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Movimento Retilíneo 29 de agosto de 2017 A análise do movimento é um problema da física. O mundo, e tudo que há nele, está em constante movimento. Até mesmo uma pessoa deitada no chão está em movimento, pois o planeta Terra se move em torno do Sol. O Sol, por sua vez, se move ao longo da Via-Láctea, e assim por diante. Em nosso estudo sobre movimento vamos inicialmente considerar os conceitos que envolvem a classificação e comparação do movimento (cinemática), posteriormente iremos considerar as causas do movimento (dinâmica). Para descrever o movimento de um corpo precisamos, em primeiro lugar, estabelecer um método para medir a posição deste corpo, em outras palavras precisamos determinar um sistema de referência. Em um movimento unidi- mensional, ou movimento retilíneo, um sistema de referência não passa de uma reta orientada em que se escolhe uma origem a partir da qual realizamos nossas medidas. Sistemas de Referência (Posição e Deslocamento) Na Fig. 1 temos alguns exemplos de como podemos escolher um sistema de referência. Nesta figura ilustramos um carro que se move desde a posição inicial até a posição final. O movimento do carro é algo independente da nossa escolha de referencial. No exemplo em questão estamos considerando 3 referenciais diferentes, este referenciais, grosso modo, equivalem a uma régua que utilizamos para medir o deslocamento do carro. No referencial “A” adotamos como origem o ponto no qual o carro inicial o movimento, neste caso podemos ver que o carro se moveu desde a posição zero até a posição cinco. No referencial “B” a origem não está no ponto onde o carro inicial o movimento, neste segundo exemplo, o carro move-se desde a posição -2 até a posição +3. No referencial “C” podemos notar que a medida de distância se dá no sentido contrário, em relação aos casos anteriores, e o carro se move desde a posição 5 até a posição 0. Não é difícil notar que em todos os referenciais o carro se moveu por uma distância de 5 unidades. Contudo, nos referenciais “A” e “B” temos um desloca- mento no mesmo sentido do eixo de coordenadas, já no referencial “C” o carro desloca-se no sentido contrário do eixo de coordenadas. 1 0 21 3 4 5 -2 0-1 1 2 3 5 34 2 1 0 A B C Posição Inicial Posição Final Figura 1: Sistemas de Referência Definimos deslocamento pela diferença entre a posição final e a posição inicial de um objeto. Assim, temos que o deslocamento no referencial “A” é dA = 5− 0 = 5. (1) No referencial “B” temos dB = 3− (−2) = 5. (2) Já no referencial “C” o deslocamento é dado por dC = 0− 5 = −5. (3) Como podemos ver, o valor do deslocamento depende da escolha do referencial. Todavia, o módulo do deslocamento (o valor do deslocamento sem considerar o sinal + ou -) é igual em todos os casos. O deslocamento é uma gradeza vetorial, ou seja, possui módulo direção e sentido. Deste modo, como toda grandeza vetorial, a descrição do deslocamento depende do sistema de referencia adotado. No caso unidimensional, o caráter vetorial é caracterizado pelo sinal positivo ou negativo da grandeza em questão. Nas aulas seguintes iremos considerar o movimento em duas e três dimensões. Apesar de não ser necessário o uso da notação vetorial no movimento unidimensional, bastando apenas utilizar o sinal de positivo ou negativo nas medidas, vamos trabalhar com o deslocamento (e grandezas relativas ao deslocamento) na notação vetorial, assim, já vamos nos familiarizando com o futuro que nos aguarda. 2 O vetor deslocamento é definido a partir do vetor posição, dado o vetor posição inicial ~r (t = ti) e o vetor posição final ~r (t = tf ) definimos o vetor des- locamento da seguinte forma ∆~r = ~r (t = tf )− ~r (t = ti) . (4) No referencial “A” a posição inicial do carro é dada pelo vetor ~rA (t = ti) = ~0, (5) e a posição final ~rA (t = tf ) = 5 iˆ, (6) logo, o vetor deslocamento no referencial “A” é dado por ∆~rA = 5 iˆ. (7) Já no referencial “C” a posição inicial do carro é dada pelo vetor ~rC (t = ti) = 5 iˆ, (8) e a posição final ~rC (t = tf ) = ~0, (9) logo, o vetor deslocamento no referencial “C” é dado por ∆~rC = −5 iˆ. (10) Contudo, temos que |∆~rA| = |∆~rC | . (11) Velocidade Média e Velocidade Instantânea A velocidade é uma grandeza que no diz como a posição de um objeto está variando com o tempo. Na Fig. 2 temos a representação gráfica de como a posição de um objeto pode variar com o tempo. Como podemos ver, após a passagem de 0, 5 segundos o objeto descrito pelo gráfico saiu da origem e atingiu a distância de 1 metro. Definimos velocidade média pela razão entre o deslocamento ∆~r e o intervalo de tempo ∆t, deste modo, a velocidade média entre 0 e 0, 5 segundos é v = 1− 0 0, 5− 0 = 2m/s. (12) Como o próprio nome já diz, a velocidade média nos dá a média da velocidade no intervalo de tempo considerado. A velocidade média não nos informa qual é 3 Figura 2: Posição em função do Tempo. a velocidade do objeto com o decorrer do tempo. Veja que se considerarmos o intervalo de tempo de 0 a 1, 5 segundos a velocidade média será v = 2− 0 1, 5− 0 = 4 3 m/s. (13) Agora, considerando o intervalo de tempo entre 0 e 3 segundos temos v = 0− 0 3− 0 = 0m/s, (14) ou seja, obtemos uma velocidade média nula apesar do objeto ter se movido no intervalo de tempo em questão. Para conhecermos a velocidade de um objeto em um determinado instante de tempo devemos calcular a velocidade instantânea. Obtemos a velocidade instantânea a partir da velocidade média considerando um intervalo de tempo ∆t muito pequeno, ou seja, considerando o limite no qual o intervalo de tempo tende a zero. Deste modo, definimos a velocidade instantânea, ou simplesmente velocidade, por ~v = lim ∆t→0 ∆~r ∆t = d dt ~r. (15) Uma vez que a velocidade é uma grandeza vetorial, obtida a partir do vetor ∆~r, esta possui módulo, direção e sentido. Note que, uma vez que ∆t é um escalar positivo definido, o vetor velocidade aponta no mesmo sentido do vetor ∆~r. No movimento representado pela Fig. 2, a velocidade é positiva entre 0 e 1, 5 segundos, a partir de então a velocidade torna-se negativa. 4 Aceleração Assim como a posição de um objeto pode variar com o tempo, neste caso dizemos que tal objeto possui uma velocidade não nula, a velocidade também pode variar com o tempo. Quando a velocidade de um objeto varia com o tempo dizemos que este objeto está variando. Analogamente a velocidade, definimos a aceleração média por a = v (t = tf )− v (t = ti) tf − ti = ∆v ∆t . (16) Novamente, considerando o limite ∆t→ 0 obtemos a aceleração instantânea. Assim, definimos aceleração instantânea, ou simplesmente aceleração, por ~a = lim ∆t→0 ∆~v ∆t = d dt ~v. (17) Aceleração constante A aceleração constante é um caso particular da aceleração. Neste curso iremos focar no caso especial da aceleração constante. Podemos utilizar a Eq. (17) para encontrar a função que descreve a variação da velocidade e a variação da posição em função do tempo. A partir da definição de aceleração ~a = d dt ~v, (18) podemos escrever ~a dt = d~v. (19) Podemos agora integrar ambos os lados da equação acima, ou seja ˆ t=tf t=0 ~a dt = ˆ vf v0 d~v, (20) onde v0 é o valor da velocidade em t = 0 e vf é o valor da velocidade em t = tf . Como estamos tratando do caso no qual a aceleração é constante, podemos tirar a aceleração da integral do lado esquerdo, ou seja ~a ˆ t=tf t=0 dt = ˆ vf v0 d~v (21) ~a tf = ~vf − ~v0. (22) Chamando tf simplesmente de t, ~vf simplesmente de ~v e rearranjando os termos da última equação obtemos ~v = ~v0 + ~a t. (23) 5 Podemos agora integrar a Eq. (23) para obter uma equação para a posição em função do tempo. Logo, usando a definição de velocidade podemos escrever a Eq. (23) como d dt ~x = ~v0 + ~a t (24) d~x = ~v0 dt + ~a t dt, (25) integrando a última equação ˆ xf x0 d~x = ˆ t=tf t=0 ~v0 dt + ~a ˆ t=tf t=0 t dt (26) ~xf − ~x0 = ~v0 tf + 1 2 ~a t2f . (27) Chamando tf simplesmente de t, ~xf simplesmente de ~x e rearranjando os termos da última equação obtemos ~x = ~x0+ ~v0 t + 1 2 ~a t2. (28) Com esta última equação definimos o que chamamos de Movimento Unifor- memente Variado (MUV). Note que, assim como obtemos a Eq. (28) a partir da Eq. (23) via integração, podemos a Eq. (23) a partir da Eq. (28) por meio de uma derivada em relação ao tempo. Podemos adaptar a Eq. (28) para o caso no qual a aceleração é nula, para isso basta fazer a = 0, assim obtemos ~x = ~x0 + ~v t. (29) Esta equação, válida para o caso no qual a aceleração é nula, define o que chamamos de Movimento Uniforme (MU). Exercícios 1. Um jato voa horizontalmente próximo ao chão, a uma altura de 35m, para evitar ser detectado por um radar. De repente o piloto se depara com uma leve inclinação de 4, 3° no terreno. Quanto tempo o piloto tem para corrigir a trajetória do avião de modo a evitar uma colisão com o solo? Considere que a velocidade do avião é 1300 km/h. 2. Um objeto move-se ao longo de uma linha reta e sua posição em função do tempo é dada por x = 3 t−4 t2+t3, onde x está em metros e t em segundos. Considere o intervalo de t = 2 s a t = 3 s e calcule (a) a velocidade média e (b) o deslocamento. Qual a velocidade instantânea em (c) t = 2 s e em (d) t = 3 s? (e) Qual a velocidade instantânea quando quando o objeto está no ponto médio das posições em t = 2 s e t = 3 s? 6 3. A posição de uma partícula é dada por x = 20 t− 5 t3, com x em metros e t em segundos. Quando, se ocorrer, (a) a velocidade da partícula é zero? (b) Quando a aceleração é zero? (c) Quando a aceleração é negativa? (d) Quando a aceleração é positiva? (e) Trace o gráfico de x(t), v(t) e a(t)? 4. A cabeça de uma cascavel pode acelerar 50m/s2 no instante do ataque. Se um carro, partindo do repouso, também pudesse imprimir essa aceleração, em quanto tempo atingiria a velocidade de 100 km/h? 5. Duas estações de trem estão separadas por uma distância de 1100m. Se o trem parte do repouso e mantém uma aceleração de 1, 2m/s2, durante a primeira metade da distância, e depois desacelera a −1, 2m/s2, durante a segunda metade, quais são (a) o tempo de viajem e (b) a velocidade máxima? (c) Trace os gráficos da posição da velocidade e da aceleração em função do tempo. 6. Uma caixa cai a partir do andar mais alto de um edifício. 0, 5 s antes de atingir o chão a caixa passa pelo terceiro andar do edifício, situado a 20m do chão. (a) Qual é a altura do edifício? (b) Com qual velocidade a caixa toca o solo? 7. Para estimar a profundidade de um poço, podemos abandonar uma pedra a partir do repouso dentro do poço e cronometrar o tempo que demora para ouvirmos o barulho da pedra batendo na água. Sabendo que a velocidade do som é de 330m/s e que que o barulho da pedra é ouvido 2 s após o lançamento, qual é a profundidade do poço? 8. Numa construção, uma ferramenta cai e chega ao solo com a velocidade de 24m/s. (a) De que altura a ferramenta caiu? (b) Qual o tempo de queda? 7
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