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Hermenêutica: Ciência da Interpretação


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HERMENÊUTICA
Ciência da interpretação.
O termo “hermenêutica” deriva do grego hermeneuein e significa interpretar. A origem do termo advém da figura mitológica Hermes, filho de Zeus, responsável por interpretar e traduzir as mensagens do mundo dos Deuses, tornando-as acessíveis ao intelecto humano. Em outras palavras, podemos conceituar hermenêutica como sendo o conjunto de teorias voltadas para a interpretação de algo, não somente um texto escrito, mas de tudo o qual se possa atribuir significado e sentido.
Compreende-se, portanto, que hermenêutica é a ciência para a aplicação da interpretação. No âmbito jurídico, podemos dizer que, por meio da hermenêutica é possível interpretar normas e textos jurídicos, retirando-lhes o sentido objetivamente válido e determinando seus alcances.
Para Carlos Maximiliano, a hermenêutica tem por objeto “o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do direito.”
Tecendo, resumidamente, temos que interpretar, significaria buscar a relação entre o texto abstrato, já que as leis positivas são formuladas em termos gerais, e o caso concreto, para tanto, seria necessário “descobrir e fixar o sentido verdadeiro da regra positiva; e, logo depois, o respectivo alcance, a sua extensão”. 
“A hermenêutica se aproveita das conclusões da filosofia jurídica, criando novos processos de interpretação e organizando-os de forma sistemática. A interpretação é a aplicação da hermenêutica. A hermenêutica descobre e fixa os princípios que regem a interpretação.” (Maximiliano)
Com isso, percebe-se que o termo hermenêutica, refere-se à ciência da interpretação, enquanto interpretação significaria determinar o sentido e o alcance da norma jurídica. (Hermenêutica e interpretação não são sinônimos). 
Considerando-se a possibilidade de manipulação discursiva conferida ao hermeneuta é que a ciência da interpretação estabelece balizas para uma adequada interpretação, aplicação do Direito.
Moldura normativa:
A construção de sentido normativo deve, necessariamente, destacar a distinção entre um enunciado normativo e uma norma. Vejamos assim tal diferença: 
Um enunciado normativo é apenas o TEXTO.
Uma norma é o SENTIDO atribuído ao texto.
Consoante a teoria de Hans Kelsen, podemos compreender que o texto é a moldura normativa, idéia esta que tem por finalidade destacar o limite semântico do texto, apresentando, portanto as possibilidades de sentido normativo.
Moldura normativa: enunciado normativo (texto). A norma está dentro da moldura normativa. Se a norma ultrapassar o limite semântico ela não será adequada. 
Segundo Kelsen, existe um interprete autêntico no sistema jurídico, o juiz. É a interpretação conferida por ele que deverá ser cumprida. Entretanto, se considerarmos os cânones (pontos de partida) da democracia percebemos que também é necessário chamarmos no posicionamento acerca das questões jurídicas toda a sociedade destinatária das normas sistêmicas a fim de que a “volutas populi” se manifeste no processo de atribuição do sentido normativo. Essa idéia encontra- se bem delineada na obra do jurista Peter Haberde denominada Sociedade Aberta aos Interprétes na qual o referido autor pugna pelo incremento dos mecanismos de participação popular, como por exemplo, plebiscito e referendo, fundamentais para o alcance desse desiderato.
https://jus.com.br/artigos/22871/moldura-e-norma-fundamental-grundnorm-na-teoria-pura-do-direito/2
 
As três dimensões:
O estudo do Direito é pautado em uma análise interacional entre3 ramos de conhecimento, a saber:
Ciência do direito propriamente dita (pauta- se pela validade)
Sociologia do direito (pauta- se pela eficácia e aplicabilidade)
Filosofia do direito (pauta- se pela legitimidade, justiça)
Ciência do direito propriamente dita:
Sobre a ótica desse ramo devemos proceder uma análise de validade normativa. Pode-se afirmar que está validade é bidirecional: formal e material.
Formal: nessa análise temos também duas outras subcategorias: competência e procedimento. 
Competência: uma norma para ser válida no ponto de vista formal deve ter sido emanada de um órgão de um feixe de atribuições autorizadoras para a sua produção. Ou seja, qual o órgão competente, autorizado para criar normas formalmente válidas.
Procedimento: tendo ainda que considerar que para que a norma seja válida formalmente é indispensável que respeite-se o modo estabelecido por outra norma para sua produção. Ou seja, qual procedimento deve ser realizado para criar uma norma formalmente válida.
1. Material: Leva-se em conta o conteúdo normativo, ou seja, a compatibilidade dessa norma com o sistema do qual faça parte, assim o conteúdo de uma norma encontra seu respaldo em outra que lhe é hierarquicamente superior num processo que Hans Kelsen denomina de Fundamentação (ascendente) e por sua vez esta mesma norma sendo extraído daquela hierarquicamente superior será classificada como derivada (processo de derivação).
Sociologia do Direito:
Enquanto na ciência do direito a preocupação gira em torno do tema validade, na Sociologia esse aspecto não é considerado mais tão somente a adesão dos destinatários da norma e o seu comprimento. Existem estudos que objetivam minimizar a ineficácia normativa, a exemplo de ideias como a jurimetria: estudo que utiliza a aplicação da estatística e probabilidade com o escopo de lastrear a produção normativa de modo a maximizar resultados e minimizar os prejuízos (exemplo disso é a digitalização dos processos, que cria um vasto banco de dados para consulta e criação de métricas).
Filosofia do Direito: 
No estudo da Filosofia do Direito procede-se a uma análise de uma legitimidade normativa ou da justeza. Todo estudo acerca das teorias da justiça integra a Filosofia do Direito.
Importa diferenciarmos o enunciado normativo da norma, pois o primeiro é o substrato com base no qual a norma será extraída podendo ela adquirir diversas matizes ou direções que embora diversos podem permanecer válidos desde que sejam respeitados os limites estabelecidos pelo enunciado normativo. Tal limite conforme a Teoria Pura do Direito é denominada de moldura normativa. A grande dificuldade está em delimitar a moldura, pois nem mesmo ela está pré-definida cabendo ao interprete aplicador estabelecer seus limites e respeitá-lo.
Espécies normativas:
Tais classificações se diferenciam não pela hierarquia, mas pela essência. No processo de regulamentação da vida em sociedade, portanto, o ordenamento jurídico por vezes se limita a indicar um ideal a ser alcançado; noutras, opta por descrever um comportamento a ser seguido; por último, funciona auxiliando o intérprete do direito a organizar e estruturar a aplicação das demais normas.
Regra:
As regras são espécies normativas primariamente descritivas com comandos específicos e baixo grau de abstração, a sua aplicação segue a lógica da subsunção (incluir). Diante de um fato realizador do que anuncia o comando normativo será ela, portanto aplicada, é o que popularmente denominamos de enquadramento normativo.
Princípio:
São espécies dotadas de abertura semântica, alto grau de abstração e constituição. Diretrizes a serem implementadas que exigem muito mais da capacidade intelectual do interprete aplicado do que as regras.
Os 
princípios
 são fundamentais no sistema de fontes do direito, pois 
estruturam o sistema normativo e o próprio Estado
 (princípio do estado de direito, princípios gerais do Direito etc.), além disso, os princípios estão 
vinculados à 
ideia
 de justiça ou de direito
, sendo que as regras são normas meramente funcionais, ou instrumentos de aplicação dos princípios. Destaca-se que, como já dito por 
Canotilho
, 
os princípios também têm uma função 
nomogenética
, pois são razões para a existência de regras
 
as quais são criadas a fim de cumprir as exigências de um princípio
. Dentre outras funções, os 
princípios desempenham uma função argumentativa
 que serve para fundamentar a aplicação de uma regraà
 um caso específico. Além disso, eles também têm a função de 
revelar outras normas que não foram explicitadas por nenhum dispositivo legislativo
, mas que fazem parte do sistema jurídico, possibilitando a sua utilização sem mesmo a existência de um dispositivo de lei (princípio da insignificância, princípio da intervenção mínima, princípio do não enriquecimento sem causa etc.). 
Qualitativamente 
os princípios
 também podem ser diferenciados das regras, tendo em vista que, segundo 
Alexy
, aqueles 
determinam um mandamento de 
otimização
. Isto é, 
podem ser aplicados em graus
 no momento de concretização de uma regra. 
Já as regras são normas que trazem uma exigência que não pode ser cumprida em graus
, 
pois somente podem ser cumpridas ou descumpridas em sua totalidade
. 
Destaca-se que 
os princípios
 coexistem e 
podem ser aplicados ao mesmo caso concreto mesmo quando em conflito
, 
já as regras
, 
quando em conflito
, 
se excluem
, são antinômicas, 
não
 havendo a possibilidade de aplicação simultânea quando houver colisão.
Postulados:
Os postulados jurídicos 
não podem ser confundidos com os princípios jurídicos
 (embora seja comum essa confusão), 
pois não podem ser cumpridos de modo gradual
, como se fosse um mandamento de 
otimização
 assim como sugerido por 
Alexy
, não instituem qualquer tipo de procedimento, não podem entrar em conflito com outras regras jurídicas ou princípios jurídicos, não são estabelecidos como um 
dever
-s
er ideal e também não podem ser sopesados ou ponderados
.
Os 
po
stulados também 
não podem ser classificados como regras jurídicas
, 
pois não são normas imediatamente descritivas
, 
na medida em que estabelecem obrigações
, 
permissões ou restrições
 
mediante a descrição da conduta a ser cumprida
.Constituem regras metódicas, cumpre salientar que a maioria dos doutrinadores não reconhece os postulados como uma categoria normativa deixando-os inclusos a categoria dos princípios. O que justifica a classificação dos postulados como expressão normativa e a sua peculiar característica de presença em todo o labor jurídico representando um caminho inafastável para a definição de uma norma justa. São condições essenciais sem as quais nenhum objeto poderia ser conhecido. São elementos formais que definem métodos de aplicação de outras normas, portanto podem ser chamados de supernormas.
Postulado normativo aplicativo da proporcionalidade: diz respeito a um imperativo ético conferido ao exercício da atividade hermenêutica com base no princípio aristotélico anunciador de que a virtude constitui uma mediana. Assim é vedado ao interprete aplicador do Direito decidir de forma extremada sob pena de em o fazendo violar este postulado e quase invariavelmente outros princípios.
Este postulado é subdividido em 3 categorias, a saber:
Adequação: Diz respeito a uma análise quanto a idoneidade (adequação) dos meios empregados para o alcance de determinados fins. 
Necessidade: Considera a imprescindibilidade (necessidade) da medida a ser adotada na medida em que toda a decisão implica, em maior ou em menor medida, em algum prejuízo.
Proporcionalidade em sentido estrito ou razoabilidade: Alguns autores tratam a proporcionalidade e razoabilidade como sinônimos o que segundo Robert Alexy é uma atecnia (falta de técnica), pois para o referido autor a análise quanto a razoabilidade é apenas uma fase da proporcionalidade. A razoabilidade, portanto, é o terceiro e último clivo necessário para o aperfeiçoamento decisório, sendo um exercício de ponderação diante possibilidades igualmente adequadas e necessárias preferindo aquela que melhor realiza os direitos fundamentais ou sobre outra perspectiva aquela que menos os restringe. 
Postulado normativo aplicativo da igualdade: a igualdade é um princípio/postulado inerente a todos os sistemas jurídicos cujo o reconhecimento é antigo merecendo destaque aos marcos históricos da declaração dos direitos do homem e cidadão (final do século XIII) e a declaração universal dos direitos humanos (1948), bem como a nossa constituição de 1988, segundo essas referências todos os homens nascem livres e iguais.
É importante observarmos que a igualdade é bidimensional assim este postulado é subdividido em duas categorias, a saber: 
Formal/Procedimental: a ideia de igualdade formal leva em conta o critério de justiça enunciado por Chaím Perelman “A cada um a mesma coisa”. Assim com base na igualdade formal devemos tratar a todos da mesma forma desconsiderando-se quaisquer peculiaridades. 
Material/Substancial: toma como premissa a formulação Aristotélica indicativa de que é preciso tratarmos igualmente situações iguais e desigualmente situações desiguais, tomando-se como a referência a medida dessa desigualdade.
No Brasil é temerário discutir essa temática desconsiderando-se a obra “O Conteúdo Jurídico do Princípio de Igualdade” de autoria do professor Celso Antônio Bandeira de Mello pela sua qualidade ao enunciar que todas as normas jurídicas possuem um caráter discriminatório, o que não é por si só reprovável aja vista que existem discriminações positivas e a análise do hermeneuta está exatamente em estabelecer o adequado Fator de Discrímen (é aquilo que é levado em consideração para dar tratamento diferenciado a certas situações), como por exemplo: a vaga para deficiente físico.
Critérios legítimos para o estabelecimento do fator de 
Discrímen
:
1-
Necessidade
: segundo 
Perelman
 é um critério legitimo de discriminação a necessidade, pois, a situações em que é preciso “dar a cada um conforme suas necessidades”
. T
al critério legitima
 como, por exemplo,
 políticas como a bolsa família.
2-
Mérito: 
é
 preciso considerar que o esforço e o talento justificam tratamento diferenciado
,
 sendo essas balizas os fundamentos fatoriais de discriminação, por exemplo
: c
onvenção de bolsa integral ao aluno que desempenha o melhor desempenho acadêmico.
3-
Produtividade: 
s
egundo esse critério de diferenciação confere um tratamento privilegiado a aqueles 
que apresentem mais resultados. A
 formulação nesse caso pode se
r sintetizada:
 
“
a cada um conforme as suas obras
”
.
4-
Titularidade: 
p
ode-se anunciar esse critério pela seguinte formulação
:
 “a cada um aquilo que é seu”. 
Dogma da completude:
Sob o paradigma positivista, Direito é sinônimo de lei e o conjunto de leis forma o sistema ou ordenamento jurídico, que conforme esse paradigma é perfeito e completo para o atendimento das demandas decisórias as quais ele seja invocado. Ocorre que estamos aí diante de um Dogma, ou seja, um conceito irrefletido pois o ordenamento jurídico é lacunoso na medida em que é impossível que o legislador seja capaz de prever todas as situações do mundo da vida.
Assim mostra-se necessário o empenho do interprete aplicador do Direito no sentido de preencher as lacunas do sistema afim de que o Direito cumpra a sua missão.
Algumas são as espécies de interpretação supletiva das lacunas merecendo destaque:
Interpretação histórica: 
Foi bem desenvolvida pela Escola Histórica do Direito, tendo como principal representante Savigny, para essa Escola toda a norma jurídica é historicamente condicionada não podendo se imprimir uma interpretação adequada desconsiderando-se a dimensão de historicidade dos comandos normativos. Segundo Miguel Reale “Uma lei nasce obedecendo a certos ditames, a determinadas aspirações da sociedade, interpretadas pelos que elaboram, mas o seu significado não é imutável”.  É a pesquisa do processo evolutivo da lei, a história dos seus precedentes, auxilia o aclaramento da norma.
Interpretação sociológica: 
Parte para a concepção de que o Direito é o fenômeno social na medida em que toda a sociedade apresenta necessariamente estruturas jurídicas ainda que incipientes ou primitivas. Tal ideia pode ser sintetizada na formulação latina: Ubi societas, ibi jus (onde há a sociedade, há oDireito).
Existem duas vertentes importantes do positivismo exegético, cuja referência para a elaboração normativa é primordialmente o método gramatical ou literal, que são conhecidas como vertentes valorizadoras da Voluntas legislatores e a outra vertente Volutas legis.
Volutas legislatóris: essa linha é pautada na ideia de que a norma adequadamente construída é aquela cuja gênese (origem) parte do processo de busca da verdade do legislador no momento de sua elaboração.
Volutas legis: desconsidera a liberdade do legislador no momento nomogênese (processo de criação de uma norma jurídica) por intendê-lá irrelevante, na medida em que é necessário que se promova uma atualização da mens legis (sentido da lei), sob pena de o Direito restar por insuficiente para o cumprimento do seu objetivo, qual seja garantir o controle social, a paz e a harmonia dentre os indivíduos.
Do exposto percebe-se que a Volutas legis é a mais consentânea (adequada/de acordo com) a uma perspectiva de uma interpretação sociológica haja vista que os comandos normativos são atualizados conforme a dinâmica social.
Interpretação sistemática:
É aquela que parte da consideração do conjunto normativo para a concretização de uma norma. Cumpre observar que um sistema jurídico tem normas dispostas de forma hierarquizada tal qual a pirâmide normativa de Merkel/ Kelsen as normas que se encontram no ápice da pirâmide normativa são mais genéricas e abstratas, ao passo que as normas da base piramidal são mais especificas e concretas.
Anotações: a sentença é a norma, o juiz ao sentenciar 
densifica
 e aplica todo o sistema. No momento que se aplica a norma se aplica TODO sistema.A tarefa do Hermeneuta é exatamente a de compreender todo o sistema a fim de que ao elaborar a norma seja capaz de desvelar o verdadeiro sentido unitário do ordenamento jurídico, num processo denominado de ”Densificação Normativa”.
Procura extrair o conteúdo da norma jurídica por meio da análise sistemática do ordenamento jurídico. Uma vez que este não é lógico. Quem irá colocar lógica no sistema é o interprete ou o cientista do Direito. Parte-se sempre da interpretação gramatical, analisando-se os vários dispositivos legais até se chegar a uma conclusão interpretativa.  Sistema, essa é a palavra chave. A interpretação sistemática visa à harmonia entre as normas, analisando uma de acordo com o que diz outras. Esse método beneficia o sistema jurídico como um todo, onde o sistema se completa em conjunto. 
Escolas do pensamento jurídico:
Jusnaturalismo: justiça (direito pressuposto)
Juspositivismo: legalidade (direito posto)
Pós- positivismo: legalidade + justiça
Escola de exegese: método gramatical ou literal.
Volutas 
legis
: pode adaptar ao conteúdo (vontade da lei); gramatical, sociológico, histórico.
Volutas 
legislatoris
: sentido do legislador, não pode ser adaptado.Há situações que são legais, mas não são justas e há situações que são justas, mas não são legais.
Jusnaturalismo:
É uma escola do pensamento jurídico que compreende seu direito uma expressão de categorias inatas a condição humana, portanto para que alguém possa titularizar direitos é imprescindível que esteja no curso da vida, independentemente do reconhecimento por diplomas jurídicos escritos. Em outras palavras, é a teoria que sustenta que os seres humanos nasceriam como titulares de direitos inatos (inerentes a própria condição humana) e universais que resultariam de um código ético de justiça imutável que todo ser humano carregaria dentro de si. Em síntese, o Direito não seria uma criação estatal, já nasceria com os indivíduos.
Jusnaturalismo cosmológico: compreende ser o direito fundamentado no cosmos, ou seja, na lei universal da natureza. A partir concepção extraímos que, para o jusnaturalismo o direito imutável e universal. Existe um Filósofo chamado Pitágoras que fundou a escola da Physis (Natureza) que compreendia ser o direito afinado com a dinâmica das aguas, esta fase foi predominante na antiguidade. O fundamento dos direitos naturais e da justiça seria a harmonia do ser humano com o universo.
Jusnaturalismo teológico: foi predominante na idade média período em que a igreja católica dominava ao cenário político, essa expressão jusnaturalista compreende ser o direito justo aquele que exprime a vontade de Deus. O fundamento dos direitos naturais e da justiça seria a vontade de Deus, que seria acessada pelos homens através da fé. Duas personalidades se destacam nesse paradigma:
São Thomas de Aquino: Foi o fundador da escolástica, escola do pensamento jus teológico responsável por limitar o desenvolvimento do capitalismo por entender ser o lucro não natural, passando a demoniza-lo.
Santo Agostinho: Foi o fundador da escola da patrística, sua compreensão acerca da necessidade de retidão na vida terrena necessária para alcançar a cidade de Deus foi fundamental para o controle social.
Jusnaturalismo racional: a escola racional é o responsável por reativar os cânones (pilares, ponto de partida) antropocêntricos da antiguidade clássica (Greco-Latina), em substituição ao teocentrismo medieval. A concepção racional do jusnaturalismo é parte do processo do renascimento cultural, responsável pela colocação do homem no centro de todas as construções ideológicas e sociais. A partir de então o fundamento paro o direito natural passou de Deus para a Razão.
Juspositivismo:
O Direito posto é aquele do Estado (
locus
 do consenso), que está 
a seu
 serviço, mas o direito pressuposto se manifesta no interior da sociedade civil (espaço particular onde se chocam os antagonismos, conforme Hegel), e é nessa arena de lutas que os sentidos normativos começam a ser forjados. O direito pressuposto, que vai limitar a criação do direito posto, é determinado pelo modo de produção social e pela correlação de forças políticas.As teorias do direito positivo nascem com o fim da idade moderna, mas precisamente tem como marco a Revolução Francesa (1789), tal concepção acerca do Direito nasce em substituição as teorias do direito natural na medida em que estas últimas fundamentavam o absolutismo monárquico, a burguesia classe dominada (Terceiro Estado – Abade Siegès) se insurgiu contra o poder do executivo exercido arbitrariamente, deslocando o eixo de protagonismo do poder monárquico para o legislativo, tal fato teve serias repercussões no campo do Direito, sendo a principal delas a substituição do fundamento jurídico da norma pressuposta para a norma posta (ius positum).
Movimento contrário ao jusnaturalismo e para ele o ser humano criaria leis perfeitas. Houve: redução do direito a lei; crença no monismo jurídico (direito como produto do estado); crença na perfeição racional do legislador (que o legislador era perfeito); afirmação da completude e da coerência do sistema legal (ausência de antinomias e lacunas); separaçã do direito em face da moral (esvaziamento do debate sobre justiça); neutralização valorativa do poder judiciário (juiz como a boca da lei).
Escola de Exegese: nasce na França nos primeiros anos pós revolução e entendia ser o direito adequado, aquele que era fiel a expressão da vontade do parlamento não cabendo ao Juiz qualquer possibilidade intelectiva de criação, mas tão somente de reprodução do conteúdo indicado pelo legislativo. A frase emblema desta escola é a de que o Juiz é mera Bouche de la loi(Boca da Lei). O método interpretativo da Escola de Exegese é o método literal ou gramatical posto que cabe ao Juiz desvelar o sentido da lei expresso pelo legislador (voluntas legislatoris), o que inviabiliza a atualização do conteúdo normativo.
Historicismo: tem como expoente Savigny e indica ser o direito a fiel expressão Volksgeist (espírito do povo) sendo assim é o direito aquele expresso em normas escritas cujo o sentido é aferido por intermédio da análise da sucessão dos fatos históricos, de modo a de alcançar a voluntas populi atualizada. Características: defesa dos costumes como a principal fonte do direito; desmitificação da perfeição tradicionalda lei e do legislador; afirmação da ocorrência de lacunas e antinomias; pluralismo jurídico (produção estatal + social); reconhecimento da possibilidade do costume contra legem.
Normativismo: é a expressão do juspositivismo da primeira metade do século XX, e apresenta como maior expoente Hans Kelsen. A partir de Kelsen o método sistemático de interpretação ganha relevo em detrimento do método gramatical sem, contudo, haver um abandono por completo do juspositivismo. A introdução da tese da hierarquia normativa constitucional, por exemplo, estabelece um modelo cientifico jurídico que pode implicar na invalidação de certas normas que não sejam compatíveis com a constituição, o diagrama da pirâmide normativa de Merkel é a expressão simbólica desse constructo teórico, pelo normativismo a norma passa a ser produto da atividade intelectiva do interprete na medida em que é ele quem lhe imprime sentido embora limitado pelo texto. Conceito fundamental é a teoria da moldura normativa, posto que a partir dessa concepção pode o Juiz criar a norma em qualquer desses espaços limitados pela moldura normativa que é o alcance máximo permitido pela semântica textual.
O normativismo é integrante da tese da pureza normativa sustentada por Hans Kelsen. Essa ideia pode ser entendida como artificial vista que a norma sofre influência de valores sociais, históricos e filosóficas sendo, portanto, a neutralidade axiológica um mito porem, fundamental para que Kelsen conseguisse eleger o direito ao estado de ciência pela ótica do paradigma da modernidade.
Pós- positivismo:
Pode ser entendido como um movimento de síntese que busca conjugar os postulados jusnaturais, pressupostos do normativismo escrito, com os postulados do positivismo jurídico e suas teses de legalidade (norma posta). O marco temporal do pós- positivismo é precisamente o fim da segunda guerra mundial que culminou com a vitória aliados (eixo formado pelos EUA, França, Inglaterra e União Soviética) representantes do paradigma democrático de estado em detrimento do eixo representado pelos nazifacistas, modo de se fazer política embazado na idéia de legalidade, porém separado do respeito a pessoa humana. O julgamento de Noremberg foi um divisor de águas entre o modelo estritamente positivista e o ingresso na fase pós- positivista ou neopositivista. 
Teses fundamentais: 
Superação das visões unilaterais (o direito como uma experiência normativa, fática e valorativa).
Valorização concomitante (simultânea) das dimensões de validade, efetividade e legitimidade.
Ênfase a uma formação interdisciplinar e humanística no mundo do direito para permitir a investigação zetética do fenômeno jurídico (superação do dogmatismo).
Valorização da hermenêutica jurídica e da teoria da argumentação.
Reaproximação do direito em face da moral.
Valorização da formula ético jurídica dos direitos humanos fundamentais.
Retomada do debate sobre a justiça dentro de um paradigma multicultural.
Defesa do ativismo judicial (postura criativa e construtiva dos juízes).