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CIESA Civil I Roteiro 03

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1
CIESA - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAZONAS 
DIREITO CIVIL I / PROF. ANDRÉ BESSA 
 
Aluno(a): __________________________________________________________________ 
 
 
 
 
Roteiro de Estudo nº 03 
 
AS OBRIGAÇÕES QUANTO AO OBJETO: 
CLASSIFICAÇÃO ESPECIAL 
 
 
 
 
 
I – OBRIGAÇÕES COM OBJETO COMPLEXO: CUMULATIVAS, 
 ALTERNATIVAS E FACULTATIVAS 
 
 Identifica-se como pura e simples a obrigação, quando tem apenas uma prestação 
prevista. Há casos, porém, de obrigações ditas complexas quanto ao objeto. A prestação, 
nessas obrigações, foge à regra geral, seja por envolver vários objetos, seja por prever a 
possibilidade de escolha entre objetos diferentes, seja por admitir cumprimento com objeto 
diverso daquele inicialmente previsto. Nessa categoria estão as obrigações cumulativas, 
alternativas e facultativas, tratadas a seguir: 
 
 
1) OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS (OU CONJUNTIVAS) 
 
 Se um devedor obriga-se perante seu credor a realizar mais de uma prestação em 
favor deste, em decorrência da mesma causa, tem-se na verdade tantas obrigações 
distintas quantas forem as prestações. Neste caso, em que o devedor exonera-se somente 
pelo cumprimento de todas as prestações, está-se diante de obrigações cumulativas, ou 
conjuntivas. 
 
 Ex: obrigação de entregar um animal e um veículo; 
 obrigações do aluno, de frequentar as aulas e submeter-se às provas. 
 
 Enquanto o devedor não cumprir absolutamente todas as prestações a que se 
obrigou, não poderá considerar-se exonerado do credor. 
 
 Nossa legislação não identifica expressamente as obrigações cumulativas, que 
recebem, não obstante, tratamento da doutrina. Seu estudo não oferece, porém, maiores 
dificuldades. 
 
 
2) OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA 
 
a) Definição 
 
Considera-se alternativa a obrigação que tem dois ou mais objetos possíveis, 
extinguindo-se com a prestação de apenas um deles, após o exercício do direito de escolha, 
pelo devedor ou pelo credor, conforme o caso. 
 
 2
 
 
Exemplos: 
 
- entrega de 200 kg de laranja ou 200 kg de limão (o devedor desobriga-se 
entregando um ou outro); 
- entrega, prometida pelo devedor, de um dos três filhotes de sua cadela; 
- possibilidade de exigência, pelo comprador de coisa viciada, do desfazimento do 
negócio ou do abatimento proporcional do preço. 
 
 
b) A Escolha da Prestação 
 
O direito de escolha compete normalmente ao devedor, salvo estipulação em 
contrário, nos termos do art. 252 do Código Civil. Entretanto, o credor não está obrigado a 
receber parte em uma das prestações alternativas e parte em outra (art. 252, § 1º). 
 
Em se tratando de prestações periódicas (semanal, mensal, anual, etc.), a cada 
período pode ser exercida a faculdade de opção (art. 252, § 2º) por aquele a quem competir 
a escolha (devedor ou, se assim estipulado, credor). 
 
Quando forem vários os optantes (hipótese em que há mais de um cocredor ou 
codevedor), necessitam os mesmos chegar a um consenso quanto à prestação a ser 
entregue; na falta desse consenso, a lei transfere ao juiz a decisão (art. 252, § 3º). 
 
Da mesma forma, é o juiz quem decidirá a prestação a ser entregue quando houver 
sido estipulada a faculdade de opção a um terceiro (ex: um procurador comum) que não 
quiser ou não puder exercê-la, caso as próprias partes não entrem em acordo (art. 252, § 
4º). 
 
 
c) Impossibilidade de Cumprimento de uma das Prestações 
 de Obrigação Alternativa 
 
 Pode ocorrer, às vezes, que uma das prestações da obrigação alternativa, por 
qualquer motivo, torne-se inexequível (impossibilidade superveniente) ou mesmo não possa 
ser objeto de obrigação (impossibilidade originária). Ex: um bem que deixou de ser 
fabricado, um animal cuja comercialização foi proibida, etc. 
 
Nesta hipótese, deve-se atentar para as seguintes regras, extraídas do Código Civil: 
 
 
* se a escolha cabia AO DEVEDOR (tendo a impossibilidade de uma das 
prestações decorrido de culpa sua ou não): o débito concentra-se na outra 
prestação, ou seja, naquela que restou (art. 253); 
 
* se a escolha cabia AO CREDOR: 
 - não tendo havido culpa do devedor: mesma solução anterior (o débito 
concentra-se na outra prestação, conforme art. 253, que não distingue entre caber a 
escolha ao credor ou ao devedor); 
- tendo havido culpa do devedor: poderá o credor reclamar a prestação que 
restou, ou o valor da que se impossibilitou, mais perdas e danos (art. 255, 1ª parte). 
 
 
 
 
 3
 
 
d) Impossibilidade de Cumprimento de todas as Prestações 
 de Obrigação Alternativa 
 
Casos há em que todas as prestações de uma obrigação alternativa sejam ou 
venham a tornar-se impossíveis, por alguma razão. Se assim ocorrer, as regras a serem 
observadas são as seguintes: 
 
 
* se a escolha cabia AO DEVEDOR: 
- não tendo havido culpa sua: resolve-se a obrigação (art. 256); 
- tendo havido culpa sua: ele (o devedor) ficará obrigado a pagar ao credor o valor 
da prestação que por último se impossibilitou, mais perdas e danos (art. 254); 
 
* se a escolha cabia AO CREDOR: 
- não tendo havido culpa do devedor: resolve-se a obrigação (art. 256); 
- tendo havido culpa do devedor: poderá o credor reclamar o valor de qualquer 
das prestações, mais perdas e danos (art. 255, 2ª parte). 
 
 
 
 
 
3) OBRIGAÇÃO FACULTATIVA 
 
 
 A obrigação facultativa, embora sem disposições específicas no Código Civil, é 
devidamente identificada pela doutrina. Consiste em obrigação com apenas um objeto, 
facultando-se ao devedor, todavia, exonerar-se mediante o cumprimento de prestação 
diversa, desde que pré-estabelecida essa possibilidade, em lei ou no contrato. 
 
 Vale ressaltar que a faculdade de substituir a prestação pertence exclusivamente ao 
devedor; nunca ao credor. Este apenas poderia exigir a prestação in obligatione. 
 
Ex: um estabelecimento comercial oferece sorteio de um carro entre os clientes que 
efetuarem compras acima de determinado valor; todavia, insere no cupom do sorteio uma 
cláusula reservando-se o direito de entregar ao contemplado, no lugar do carro, o 
correspondente em barras de ouro. 
 
 Confunde-se frequentemente a obrigação facultativa com a alternativa. De fato, até 
pode-se dizer que a obrigação facultativa é alternativa somente para o devedor (para o 
credor, a obrigação é simples, como dar coisa certa ou incerta, fazer, etc.). No exemplo 
acima, a obrigação teria por objeto, em princípio, o carro e, portanto, somente este poderia 
ser exigido pelo credor, a quem não é dado o direito de cobrar a prestação facultativa 
(repita-se: a faculdade é do devedor). Se o carro fosse coisa certa e perecesse, estaria 
resolvida a obrigação. 
 
 A obrigação facultativa pode ainda derivar de lei, como no caso do art. 157, § 2º do 
Código Civil. Imaginemos que um bem tenha sido vendido mediante lesão do vendedor; 
caso este peça a anulação do negócio, com a restituição do bem, o comprador tem o direito 
de, no lugar de restituir o bem, oferecer complemento de preço, com vistas a garantir o 
negócio. Tem-se, no caso, uma obrigação facultativa, pois o vendedor só pode exigir 
judicialmente o bem, enquanto o comprador (que agora, na ação de anulação, é o devedor 
do bem) pode entregá-lo ou complementar seu preço, para ficar com o mesmo. 
 
 4
II – OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS 
 
 
1) OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL 
 
 Considera-se divisível a obrigação cujo objeto é suscetível de divisão. Pode-se, 
assim, excepcionalmente, convencionar o seu cumprimento por partes e, se contar com dois 
ou mais sujeitos no polo ativo e/ou passivo, presume-se dividida em tantas partes quantos 
forem os credores e/ou devedores (art. 257). Exemplos: 
 
a) João e Maria devem 100 (cem) caixas de um produto a Pedro. Ressalvada a 
hipótese de solidariedade (que serátratada oportunamente) ou de pacto em sentido 
diverso, pode-se considerar que (50) cinquenta caixas estão sob responsabilidade de João 
e outras 50 (cinqüenta) sob responsabilidade de Maria. 
 
b) Um artista foi contratado para pintar 2 (dois) quadros. É possível estipular que 
entregue um no primeiro semestre do ano e outro no segundo semestre (obs: o credor não 
está obrigado a aceitar dessa maneira; apenas ressalva-se que existe a possibilidade de 
pacto nesse sentido). 
 
 
2) OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL 
 
a) Conceito 
 
 O conceito de obrigação indivisível encontra-se expresso no art. 258 do Código Civil, 
que assim dispõe: “A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa 
ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, 
ou dada a razão determinante do negócio jurídico.” 
 
 
b) Situações de Indivisibilidade (art. 258) 
 
- FÍSICA (POR NATUREZA): trata-se da indivisibilidade naturalmente impraticável, 
como a de um animal, a de um automóvel, etc. 
 
- POR MOTIVO DE ORDEM ECONÔMICA: ocorre quando, embora materialmente 
possível a divisão da prestação, isso acarretaria redução significativa de seu valor, 
resultando na inviabilização da mesma. Ex: determinada área é destinada, pelo Estado, 
exclusivamente à construção de fábricas (a exemplo do que ocorre no Distrito Industrial da 
Zona Franca de Manaus); supondo que a lei fixe em 100.000 m2 a área mínima de uma 
fábrica, um terreno naquele lugar, que tenha 120.000 m2, considerar-se-ia indivisível, eis 
que, embora seja possível dividí-lo, se isso ocorrer não terão as partes divididas qualquer 
finalidade. 
 
- DECORRENTE DA RAZÃO DETERMINANTE DO NEGÓCIO: trata-se, na verdade, 
da chamada indivisibilidade convencional, ou seja, a prestação seria divisível mas, no 
negócio jurídico específico, determinaram as partes interessadas a sua indivisibilidade. Ex: 
alguém deixa, por testamento, uma área (normalmente divisível) para três herdeiros, 
impondo, porém, a cláusula de indivisibilidade da mesma. 
 
 
A doutrina tradicional costuma apontar um outro critério (básico) para identificar as 
possíveis causas de indivisibilidade: a NATURAL (por natureza, física) e a JURÍDICA, que 
se subdivide em legal (por força de lei) e convencional (determinada por vontade das 
partes). 
 5
c) Efeitos da Indivisibilidade 
 
- Quando há PLURALIDADE DE DEVEDORES: cada devedor fica obrigado pela 
dívida toda (art. 259), mas aquele que pagar a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor, 
ou seja, pode cobrar dos demais devedores a quota-parte de cada um; 
 
- Quando há PLURALIDADE DE CREDORES: cada um pode exigir a dívida inteira, 
mas o(s) devedor(es) desonerar-se-á(ão) pagando a todos conjuntamente ou a um, dando 
este caução (garantia) de ratificação dos demais credores. Essa caução poderia consistir, 
por exemplo, na entrega, pelo credor que recebeu a prestação, de uma garantia real ou 
pessoal ao devedor que pagou. 
 
O credor que receber a prestação por inteiro deve repassar aos demais a quota-
parte de cada um, em dinheiro (art. 261). 
 
Se um dos cocredores perdoar a dívida, isso também só valerá em relação à parte 
que lhe caberia, não se extinguindo a obrigação em relação aos demais credores (art. 262). 
A mesma regra deve ser observada em caso de transação, novação, compensação ou 
confusão (art. 262, par. único), institutos que serão tratados oportunamente. 
 
 
d) Obrigação Indivisível que se Resolve em Perdas e Danos 
 
 Caso deva a obrigação indivisível, por qualquer motivo, resolver-se em perdas e 
danos (ex: prestação de dar coisa certa que se perdeu por culpa dos devedores), perde sua 
indivisibilidade (art. 263), já que as perdas e danos correspondem a valor em dinheiro. 
Cabe, assim, o rateio da indenização por todos os devedores, se houve culpa de todos; se, 
porém, algum devedor não teve culpa, este estará exonerado das perdas e danos (art. 263, 
§§ 1º e 2º), respondendo, no máximo, pelo pagamento de sua respectiva quota. 
 
 
 
III - OBRIGAÇÃO LÍQUIDA E OBRIGAÇÃO ILÍQUIDA 
 
 Considera-se LÍQUIDA a obrigação não apenas certa quanto à sua existência, mas 
também perfeitamente determinada quanto ao seu objeto. ILÍQUIDA, por outro lado, é a 
obrigação cujo objeto ainda depende de apuração. 
 
 Seriam líquidas as obrigações de entregar um automóvel ou determinada quantia em 
dinheiro, de prestar determinado serviço, etc. 
 
 A obrigação de pagar perdas e danos não apurados ou de vender uma safra seriam 
exemplos de obrigações ilíquidas. 
 
 Embora de indiscutível importância prática as noções de obrigações líquidas e 
ilíquidas, não contam as mesmas com expressa previsão no Código Civil vigente. 
 
 
 
 
OBSERVAÇÃO 
 
Este material destina-se a mera orientação, não esgotando, em nenhuma hipótese, o respectivo conteúdo, cujo 
estudo deve ser complementado, com a doutrina, a legislação, a jurisprudência, eventuais anotações obtidas em sala 
de aula e exercícios. 
 
Dúvidas / críticas / sugestões: andrebessa@globo.com

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