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Apendicite Aguda Rayron Holanda Turma 85 (86) 998382654 rayronholandamed@gmail.com REGINALD HERBER FITZ (1843-1913) Sociedade Medica de Boston - junho de 1886: Não se pode ignorar a enorme importância da detecção precoce de um apêndice que pode estourar. “Deve-se pensar na cirurgia imediata para expor o apêndice e verificar seu estado, se depois de 24hs do início da dor intensa a peritonite está evidentemente aumentando e o estado do paciente é grave” Mc Burney “ no adulto médio, o ponto de maior sensibilidade fica exatamente a 5 cm da crista ilíaca anterior, sobre uma linha traçada a partir deste ponto até a cicatriz umbilical”… Ponto de McBurney. Epidemiologia Incidência: 7% (5-10%) 1 cada 15 pessoas vem diminuindo nos EUA Maior incidência entre 10 a 19 anos (população geral 11 casos em 10.000/ano,já entre 10 e 19 anos 23,3) Homem 2 : 1 Mulher - entre 10-20 anos Hereditária ? Raça branca Custos de 1,5 milhão de dólares/ano-EUA 4 PRINCIPAL CAUSA DE ABDOMEN AGUDO Anatomia Resquício Embriológico! Pode medir de 2 a 20 centímetros, mas a media é de 9 nos adultos; O Apêndice se comunica com o Ceco na convergência da tênia ao largo da face inferior Válvula de Guerlach; A mucosa cecal secreta líquidos; Localização “habitual” do apêndice: Pelvica: 30% Retroperitoneal: 7% Retrocecal: O “resto”… Histologia O apêndice possui abundância de folículos linfóides na sua camada sub-mucosa. Etiologia 65% hiperplasia folicular linfóide 35% fecalitos 4% corpo estranho - parasitas - sementes (veganos e vegaterianos*) - bário 1% TUMORES-ceco,apêndice,tbc,crohn PATOGENIA- é uma continuidade! Vamos Pensar: Obstrução luminal… peristaltismo de luta… Hipertensão luminal… bactérias começam a fermentar… Obstrução linfática e venosa… isso leva à leucocitose que explica a… Inflamação… predominante de polimorfonucleares (neutrófilos)… Edema… Isquemia… Gangrena – Perfuração Supuração 8 PATOGENIA OBSTRUCAO DA LUZ DO APENDICE POR FECALITO OU HIPERPLASIA FOLICULAR LINFOIDE AUMENTO DA PRESSAO INTRALUMINAR E CONGESTAO VENOSA ISQUEMIA E INVASAO BACTERIANA► NECROSE E PERFURACAO Fases evolutivas Catarral Flegmonosa Gangrenosa Perfurativa TIPOS ANATOMOPATOLOGICOS Edematosa :diminui retorno venoso e linfático-proliferação bacteriana inflamação Supurativa :maior proliferação bacteriana-exsudato mucopurulento microinfiltrados purulentos na cavidade peritonial Gangrenosa :comprometimento arterial-isquemia-microperfurações-lesões ulceradas-proliferação de anaeróbios- fibrina-plastrão Perfurativa :líquido purulento 1-PLASTRÃO APENDICULAR Aderências (exsudato fibrinoso): -apêndice inflamado - delgado -omento maior 2-ABSCESSO APENDICULAR - apêndice digerido -pus (dentro do plastrão) RELEMBRANDO... inflamação constitui um mecanismo de defesa local, exclusivo de tecidos mesenquimais lesados. Pode ser definida como sendo uma... "... resposta local do tecido vascularizado agredido, caracterizada por alterações do sistema vascular, dos componentes líquidos e celulares, bem como por adaptações do tecido conjuntivo vizinho". CLASSIFICAÇÃO DAS INFLAMAÇÕES Por resultarem em alterações morfológicas teciduais de diferentes características, as inflamações recebem classificações, estas podendo ser quanto ao tempo de duração ou quanto ao tipo de elemento tecidual predominante. Flegmão ou celulite: nesse tipo de inflamação purulenta não há formação da membrana piogênica, ou seja, a coleção de pus não se encontra concentrada em uma cavidade, mas sim, difusa sobre o tecido; além disso, há predominância dos fenômenos vasculares, com evidente eritema (hiperemia) e edema. O exsudato purulento é mais fluido, infiltrando-se no conjuntivo frouxo adjacente ao local inflamado. O flegmão é também chamado de celulite, nome dado para designar a inflamação do tecido subcutâneo. Abscesso: cavidade neoformada encapsulada, com centro necrótico e purulento, parede interna com predomínio neutrofílico já em processo regressivo (essa parede é chamada de membrana piogênica uma vez que gera o pus) e camada externa com neovascularização e fenômenos exsudativos. Dessa última camada partem as respostas cicatrizantes ou de fibrose, dependendo da evolução do processo. Essas respostas estão diretamente ligadas à eliminação do agente etiológico (que é, geralmente, de origem infecciosa por bactérias piogênicas) e à saída da coleção de pus existente no local. Em relação ao último fator, podem-se realizar procedimentos de drenagem desse pus quando esta não está presente sob a forma de fístulas ou ulcerações no local. Diagnóstico Desafio Clínico Inúmeros diagnósticos Urgência no Diagnóstico Evolução Natural=Perfuração Apresentação Clínica Clássica:50-60%... O Sabinston diz que os medicos atentos aos sinais e sintomas acertasm 80% dos casos de apendicite aguda! Principal fator para o diagnóstico: -anamnese detalhada -exame físico minucioso Combinação dos sintomas ( que são clássicos). Tempo de progressão Dor em fossa ilíaca direita Diagnóstico QUADRO CLINICO História Clínica Dor abdominal aguda: epigástrica ou periumbilical… após 6 a 12hs: Na FID Anorexia Náuseas e vômitos Febre baixa (38 ºC)… após 12 a 24hs: DOR LOCALIZADA EM FID: CLÁSSICO DOS CLÁSSICOS DOS CLÁSSICOS. Exame Físico Dor em QID Blumberg + Peristaltismo - Massa palpável ? Distensão abdominal ? Rovsing ? 1. História Clínica e Exame Físico: (A) (dados com forte relação estatistíca com o diagnóstico) Dor no quadrante inferior direito (Q.I.D.) Dor peri-umbilical com localização no Q.I.D. Defesa localizada no Q.I.D. Náuseas / Vômitos Anorexia Obs.: São dados de história e de exame físico também importantes, porém com menor correlação estatística com o diagnóstico: Alterações urinárias, ginecológicas e de hábito intestinal; Na palpação abdominal: Sinal de Rovsing, sinal do psoas, sinal do obturador e pesquisado sinal de Giordano com dor referida pelo paciente na região do Q.I.D. PADRONIZAÇÃO PARA A ABORDAGEM DIAGNÓSTICA DEPACIENTES COM SUSPEITA DE APENDICITE AGUDA Preparado por Dr. Octacilio Martins Jr. Coordenadores: Dr. Jorge Mattar e Dr. Francisco Torggler Junho/2002 – revisto em Fev/2004 Diagnóstico diferencial Apêndice Cecal: tumor carcinoide Ceco e Cólon: Ca – doença diverticular Hepatobiliar: colecistite aguda Intestino Delgado:Meckel- Crohn Trato Urinário: litiase - pielonefrite Útero/Ovário: torção de ovario-DIP Outros: adenite mesenterica - peritonite primaria. FICAR PARA VIDA (pelo amor de Deus) NUNCA colocar apendicite em segundo lugar na suspeita de um diagnóstico diferencial em uma pessoa ANTERIORMENTE SAUDÁVEL. Avaliação diagnóstica 2. Exames laboratoriais: (B) .. Leucocitose (> 20.000 leucócitos) CLÁSSICO Obs. 1: História de dor abdominal migratória para Q.I.D. associado com leucocitose (> 12.000 leucócitos/mL) mostra valor preditivo positivo acima de 90% (B) . Obs. 2: Sucessivas coletas de leucograma não aumentam a possibilidade de diagnóstico de apendicite e podem confundir o raciocínio clínico . Snyder, B.K. & Hayden, S. Accuracy of Leukocyte Count in the Diagnosis of Acute Appendicitis. Ann Emerg Med 33(5): 565-7; 1999. Rotina Radiológica de Abdomen Agudo Sinais Radiológicos da Apendicite -fecalito em FID -escoliose antálgica -apagamento da sombra do psoas -nível líquido em FID Ultra-sonografia (US) – Critérios diagnósticos (B) Apêndice com diâmetro > 7,0 mm; Apêndice não compressível; Presença de apendicolito; Ausência de peristaltismo; Ausência de gás no seu interior; Alteraçãoda gordura periapendicular; Alteração do fluxo vascular do apêndice inflamado Obs.: A US é um exame de fácil realização, não invasivo, não expõe o paciente à radiação, é um exame dinâmico (permite a compressão do local a ser avaliado), avalia de certa forma a vascularização local (Doppler) e é relativamente barato, porém é operador dependente. ULTRASSONOGRAFIA Dados estatísticos – US (11): - sensibilidade: 75 – 90% - especificidade: 86 – 100% - acurácia: 87 – 96% - valor preditivo positivo: 91 – 94% - valor preditivo negativo: 89 – 97% ULTRASSONOGRAFIA: Critérios diagnósticos (B) Limitações: -operador dependente -IMC >25% -apendicite perfurada -apendice normal<50% dos pacientes Tomografia computadorizada(TC)Critérios diagnósticos (B) Apêndice com diâmetro > 7,0 mm; Densificação dos planos gordurosos ceco-apendiculares; Presença de apendicolito; Líquido periapendicular; Presença de ar extraluminar; Abscesso ou flegmão local; Não contrastação do apêndice (uso de contraste); TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Dados estatísticos - TC (11): - sensibilidade: 90 - 100% - especificidade: 91 - 99% - acurácia: 94 - 98% - valor preditivo positivo: 92 - 98% - valor preditivo negativo: 95 - 100% Tratamento Apendicite não perfurada: Antibioticoterapia profilática: cefalosporina de segunda geração. Apendicite complicada: Antibioticoterapia conforme cobertura da flora local. Antibióticos 1º.) Uso Profilático: Apendicite aguda no momento da indicação cirúrgica (A) - - Cefoxitina 1.0 g EV 6/6h por 2 a 4 doses Administrar a primeira dose após a indicação cirúrgica, ainda no PA e completar 2 a 4 doses. Suspender antibioticoterapia após este período nas apendicites agudas não complicadas (perfurada, gangrenada, abscesso apendicular ou peritonite). O uso de antibiótico profilático tem grau de recomendação (A), e a droga utilizada foi consenso nosso. Podem ser utilizadas alternativamente: Ampicilina-Sulbactam, Cefotetan, Meropenen,Ticarcilina-Clavulonato, Ertapenen por 24 horas ou menos. 2º.) Uso Terapêutico: No Centro Cirúrgico, se constatada apendicite aguda complicada (perfurada / gangrenada / abscesso periapendicular ou peritonite), colher 2 amostras da secreção purulenta - 1 para Gram e 1 para Cultura Geral - e alterar o esquema antibiótico para uma das associações a seguir, mantendo seu uso por 5 a 7 dias (A) (41, 42): - Ceftriaxone (Rocefin ®) 1 g EV 12/12 h. e Metronidazol (Flagyl ®) 0,5 g EV 8/8 h - - - - - - - - - Ou - - - - - - - - - - Ciprofloxacino (Cipro ®) 400 mg EV 12/12 h (usar quinolona somente em pac. > 18 anos) e Metronidazol (Flagyl ®) 0,5 g EV 8/8 h - - - - - - - - - Ou - - - - - - - - - - Gentamicina (Garamicina ®) 3 a 5 mg/kg/dia EV em dose única diária, em 100 ml SF correr em 30 min.(Evitar o uso desta associação em pacientes com risco aumentado de insuficiência renal, como em idosos, desidratados, diabéticos e nefropatas.) e Metronidazol (Flagyl ®) 0,5 g EV 8/8 h Antibióticos LAPAROSCOPIA X LAPAROTOMIA: A literatura não é conclusiva quanto à recomendação preferencial a um dos métodos. Revisão The Cochrane Library, 2003 (28)(47 trabalhos). Tratamento cirúrgico Apendicectomia aberta Incisão de 4 cm no ponto de McBurney; Apêndice na junção das tênias; Ligadura da A. Apendicular; Ligadura do coto appendicular; Sutura em bolsa- sepultamento do coto. Cirurgia Aberta: Tratamento cirúrgico CIRURGIA CONVENCIONAL Tratamento cirúrgico Apendicectomia Videolaparoscopica Anestesia geral 3 portais Ligadura da A.Apendicular com clips Ligadura do coto apendicular com grampeador linear cortante Tratamento cirúrgico Tratamento cirúrgico CIRURGIA VIDEOLAPAROSCÓPICA Tratamento cirúrgico 47 DUVIDA DIAGNOSTICA: permite exploracao do abdomen e pelve PACIENTE OBESO: necessidade de grandes incisoes MULHERES EM IDADE REPRODUTIVA Considerações especiais Apendice não inflamado; Doença de Crohn; Diverticulo de Meckel; Apendicectomia incidental. Complicações Fístula Digestiva; Infecção do sítio cirúrgico; Abscesso cavitário; Deiscência de sutura; Obstrução Intestinal. Referências Bibliográficas TOWNSEND C.D., BEUCHAMP R.D., EVERS B.M., MATTOX K.L. Sabiston: Tratado de Cirurgia, A Base da Prática Cirúrgica Moderna. 19ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. Vol II.
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