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A usucapião familiar

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A USUCAPIÃO FAMILIAR, CONJUGAL OU PRÓ-MORADIA, INSTITUÍDO PELA LEI 12.424/2011
A usucapião familiar foi instituída pela Lei 12.424/2011, onde prevê que aquele que exercer por dois anos ininterruptos e sem oposição, a posse direta sobre imóvel urbano de até 250 m², de qual a propriedade dividida com ex-cônjuge que abandonou o lar, utilizando como sua moradia, terá adquirido a posse integral, contudo que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Conceito de abandono do lar por um dos ex-cônjuges ou ex-companheiros
De acordo com Carlos Roberto Gonçalves:
A propriedade confere ao seu titular o direito de usar, fruir, dispor e reaver a coisa. É um direito complexo em função de existirem vários outros direitos consubstanciados, ou seja, inseridos em si; absoluto por garantir ao seu titular o direito de utilizar da coisa da forma que quiser, não se extinguindo pelo seu não uso; perpétuo por ser característica intrínseca da propriedade; exclusivo devido ao fato do proprietário poder proibir que terceiro pratique qualquer ato de domínio.
De acordo com o dicionário de língua portuguesa, o vocábulo abandono, significa:
abandon (de abandonar) 1 Ação ou efeito de abandonar. 2 Desamparo, desprezo. 3 Desistência, renúncia. 4 Imobilidade, indolência, moleza. Antôn (acepções 1 e 2): amparo, proteção. A. de emprego, Dir trab: descumprimento continuado e definitivo, por parte do empregado, da obrigação de prestar serviço; fato de deixar a relação de emprego sem qualquer comunicação ao empregador. A. de serviço, Dir trab: descumprimento da obrigação de trabalhar. Pode configurar-se tanto na ausência continuada ao serviço como na acintosa inexecução de trabalho a que esteja obrigado o empregado. A. do lar, Dir: afastamento voluntário de um dos cônjuges, por dois anos, um dos motivos de desquite. Ao abandono: sem amparo, sem cuidados.
Com esse conceito, temos que o abandono do lar se caracteriza pelo fato de um dos cônjuges saírem da esfera conjugal, com a intenção de buscar outro lugar para morar, a separação de corpos configura uma modalidade de abandono do lar. 
A posse do imóvel por dois anos ininterruptos e sem oposição
A modalidade de usucapião familiar tem o propósito de beneficiar o cônjuge abandonado sobre a integralidade de propriedade do bem, caso o cônjuge ou companheiro desapareça pelo período de dois anos.
Conforme art. 1240-A do Código Civil: 
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
Utilização do imóvel para moradia própria ou de sua família
A utilização do imóvel usucapiendo deve ser para moradia própria ou da família, é de extrema relevância que ele se aliar com o intuito do legislador em garantir não somente o direito a propriedade, mas também aos direitos fundamentais, como o acesso a moradia.
Não ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural
É indispensável que o usucapiente não possua outro imóvel registrado em seu nome, independente da comarca a qual esteja usucapindo o bem. Com isso, o requerente no momento de ingresso da ação de usucapião, deverá comprovar por meio de certidão negativa requerida em cartório de registro de imóvel da comarca, para cumprir com os requisitos da norma.
Bibliografia:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Contratos e Atos unilaterais. 6. Ed. São Paulo. Saraiva. 2009

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