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Repercussão_Geral_Questões_Gilberto Fernandes Martins

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Centro Universitário de Brasília 
Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento - ICPD 
 
 
GILBERTO FERNANDES MARTINS 
 
 
 
 
REPERCUSSÃO GERAL DAS QUESTÕES CONSTITUCIONAIS NO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2007
8 
 
GILBERTO FERNANDES MARTINS 
 
 
 
 
 
REPERCUSSÃO GERAL DAS QUESTÕES CONSTITUCIONAIS NO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
 
 
Trabalho apresentado ao Centro Universitário 
de Brasília (UniCEUB/ICPD) como pré-
requisito para obtenção de Certificado de 
Conclusão de Curso de Pós-graduação Lato 
Sensu em Processo Civil 
Orientador: Prof. Dr. Hugo Gueiros Bernardes 
Filho 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2007
8 
 
 
GILBERTO FERNANDES MARTINS 
 
REPERCUSSÃO GERAL DAS QUESTÕES CONSTITUCIONAIS NO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
 
 
Trabalho apresentado ao Centro Universitário 
de Brasília (UniCEUB/ICPD) como pré-
requisito para obtenção de Certificado de 
Conclusão de Curso de Pós-graduação Lato 
Sensu em Processo Civil 
Orientador: Prof. Dr. Hugo Gueiros Bernardes 
Filho 
 
Brasília, 12 de dezembro de 2007 
 
Banca Examinadora 
 
Prof. Dr. Hugo Gueiros Bernardes Filho 
 
Prof. Dra. Tânia Cristina Cruz 
 
Prof. Dr. José Augusto Lira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, VICENTE PAULO MARTINS E JÚLIA FERNANDES MARTINS. 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTO 
 
Agradeço ao professor Hugo Gueiros pela orientação do presente trabalho. 
Ao meu filho Guilherme Almeida Fernandes Martins pela paciência e 
compreensão. 
À amiga e companheira Silvana Luíza Almeida à qual dedico meu carinho 
e amor. 
Ao Ministro Francisco Peçanha Martins e a equipe de seu gabinete, da qual 
tenho a honra de participar. 
Agradeço em especialmente Nelson Nascimento da Rocha pela ajudar na 
correção do texto. 
Aos meus irmãos Geraldo, Gilmar, Marli e Sueli que me orgulho de dizer 
que são meus irmãos de sangue e de coração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O tema que abordaremos – repercussão geral da questão constitucional – foi 
inserido pela Emenda Constitucional 45/2005 à Carta Política, acrescentando o § 3º ao artigo 
102. É uma espécie de mecanismo de seleção de recurso extraordinário em que escolherá um 
ou mais processos de matéria de controvérsia idêntica (legislação ordinária contestada), bem 
como não será conhecido o recurso extraordinário em que o interesse em jogo esteja restrito 
às partes do processo. No primeiro capítulo deste trabalho abordaremos os aspectos históricos 
do recurso extraordinário, seu nascimento junto com o Supremo Tribunal Federal em 1890, o 
aumento excessivo dos recursos, bem como os mecanismos processuais de contenção ou 
retenção desses recursos até o surgimento da repercussão geral, o confronto entre a 
repercussão geral e outros institutos que se aproximam ou se assemelham, a regulamentação e 
as novidades processuais. No segundo capítulo conceituaremos o instituto. E, por fim, 
conheceremos as principais regras processuais e os requisitos de admissibilidade ou 
conhecimento da repercussão geral, ou seja, as questões relevantes do ponto de vista 
econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos da causa, além 
de mostrarmos que ela não é a única no nosso sistema jurídico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: recurso extraordinário; pressuposto de conhecimento; repercussão geral da 
questão constitucional; transcendência no direito do trabalho; a intervenção de terceiros 
(amicus curiae); a petition for writ of certiorari norte-americano. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The theme we will broach – general repercussion of the constitutional matter – 
was inserted by the Constitutional Amendment 45 of 2005 to the Brazilian Federal 
Constitution, adding Paragraph 3 to its article 102. It is a sort of extraordinary appeal selection 
mechanism that will select one or more lawsuits of identical controversial matter (contested 
ordinary legislation), as well as guarantee that the merit of the extraordinary appeal in which 
the interest at stake is restricted to the parties is not analyzed. In the first chapter of this work 
we will deal with the historical aspects of the extraordinary appeal, its birth along with the 
Supremo Tribunal Federal (Supreme Federal Court) in 1890, the excessive increase of 
appeals, as well as the procedure mechanisms of contention or retention of these appeals until 
the creation of the general repercussion institute, the comparison between general 
repercussion and other institutes that come close to it or resemble it, its regulation and the new 
proceedings. In the second chapter we will conceptualize the institute. And, finally, we will 
get to know the main procedural rules and the admission requisites of the general repercussion 
institute, that is, the relevant questions from an economic, political, social or legal point of 
view that exceed the subjective interests of the case, besides showing that it is not the only 
one in the brazilian legal system. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Key-words: extraordinary appeal; procedural requirement; general repercussion of 
the constitutional matter; labor law transcendence; third party intervention (amicus curiae); 
the petition for writ of certiorari of the United States of America 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 8 
1-EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO ........................................ 10 
1.1 Repercussão Geral e sua previsão legal e constitucional. .............................................. 13 
2 CONCEITO DA REPERCUSSÃO GERAL.......................................................................... 17 
2.1 Repercussão Geral e seu Aspecto Econômico, Social, Político e Jurídico. ................... 18 
2.2 Da Rejeição da Repercussão Geral por Dois Terços dos Membros do STF. ............... 20 
2.3 Do Quorum para o Reconhecimento da Repercussão Geral.......................................... 21 
2.4 Da Irrecorribilidade da Decisão que não Conhece da Repercussão Geral. ................ 21 
2.4.1 Embargos de declaração. ......................................................................................................22 
2.5 Semelhança entre a Repercussão Geral e a petition for writ of certiorari. .................... 22 
2.6 A Distinção entre a Argüição de Relevância e a Repercussão Geral. ........................... 23 
2.7 Breve Comentário à Regra da Transcendência no Recurso de Revista. ...................... 25 
3 LIMITE DA REPERCUSSÃO GERAL ................................................................................ 28 
3.1 Limites objetivos. ............................................................................................................... 28 
3.2 Questões Processuais da Repercussão Geral................................................................... 28 
3.2.1 Termo inicial da exigência da repercussão geral no recurso extraordinário (Q.O no AI 
664567-2/RS do STF)....................................................................................................................28 
3.1.2 Sobrestamento dos recursos extraordinários no tribunal a quo. ...........................................29 
3.1.3 Do sobrestamento indevido do recurso extraordinário pelo tribunal “a quo”. .....................31 
3.1.4 Intervenção de terceiros (amicus curiae)..............................................................................32 
3.2 Limites Subjetivos da Eficácia da Decisão Proferida na Repercussão Geral. ............. 33 
3.2.1 O Juízo de Admissibilidadepelo Tribunal de Origem. ........................................................34 
3.2.2 Admissibilidade da repercussão geral perante o Supremo Tribunal Federal. ......................35 
3.2.3 Aplicação da repercussão geral prevista no CPC aos recursos extraordinários em geral. ...36 
3.3 Aspecto Positivo da Repercussão Geral........................................................................... 37 
3.4 Aspecto Negativo da Repercussão Geral. ........................................................................ 38 
CONCLUSÃO............................................................................................................................... 39 
REFERÊNCIAS: ......................................................................................................................... 41 
 
 
8
INTRODUÇÃO 
 
Garantir a justiça nas decisões judiciais é fundamental. 
O Supremo Tribunal Federal estava na contingência de apreciar todas as questões 
dirigidas ao Poder Judiciário, pois o nosso ordenamento jurídico priorizava, pela extensão da 
Constituição, quase todas as matérias do nosso ordenamento jurídico ali descrito. Para 
delimitar a função da Suprema Corte do Brasil, o Congresso Nacional promulgou a Emenda 
Constitucional 45/2005, inserindo no art. 102 da Constituição Federal o § 3º que trata da 
repercussão geral da questão constitucional, tendo como finalidade precípua a redução da 
quantidade de processos remetidos para aquela Corte. 
Em vista disso, escrever sobre o novo instituto de admissibilidade do recurso 
extraordinário é um desafio por ser um tema recente e polêmico. Nasce para o direito 
processual constitucional um mecanismo de seleção e/ou de retenção de recurso 
extraordinário à disposição do Supremo Tribunal Federal para que sejam apreciadas as 
matérias de relevância social, política, jurídica e econômica. 
O tema – repercussão geral – ainda está em natural processo de ebulição 
exegética. Porém, a ninguém é dado ignorar o objetivo fundamental do instituto é de um lado, 
criar mecanismos de limitação da tutela do STF, e possivelmente talvez inúmeros direitos 
individuais e, por outro, proteger direito difuso e metaindividual. 
O objetivo secundário é trazer à baila a importância de se estabelecer um sistema 
processual justo, célere e definitivo para alcance da paz social. É direito fundamental 
inalienável e inviolável do homem. O Estado, por sua organização judiciária, deve proteger 
esse direito fundamental até as últimas conseqüências. Quando violado, ou simplesmente 
 
 
9
ameaçado, deve ser imediatamente recomposto, sob pena de o vício contaminar o tecido 
social. 
Assim, espero que o resultado do presente trabalho seja positivo no sentido de 
informar e levantar curiosidades, dúvidas e críticas, contribuindo, dessa forma, para dar um 
norte e uma solução ao problema atinente ao novo instituto processual previsto na 
Constituição Federal, regulamentado pela Lei 11.418/2006, que por sua vez sofreu 
regulamentação pela Emenda Regimental n.º 21/2007 do STF. 
O instituto ora estudado tem como finalidade proteger o Supremo Tribunal 
Federal do aumento excessivo de recursos extraordinários distribuídos, em que serão 
escolhidas as matérias de relevância do ponto de vista econômico, político, social e jurídico 
que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. 
Por fim, o instituto é o reflexo do que acontece com as cortes constitucionais do 
mundo, onde são feitas tais limitações, pois não há um número suficiente de órgãos julgadores 
para julgar todas e quaisquer controvérsias que ali chegam. E não seria diferente no Brasil, já 
que a extensão das normas constitucionais faz com que a Constituição discipline quase todo o 
direito brasileiro. Assim, é uma conveniência do sistema jurídico brasileiro por ser necessário 
em função do número elevado de recursos extraordinários a ser analisados. 
Assim, no primeiro capítulo deste trabalho vamos abordar os aspectos históricos 
da origem deste instituto, bem como vamos analisar outros institutos que se aproximam ou se 
assemelham à repercussão geral, suas regulamentações e suas novidades processuais 
No segundo capítulo vamos conceituar a repercussão geral. E por fim, capitulo 
terceiro vamos conhecer as principais regras processuais da repercussão geral e que ela não é 
a única no nosso sistema jurídico.
 
 
10
 
1-EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
 
Pelo Decreto n.º 848, de 11 de outubro de 1.890, foi instituído o Supremo 
Tribunal Federal como a mais alta Corte de justiça brasileira, tendo como um dos seus pilares 
a análise de decisões de última instância dos tribunais estaduais por intermédio de recurso. 
Esse recurso, na época, inominado estava também previsto na Constituição 
Federal de 1.891, no seu art. 59, inciso III, § 1º, bem como no art. 58, II, § 1º, do Decreto n.º 
510, de 22 de junho de 1890. 
De origem do direito norte-americano – Judiciary Act de 1789 - o nosso recurso 
foi cópia do writ of error, no qual o recorrente ao interpor sustentava error in procedendo ou 
error in iudicando para a anulação do julgado pela Suprema Corte norte-americana. 
O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (1.891), em seu art. 102 
adjetivou o então recurso inominado (dado pela Constituição de 1.891) em recurso 
extraordinário. Por fim, o art. 24 da Lei n.º 221/1894 trouxe para a legislação da época a 
mesma denominação: recurso extraordinário. 
Muito tempo se passou desde o primeiro recurso extraordinário que deu entrada 
no STF nos idos de 1.891. No ano de 1904, a média anual de recursos passou para 26; em 
 
 
11
 
1933 cresceu para 55, já em 1960 foram julgados 5.946 recursos extraordinários, 
quantidade excessiva para os juízes daquele tempo1. 
Assim, com a edição da Emenda Constitucional n.º 1 de 1.969, surge no direito 
brasileiro o primeiro filtro para conter o excesso de processos que chegava ao Supremo 
Tribunal Federal, denominado de argüição de relevância de questão federal. 
A argüição de relevância prevista no art. 119, parágrafo único, da Constituição de 
1.969, estabelecia limites às causas sujeitas a recurso extraordinário, tais como a natureza, a 
espécie e o valor, quando fosse interposto com base nas alíneas “a” e “d” do inciso III do 
mencionado dispositivo constitucional, quando houvesse contrariedade a dispositivo da 
Constituição ou negasse vigência a tratado ou a lei federal, ou ambos, ou quando desse à lei 
federal interpretação divergente de outro tribunal ou do próprio Supremo Tribunal Federal. 
Dessa forma, o STF, pelo seu regimental interno, criava e aplicava um mecanismo 
para obstar a entrada de recurso extraordinário, já que a Emenda Constitucional de 1.969 dava 
tal autorização. 
Ocorre que, ao longo da vigência da Emenda Constitucional de 1969, prevaleceu a 
limitação dos recursos extraordinários através do poder regimental e que, a partir de 1977, 
com uma nova alteração - Emenda Constitucional n.º 7 - foi mantida a delegação ao Supremo 
Tribunal Federal, aglomerado também ao rol de filtragem a relevância da questão federal. 
A partir da Emenda Regimental n.º 2, de 4 de dezembro de 1985, com alterações 
profundas na matéria de argüição de relevância, arrolou, na época, hipóteses de cabimento de 
 
1 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Recurso extraordinário e recurso especial, 6ª ed., São 
Paulo, Revista dos Tribunais, 2000, p. 54. 
 
 
12
 
recurso extraordinário, incluindo, no art. 325 do RISTF, em numerus clausus, nas quais o 
recurso era admissível: 
Art. 325 - Nas hipóteses das alíneas a e d do inciso III do artigo 119 da 
Constituição Federal,cabe recurso extraordinário: 
I – nos casos de ofensa à Constituição Federal; 
II – nos casos de divergência com a Súmula do Supremo Tribunal Federal; 
III – nos processos por crime a que seja cominada pena de reclusão; 
IV – nas revisões criminais dos processos de que trata o inciso anterior; 
V – nas ações relativas à nacionalidade e aos direitos políticos; 
VI – nos mandados de segurança julgados originalmente por Tribunal Federal ou 
Estadual, em matéria de mérito; 
VII – nas ações populares; 
VIII – nas ações relativas ao exercício de mandato eletivo federal, estadual ou 
municipal, bem como às garantias da magistratura; 
IX – nas ações relativas ao estado das pessoas, em matéria de mérito; 
X – nas ações rescisórias, quando julgadas procedentes em questão de direito 
material; 
XI – em todos os demais feitos, quando reconhecida a relevância da questão 
federal. 
 
Com a nova Carta Política de 1988, surge, naquele momento, o segundo 
mecanismo de filtragem do recurso extraordinário, ou seja, o desmembramento do Supremo 
Tribunal Federal, que qual julgaria exclusivamente recursos em que houvesse violação a 
dispositivos constitucionais. Quanto à violação à lei federal (matérias legais ou 
infraconstitucionais) foi instituído o Superior Tribunal de Justiça, que teria a competência 
funcional de analisar tal tema. 
Apesar da criação desse novo tribunal, após dezessete anos, tanto o STJ como o 
STF estão abarrotados de processos, chegando a números assustadores. 
Ovídio Batista da Silva2 transcreve entrevista dada por Carlos Velloso, ministro 
do STF, ao jornal da OAB sobre o aumento dos processos naquela Casa, concluindo que: 
...informar que os recursos encaminhados à Suprema Corte cresceram 1.856% nos 
46 anos a que esses dados se referem, significa dizer que o mesmo número de 
 
2 A função dos tribunais superiores, Anuário do Programa de Pós-graduação em Direito, Centro de Ciências 
Jurídicas, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo: 1999, p. 215-216. 
 
 
13
magistrados – 11 ministros – receberam, em 1940, 1.807 recursos, número que 
ascendeu à soma de 33.345 em 1997, crescendo para 41.662 nos dez primeiros 
meses de 1998, calculando-se, no momento da entrevista, que o total de processos 
deveria atingir, nos doze meses desse ano, a quantidade astronômica de 47.319, uma 
+vez mantida, nos dois meses restantes, a proporção de crescimento verificada de 
janeiro a outubro. 
 
Em 2004, a Emenda Constitucional n.º 45, que cuidou parcialmente da reforma do 
Poder Judiciário, trouxe um novo instituto processual constitucional de seleção de recurso 
extraordinário - a repercussão geral da questão constitucional. 
 
1.1 Repercussão Geral e sua previsão legal e constitucional. 
 
A Emenda Constitucional n.º 45, de 8 de dezembro de 2004, introduziu no art. 
102 da Constituição Federal o § 3º, com o seguinte texto: 
No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das 
questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o 
Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela 
manifestação de dois terços de seus membros. 
 
A aplicação do referido parágrafo não foi imediata, remeteu para lei ordinária a 
sua regulamentação. Sendo editada, em 19 de dezembro de 2006, sob o n.º 11.418: 
Art. 1o Esta Lei acrescenta os arts. 543-A e 543-B à Lei no 5.869, de 11 de janeiro 
de 1973 – Código de Processo Civil, a fim de regulamentar o § 3 da Constituição 
Federal. 
Art. 2o A Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, passa a 
vigorar acrescida dos seguintes arts. 543-A e 543-B: 
‘Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá 
do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não 
oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo. 
§ 1o Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de 
questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que 
ultrapassem os interesses subjetivos da causa. 
§ 2o O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação 
exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral. 
 
 
14
§ 3o Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária a 
súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal. 
§ 4o Se a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 
(quatro) votos, ficará dispensada a remessa do recurso ao Plenário. 
§ 5o Negada a existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os 
recursos sobre matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo revisão 
da tese, tudo nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. 
§ 6o O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de 
terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno 
do Supremo Tribunal Federal. 
§ 7o A Súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será 
publicada no Diário Oficial e valerá como acórdão. 
Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em 
idêntica controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos 
do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste 
artigo. 
§ 1o Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos 
representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, 
sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte. 
§ 2o Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados 
considerar-se-ão automaticamente não admitidos. 
§ 3o Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão 
apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que 
poderão declará-los prejudicados ou retratar-se. 
§ 4o Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o Supremo Tribunal Federal, 
nos termos do Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão 
contrário à orientação firmada. 
§ 5o O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal disporá sobre as 
atribuições dos Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na análise da 
repercussão geral.’ 
Art. 3o Caberá ao Supremo Tribunal Federal, em seu Regimento Interno, 
estabelecer as normas necessárias à execução desta Lei. 
Art. 4o Aplica-se esta Lei aos recursos interpostos a partir do primeiro dia de sua 
vigência. 
Art. 5o Esta Lei entra em vigor 60 (sessenta) dias após a data de sua publicação. 
 
A Lei 11.418/2006 determinou que o Regimento Interno do Supremo Tribunal 
Federal fixasse a sua execução. No dia 30 de março de 2007, o STF editou a Emenda 
Regimental nº 21, regulamentando-a: 
Altera a redação dos artigos 13, inciso V, alínea c, 21, parágrafo 1º, 322, 323, 324, 
325, 326, 327, 328 e 329, e revoga o disposto no parágrafo 5º do art. 321, todos do 
Regimento interno. 
O Presidente do Supremo Tribunal Federal faz editar a Emenda Regimental 
aprovada pelos Senhores Membros da Corte em sessão administrativa realizada no 
dia de março de 2007, nos termos do art. 361, inciso I, alínea a, do Regimento 
Interno. 
Art. 1º Os dispositivos do Regimento Interno a seguir enumerados passam avigorar 
com a seguinte redação: 
‘Art. 13. São atribuições do Presidente: 
V – Despachar: 
c) como Relator, nos termos dos arts. 544, § 3º, e 557 do Código de Processo Civil, 
até eventual distribuição, os agravos de instrumento e petições ineptos ou doutro 
 
 
15
modo manifestamente inadmissíveis, bem como os recursos que não apresentem 
preliminar formal e fundamentada de repercussão geral, ou cuja matéria seja 
destituída de repercussão geral, conforme jurisprudência do Tribunal 
Art. 21. São atribuições do relator: 
§ 1º Poderá o Relator negar seguimento a pedido ou recurso manifestamenteinadmissível, improcedente ou contrário a jurisprudência dominante ou a súmula do 
Tribunal, deles não conhecer em caso de incompetência manifesta, encaminhando os 
autos ao órgão que repute competente, bem como cassar ou reformar, liminarmente, 
acórdão contrário à orientação firmada nos termos do art. 543-B do Código de 
Processo Civil 
Art. 322. O Tribunal recusará recurso extraordinário cuja questão constitucional não 
oferecer repercussão geral, nos termos deste capítulo. 
Parágrafo único. Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou 
não, de questões que, relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou 
jurídico, ultrapassem os interesses subjetivos das partes. 
Art. 323. Quando não for caso de inadmissibilidade do recurso por outra razão, o 
Relator submeterá, por meio eletrônico, aos demais ministros, cópia de sua 
manifestação sobre a existência, ou não, de repercussão geral. 
§ 1º Tal procedimento não terá lugar, quando o recurso versar questão cuja 
repercussão já houver sido reconhecida pelo Tribunal, ou quando impugnar decisão 
contrária a súmula ou a jurisprudência dominante, casos em que se presume a 
existência de repercussão geral. 
§ 2º Mediante decisão irrecorrível, poderá o Relator admitir de ofício ou a 
requerimento, em prazo que fixar, a manifestação de terceiros, subscrita por 
procurador habilitado, sobre a questão da repercussão geral. 
Art. 324. Recebida a manifestação do Relator, os demais ministros encaminhar-lhe-
ão, também por meio eletrônico, no prazo comum de 20 (vinte) dias, manifestação 
sobre a questão da repercussão geral. 
Parágrafo único. Decorrido o prazo sem manifestações suficientes para recusa do 
recurso, reputar-se-á existente a repercussão geral. 
Art. 325. O Relator juntará cópia das manifestações aos autos, quando não se tratar 
de processo informatizado, e, uma vez definida a existência da repercussão geral, 
julgará o recurso ou pedirá dia para seu julgamento, após vista ao Procurador-Geral, 
se necessária; negada a existência, formalizará e subscreverá decisão de recusa do 
recurso. 
Parágrafo único. O teor da decisão preliminar sobre a existência da repercussão 
geral, que deve integrar a decisão monocrática ou o acórdão, constará sempre das 
publicações dos julgamentos no Diário Oficial, com menção clara à matéria do 
recurso. 
Art. 326. Toda decisão de inexistência de repercussão geral é irrecorrível e, valendo 
para todos os recursos sobre questão idêntica, deve ser comunicada, pelo Relator, ao 
Presidente do Tribunal, para os fins do artigo subseqüente e do artigo 329. 
Art. 327. O Presidente do Tribunal recusará recursos que não apresentem preliminar 
formal e fundamentada de repercussão geral, bem como aqueles cuja matéria carecer 
de repercussão geral, segundo precedente do Tribunal, salvo se a tese tiver sido 
revista ou estiver em procedimento de revisão. 
§ 1º Igual competência exercerá o relator sorteado, quando o recurso não tiver sido 
liminarmente recusado pelo Presidente. 
§ 2º Da decisão que recusar recurso, nos termos deste artigo, caberá agravo. 
Art. 328. Protocolado ou distribuído recurso cuja questão for suscetível de 
reproduzir-se em múltiplos feitos, o Presidente do Tribunal ou o Relator, de ofício 
ou a requerimento da parte interessada, comunicará o fato aos tribunais ou turmas de 
juizado especial, a fim de que observem o disposto no art. 543-B do Código de 
Processo Civil, podendo pedir-lhes informações, que deverão ser prestadas em 5 
(cinco) dias, e sobrestar todas as demais causas com questão idêntica. 
Parágrafo único. Quando se verificar subida ou distribuição de múltiplos recursos 
com fundamento em idêntica controvérsia, o Presidente do Tribunal ou o Relator 
selecionará um ou mais representativos da questão e determinará a devolução dos 
demais aos tribunais ou turmas de juizado especial de origem, para aplicação dos 
parágrafos do art. 543-B do Código de Processo Civil. 
 
 
16
Art. 329. O Presidente do Tribunal promoverá ampla e específica divulgação do 
teor das decisões sobre repercussão geral, bem como formação e atualização de 
banco eletrônico de dados a respeito. 
‘Art. 2º. Fica revogado o disposto no parágrafo 5º do artigo 321. 
Art. 3º Esta Emenda Regimental entrará em vigor na data de sua publicação. 
 
 
17
2 CONCEITO DA REPERCUSSÃO GERAL. 
 
Antes de entrar no provável conceito da repercussão geral é necessário que 
conheçamos o mecanismo que estamos estudando, pois o referido instituto já é aplicado por 
diversos países. Trata-se de uma espécie de filtro recursal amplamente adotada por outras 
Cortes Supremas, entre elas: A Suprema Corte Norte-Americana e o seu writ of certiorari e a 
da Argentina o seu “Requisito de Transcendência”. 
O instituto - repercussão geral - foi introduzido no direito brasileiro pela Emenda 
Constitucional n.º 45/2004, que acrescentou um novo parágrafo ao art. 102 da Constituição, 
no qual prevê: 
No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das 
questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o 
Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela 
manifestação de dois terços de seus membros 
A regulamentação do dispositivo constitucional foi efetuada pela Lei n.º 11.418, 
de 19 de dezembro de 2006, acrescentando no Código de Processo Civil os arts. 543-A e 543-
B. 
O parágrafo primeiro do art. 543-A traz para o mundo jurídico os requisitos de 
conhecimento da repercussão geral, ou seja, será considerada existência, ou não, de questões 
relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os 
interesses subjetivos da causa. 
Assim, esse novo pressuposto de conhecimento previsto na Constituição Federal, 
bem como no Código de Processo Civil, visa a evitar a sobrecarga de recursos extraordinários 
no Supremo Tribunal Federal retirando os recursos de matérias sumuladas e consolidadas pela 
 
 
18
jurisprudência, bem como retira as causas de natureza idêntica (planos econômicos, 
expurgos inflacionários e outros) que emperram as pautas de julgamento, permitindo, dessa 
forma, que os feitos que repercutem (grau de relevância) e de interesse coletivo possam ser 
analisados e decididos pela Suprema Corte. 
Dessa forma, se a questão jurídica em debate estiver restrita às partes do processo 
e aos seus interesses, não terá espaço para o extraordinário. Para que se torne viável é 
necessária que a questão em conflito, o objeto da lide, seja também preocupação da 
coletividade, ou seja, saia do conflito entre partes e envolva a comunidade ou parte dela. 
 
2.1 Repercussão Geral e seu Aspecto Econômico, Social, Político e Jurídico. 
 
2.1.1 Repercussão geral sobre os aspectos econômicos. 
 
São os que levam em conta as atividades com relevância coletiva, cito com 
exemplos: os transportes coletivos, o sistema financeiro de habitação, a privatização dos 
serviços públicos, a assinatura básica de telefonia, este último aspecto foi questão já dirimida 
pela Suprema Corte em que foi determinado o sobrestamento de todos os processos (RE. 
561577/PR). 
 
2.1.2 Repercussão geral sobre os aspectos sociais. 
 
 
 
19
São relativos aos direitos coletivos ou difusos, protegidos pela Constituição 
Federal, tais como: a escola, a moradia, a saúde, a educação, a seguridade social, a família, 
etc. 
A repercussão geral sobre aspecto social – as ações de indenizações movidas por 
familiares das vítimas da crise que envolve a saúde pública no Município do Rio de Janeiro e 
os descasos das autoridades públicas, na hipótese do crescimento da epidemia de dengue 
 
2.1.3 Repercussão geral sobre os aspectos políticos. 
 
São relativos aos conflitos entre os Estados estrangeiros ou organismosinternacionais, política interna do Estado (planos econômicos), conflitos de atribuição ou 
competência dos entes públicos, ações que versam sobre improbidade de agente público, etc. 
 
2.1.4 Repercussão geral sobre os aspectos jurídicos. 
 
Quando houver dúvida sobre a definição de algum instituto jurídico, como por 
exemplo: A coisa julgada, o direito adquirido, a liberdade de locomoção do indivíduo, etc. 
Aqui é necessário que se afaste conceito vago, duvidoso que gerará precedentes duvidosos à 
jurisprudência dos tribunais, logicamente quando o conceito tiver preceitos constitucionais. 
Nessa espia, conceituar a repercussão geral é um desafio, neste momento, uma vez 
que o instituto é novo em nosso ordenamento jurídico, e o legislador criou conceitos vagos 
com relação à relevância econômica, política, social e jurídica, os quais ficarão a cargo dos 
 
 
20
 
Ministros do Supremo Tribunal Federal em estipular os limites subjetivos dos elementos ali 
relevantes. 
Todavia, após a leitura de vários artigos publicados sobre o tema, não se pode 
fugir dessa missão, assim sendo, a repercussão geral é um requisito de conhecimento do 
recurso extraordinário que, em caso de multiplicidade de questões idênticas, o tribunal de 
origem selecionará um ou mais recursos representativos da controvérsia e os encaminhará à 
Suprema Corte, sendo que será considerada a existência de interesse público, no qual, 
obrigatoriamente, haverá as questões de relevância do ponto de vista econômico, político, 
social e jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. 
 
2.2 Da Rejeição da Repercussão Geral por Dois Terços dos Membros do STF. 
 
O juízo negativo de admissibilidade, ou seja, a rejeição da repercussão geral 
necessita do voto de dois terços dos membros da Corte Suprema. Logo, compete a oito dos 
onze ministros a recusa do pleito, assim somente o Plenário do STF poderá rejeitar a matéria, 
cabendo-lhe decidir pelo conhecimento do recurso extraordinário por falta de repercussão 
geral da questão constitucional nele ventilada. 
Posicionamento diverso a este entendimento, Sérgio Bermudes3, preleciona que: 
Em virtude dessa presunção, o juízo de admissibilidade de que cuida o parágrafo 
dependerá da manifestação de dois terços dos membros do Tribunal. Entenda-se por 
tribunal, não o plenário da Corte, mas o órgão competente para o julgamento do 
recurso (no STF, uma das duas turmas, onde o terço, por aproximação, será três 
ministros, ressalvados os casos de remessa de recurso ao plenário). Se este é o 
órgão competente para julgar o recurso, será dele a competência para o juízo de 
 
3 A reforma judiciária pela Emenda Constitucional n.º 45; observações aos artigos da Constituição Federal 
alterados pela Emenda Constitucional n.º 45, de 08 de dezembro de 2004, Rio de Janeiro: Forense, 2005, 
capítulo VIII, p. 57. 
 
 
21
admissibilidade. Note-se que o § 3º não usou da linguagem do art. 97, onde a 
referência ao órgão especial leva à conclusão de que a declaração de 
inconstitucionalidade dependerá do voto da maioria dos membros da Corte, se nela 
não houver órgão especial. 
 
2.3 Do Quorum para o Reconhecimento da Repercussão Geral. 
 
O reconhecimento da repercussão geral caberá apenas a quatro dos membros da 
Turma, como preceitua o § 4º do art. 543-A - Se a Turma decidir pela existência da 
repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos, ficará dispensada a remessa do recurso 
ao Plenário. 
Assim, se quatro ministros têm posição favorável à repercussão, desnecessário 
será o encaminhamento ao plenário. 
 
2.4 Da Irrecorribilidade da Decisão que não Conhece da Repercussão Geral. 
 
Da decisão que não conhece da repercussão geral descabe qualquer recurso, ela 
será irrecorrível diante do que determina o art. 543-A do Código de Processo Civil (acréscimo 
dado pela Lei 11.418/2006): O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não 
conhecerá do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não 
oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo. 
 
 
22
 
 
2.4.1 Embargos de declaração. 
 
Sérgio Ricardo de Arruda Fernandes4 sustenta que se deve afastar da incidência da 
norma o cabimento de embargos de declaração. Dada a sua finalidade de integração do ato 
decisório, suprindo-lhe alguma deficiência da decisão embargada. 
Alerta, ainda, o autor que não consegue visualizar qual o alvo da limitação, pois a 
decisão de não-conhecimento do recurso extraordinário, sendo emanada do Pleno do Supremo 
Tribunal Federal, não comportaria mesmo qualquer outro recurso. 
Os embargos declaratórios são cabíveis, pois corrigem erro, omissão, contradição 
e contrariedade da decisão embargada, também faz parte integrante do julgado. 
Apesar da lei expressa o termo irrecorrível, creio que decisão quando equivocada 
a Suprema Corte criará meios para a sua anulação. 
 
2.5 Semelhança entre a Repercussão Geral e a petition for writ of certiorari. 
 
Em 1891, com o crescimento da indústria norte-americana, tornava-se inviável a 
pauta de julgamento de apelações obrigatórias para a Suprema Corte, por estar lotada de 
processos. Então o Congresso daquele país, sensível ao excesso de processos na eg. Corte, 
alterou a Lei Orgânica do Judiciário Federal, introduzindo o instituto do writ of certiorari de 
origem common law. Esse critério de aceitação ou de conhecimento da petition for writ of 
 
4 FERNANDES, Sérgio Ricardo de Arruda. A Lei 11.418, de 19/12/2006, e o novo requisito de admissibilidade 
do recurso extraordinário: repercussão. In revista da EMERJ, v. 10, n.º 38, 2007, p. 55 
 
 
23
certiorari ocorreria se tivesse o aval de quatro dos nove juízes da Corte, acrescido do 
requisito em que a causa ou controvérsia fosse julgada em última instância pelos tribunais 
estaduais ou federais e se apresentasse substancialmente relevante para todo país. 
Em 1988, houve uma nova alteração da lei americana que praticamente fez com 
que acabassem com as apelações obrigatórias (mandatory appeals), adotando, naquela época, 
novos requisitos, entre eles, o acesso recursal por intermédio da petition for writ of certiorari, 
extinguindo as apelações obrigatórias, cuja admissão ficava sujeita aos critérios objetivos do 
Regimento Interno da Suprema Corte norte-americana e ao critério subjetivo da relevância 
que consiste em avaliação discricionária. 
A inclusão da petition for writ of certiorari na pauta de julgamento da Corte só 
ocorreria se pelo menos quatro dos nove juízes concluíssem que a questão discutida nos autos 
era relevante para o país e para a sociedade de um modo geral. Caso não figurasse na lista de 
julgamento da petition for writ of certiorari era dada como não conhecida. 
A semelhança do instituto writ of certiorari com o nosso está na subjetividade de 
cada um dos ministros do STF em interpretar o capítulo da repercussão geral do recurso 
extraordinário no que tange à existência da relevância social, política, econômica e jurídica 
que ultrapassem os interesses subjetivos da causa. 
 
2.6 A Distinção entre a Argüição de Relevância e a Repercussão Geral. 
 
A argüição de relevância tal como a repercussão geral são mecanismos de 
filtragem ou de seleção de recurso extraordinário. Ocorre que há uma particularidade de muito 
 
 
24
interesse, a argüição de relevância era requisito aplicável às questões federais, ficando fora 
desse mecanismo as alegações de violação a texto da Constituição Federal que era 
automaticamente admitido o recurso extraordinário. Quanto à Repercussão Geral a relevância 
está na questão constitucionalalegada pelo recorrente, ou seja, a matéria deve tratar de 
dispositivo constitucional violado. 
Na verdade, a argüição era apresentada em autos apartados e apreciada pelo STF 
em sessão secreta. Das mais de 30.000 argüições apresentadas, aproximadamente 5% (cinco 
por cento) eram acolhidas, sendo que 20% (vinte por cento) não eram conhecidas por 
deficiência do instrumento de argüição e os 75% (setenta e cinco por cento) eram rejeitados, 
sem que houvesse nenhuma fundamentação, esse requisito de uso obrigatório no instituto da 
repercussão geral. 
Demais disso, o § 1º do art. 327 do Regimento Interno do STF, naquela época, 
definia questão federal relevante como aquela que, pelos reflexos na ordem jurídica, e 
considerados os aspectos morais, econômicos, políticos ou sociais do litígio, exigiria a 
apreciação do recurso extraordinário pelo STF. 
Todavia, há diferenças. A argüição de relevância (art. 119, § 1º) existia num 
sistema em que a regra do jogo seria a não-apreciação pela Suprema Corte dos casos das 
alíneas “a” e “d”. Já a repercussão geral é um pré-requisito – demonstração da repercussão 
geral das questões constitucionais. 
Na repercussão geral a recusa deve ser fundamentada, motivada, art. 93, XI, da 
CF, enquanto que na argüição de relevância a decisão do STF não precisava de motivação e 
ainda era colhida em segredo ou sigilo. 
 
 
25
Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero5 alertam para a diferença dos 
institutos: 
Nada obstante tenham a mesma função de ‘filtragem recursal’, a argüição de 
relevância de outrora e a repercussão geral não se confundem. A começar pelo 
desiderato: enquanto a argüição de relevância funcionava como um instituto que 
visava a possibilitar o conhecimento deste ou daquele recurso extraordinário a priori 
incabível, funcionando como um instituto com característica central inclusiva, a 
repercussão geral visa a excluir do conhecimento do Supremo Tribunal Federal 
controvérsias que assim não se caracterizam.Os próprios conceitos de repercussão 
geral e argüição de relevância não se confundem. Enquanto este está focado 
fundamentalmente no conceito de ‘relevância’, aquele exige, para além da 
relevância da controvérsia constitucional, a transcendência da questão debatida. 
Quanto ao formalismo processual, os institutos também não guardam maiores 
semelhanças: a argüição de relevância era apreciada em sessão secreta, dispensando 
fundamentação: a análise da repercussão geral, ao contrário, tem evidentemente de 
ser examinada em sessão pública, com julgamento motivado (art. 93, IX, da 
CF).Tudo aconselha, pois, que se evite qualquer assimilação entre esses dois 
institutos para análise de nossa repercussão geral. 
 
 
2.7 Breve Comentário à Regra da Transcendência no Recurso de Revista. 
 
Introduzido pela Medida Provisória n.º 2.226, de 4 de setembro de 2001, a 
transcendência - art. 896-A da CLT - é mais um requisito de admissibilidade ao recurso de 
revista para o Tribunal Superior do Trabalho, como se observa da referida medida provisória. 
Art. 1o A Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, 
de 1o de maio de 1943, passa a vigorar acrescida do seguinte dispositivo: 
Art.896-A -O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará 
previamente se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de 
natureza econômica, política, social ou jurídica." (NR) 
Art.2o O Tribunal Superior do Trabalho regulamentará, em seu regimento interno, o 
processamento da transcendência do recurso de revista, assegurada a apreciação da 
transcendência em sessão pública, com direito a sustentação oral e fundamentação 
da decisão. 
Art.3o O art. 6º da Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997, passa a vigorar acrescido do 
seguinte parágrafo, renumerando-se o atual parágrafo único para § 1o: 
"§ 2o O acordo ou a transação celebrada diretamente pela parte ou por intermédio de 
procurador para extinguir ou encerrar processo judicial, inclusive nos casos de 
 
5Repercussão Geral no Recurso Extraordinário, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, março de 2007, p. 30 
e 31 
 
 
26
extensão administrativa de pagamentos postulados em juízo, implicará sempre a 
responsabilidade de cada uma das partes pelo pagamento dos honorários de seus 
respectivos advogados, mesmo que tenham sido objeto de condenação transitada em 
julgado. 
Art. 4o Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação. 
 
A transcendência, de origem do direito português, art. 280 do Código de Processo, 
visa demonstrar os reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. 
Antes de ser editada por medida provisória, a transcendência foi base do Projeto 
de Lei n.º 3.267/2000 que considerava os reflexos jurídicos, políticos, sociais ou econômicos 
como sendo: 
a) os reflexos jurídicos, seria o desrespeito patente aos direitos humanos 
fundamentais ou aos interesses coletivos indisponíveis, com comprometimento da 
segurança e estabilidade das relações jurídicas; 
 b) os políticos, seria o desrespeito notório ao princípio federativo ou à harmonia dos 
Poderes constituídos; 
c) os sociais, a existência de situação extraordinária de discriminação, de 
comprometimento do mercado de trabalho ou de perturbação notável à harmonia 
entre capital e trabalho; 
d) os econômicos, seria a ressonância de vulto da causa em relação à entidade de 
direito público ou economia mista, ou à grave repercussão da questão na política 
econômica nacional, no segmento produtivo ou no desenvolvimento regular da 
atividade empresarial. 
Numa análise perfunctória, percebe-se que a transcendência tem os mesmos 
requisitos da repercussão geral. Ocorre que esta é prevista para o recurso extraordinário, 
enquanto aquela para o recurso de revista. 
No tocante à constitucionalidade da transcendência, em 14.09.2001, o Conselho 
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil ajuizou ação direta de inconstitucionalidade 
contra a Medida Provisória n.º 2.226/2001, instituidora da regra da transcendência no recurso 
de revista, a qual foi registrada naquela Corte sob o n.º 2527 e distribuída à Ministra Ellen 
Gracie. Acontece que, na assentada do dia 16.08.2007, o Pleno do STF afastou a 
plausibilidade jurídica da tese de inconstitucionalidade relativa aos artigos 1º e 2º da medida 
 
 
27
provisória. Assim, resta clara a constitucionalidade da regra em debate. Transcrevo parte da 
ementa publicada em 23.11.2007: 
A medida provisória impugnada foi editada antes da publicação da Emenda 
Constitucional 32, de 11.09.2001, circunstância que afasta a vedação prevista no art. 
62, § 1º, I, b, da Constituição, conforme ressalva expressa contida no art. 2º da 
própria EC 32/2001. 2. Esta Suprema Corte somente admite o exame jurisdicional 
do mérito dos requisitos de relevância e urgência na edição de medida provisória em 
casos excepcionalíssimos, em que a ausência desses pressupostos seja evidente. No 
presente caso, a sobrecarga causada pelos inúmeros recursos repetitivos em 
tramitação no TST e a imperiosa necessidade de uma célere e qualificada prestação 
jurisdicional aguardada por milhares de trabalhadores parecem afastar a 
plausibilidade da alegação de ofensa ao art. 62 da Constituição. 3. Diversamente do 
que sucede com outros Tribunais, o órgão de cúpula da Justiça do Trabalho não tem 
sua competência detalhadamente fixada pela norma constitucional. A definição dos 
respectivos contornos e dimensão é remetida à lei, na forma do art. 111, § 3º, da 
Constituição Federal. As normas em questão, portanto, não alteram a competência 
constitucionalmente fixada para o Tribunal Superior do Trabalho. 4. Da mesma 
forma, parece não incidir, nesse exame inicial, a vedação imposta pelo art. 246 daConstituição, pois, as alterações introduzidas no art. 111 da Carta Magna pela EC 
24/99 trataram, única e exclusivamente, sobre o tema da representação classista na 
Justiça do Trabalho. 5. A introdução, no art. 6º da Lei nº 9.469/97, de dispositivo 
que afasta, no caso de transação ou acordo, a possibilidade do pagamento dos 
honorários devidos ao advogado da parte contrária, ainda que fruto de condenação 
transitada em julgado, choca-se, aparentemente, com a garantia insculpida no art. 5º, 
XXXVI, da Constituição, por desconsiderar a coisa julgada, além de afrontar a 
garantia de isonomia da parte obrigada a negociar despida de uma parcela 
significativa de seu poder de barganha, correspondente à verba honorária. 6. Pedido 
de medida liminar parcialmente deferido. ADI-MC 2527-DF, Min. ELLEN 
GRACIE 
 
 
28
3 LIMITE DA REPERCUSSÃO GERAL 
 
3.1 Limites objetivos. 
 
O recurso extraordinário, a partir da edição da Lei 11.418 - de 19 de dezembro de 
2006 -, com a vacatio legis de sessenta dias, fixou no corpo das razões do referido recurso 
uma obrigatoriedade, o capítulo da “repercussão geral” que, a partir da regulamentação da lei 
pelo Regimento Interno do STF, tornou-se um requisito de sobrevivência e existência do 
recurso extraordinário, a falta do capítulo o Supremo Tribunal Federal não conhecerá do 
recurso. Os limites objetivos da repercussão estão inseridos tanto na Constituição Federal, art. 
102, § 3º, bem como no art. 543-A, § 2º, do Código de Processo Civil: “O recorrente deverá 
demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação exclusiva do Supremo Tribunal 
Federal, a existência da repercussão geral”. 
3.2 Questões Processuais da Repercussão Geral. 
 
3.2.1 Termo inicial da exigência da repercussão geral no recurso extraordinário (Q.O no 
AI 664567-2/RS do STF). 
Nos termos da Lei 11.418/2006, a exigência da repercussão geral seria após a 
vacatio legis de sessenta dias da publicação da referida Lei (19.12.2006). Ocorre que o eg. 
Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária do dia 18.6.2007, no julgamento da Questão 
de Ordem no Agravo de Instrumento 664567-2/RS, decidiu que o marco temporal para 
exigência de repercussão geral no recurso extraordinário de questões constitucionais seria a 
 
 
29
partir do dia 3 de maio de 2007, data em que entrou em vigor a Emenda Regimental n.º 21. 
Justifica o Ministro Sepúlveda Pertence no seu voto: 
O equívoco da decisão agravada está, isto sim, em exigir, antes das normas 
regimentais implementadas pelo Supremo Tribunal Federal, que o recorrente 
buscasse demonstrar, na petição do RE, a repercussão geral da questão. 
É que a determinação expressa de aplicação da L. 11.418/06 (art. 4º ¹³) aos recursos 
interpostos a partir do primeiro dia de sua vigência não significa a sua plena eficácia. 
Tanto é assim que ficou a cargo do Supremo Tribunal Federal a tarefa de 
estabelecer, em seu Regimento Interno, as normas necessárias à execução da L. 
11.418/06, seria ilógico exigir que os recursos interpostos antes da vigência daquela 
contenham uma preliminar em que o recorrente demonstre a existência da 
repercussão geral (Art. 543-A, § 2º, introduzido pelo art. 2º da L. 11418/06. 
É que, ainda que houvesse a referida preliminar, não se poderia dar o imediato e 
integral cumprimento da L. 11.418/06. 
 
Portanto, a partir do dia 3 de maio de 2007 ficou estabelecida a exigência da 
repercussão geral no recurso extraordinário. 
 
3.1.2 Sobrestamento dos recursos extraordinários no tribunal a quo. 
 
Os recursos extraordinários que tenham matérias idênticas serão sobrestados no 
tribunal de origem (STJ, TSE, STM, TST, Tribunais de Justiças, Tribunais regionais federais 
e juizados de pequenas causas) que remeterão ao STF um ou mais recursos representativos da 
controvérsia e aguardarão o pronunciamento definitivo daquela Corte sobre o recurso. 
Esse tema está previsto tanto no art. 543-B do Código de Processo Civil, quanto no 
art. 328 do RISTF, que assim prescrevem: 
Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em 
idêntica controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos 
do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste 
artigo. 
§ 1o Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos 
representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, 
sobrestando os demais até o pronunciamento definitivo da Corte. 
 
 
30
§ 2o Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados 
considerar-se-ão automaticamente não admitidos. 
§ 3o Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão 
apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que 
poderão declará-los prejudicados ou retratar-se. 
§ 4o Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o Supremo Tribunal Federal, 
nos termos do Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão 
contrário à orientação firmada. 
§ 5o O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal disporá sobre as 
atribuições dos Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na análise da 
repercussão geral.’ 
Art. 328. Protocolado ou distribuído recurso cuja questão for suscetível de 
reproduzir-se em múltiplos feitos, o Presidente do Tribunal ou o Relator, de ofício 
ou a requerimento da parte interessada, comunicará o fato aos tribunais ou turmas 
de juizado especial, a fim de que observem o disposto no art. 543-B do Código de 
Processo Civil, podendo pedir-lhes informações, que deverão ser prestadas em 5 
(cinco) dias, e sobrestar todas as demais causas com questão idêntica. 
Parágrafo único. Quando se verificar subida ou distribuição de múltiplos recursos 
com fundamento em idêntica controvérsia, o Presidente do Tribunal ou o Relator 
selecionará um ou mais representativos da questão e determinará a devolução dos 
demais aos tribunais ou turmas de juizado especial de origem, para aplicação dos 
parágrafos do art. 543-B do Código de Processo Civil. 
Recentemente, após Questão de Ordem suscitada pelo Ministro Gilmar Mendes, 
no âmbito dos Recursos Extraordinários n.ºs 556.664-1/RS, 559.882-9/RS e 560.626-1/RS, o 
Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, na assentada do dia 12.09.2007, determinou o 
sobrestamento dos recursos extraordinários de questão idêntica à matéria que versa sobre a 
constitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91 em face do art. 146, III, B, da 
Constituição Federal e o art. 5º, parágrafo único, do Decreto-Lei n.º 1.569/77 em face do art. 
18, § 1º, da Constituição Federal de 1967, com redação dada pela Emenda nº 01/69. Deste 
modo, a eg. Corte aplicou pela primeira vez o parágrafo único e caput do art. 328 do RISTF. 
Determinando, por fim, a devolução aos Tribunais de origem dos recursos extraordinários e 
agravos de instrumento que ainda aguardam distribuição. 
Aliás, o sobrestamento dos recursos extraordinários já é conhecido no STF desde 
do ano de 2003, após a Emenda Regimental n.º 12, em que ficou estabelecido no art. 321, § 
5º, incisos I a VII, do RISTF que os extraordinários interpostos no âmbito dos Juizados 
Especiais Federais (Lei n.º 10.259, de 12 de julho de 2001), aplicariam as seguintes regras: 
 
 
31
I – verificada a plausibilidade do direito invocado e havendo fundado receio da 
ocorrência de dano de difícil reparação, em especial quando a decisão recorrida 
contrariar súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, poderá 
o relator conceder, de ofício ou a requerimento do interessado, ad referendum do 
Plenário medida liminar para determinar o sobrestamento, na origem, dos processos 
nos quais a controvérsia esteja estabelecida, até o pronunciamento desta Corte sobre 
a matéria; 
II – o relator, se entender necessário, solicitará informaçõesao Presidente da Turma 
Recursal ou ao Coordenador da Turma de Uniformização, que serão prestadas no 
prazo de 05 (cinco)dias; 
III - eventuais interessados, ainda que não sejam partes no processo, poderão 
manifestar-se no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação da decisão 
concessiva da medida cautelar prevista no inciso I deste § 5º; 
IV - o relator abrirá vista dos autos ao Ministério Público Federal, que deverá 
pronunciar-se no prazo de 05 (cinco) dias; 
V - recebido o parecer do Ministério Público Federal, o relator lançará relatório, 
colocando-o à disposição dos demais Ministros, e incluirá o processo em pauta para 
julgamento, com preferência sobre todos os demais feitos, à exceção dos processos 
com réus presos, habeas-corpus e mandado de segurança; 
VI – eventuais recursos extraordinários que versem idêntica controvérsia 
constitucional, recebidos subseqüentemente em quaisquer Turmas Recursais ou de 
Uniformização, ficarão sobrestados, aguardando-se o pronunciamento do Supremo 
Tribunal Federal; 
VII- publicado o acórdão respectivo, em lugar especificamente destacado no Diário 
da Justiça da União, os recursos referidos no inciso anterior serão apreciados pelas 
Turmas Recursais ou de Uniformização, que poderão exercer o juízo de retratação 
ou declará-los prejudicados, se cuidarem de tese não acolhida pelo Supremo 
Tribunal Federal; 
VIII – o acórdão que julgar o recurso extraordinário conterá, se for o caso, súmula 
sobre a questão constitucional controvertida, e dele será enviada cópia ao Superior 
Tribunal de Justiça e aos Tribunais Regionais Federais, para comunicação a todos os 
Juizados Especiais Federais e às Turmas Recursais e de Uniformização. 
 
3.1.3 Do sobrestamento indevido do recurso extraordinário pelo tribunal “a quo”. 
 
Há possibilidade de que o tribunal “a quo”, erroneamente, faça o sobrestamento 
indevido do extraordinário, isto é, incluir um recurso que não tenha a mesma matéria de 
controvérsia idêntica na vala comum daqueles que possua. Ocorrendo tal prejuízo, é 
necessário que o recorrente intervenha para alertar o tribunal do erro. 
Dessa intervenção não há previsão legal, a lei silenciou e não previu qualquer recurso 
para o referido erro, mas qual seria o mecanismo para alterar o despacho de sobrestamento? 
 
 
32
Caso análogo, o recurso especial e extraordinário retidos (art. 542 § 3º, do CPC), a 
legislação também silenciou, apesar de a jurisprudência ter admitido interposição de agravo 
de instrumento, reclamação e até medida cautelar. 
Assim, para destravar o sobrestamento do recurso extraordinário devemos 
analogicamente usar dos mesmos expedientes (agravo de instrumento, reclamação e medida 
cautelar). 
 
3.1.4 Intervenção de terceiros (amicus curiae) 
 
A intervenção de amicus curiae no debate sobre repercussão geral da questão 
constitucional no recurso extraordinário está prevista tanto no art. 543-A, § 6º, do CPC, 
quanto no art. 323, § 2º, do RISTF, o qual complementa a norma. 
Prevê que o relator poderá admitir, de ofício ou mediante requerimento, a intervenção 
do “amigo do rei”, fixando-lhe prazo para manifestação, devendo a petição ser subscrita por 
procurador habilitado. Vale referir que a intervenção não é automática, devendo o relator 
verificar a pertinência e a relevância da intervenção e do interessado. Como preceituam os 
referidos artigos: 
Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá 
do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não 
oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo. 
§ 6o O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de 
terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno 
do Supremo Tribunal Federal. 
Art. 323. Quando não for caso de inadmissibilidade do recurso por outra razão, o 
Relator submeterá, por meio eletrônico, aos demais ministros, cópia de sua 
manifestação sobre a existência, ou não, de repercussão geral. 
§ 2º Mediante decisão irrecorrível, poderá o Relator admitir de ofício ou a 
requerimento, em prazo que fixar a manifestação de terceiros, subscrita por 
procurador habilitado, sobre a questão da repercussão geral. 
 
 
33
Também prevista na Lei nº 9.868/99, art. 7º, § 2º - controle concentrado de 
constitucionalidade – O amicus curiae desempenha um papel institucional, atuando como 
colaborador da Suprema Corte para interpretar as regras constitucionais envolvidas nas ações 
constitucionais (na ADIN, na ADC e na ADPF). Assim, acredito que ocorrerá com o amicus 
curiae previsto na lei da repercussão geral, tendo o mesmo papel, uma vez que estará em jogo 
o seu recurso extraordinário sobrestado no tribunal de origem 
 
3.2 Limites Subjetivos da Eficácia da Decisão Proferida na Repercussão Geral. 
 
O Supremo Tribunal Federal ao rejeitar a repercussão geral torna a decisão 
irrecorrível, não cabendo nenhum recurso, como prevê o art. 543-A, caput, § 5º e o art. 326 do 
RISTF, que estabelece que “toda decisão de inexistência de repercussão geral é irrecorrível e 
vale para todos os recursos sobre questão idêntica”, devendo ser comunicada pelo relator à 
presidência do Tribunal para fins de ampla publicidade e para sua aplicação em outros 
recursos que tenham a mesma matéria jurídica idêntica – em casos recentes, o STF mandou 
sobrestar os extraordinários que versam sobre a cobrança de assinatura básica mensal dos 
usuários do serviço de telefonia, base de cálculo da contribuição para o PIS/Cofins e a 
constitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91 (reconhecimento da prescrição 
intercorrente). Assim, a recusa da repercussão geral faz com que aqueles recursos 
extraordinários sobrestados nos tribunais “a quo” sejam julgados não conhecidos ou 
inadmitidos (art. 543-A, § 5º e art. 543-B, § 2º), dependendo do conteúdo decisório da 
Suprema Corte. 
 
 
34
Reconhecida a repercussão geral da questão debatida e julgado o mérito do 
recurso extraordinário, os recursos sobrestados poderão ser apreciados imediatamente pelo 
Tribunal de origem. Poderão retratar-se de suas decisões, adequando–se à orientação firmada 
pela Suprema Corte (art. 543-B, § 3º). Podendo, igualmente, julgá-lo prejudicado, pois estaria 
em confronto com a orientação do próprio Supremo. 
 
3.2.1 O Juízo de Admissibilidade pelo Tribunal de Origem. 
 
O recurso extraordinário é interposto perante o tribunal recorrido, cabendo a 
análise dos pressupostos extrínsecos dos recursos consoante determinam as alíneas “a” e “d” 
do permissivo constitucional. A falta de um dos seus requisitos acarretará a não-admissão do 
recurso extraordinário, sendo cabível o agravo de instrumento para o STF, nos dizeres do art. 
544, § 1º, do CPC. 
Ao tribunal de origem não é permitida a aferição da repercussão geral, pois é de 
exclusividade do STF, como estatuído no art. 543-A, § 2º: O recorrente deverá demonstrar, 
em preliminar do recurso, para apreciação exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a 
existência da repercussão geral. 
Assim, não se admite a análise da repercussão por outros tribunais. Da existência 
de ingerência indevida por órgão incompetente surge o direito da parte prejudicada à 
reclamação ao STF (art. 102, inciso I, alínea “l”, da CF), a fim de que se mantenha a 
integridade de sua competência. 
 
 
35
Entretanto, cabe ao requerente de forma obrigatória a demonstração de que a 
questão constitucional nele aventada oferece repercussão que ultrapassa os interesses 
subjetivos da causa. A falta do capítulo torna inepta a petição recursal. Cabendo, nesse caso, 
ao presidente do tribunal de origem inadmitir o extraordinário pela ausência objetiva de um 
dos requisitos indispensáveis da petição. 
 
3.2.2Admissibilidade da repercussão geral perante o Supremo Tribunal Federal. 
 
A princípio, presume-se, em caráter absoluto, a existência da repercussão geral 
quando o recurso extraordinário impugnar decisão contrária à súmula ou jurisprudência 
dominante do STF (art. 543-A, § 3º), ou seja, a presunção absoluta da repercussão geral: 
§ 3o Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária a 
súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal. 
Há a presunção absoluta da repercussão geral quando a Turma decidir pela 
existência da repercussão geral por, no mínimo, quatro (04) votos dos ministros, ficando 
dispensada a remessa do recurso ao Plenário, pois serão necessários oito (08) votos dos 
ministros para rejeitá-la, cuja composição completa são de onze (11) ministros, 11-4 = 7 
ministros, número inferior a 2/3 do Plenário. 
Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá 
do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não 
oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo. 
§ 4º Se a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 
(quatro) votos, ficará dispensada a remessa do recurso ao Plenário. 
 
 
36
Alegada a repercussão geral da questão constitucional no STF, a matéria será 
submetida a todos os ministros do STF por meio eletrônico, conforme previsão dos arts. 323-
326 do RISTF: 
Art. 323. Quando não for caso de inadmissibilidade do recurso por outra razão, o 
Relator submeterá, por meio eletrônico, aos demais ministros, cópia de sua 
manifestação sobre a existência, ou não, de repercussão geral. 
§ 1º Tal procedimento não terá lugar, quando o recurso versar questão cuja 
repercussão já houver sido reconhecida pelo Tribunal, ou quando impugnar decisão 
contrária a súmula ou a jurisprudência dominante, casos em que se presume a 
existência de repercussão geral. 
§ 2º Mediante decisão irrecorrível, poderá o Relator admitir de ofício ou a 
requerimento, em prazo que fixar a manifestação de terceiros, subscrita por 
procurador habilitado, sobre a questão da repercussão geral. 
Art. 324. Recebida a manifestação do Relator, os demais ministros encaminhar-lhe-
ão, também por meio eletrônico, no prazo comum de 20 (vinte) dias, a manifestação 
sobre a questão da repercussão geral. 
Parágrafo único. Decorrido o prazo sem manifestações suficientes para recusa do 
recurso, reputar-se-á existente a repercussão geral. 
Art. 325. O Relator juntará cópia das manifestações aos autos, quando não se tratar 
de processo informatizado, e, uma vez definida a existência da repercussão geral, 
julgará o recurso ou pedirá dia para seu julgamento, após vista ao Procurador-Geral, 
se necessária; negada a existência, formalizará e subscreverá decisão de recusa do 
recurso. 
Parágrafo único. O teor da decisão preliminar sobre a existência da repercussão 
geral, que deve integrar a decisão monocrática ou o acórdão, constará sempre das 
publicações dos julgamentos no Diário Oficial, com menção clara à matéria do 
recurso. 
Art. 326. Toda decisão de inexistência de repercussão geral é irrecorrível e, valendo 
para todos os recursos sobre questão idêntica, deve ser comunicada, pelo Relator, ao 
Presidente do Tribunal, para os fins do artigo subseqüente e do artigo 329. 
Examinando o STF a ocorrência ou não da repercussão geral de determinada 
questão levada ao seu conhecimento, será editada súmula do julgamento onde constará na ata, 
que será publicada no Diário Oficial, servindo essa publicação como acórdão. O julgado 
publicado funciona como condição de eficácia da decisão. 
 
3.2.3 Aplicação da repercussão geral prevista no CPC aos recursos 
extraordinários em geral. 
 
 
 
37
Após o julgamento da Questão de Ordem no Agravo de Instrumento n.º 
664.567, na sessão de 18 de junho de 2007, relator Sepúlveda Pertence, a Corte Suprema 
fixou orientação de que a exigência de alegação e demonstração de repercussão geral abrange 
todos os recursos, qualquer que seja a sua natureza (cível, criminal, trabalhista ou eleitoral). 
Assim, transcrevo parte do voto que menciona a exigência da repercussão a todas as matérias: 
A partir da EC 45, de 30 de dezembro de 2004 – que incluiu o § 3ª no art. 102 da 
Constituição -, passou a integrar o núcleo comum da disciplina constitucional do 
recurso extraordinário a exigência da repercussão geral da questão constitucional, 
verbis: 
§ 3º. No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral 
das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o 
Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela 
manifestação de dois terços de seus membros. 
A regulamentação desse dispositivo sobreveio com a L. 11.418/06 que, 
inadvertidamente, se limitou a alterar o texto do Código de Processo Civil. 
Estou convencido, contudo, que apesar de alteração formalmente ter atingido apenas 
o Código de Processo Civil, a regulação de aplica plenamente ao recurso 
extraordinário criminal, seja porque – repita-se – a repercussão geral passou a 
integrar a disciplina constitucional de todos os recursos extraordinários, seja porque 
parece inequívoca a finalidade da L. 11.418/06 de regulamentar o instituto nessa 
mesma extensão. 
Assim, não empresto maior relevo à circunstância de ter sido alterado apenas texto 
do Código de Processo Civil, tendo em vista o caráter geral das normas nele 
inseridas pela L. 11.418/06. 
De qualquer modo, não haveria nenhum óbice à sua aplicação subsidiária ou por 
analogia. 
 
Portanto, conclui-se que a repercussão geral é um pressuposto constitucional do 
recurso extraordinário devendo ser aplicado ao direito brasileiro. 
 
3.3 Aspecto Positivo da Repercussão Geral. 
 
A repercussão geral tem como aspecto positivo a implantação de um filtro para 
diminuir o afluxo de recursos repetitivos ao STF. Assim, basta que um dos recursos 
extraordinários seja analisado e decidido para que os outros recursos idênticos sejam 
 
 
38
inadmitidos, sem que haja o processamento e a subida para o Supremo Tribunal Federal, 
hipótese prevista no art. 543-B e seus parágrafos. 
Cumpre-me, ainda, destacar que sempre haverá a presunção da existência da 
repercussão geral em favor do recorrente, uma vez que para declarar a inexistência da 
repercussão necessitará de oito votos dos ministros que integram o Supremo Tribunal Federal, 
ou seja, dois terços dos membros do Tribunal. 
 
3.4 Aspecto Negativo da Repercussão Geral. 
 
Nesse caso, a garantia a uma prestação jurisdicional, art. 5º, XXXV, da 
Constituição Federal, poderá ter abalos, já que a Suprema Corte, ao decidir que não há 
repercussão geral na questão constitucional, levará uma questão, a princípio eivada de 
inconstitucionalidade, ao manto da coisa julgada material. 
 
 
39
CONCLUSÃO 
 
A repercussão geral, nascida a partir da Emenda Constitucional 45/2004, tem 
como meta a valorização da autoridade do STF na interpretação e tutela da Constituição 
Federal. É um instituto novo no ordenamento jurídico, denominado com filtro recursal, que 
reduzirá substancialmente o volume de processos no STF, pois tem o objetivo de análise, no 
âmbito do recurso extraordinário, questão de interesse coletivo. 
Apesar de vários doutrinadores escreverem bem do referido instituto, parece que 
não será fácil a sua aplicação junto ao STF, já que sua espinha dorsal está repleta de conceitos 
obscuros e indefinidos para sua verdadeira utilidade. Contudo, a finalidade deste instituto é 
firmar o papel do Supremo Tribunal Federal como Corte Constitucional e não como instância 
recursal. 
Entendemos que a Lei 11.418/2006, na parte em que instituiu o parágrafo 1º do art. 
543-A no Código de Processo Civil, é inconstitucional,uma vez que há uma restrição ao 
direito da parte, quando a própria Constituição Federal não o faz, ou seja, inserido o termo 
“que ultrapassem os interesses subjetivos da causa”. 
Neste estudo, constata-se, ainda, que existirá questão esdrúxula no nosso direito a 
ser resolvida quando o STF decidir que não há repercussão geral da questão constitucional, e 
a Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis não derem a perfeita interpretação do 
comando constitucional, não terá recurso cabível para o exame da constitucionalidade, já que 
a Suprema Corte não considerou relevante o tema. 
 
 
40
Por fim, entendo que a função institucional do Superior Tribunal de Justiça 
deveria ser ampliada, aceitando, no âmbito do recurso especial, o exame de questão 
constitucional, o que ocorre com o Tribunal Superior do Trabalho e o Superior Tribunal 
Eleitoral. O efeito ao nosso sistema é que não existiriam recursos extraordinários dos 
Tribunais de segundo grau. Existiria uma redução de 27 tribunais estaduais e 5 tribunais 
regionais federais para interposição do apelo extremo. Dessa forma, haveria uma canalização 
de todos os recursos da esfera comum para o STJ e deste para o STF. 
 
 
41
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n.º 45/2004 – 1ª ed. São Paulo: Editora Letras Jurídicas, 2006. 
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43
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<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2226.htm> . Acesso em: 04 dez. 2007. 
Brasil. Lei 5869, de 11 de janeiro de 1973, institui o Código de Processo Civil, Brasília, 
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Acesso em 04 dez.2007. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, Texto 
constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas 
Emendas Constitucionais n.ºs 1/92 a 53/2006 e pelas Emendas Constitucionais de Revisão 
n.ºs 1 a 6/94 – Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2007. 
 
 
	GILBERTO FERNANDES MARTINS
	RESUMO
	SUMÁRIO
	INTRODUÇÃO
	1-EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
	1.1 Repercussão Geral e sua previsão legal e constitucional.
	2 CONCEITO DA REPERCUSSÃO GERAL.
	2.1 Repercussão Geral e seu Aspecto Econômico, Social, Político e Jurídico.
	2.2 Da Rejeição da Repercussão Geral por Dois Terços dos Membros do STF.
	2.3 Do Quorum para o Reconhecimento da Repercussão Geral.
	2.4 Da Irrecorribilidade da Decisão que não Conhece da Repercussão Geral.
	2.5 Semelhança entre a Repercussão Geral e a petition for writ of certiorari.
	2.6 A Distinção entre a Argüição

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