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Prof. Felipe Magalhães Bambirra Mestre e Doutor em Direito (UFMG) Pós-Doutorando em Direitos Humanos na UFG Pesquisador do Max-Planck Institut für ausländiches öffentliches Recht und Völkerrecht (Heidelberg) / Institut für Staatsphilosophie und Rechtspolitik (Köln) fmbambirra@gmail.com DIREITO AMBIENTAL DIREITO AO MEIO AMBIENTE COMO DIREITO FUNDAMENTAL • Revolução industrial e poluição • Teoria das “gerações de direitos” (Karel Vasak) • Primeira Geração (Liberdade) • Segunda Geração (Igualdade • Terceira Geração (Fraternidade) • Estados Unidos? • Direitos Humanos são universais? • Turboglobalização (Mayos) e Sociedade Mundial do Risco (Beck) NASCIMENTO DO DIREITO AMBIENTAL • Origem no Direito Internacional • Primeira fase do Direito Ambiental: funcionalista, prevenção do dano • Declaração de Estocolmo • Direito de desfrutar dos seus próprios recursos naturais, conforme política interna de Direito Ambiental • Proibição da poluição transfronteiriça NASCIMENTO DO DIREITO AMBIENTAL • Comissão Bruntdland – relatório “Our Common Future” • Conceito de desenvolvimento sustentável: “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. • Relatório já aponta a incompatibilidade entre o consumo atual (daquela época!) e os padrões de desenvolvimento sustentável. NASCIMENTO DO DIREITO AMBIENTAL • Tese: crescimento zero (Clube de Roma) • Antítese: crescimento sustentado (Estocolmo) • Síntese: Crescimento sustentável (Comissão Brundtland) CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – RIO 92 – CÚPULA DA TERRA • Inaugura a segunda fase do Direito Ambiental: globalismo ambiental, fundado sob os princípios da cooperação internacional, e o princípio da precaução. • Problemas de ordem global: falta de água, mudanças climáticas, risco. • Convenção sobre o clima (Kyoto); Convenção sobre a biodiversidade • Declaração do Rio – 27 princípios. • Agenda 21: programa de ação para identificar as ações necessárias para a implementação do desenvolvimento sustentável, de modo que os Estados possam regular comportamentos. CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – RIO 92 – CÚPULA DA TERRA • Nascem princípios do Direito Ambiental, como • Princípio da precaução (inversão do ônus da prova) • Princípio do poluidor-pagador • Princípio do usuário-pagador • Avaliação do impacto ambiental • Responsabilidade comum, porém diferenciada PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL • Princípio da Responsabilidade – art. 225, §3º da CF: • O causador de dano ao meio ambiente deve por ele responder, ficando sujeito a sanções cíveis, penais e administrativas. Os dois últimos são aplicados como corolário da gestão antecipatória do risco ambiental, já que, sem possibilidade de reparação do dano, as ações de precaução e prevenção teriam pouca ou nenhuma utilidade. • A responsabilização supõe o reconhecimento de uma nova face da responsabilidade civil em matéria ambiental: trata-se de reparar prevenindo. • Art. NATUREZA DO DIREITO AO MEIO AMBIENTE • Natureza transindividual, transgeracional, difusa e coletiva • Código de Defesa do Consumidor : • Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. • Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: • I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; • II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; • III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. O ART. 255 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL • Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. O ART. 255 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL • § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: • I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; • II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; ( • III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; O ART. 255 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL • IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; ( • V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; • VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; • VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. ( O ART. 255 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL • § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. • § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. • § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far- se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. • § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. • § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. • O ART. 255 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL • José Afonso da Silva divide o artigo da seguinte maneira: • Norma-Princípio ou Norma -atriz – meio ambiente ecologicamente equilibrado (caput) • Norma-Instrumento: instrumentos para dar efetividade à norma-matriz (§1º) • Conjunto de determinações particulares: relacionado a setores e objetos específicos, que requerem cuidado e regulamentação própria (§2º ao 6º) CONCEITO DE MEIO AMBIENTE • Natural: art. 225, caput, §1º, I e II da CF/88 • Artificial: art. 225, 182 e 21, XX da CF/88 • Cultural: art. Art. 216 da CF/88 • Do Trabalho: art. 7º, XXII e 200 da CF/88 CONCEITODE MEIO AMBIENTE • Natural • Agua, ar, solo, fauna e flora • Consiste no equilíbrio dinâmico entre os seres vivos e o meio em que vivem; • Artificial • Espaço urbano construído, consistente no conjunto de edificações públicas e privadas; • Relacionado como ambiente urbano; • Art. 225; art.182; art.21, XX, dentre outros. CONCEITO DE MEIO AMBIENTE • Cultural • Patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico; • Traduz a história de um povo, sua formação cultural; • Art. 216, CF. • “Enquanto o patrimônio natural é a garantia de sobrevivência física da humanidade, que necessita do ecossistema – ar, água e alimentos –para viver, o patrimônio cultural é garantia de sobrevivência social dos povos, porque é produto e testemunho de sua vida”.(Carlos F. Marés) CONCEITO DE MEIO AMBIENTE • Trabalho: • Baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica do trabalhador; • Art. 200, VIII, CF. CONCEITO DE MEIO AMBIENTE • Conceito deve ser globalizante: • •“O conceito de meio ambiente há de ser, pois, globalizante, abrangente de toda a natureza original e artificial, bem como os bens culturais correlatos compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arqueológico”.(José Afonso da Silva) • Conceito legal • Art. 3º, I, Lei Federal n. 6.938/81: “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”; CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL • Direito Ambiental: é o conjunto de normas (regras e princípios) pertencentes a vários ramos do Direito, reunidos por sua função instrumental para o estudo das relações do homem com o meio que o circunda e envolve • Bem ambiental: • Macro: Terceiro gênero, não se confunde com os bens públicos e tampouco bens privados (bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida – art. 225, CF) – bem difuso (indeterminação dos sujeitos e indivisibilidade do objeto). Características: indivisível, extrapatrimonial, inalienável, indisponível e essencial a todas as formas de vida. • Micro: Públicos (ex. recursos minerais); privados (ex. meus gatos); de uso comum do povo (ex. ar). PRINCÍPIOS • Princípio do direito à sadia qualidade de vida • Caso do Arroz Dourado • Princípio do poluidor-pagador • a) a responsabilidade civil objetiva; • b) prioridade da reparação específica do dano ambiental; e • c) solidariedade para suportar os danos causados ao meio ambiente. • Conceito de poluição: art. 3º, II, III e IVda Lei 6.938/81 • Precaução e Prevenção • Megaprincípio do Direito Ambiental PRINCÍPIOS • Participação • Informação ambiental: art. 6º, §3º da PNMA • Educação ambiental – art. 225, §1º, IV – Lei 9.795/99 • Princípio da ubiquidade • Princípio da vedação ao retrocesso • Responsabilidade • Desenvolvimento sustentável • Educação, informação e participação COMPETÊNCIA • Federalismo de Cooperação – Princípio da Cooperação Ambiental • Bens da União – que podem atrair a competência da União e da Justiça Federal – art. 20, CF/88: • II – Terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras (...); • III – Lagos, rios e correntes d’água (Internacionais ou mais de 1 Estado); • IV – Ilhas fluviais, praias marítimas, ilhas oceânicas e costeiras (excluidas Ilhas capitais de Estado – caso de Florianópolis) • VI - Mar Territorial; • VIII - os potenciais de energia hidráulica; • IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; • X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré- históricos; • XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA • Competência Administrativa – a regra é a cooperação! Art. 23, CF: • III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; • IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; • VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; • VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; • Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. • Exceção: Art. 21 – Competência exclusiva da União • XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; • XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA • Art. 24, CF: • I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; • V - produção e consumo; • VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; • VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; • VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; • § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar -se-á a estabelecer normas gerais. • § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. • § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. • § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. COMPETÊNCIA MUNICIPAL • Art. 30. Compete aos Municípios: • I - legislar sobre assuntos de interesse local; • II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber ; • VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; • IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. LEI COMPLEMENTAR 140 • Definições legais (art. 2º) • I - licenciamento ambiental: o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental; • II - atuação supletiva: ação do ente da Federação que se substitui ao ente federativo originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses definidas nesta Lei Complementar; • III - atuação subsidiária: ação do ente da Federação que visa a auxiliar no desempenho das atribuições decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo originariamente detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar. LEI COMPLEMENTAR 140 • Objetivos da cooperação federal (art. 3º) • I - proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão descentralizada, democrática e eficiente; • II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente, observando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e regionais; • III - harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposiçãode atuação entre os entes federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação administrativa eficiente; • IV - garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as peculiaridades regionais e locais. LEI COMPLEMENTAR 140 • Instrumentos de cooperação (art. 4º) • I - consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor; • II - convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e entidades do Poder Público, respeitado o art. 241 da Constituição Federal; • III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito Federal; • IV - fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos; • V - delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar; • VI - delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar. • Art. 5o - Delegação de competência Adm: desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente. • Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput, aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a demanda das ações administrativas a serem delegadas. • LEI COMPLEMENTAR 104 • Artigos importantes: 7º, 8º e 9º!!!! • Ver, ainda, Decreto Federal 8.437/2015 LEI FEDERAL N. 6.938/81 - POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Importante lei, que traz conceitos fundamentais de Direito Ambiental. • Objetivos da PNMA: art. 2º. “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana” PNMA • Princípios: • I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; • II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; • Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; • IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; • V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; PNMA • VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; • VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; • VIII - recuperação de áreas degradadas; (Regulamento) • IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; • X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. PNMA • Objetivos (art. 4º): • I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; • II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; • III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; • IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; • V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; • VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; • VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. PNMA – CONCEITOS (ART. 3º) • Meio Ambiente: “ o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”; • Degradação da qualidade ambiental: “a alteração adversa das características do meio ambiente”; • Poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; • Recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. PNMA – CONCEITOS (ART. 3º) • Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: • a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; • b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; • c) afetem desfavoravelmente a biota; • d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; • e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; SISNAMA – SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • Organização: • Órgão Superior: o “Conselho de Governo”. Assessora o Presidente da República na formulação da política nacional e diretrizes • Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; • Órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; SISNAMA – SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE • Órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências; • Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental • Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições; SISNAMA • Principais competências do CONAMA (art. 8º): • estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA; • homologar acordos visando à transformação de penalidades pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para a proteção ambiental; • Estabelecer normas sobre qualidade ambiental; PNMA - INSTRUMENTOS • Estão previstos no art. 9º: • I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; • Frederico Amado preceitua que estados, DF e municípios tambémpoderão fixar padrões de qualidade ambiental, comumente, mais restritivos. Defende que, a princípio, inexiste qualquer conflito quando as normas estaduais, distritais e municipais são mais restritivas que as federais, desde que não invadam a competência privativa de outros entes. Os padrões, nada mais são, do que a definição de níveis de poluição e da tecnologia a ser utilizada para a sua mitigação, sendo atribuição do CONAMA estabelecer tais limitações. PNMA - INSTRUMENTOS • II - o zoneamento ambiental • Conforme Frederico Amado, trata-se de uma modalidade de intervenção estatal sobre o território, a fim de reparti-lo em zonas consoante o melhor interesse na preservação ambiental e no uso sustentável dos recursos naturais. • Afirma Paulo de Bessa Antunes que “existe zoneamento quando são estabelecidos critérios legais e regulamentares para que em determinados espaços geográficos sejam fixados usos permitidos, segundo critérios preestabelecidos . Tais usos, uma vez estabelecidos, tornam-se obrigatórios, tanto para o particular, quanto para a Administração Pública, constituindo-se em limitação administrativa incidente sobre o direito de propriedade”. • art. 2º, do Decreto 4.297/02: é o instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população. PNMA - INSTRUMENTOS • III - a avaliação de impactos ambientais; • Conforme Res. CONAMA 237/97 (art. 1º, III), são espécies da AIA (nela denominada “Estudos Ambientais”), todos os estudos para análise da licença ambiental, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. Essas outras espécies de Estudos Ambientais poderão ser requisitadas na hipótese de não se exigir o EPIA. • O EPIA está sujeito a três condicionantes: • Transparência administrativa – o EPIA é divulgado publicamente, respeitado o sigilo industrial; • Consulta aos interessados – possibilidade de efetiva participação e fiscalização da atividade administrativa por parte da comunidade, que pode exprimir suas dúvidas e preocupações; • Motivação da decisão ambiental – quando a Administração opta por uma das alternativas apontadas pelo EPIA que não seja ambientalmente a melhor, ou quando deixa de determinar sua elaboração por inexistência de “significativa degradação”, deve fundamentar sua decisão, inclusive para possibilitar seu questionamento futuro perante o Judiciário. PNMA - INSTRUMENTOS • IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou poten. Poluidoras é “o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental licencia a localização, instalação, ampliaão e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental” (Resolução CONAMA 237/97, art. 1º, §1º). De acordo com art. 9º, IV, da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81), o licenciamento ambiental é um instrumento de caráter preventivo de tutela do meio ambiente. (Fiorillo) O licenciamento ambiental é plurifuncional, pois se presta a diversas funções: a) objetiva o controle de atividades potencialmente poluentes ; b) operacionaliza os princípios da precaução, prevenção e poluidor-pagador; c) impõe medidas mitigadoras e compensatórias para a degradação ambienta l; d) possibilita inserir determinada atividade na programação e planificação do desenvolvimento econômico nacional, regional ou local; e e) instrumento de direito econômico, pois importa no planejamento e na tomada de decisões sobre o que preservar e o que degradar. PNMA - INSTRUMENTOS • V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; Tal previsão tem encontrado grande eco, atualmente, por força dos processos de certificação da ISO 9.000 e ISO 14.000. O objetivo deste instrumento é fazer com que o Poder Público estimule a adoção e práticas ecologicamente corretas por meio de incentivos fiscais ou econômicos. desdobramento do princípio do protetor-recebedor, efetivado por meio das chamadas sanções premiais. É o caso da isenção de ITR para imóveis transformados em espaço especialmente protegido. PNMA - INSTRUMENTOS • VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas O conceito legal de Unidade de Conservação consta do art. 2º, I, da Lei do SNUC: “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. PNMA - INSTRUMENTOS • VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; Visa fortalecer o processo de criação, sistematização, análise de informações, estatísticas e indicadores ambientais (relacionado aos princípios da obrigatoriedade da intervenção estatal, da informação e da participação democrática). Faz parte da estrutura do IBAMA, no âmbito do CNIA - Centro Nacional de Informação Ambiental. À União compete organizá-lo e mantê-lo (LC 140/2011). Além disso, o novo Código Florestal instituiu o Cadastro Ambiental Rural – CAR, obrigatório para todos os imóveis rurais, para registros de posse e propriedades rurais. PNMA - INSTRUMENTOS • VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; Registro, com caráter obrigatório, de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à consultoria técnica sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. É administrado pelo IBAMA, nos termos do artigo 17, I da Lei 6.938/81. PNMA - INSTRUMENTOS • IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental Destaque para a responsabilização cível, administrativa e penal na esfera ambiental. Atenção para o art. 14, §1º, responsabilidade civel é OBJETIVA em matéria ambiental Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: (...) § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. PNMA - INSTRUMENTOS • X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; Este item não tem sido cumprido sistematicamente, mas vale ressaltar a importância do Relatório lançado pelo IBAMA denominado GEO BRASIL 2002 - Perspectivas do meio ambiente no Brasil. PNMA - INSTRUMENTOS • XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; Apesar do não cumprimento do encargo pelo Poder Público, a Lei 10.650/03 dispõe sobre o a acesso público aos dados e informações existentes no SISNAMA. PNMA - INSTRUMENTOS • XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. Também em pleno funcionamento por parte do IBAMA, que o administra, nos termos do artigo 17, II, e inclusive cobra uma taxa anual para tal fim, nos termos da Lei 10.165/2000. PNMA - INSTRUMENTOS • XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. PNMA – CADASTRO AMBIENTAL (ART. 9-A) • O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão integrante do Sisnama, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão ambiental. • A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal mínima exigida. • A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área sob servidão ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal. • Pode ser negociada com outros proprietários ou possuidores para compensar áreas com proteção ambiental deficitária, ou com proprietário ou entidade pública ou privada que tenha a conservação ambiental como fim social. PNMA – CADASTRO AMBIENTAL (ART. 9-A) • O instrumento de instituição da servidão ambiental e o eventual contrato de alienação, cessão ou transferência devem ser objeto de averbação na matrícula do imóvel. • É vedada, durante o prazo de vigência da servidão ambiental, a alteração da destinação da área, nos casos de transmissão do imóvel a qualquer título, de desmembramento ou de retificação dos limites do imóvel. • A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, temporária (prazo mínimo de 15 anos) ou perpétua. • É dever do proprietário do imóvel serviente, entre outras obrigações, manter a área sob servidão ambiental e defender a posse da área serviente, por todos os meios em direito admitidos. • É dever do detentor da servidão ambiental, entre outras obrigações, defender judicialmente a servidão ambiental. LICENCIAMENTO AMBIENTAL • Obrigação de licenciar atividades potencialmente poluidoras • Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental. • § 1o Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publicados no jornal oficial, bem como em periódico regional ou local de grande circulação, ou em meio eletrônico de comunicação mantido pelo órgão ambiental competente. LICENCIAMENTO AMBIENTAL • Resolução CONAMA 237 • Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: • I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais , consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. • II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. LICENCIAMENTO AMBIENTAL • III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. LICENCIAMENTO AMBIENTAL “Licença ambiental” possibilidade de recusa, duração, possibilidade de retirada do ato administrativo (formas e condições) e conseqüências jurídico-econômicas da retirada. Licença: Ato-vinculado e definitivo – José Afonso da Silva e Lúcia Valle Figueiredo Autorização: Ato discricionário e precário – Paulo Leme Affonso Machado Permissão; Ato discricionário sui generis: Celso Fiorillo e Marcelo Abelha Rodrigues LICENCIAMENTO AMBIENTAL • Revogação da Licença: • TRF1: “Se há previsão de criação de unidade de conservação ambiental em área onde anteriormente havia sido deferida licença de pesquisa para explotação de calcário biogênico, é possível a revogação da licença concedida, pois o princípio da precaução recomenda que em defesa do meio ambiente não seja admitida a exploração da área em questão. (AC 0028271-34.2003.4.01.3400/TRF1)” • José Afonso da Silva: • a) mudança das circunstâncias, por desaparecido das que motivaram sua outorga ou sobrevirem outras que, se existissem antes teriam justificado sua denegação; • b) adoção de novos critérios de apreciação, como plano diretor, modificação de zoneamento etc. • C) erro na autorga. LICENCIAMENTO AMBIENTAL • Cabimento de indenização na hipótese de revogação: • (i) inexiste direito a indenização, uma vez que ao “empreendedor são imputados todos os riscos de sua atividade, o que se coaduna com os princípios do Poluidor-pagador e da Precaução. Portanto, constatada a impertinência de determinada atividade econômica regularmente licenciada, impõe-se ao Poder Púbico a análise da conveniência e oportunidade da revogação, não se vislumbrando a possibilidade de indenização por perdas e danos” (Maurício de Jesus Nunes da Silva) • (ii) há direito a indenização, haja vista que mesmo suspensa ou cassada a licença, é importante assinalar, remanesce o direito do administrado de algum modo vinculado ao empreendimento: se não sob a forma de atividade efetiva, ao menos sob a forma de ressarcimento dos danos (materiais e morais) que vier a sofrer pela perda dos investimentos que antes foram legítima e legalmente autorizados (Edis Milaré) • (iii) em regra, não há direito a indenização, “salvo quando a sua causa determinante do cancelamento puder ser imputada diretamente à Administração Pública ambiental, quando, por exemplo, equivocar-se ao licenciar uma atividade que sabidamente, naquele momento, não deveria sê-lo, pois incompatível com o interesse público” (Frederico Amado). LICENCIAMENTO AMBIENTAL • Não gera dano moral a conduta do Ibama de, após alguns anos concedendo autorizações para desmatamento e queimada em determinado terreno com a finalidadede preparar o solo para atividade agrícola, deixar de fazê-lo ao constatar que o referido terreno integra área de preservação ambiental (...) Como se pode depreender, o agricultor é simultaneamente agente agressor do meio ambiente e titular do direito difuso à preservação ambiental contra suas próprias técnicas agropastoris. Assim, não se legitima a pretensão indenizatória que busca responsabilizar o Poder Público por proteger o próprio agricultor – na qualidade de titular coletivo do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado – contra os danos provocados pelas suas próprias técnicas de plantio. Além disso, a simples vedação da utilização de técnica degradadora no preparo do solo não impede que se dê continuidade à atividade agrícola com o uso sustentável de técnicas alternativas à queima e ao desmatamento. Ademais, a concessão de autorização para queimada e desmatamento nos anos anteriores não gera um direito para o agricultor, pois a negativa configura nítido exercício do poder de autotutela (Súmula 473 do STF), por meio do qual a Administração Pública busca justamente recompor a legalidade do ato administrativo. Por fim, ganha substancial relevo o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, porque a limitação imposta pelo Poder Público quanto à forma de exploração da propriedade constitui medida restritiva a um direito individual que, todavia, reverte positivamente em favor de um direito de titularidade difusa – o meio ambiente. (REsp 1.287.068). LICENCIAMENTO AMBIENTAL • Todo o procedimento de licenciamento ambiental deverá ser elaborado de acordo com os princípios do devido processo legal, devendo-se garantir: • a) um órgão neutro; • b) notificação adequada da ação proposta e de sua classe; • c) oportunidade para a apresentação de objeções ao licenciamento; • d) o direito de produzir e apresentar provas; • e) o direito de conhecer a prova contrária; • f) o direito de contraditar testemunhas; • g) uma decisão baseada somente nos elementos constantes da prova produzida; • h) o direito de se fazer representar; • i) o direito à elaboração de autos escritos para o procedimento; • j) o direito de receber do Estado auxílio técnico e financeiro; • l) o direito a uma decisão escrita motivada LICENCIAMENTO AMBIENTAL • O licenciamento ambiental é plurifuncional, pois se presta a diversas funções: • a) objetiva o controle de atividades potencialmente poluentes; • b) operacionaliza os princípios da precaução, prevenção e poluidor-pagador; • c) impõe medidas mitigadoras e compensatórias para a degradação ambiental; • d) possibilita inserir determinada atividade na programação e planificação do desenvolvimento econômico nacional, regional ou local; • e) instrumento de direito econômico, pois importa no planejamento e na tomada de decisões sobre o que preservar e o que degradar. LICENCIAMENTO AMBIENTAL • I – Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; • II – Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; • III – Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. • Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade. LICENCIAMENTO AMBIENTAL • Atividades sujeitas ao licenciamento: • Anexo I da Resolução CONAMA 237; • Decreto Federal 8.427/2015; • Legislação estadual LICENCIAMENTO AMBIENTAL • Procedimento (art. 10, Res. 237 Conama): • I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida; • II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade; • III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias; LICENCIAMENTO AMBIENTAL • IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; • V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente; • VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; LICENCIAMENTO AMBIENTAL • VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico; • VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando- se a devida publicidade. • § 1º - No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes. EIA/RIMA • Diagnóstico do empreendimento em vias de ser licenciado, confrontando-o com as prováveis modificações das diversas características socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente. • EIA ferramenta do licenciamento ambiental, que deve, necessariamente, ser acompanhado de um RIMA, que será sempre divulgado e submetido à "consulta pública“ e em certos casos, discutido em "audiências públicas". EIA/RIMA • Fundamento Constitucional – art. 225, §1º • Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. • § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: • IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; EIA/RIMA • Resolução CONAMA 01/86 • Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: • I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; • II - as atividades sociais e econômicas; • III - a biota; • IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; • V - a qualidade dos recursos ambientais. EIA/RIMA • Artigo2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA e1n caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como: • I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; • II - Ferrovias; • III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; • IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66; • V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; • VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; • VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; EIA/RIMA • VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); • IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração; • X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; • Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW; • XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); • XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI; • XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; • XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; • XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez toneladas por dia. EIA/RIMA • Artigo 5º - O estudo de impacto ambiental, além de atender à legislação, em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes gerais: • I - Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto; • II - Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade ; • III - Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; EIA/RIMA • lV - Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade. • Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental o órgão estadual competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o Município, fixará as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área, forem julgadas necessárias, inclusive os prazos para conclusão e análise dos estudos. EIA/RIMA • Artigo 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas: • I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: • a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; • b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; • c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio- economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. • II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. • III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. • lV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados. • AUDIÊNCIA PÚBLICA • Art. 11, § 2º - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental e apresentação do RIMA, o estadual competente ou o IBAMA ou, quando couber o Município, determinará o prazo para recebimento dos comentários a serem feitos pelos órgãos públicos e demais interessados e, sempre que julgar necessário, promoverá a realização de audiência pública para informação sobre o projeto e seus impactos ambientais e discussão do RIMA; AUDIÊNCIA PÚBLICA • Resolução CONAMA 009/87 • Art. 1º - A Audiência Pública referida na RESOLUÇÃO/conama/N.º 001/86, tem por finalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em análise e do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes as críticas e sugestões a respeito. • Art. 2º - Sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinqüenta) ou mais cidadãos, o Órgão de Meio Ambiente promoverá a realização de audiência pública. • § 1º - O Órgão de Meio Ambiente, a partir da data do recebimento do RIMA, fixará em edital e anunciará pela imprensa local a abertura do prazo que será no mínimo de 45 dias para solicitação de audiência pública. AUDIÊNCIA PÚBLICA • § 2º - No caso de haver solicitação de audiência pública e na hipótese do Órgão Estadual não realizá-la, a licença concedida não terá validade. • § 3º - Após este prazo, a convocação será feita pelo Órgão Licenciador, através de correspondência registrada aos solicitantes e da divulgação em órgãos da imprensa local. • § 4º - A audiência pública deverá ocorrer em local acessível aos interessados. • § 5º - Em função da 1ocalização geográfica dos solicitantes, e da complexidade do tema, poderá haver mais de uma audiência pública sobre o mesmo projeto de respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA. AUDIÊNCIA PÚBLICA • Art 4º - Ao final de cada audiência pública será lavrara uma ata sucinta • Parágrafo Único -Serão anexadas à ata, todos os documentos escritos e assinados que forem entregues ao presidente dos trabalhos durante a seção. RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL • Fundamento no princípio da corresponsabilidade (art. 225, §3o, CF/88) e na funcionalização da autonomia privada • Art. 225, §3º: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sançõespenais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.” • Regime: Responsabilidade objetiva – recepção constitucional do art. 14, parágrafo único, da Lei Federal nº 6.938/81. • Admite tanto a teoria do risco integral (não admite excludentes) • Quanto a teoria do risco criado (causalidade adequada – admite excludentes) RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL • Fundamento também no Código Civil de 2002, art. 927: “Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”´. • Parágrafo único: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL • Pressupostos da Responsabilidade Civil Ambiental: • Ação/Omissão (?) • Nexo causal (?) • Dano • Dano ambiental: • Amplitude: art. 3º, II e III da Lei Federal nº 6.938/81 • Perda ou diminuição da qualidade ambiental • Alteração adversa das características do meio ambiente • Violação dos padrões de emissão de poluentes • Conteúdo ambivalente: alterações + efeitos que provoca • Danos ecológicos propriamente ditos + danos individuais/coletivos • É autônomo em relação aos danos privados stricto sensu • Dano material e imaterial RESP. CIVIL AMBIENTAL – O DANO AMBIENTAL • Dano moral difuso (dano reflexo) • Fundamentos: • art. 5º, V e X, CF/88: “ é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;” “ são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;” • art. 6º, VI: São direitos básicos do consumidor: “ a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos ;” • Súmula 37 do STJ: “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.” • Lei 7347/85 – art. 1º - Aplicação da LACP ao dano ambiental • Repara-se a dor, sofrimento, desgosto de pessoas dispersas pelo dano ambiental RESP. CIVIL AMBIENTAL – O DANO AMBIENTAL • Formas de reparação do dano: • Repação in natura e in situ – art. 225, §1º: restaurar processos ecológicos: • Recuperação: art. 2º, XIII, Lei 9985/2000: “restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original”. • Restauração: art. 2º, XIV, Lei 9985/2000: “restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível de sua condição original”. • Art. 2º, VIII e 4º, VI, PNMA • Compensação ecológica: art. 84, CDC RESP. CIVIL AMBIENTAL – O DANO AMBIENTAL • Compensação Ambiental • Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. § 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. § 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa. § 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu. § 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito. § 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial. • V. art. 139, IV, NCPC!!! RESP. CIVIL AMBIENTAL – O DANO AMBIENTAL • Ultima ratio: indenização! 3. Ao responsabilizar-se civilmente o infrator ambiental, não se deve confundir prioridade da recuperação in natura do bem degradado com impossibilidade de cumulação simultânea dos deveres de repristinação natural (obrigação de fazer), compensação ambiental e indenização em dinheiro (obrigação de dar), e abstenção de uso e de nova lesão (obrigação de não fazer). (...) 9. A cumulação de obrigação de fazer, não fazer e pagar não configura bis in idem, porquanto a indenização, em vez de considerar lesão específica já ecologicamente restaurada ou a ser restaurada, põe o foco em parcela do dano que, embora causada pelo mesmo comportamento pretérito do agente, apresenta efeitos deletérios de cunho futuro, irreparável ou intangível.– STJ - RESP Nº 1.198.727 - MG (2010/0111349-9) - RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN – julgado em 14/08/12, publicado em 09/05/2013. RESP. CIVIL AMBIENTAL – O DANO AMBIENTAL • Dimensão extrapatrimonial do dano ambiental: • Lesão à qualidade de vida humana, bem-estar, sossego e tranquilidade; • Lesão a valores imateriais significativos para a comunidade • Lesão ao valor intrínseco do meio ambiente (valor de existência) • Dano ambiental moral ambiental coletivo (injusta lesão da esfera moral de uma determinada comunidade: diminuição de bem estar, da qualidade de vida da coletividade, decorrente de uma degradação, ou destruição de bens do patrimônio histórico-cultural). • Dano ao valor de existência dos elementos naturais, decorrente do tempo necessário à regeneração natural do próprio ambiente a partir da percepção do seu valor intrínseco. RESP. CIVIL AMBIENTAL – O DANO AMBIENTAL • RESP 0111349-9/2010 (CITADO): • 10. Essa degradação transitória, remanescente ou reflexa do meio ambiente inclui: • • a) o prejuízo ecológico que medeia, temporalmente, o instante da ação ou omissão danosa e o pleno restabelecimento ou recomposição da biota, vale dizer, o hiato passadiço de deterioração, total ou parcial, na fruição do bem de uso comum do povo (= dano interino ou intermediário ), algo frequente na hipótese, p. ex., em que o comando judicial, restritivamente, se satisfaz com a exclusiva regeneração natural e a perder de vista da flora ilegalmente suprimida; • b) a ruína ambiental que subsista ou perdure, não obstante todos os esforços de restauração (= dano residual ou permanente ), e • • c) o dano moral coletivo . Também deve ser reembolsado ao patrimônio público e à coletividade o proveito econômico do agente com a atividade ou empreendimento degradador, a mais-valia ecológica ilícita que auferiu (p. ex., madeira ou minério retirados irregularmente da área degradada ou benefício com seu uso espúrio para fim agrossilvopastoril, turístico, comercial). RESP. CIVIL AMBIENTAL – NEXO DE CAUSALIDADE • Funções da teoria da causalidade: • Imputação do dano ao responsável • Limitar o dever de ressarcir ao dano efetivamente “causado” • Teoria do Risco Integral • Causa é toda condição sem qual não teria produzido o resultado (conditio sine quae non); • Causa = condição • Não admite excludentes (H. Benjamin; Edis Milaré; Nelson Nery Jr. José Afonso da S. e outros) • STJ, RESP 650.728/SC: “13. Para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano ambiental, equiparam-se quem faz, quem não faz quando deveria fazer, quem deixa fazer, quem não se importa que façam, quem financia para que façam, e quem se beneficia quando outros fazem”. RESP. CIVIL AMBIENTAL – NEXODE CAUSALIDADE • Teoria do risco criado • Teoria da causalidade adequada: uma condição deve ser considerada causa de um dano quando constituir uma consequencia normal, típica, provável daquela – análise de base estatística • Causa é aquela em condições efetivas de produzir o dano • Admite excludentes de responsabilidade (fortuito externo) RESP. CIVIL AMBIENTAL – O POLUIDOR • Art. 3º, IV, PNMA; • Responsabilidade direta e indireta; • Pessoas físicas, jurídicas, entes despersonalizados, de direito público ou privado. • Solidariedade: art. 258, 259, 942, CC/2000; • Financiador: RESP 1.071.741/SP • RESP 647.493/SC: “5. Havendo mais de um causador de um mesmo dano ambiental, todos respondem solidariamente pela reparação, na forma do art. 942 do Código Civil. De outro lado, se diversos forem os causadores da degradação ocorrida em diferentes locais, ainda que contíguos, não há como atribuir-se a responsabilidade solidária adotando-se apenas o critério geográfico” RESP. CIVIL AMBIENTAL – O POLUIDOR • Adquirente de área degradada: • Obrigação proter rem decorrente da função social da propriedade; • Dever de evitar o agravamento do dano ambiental; • Responsabilidade pela situação do bem ambiental • Obrigação que recai, portanto, sobre um bem, por força de direito real: • Art. 5º, XXII e XXIII (direito de propriedade e função social); • Código Civil, art. 1228; • Estatuto da Terra (função social da propriedade) • Novo Código Florestal (art. 7º, §2º - APP; e art. 66, §1º) RESP. DO ESTADO POR DANO AMBIENTAL • Direito fundamental à boa administração pública (princípio republicano); • Responsabilidade objetiva: art. 37, §6º, e art. 14, §1º, PNMA; • Concessão de serviço público: responsabilidade objetiva e solidária ente o concessionário e concedente (Resp. 28.222/STJ); • Responsabilidade por omissão: • Teoria do risco administrativo - Leme Machado, Juarez Freitas • Responsabilidade indireta – conceito de poluidor do art. 3º, IV, PNMA; • Admite excludentes de responsabilidade • É de execução subsidiária; RESP. DO ESTADO POR DANO AMBIENTAL • Aplica-se em três situações: • Deficiência da fiscalização – resp. subjetiva • Licenciamento ou autorização que cause um dano – resp. objetiva • Omissão nas prestações positivas – resp. objetiva • “Nada obstante a solidariedade do Poder Público, o certo é que as sociedades mineradoras, responsáveis diretas pela degradação ambiental, devem, até por questão de justiça, arcar integralmente com os custos da recuperação ambiental. E o fazendo o Estado, em razão da cláusula de solidariedade, a ele há de ser permitido o ressarcimento total das quantias despendidas, uma vez que, embora tenha sido omisso, não logrou nenhum proveito com o evento danoso, este apenas beneficiou as empresas mineradoras. Em face do dispositivo acima, entendo que a União não tem a faculdade de exigir dos outros devedores que solvam as quantias eventualmente despendidas, mas sim, o dever, pois há interesse público reclamando que o prejuízo ambiental seja ressarcido primeiro por aqueles que, exercendo atividade poluidora, devem responder pelo risco de sua ação, mormente quando auferiram lucro no negócio explorado” (RESP 647.493/SC – Rel. Min. João Otávio Noronha). RESP. CIVIL AMBIENTAL - JURISPRUDÊNCIA “No Direito brasileiro e de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a responsabilidade civil pelo dano ambiental, qualquer que seja a qualificação jurídica do degradador, público ou privado, é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios poluidor-pagador, da reparação in integrum , da prioridade da reparação in natura e do favor debilis, este último a legitimar uma série de técnicas de facilitação do acesso à justiça, entre as quais se inclui a inversão do ônus da prova em favor da vítima ambiental. Também é entendimento do STJ que o princípio da prioridade da reparação in natura convive com a possibilidade de simultânea exigibilidade de indenização pecuniária, sobretudo quanto aos danos extrapatrimoniais ou naqueles casos em que a recuperação do meio ambiente degradado é incompleta ou faz-se de maneira lenta, no decorrer dos anos (...) Vale dizer, se é certo que a responsabilidade civil do Estado, por omissão, é, ordinariamente, subjetiva ou por culpa, esse regime, tirado da leitura do texto constitucional, enfrenta pelo menos duas exceções principais. Primeiro, quando a responsabilização objetiva para a omissão do ente público decorrer de expressa Determinação legal, em microssistema especial, como na proteção do meio ambiente (Lei 6.938/81, art. 3º, IV, c.c. o art. 14, § 1º). Segundo, quando as circunstâncias indicarem a presença de um dever de ação estatal – direto e mais rígido – que aquele que jorra, segundo a interpretação doutrinária e jurisprudencial, do texto constitucional”. (RESP 1.071.741/SP). RESP. CIVIL AMBIENTAL – INOVAÇÕES! • Responsabilidade boomerang: atividade causadora de dano ambiental acaba afetando, também, o causador do dano, no âmbito de sua atuação, gerando vítimas silenciosas. Solução é a notificação compuslória; • Responsabilidade comum mas diferenciada – princípio da proporcionalidade; • Responsabilidade em cadeia: exige solução legislativa adequada; • Responsabilidade cumulativa: pequenos atos/omissões contribuem para o dano ambiental, dificultando a sua identificação; • Responsabilidade dinâmica: efeitos iniciais de uma conduta transformam-se com o tempo, em razão de processos bio-geo-físicos-quimicos e antrópicos. • Responsabilidade ecológica: deriva do “dano ecológico”, que é o dano sem efeitos antrópicos. • Responsabilidade facultativa compulsória: é aquela derivada da manifestação de vontade. • Responsabilidade não linear: ultrapassagem de ponto de inflexão (tipping point) de fenomenos bio-geo-físicos-químicos
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