgia plástica mélega
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