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1 DIETOTERAPIA NAS CIRURGIAS PARA OBESIDADE Profa Rita de Cássia de Aquino INDICAÇÃO CIRÚRGICA � CIRURGIA de OBESIDADE ou BARIÁTRICA, denominada também GASTROPLASTIA, pois geralmente há REDUÇÃO DO ESTÔMAGO; � Resolução 1755/05: � Pacientes com obesidade por 5 anos ou mais; � Pelo menos dois anos de tratamento clínico; � IMC>40 kg/m2 ou IMC>35 kg/m2, se presença de doenças associadas; � Adultos e avaliação individualizada em adolescentes (16 anos) e em idosos; � Após avaliação psicológica, não deve apresentar alterações de comportamento (“quadros psicóticos”). PRÉ-OPERATÓRIO � AVALIAÇÃO MÉDICA: avaliação laboratorial e de risco cirúrgico. � AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA/PSIQUIÁTRICA: avaliação de comportamentos de riscos (depressão, obsessão, compulsão e quadros psicóticos) e não ser usuário de drogas e/ou de álcool; � AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: � ORIENTAÇÕES PRÉ-OPERATÓRIA: tratamento da obesidade. � Orientações sobre MUDANÇAS DISCIPLINARES (redução de volume, alterações de consistência, mastigação e composição alimentar), mudanças prévias e possíveis complicações. PRÉ-OPERATÓRIO � Realização de preparo PRÉ-OPERATÓRIO: �Esclarecimento sobre a TÉCNICA e a ALIMENTAÇÃO � Identificação de DIFICULDADES a serem enfrentadas �Avaliação por Equipe MULTIDISCIPLINAR � Considerar o risco de complicações e óbitos (0,5%); � IMPORTANTE: Disciplina e mudança de comportamento. RISCOS CIRÚRGICOS � DEISCÊNCIA: pode causar peritonite e sepses ou acarretar a necessidade de nova cirurgia; � EMBOLIA PULMONAR: levando a insuficiência respiratória; � FÍSTULAS: principalmente nos locais de anastomose (ex: coto gástrico); � ÓBITO: por complicações pós-cirúrgicas. COMPLICAÇÕES GERAIS � Náuseas e vômitos persistentes � Engasgos e sufocamento após a alimentação � Diarreia/Esteatorreia/ MÁ ABSORÇÃO � Desequilíbrio Hidroeletrolítico � Deficiências Nutricionais (ferro, vitaminas B1, B12 e folato) � ÚLCERAS � DESNUTRIÇÃO � ÓBITO (por complicações a médio e longo prazo) 2 TIPOS DE CIRURGIAS �CIRURGIAS: �Técnicas Cirúrgicas Restritivas (ex: Banda Gástrica e Gastroplastia Vertical) �Técnicas Cirúrgicas Disabsortivas (“proscritas”) �Técnicas Cirúrgicas MISTAS (restritivas e disabsortivas) � Bypass Gástrico ou FOBI-CAPELLA � Duodenal Switch � SCOPINARO CIRURGIAS RESTRITIVAS � GASTROPLASTIA: técnicas que restringem o volume do estômago e a quantidade de alimento ingerido, e não comprometem a absorção de nutrientes: �BANDA GÁSTRICA, também denominada Banda Gástrica “ajustável”. �GASTRECTOMIA VERTICAL ou “SLEEVE” (“manga de camisa”), atualmente a cirurgia mais utilizada. � Promovem MENOR perda de peso (de 20 a 30 % do peso) se comparadas às técnicas MISTAS. BANDA GÁSTRICA � Implantação de uma “banda ajustável” (ANEL); �Colocação na parte superior do estômago; � Formação de uma “bolsa” de cerca de 40 a 50 mL; �Ajustável por uma pequena válvula (peito ou flanco) ao injetar-se um líquido; �MÉTODO REVERSÍVEL (laparoscopia). CIRURGIA RESTRITIVA BANDA GÁSTRICA CIRURGIA RESTRITIVA BANDA GÁSTRICA � CONTRA-INDICADA: alterações de esôfago (hérnia de hiato, refluxo, esofagite e estenose esofágica); � COMPLICAÇÕES: náuseas e vômitos, desidratação e deslocamento/deslizamento da banda; � RISCO: perda de peso menor e/ou insuficiente. CIRURGIA RESTRITIVA GASTROPLASTIA VERTICAL � “Grampeamento” da parte superior do estômago ou de todo o estômago, no formato de “sleeve”; � Formação de um “pequeno estômago”; � Também pode ser colocado um “anel” ou “banda”, mas sem possibilidade de ajuste por válvula; � MÉTODO geralmente IRREVERSÍVEL. CIRURGIA RESTRITIVA 3 RX de ESTÔMAGO GASTROPLASTIA VERTICAL sleeve GASTROPLASTIA VERTICAL � CONTRA-INDICADA: alterações de esôfago (hérnia de hiato, refluxo, esofagite e estenose esofágica); � COMPLICAÇÕES: vômitos persistentes, deiscência e fístula no local grampeado; � RISCO: intolerância ao procedimento e perda de peso considerada insatisfatória. CIRURGIA RESTRITIVA CIRURGIAS RESTRITIVAS DIETOTERAPIA � Dieta LÍQUIDA HIPOCALÓRICA do 1º ao 30º dia (1 mês); � Iniciar com volumes entre 20 a 50 mL/refeição “AOS GOLES”, em intervalos de 15 a 20 minutos; � Aumento de volume gradativamente até 200 mL/refeição e redução do fracionamento (6 a 8 refeições); � Valor energético estimado/dia: 500 a 1000 kcal/dia. � Importante calcular a dieta individualmente. CIRURGIAS RESTRITIVAS � Iniciar com LQ RESTRITA (1 a 2 dias), volumes de 20 a 50 mL/ refeição “AOS GOLES” a cada 15-20 minutos; � LQ RESTRITA: caldo de legumes e/ou carne, chá “claro” (de ervas), suco de frutas diluídos e coados (ex: laranja, limão e caju) e adoçados com adoçantes (opcional), isotônicos, gelatina dietética e água de coco. � LQ HIPOCALÓRICA (até 30º dia): 50 a 100 mL/refeição. DIETA LÍQUIDA RESTRITA CIRURGIAS RESTRITIVAS Dieta LÍQUIDA Hipocalórica � ALIMENTOS: �Chás “claros”, de ervas sem açúcar (adoçante opcional); � Sucos de frutas “diluídos e coados” e sem açúcar (adoçante opcional), gelatina dietética, isotônicos e água de coco; �Vitaminas, leite e/ou iogurte desnatados e sem açúcar (adoçante opcional); � Sopa de legumes, frango e carnes (“batida e coada”) e caldo de feijão; � Suplemento Nutricional Oral (ex: Ensure®). 4 CIRURGIAS RESTRITIVAS � Dieta Semi-Sólida/PASTOSA ( a partir do 30°, por 7 a 15 dias); � Evoluir para DIETA GERAL em PEQUENAS PORÇÕES (ex: 1 colher de sopa/alimento/preparação); � Escolha de alimentos de menor densidade energética: FLV, carnes magras e leite e derivados desnatados, quantidades menores/controladas de gorduras e açúcares; � Fracionamento: 6 a 8 refeições/dia. CIRURGIAS RESTRITIVAS � Dieta Semi-Sólida/PASTOSA: �Chá, leite e derivados desnatados; �Sucos e frutas (macias, picadas e em purê); �Pães macios, arroz “pastoso” ou massas bem cozidas; �Legumes ou verduras bem cozidas e subdivididas/picadas; �Carne magra, frango ou peixe moídos ou desfiados. CIRURGIAS DISABSORTIVAS � São técnicas que diminuem a absorção dos nutrientes e levam ao emagrecimento; � Historicamente foram as primeiras cirurgias realizadas (Linner e Kremer, 1954 e Payne, 1963); � DERIVAÇÃO JEJUNOILEAL: exclusão de quase todo o intestino delgado, ligando a porção inicial do jejuno ao final do íleo. CIRURGIAS DISABSORTIVAS � Graves alterações metabólicas e nutricionais: desidratação, distúrbios eletrolíticos e diarreia crônica; � Outras complicações: desnutrição, osteoporose, insuficiência hepática e renal; � Reduzem aproximadamente 60% do peso corporal; � Atualmente são pouco utilizadas e consideradas técnicas “proscritas”. CIRURGIAS MISTAS (Restritivas e Disabsortivas) � Técnicas que diminuem O ESTÔMAGO e o INTESTINO, diminuindo a ingestão e a absorção de nutrientes: � BYPASS Gástrico + Y ROUX : técnica preponderantemente restritiva, com redução do estômago a 50mL (antiga “FOBI-CAPELLA”). � DUODENAL-SWITCH: técnica MISTA, com redução do estomago “vertical”, (70%) semelhante a sleeve, mas restrição do intestino, com manutenção de 75 a 150 cm de intestino delgado (“derivação bilio-pancreática”). � SCOPINARO: técnica preponderantemente disabsortiva, com redução do estômago de 500 mL e manutenção de UM METRO DE ÍLEO. CIRURGIAS MISTAS 5 CIRURGIAS MISTAS CIRURGIA MISTA: BYPASS GÁSTRICO � Manutenção de um “estômago residual” de até 50 mL; � Não preserva fundo gástrico; � Paciente perde cerca de 40% do peso inicial; � Principal complicação: SÍNDROME DE DUMPING após ingestão de líquidos e sólidos “hipercalóricos”, principalmente açúcares, manifestado por “mal estar”. Síndrome de Dumping DEFINIÇÃO “Resposta fisiológica e complexa devido a presençado alimento no jejuno e não digerido totalmente”. FISIOPATOLOGIA Parcialmente desconhecida, mas associada à distensão jejunal, hiperosmolaridade e hipertonicidade jejunal, hipovolemia local e alterações hormonais. Síndrome de Dumping SINAIS SINTOMAS Plenitude abdominal, náuseas e vômitos, cólicas, hipotensão, tontura, taquicardia, dor, palpitações, sudorese, rubor. INÍCIO E DURAÇÃO 10 a 20 minutos após a refeição, por 1 hora. � Manutenção de um “estômago residual” maior (500 mL); � Gastrectomia vertical da grande curvatura e preservação do piloro (“vantagem”); � Paciente pode perder cerca de 50% do peso inicial; � Principais complicações: alterações de absorção- deficiência de vitaminas dependentes do fator intrínseco, deficiências nutricionais e desmineralização óssea. CIRURGIA MISTA: DUODENAL SWITCH � Manutenção de um “estômago residual” maior (500 mL); � Gastrectomia vertical da menor curvatura e não há preservação do piloro (“desvantagem”); � Paciente pode perder cerca de 50% do peso inicial; � Principais complicações: alterações de absorção, deficiências nutricionais e desmineralização óssea. CIRURGIA MISTA: SCOPINARO 6 CIRURGIAS MISTAS � Iniciar com LQ RESTRITA (1 a 2 dias), volumes de 20 a 50 mL/ refeição “AOS GOLES” a cada 10-20 minutos; � LQ RESTRITA: caldo de legumes e/ou carne, chá “claro” (de ervas), suco de frutas diluídos e coados (ex: laranja, limão e caju) e adoçados com adoçantes (opcional), isotônicos, gelatina dietética e água de coco. � LQ HIPOCALÓRICA (até 30º dia): 50 a 100 mL/refeição, aumento de volume gradativo até 200 mL/refeição. CIRURGIAS MISTAS PASTOSA e GERAL Hipocalóricas � Dieta PASTOSA (do 30º dia em diante, geralmente 1 mês): � Chá, leite e derivados desnatados; � Sucos e frutas (macias, picadas e em purê); � Pães macios, arroz “pastoso” ou massas bem cozidas; � Legumes ou verduras bem cozidas e subdivididas/picadas; � Carne magra, frango ou peixe moídos ou desfiados. � Porções “pequenas” e fracionamento 6-8 refeições/dia � Evoluir para dieta Geral HIPOCALÓRICA e FRACIONADA. BALÃO GÁSTRICO (Técnica restritiva não cirúrgica) � Técnica não cirúrgica, colocação de um BALÃO DE SILICONE, introduzido por endoscopia e insuflado com soro (± 500 mL); � OBJETIVO: plenitude gástrica, saciedade e redução de ingestão; � TEMPORÁRIO e substituição após 6 meses da colocação; � Contraindicação: hérnia de hiato, refluxo ou estenose de esôfago; � PRINCIPAL COMPLICACÃO: � náuseas e vômitos, desidratação e rompimento do balão e obstrução intestinal (uso de azul de metileno como marcador). BALÃO GÁSTRICO DIETA no uso de Balão Gástrico • Dieta LQ restrita em resíduos: 1º e 2º dia após colocação do balão (até 200 mL/ refeição); • Dieta LQ Hipocalórica: 3º ao 7º dia após colocação do balão (até 200 mL/refeição); • Dieta PASTOSA Hipocalórica : 8º ao 30º dia; • Dieta Geral HIPOCALÓRICA e FRACIONADA. CIRURGIAS BARIÁTRICAS Outras condutas dietéticas utilizadas em cirurgias: �Alimentar-se com cuidado e DEVAGAR; �Mastigar muito bem os alimentos e aguardar entre uma colherada e outra; �Usar utensílios “pequenos”: pires, colher de chá. 7 CIRURGIAS BARIÁTRICAS Outras condutas dietéticas utilizadas em cirurgias: �Utilizar fibra solúvel para diminuir o tempo de TI; �Fibras “acidificam” o intestino e melhoram absorção de cálcio e magnésio; �Lactobacilos repõem a microbiota intestinal; �Maior cuidado higiênico e o uso de produtos pasteurizados. OUTROS RISCOS ASSOCIADOS � Perda de proteína corpórea (20g/kg de peso perdido); � HIPERLIPIDEMIA (mobilização de estoques adiposos); � Risco aumentado de LITÍASE BILIAR (“pedras na vesícula”); � Intolerância ao frio e fadiga/cansaço; � ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS (transtornos alimentares, ex: anorexia, bulimia nervosa). ACOMPANHAMENTO � ACOMPANHAMENTO MÉDICO: complicações � ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL • Dificuldades Dietéticas • Erros alimentares “mantidos” • Suplementação Nutricional � ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO: depressão, isolamento social, outras compulsões, uso de cigarros e drogas, transtornos alimentares e até suicídio. �Avaliação Laboratorial : Bi ou Trimestral �Principais nutrientes a serem suplementados: • Vitaminas ADEK, B1, B12, B5, B6, Folato • Ferro, Cálcio, Zinco • Endovenosa: Ferro e B12 �Suplementação V.O.: macerada (pó) e xaropes SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL � Introdução precoce: 2 a 3° P.O. � Uso de polivitamínicos e poliminerais (1 a 2x/dia) � Utilizar separadamente �Ca com vitamina D: 1200 a 2000mg/dia �Ácido fólico: 400 µg/dia �Ferro: 40 a 65 mg/dia �Vitamina B 12: 35µg/dia ou1000 µg/mês intramuscular Bariatric Surgery Guideline (2008) Equilíbrio do organismo Saúde física Saúde emocional Saúde emocional Qualidade de Vida Nutrição Adequada