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Teoria Geral dos Recursos Processo Penal

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TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
 
 1- Fundamento, conceito e natureza jurídica 
 
Os recursos vão buscar seus fundamentos na necessidade psicológica, ínsita ao 
homem, de não se conformar perante uma única decisão. E ele incapaz, em regra, de se 
submeter à imposição de outrem, quando esta lhe pode trazer, de uma ou outra forma, 
algum gravame ou prejuízo. Além disso, a precariedade dos conhecimentos dos seres 
humanos pode causar um erro de julgamento e o confiar-se o poder de decidir a apenas uma 
pessoa possibilita o arbítrio. Por isso, os recursos foram sempre admitidos na história do 
Direito, em todas as épocas e em todos os povos, O sentido de sua existência é possibilitar 
o reexame das decisões proferidas no processo. A palavra recurso, aliás, deriva do latim - 
recursus, us - que significa retrocesso, do verbo recurro, ere - de voltar, retornar, retroceder. 
Seus fundamentos são, portanto, a necessidade psicológica do vencido, a falibilidade 
humana do julgador e as razões históricas do próprio Direito. 
A existência dos recursos tem sua base jurídica no próprio texto constitucional, 
quando este organiza o Poder Judiciário em duplo grau com a atribuição primordialmente 
recursal dos Tribunais. O princípio do duplo grau de jurisdição dá maior certeza à 
aplicação do Direito, com a proteção ou restauração do direito porventura violado e é por 
isso que se encontra assente nas legislações. Um segundo exame da relação jurídica Posta 
em litígio é necessário para uma justa composição do conflito de interesses. O que se busca, 
em verdade, outra coisa não é senão a efetiva garantia da proteção jurisdicional.' Se não 
houver recursos, a incerteza cessará com a decisão única, mas haverá o risco de 
consagrar-se uma injustiça. aí a orientação maleável seguida pelo Direito: ensejar um ou 
mais recursos, mas considerar que, esgotados os concedidos por lei, a Causa está julgada, 
pelo menos naquele processo. 
E. Magalhães Noronha define o recurso como "a providência legal imposta ao 
juiz Ou concedida à parte interessada, objetivando nova apreciação da decisão ou situação 
Processual, com o fim de corrigi- Ia, modificá- la ou confirmá- la". Mais sucintamente, 
Fernando da Costa Tourinho Filho ensina que recurso "nada mais é do que o reexame de 
uma decisão". Seu fim, em regra, é sanar os defeitos substanciais da decisão, ou seja, suas 
injustiças decorrentes da má apreciação da prova, bem como da errônea interpretação das 
pretensões da parte ou dos fatos e das circunstâncias. 
Sendo o recurso matéria de ordem pública, envolvendo interesse público, 
atende a interesses não só do indivíduo, como da própria sociedade, não sendo possível ter 
sua ordem alterada por convenção ou acordo entre as partes. 
A natureza jurídica do recurso está sujeita a discussões doutrinárias, mas pode 
ele ser encarado de várias maneiras, como diz Hélio Tornaghi: a) como desdobramento do 
direito de ação que vinha sendo exercido até a decisão proferida; b) como ação nova dentro 
do mesmo processo; c) como qualquer meio destinado a obter a "reforma" da decisão, quer 
se trate de ação como nos recursos voluntários, quer se cogite de provocação da instância 
superior pelo juiz que proferiu a decisão, como nos recursos de ofício? 
 
2- Pressupostos e requisitos 
 
Assim como a ação, o recurso está sujeito a determinados pressupostos 
processuais. São comuns a todos os recursos os pressupostos de: a) previsão legal; b) forma 
prescrita em lei; c) tempestividade. 
Para ser interposto, um recurso deve estar previsto em lei e, também, ser 
adequado à decisão que se quer impugnar, embora se admita eventualmente a interposição 
de um por outro no fenômeno da fungibilidade (item 19. 1.10). Regem-se os recursos, 
quanto à admissibilidade, pela lei vigente ao tempo em que a decisão recorrida é proferida. 
Em tese, a lei prevê para cada decisão o recurso cabível. Mas não há limitação 
genérica na lei para a unicidade de recurso e o lesado poderá impetrar dois deles desde que 
sejam adequados à decisão proferida. É o que ocorre, por exemplo, quando se trata de 
protesto por novo júri e apelação por crime conexo; com a interposição simultânea de 
apelação e pedido de habeas corpus etc. Assim, o denominado princípio da 
unirrecorribilidade das decisões é mitigado pelas exceções legais e também pelo da 
variabilidade dos recursos, que permite desistir-se de um para interpor outro, se no prazo. 
Interpondo o recurso previsto em lei e adequado à espécie, deve o recorrente, 
ainda, obedecer às formalidades que as normas legais impõem à impetração, além de 
observar o prazo por ela fixado, o que se denomina tempestividade. 
Além desses pressupostos gerais existem requisitos próprios de cada recurso, 
como será visto oportunamente. 
Para que o recurso possa ser examinado pelo juízo ou tribunal ad quem é 
necessário que se cumpram todos os seus pressupostos, que são as exigências legais para 
que seja ele conhecido. Para Vicente Greco Filho, numa classificação própria, existem os 
pressupostos objetivos (cabimento, adequação, tempestividade, regularidade procedimental 
e inexistência de fato impeditivo ou extintivo) e os subjetivos (sucumbência e 
legitimidade para recorrer). São fatos impeditivos a renúncia e o não-recolhimento à prisão 
nos casos em que a lei exige e fatos extintivos a desistência e a deserção. Sendo o recurso 
conhecido, no chamado juízo de admissibilidade, é provido ou improvido pelo órgão 
julgador de segundo grau. Assim, um recurso pode ser conhecido (quando presentes os 
pressupostos exigidos) ou não-conhecido (quando ausente um ou mais dos pressupostos 
exigidos) e, se conhecido, pode ser provido (reformando-se a decisão no todo ou em parte) 
ou improvido (mantendo-se a decisão). 
 
3- Interposição 
 
Dispõe o artigo 578 que "o recurso será interposto por petição ou por termo nos 
autos, assinado pelo recorrente ou por seu representante". Há casos, porém, em que a 
petição é instrumento privativo, ou único, do recurso, como no extraordinário (art. 633), no 
habeas corpus (art. 654, parágrafo único) etc. Não há obrigação alguma que determine ao 
recorrente, no ato da interposição da petição ou termo, de dar seus motivos para a 
interposição, bastando que declare sua inconformidade com a sentença. A motivação será 
exposta nas razões do recurso. 
A petição de interposição de recurso, com o despacho do juiz, será, até o dia 
seguinte ao último do prazo, entregue ao escrivão, que certificará no termo da juntada a 
data da entrega (art. 578, § 22). Anote-se, ainda que, segundo o artigo 799, o escrivão deve 
executar os atos determinados em lei ou ordenados pelo juiz dentro do prazo de dois dias, 
sob pena de multa de cem cruzeiros a mil cruzeiros, e, na reincidência, de suspensão até 
trinta dias. 
Quanto ao termo, diz a lei que, "não sabendo ou não podendo o réu assinar o 
nome, o termo será assinado por alguém, a seu rogo, na presença de duas testemunhas" (art. 
578, § 12). Tem-se admitido como termo, com razão, o desejo manifestado pela parte, no 
julgamento pelo júri, constante da ata, assinada pelo recorrente.3 Mas já se decidiu que a 
interposição verbal na ata dos trabalhos, na falta do respectivo termo nos autos, não é forma 
de interposição. 
Tratando-se de termo, o escrivão, sob pena de suspensão por dez a trinta dias, 
deve fazer conclusos os autos ao juiz, até o dia seguinte ao último do prazo. É o que 
determina o artigo 578, § 3º. 
A lei exige que o recurso seja interposto por petição ou termo nos autos para 
que fique, de maneira inequívoca, assegurado o direito que tem a parte de recorrer. Assim, 
essa disposição não pode ser interpretada de forma literal, sendo inexigível uma forma 
sacramentalpara a interposição do recurso. Se a parte, de outra forma, demonstra 
inequivocamente seu inconformismo com a decisão, nada obsta que o recurso seja recebido 
mesmo sem o cumprimento daquelas formalidades. Assim se tem entendido na 
jurisprudência, admitindo-se recurso por cota nos autos, por meio de anotação aposta ao 
lado do carimbo de "ciência", por ter a parte escrito "apelo" no mandado de intimação, por 
ter lançado ao lado do termo de renúncia a expressão "inocente", por sua declaração oral no 
ato da intimação, pelo pedido de vista dos autos para recurso; por pedir absolvição ao 
formular contra-razões etc. É que, no processo penal, em atenção ao princípio 
constitucional da ampla defesa, não se pode levar o formalismo exagerado ao extremo de 
não se admitir o recurso apenas porque dessa manifestação não consta, expres samente, as 
palavras sacramentais exigíveis pela boa técnica processual. Ademais, a formalização do 
propósito de recorrer é tarefa da máquina judiciária, não podendo decorrer efeitos 
desfavoráveis ao sentenciado de eventual omissão cartorária. 
Embora a lei se refira à "petição", nada impede que o recurso seja interposto 
por meio de telex ou fax, ao menos por analogia com o artigo 374 do Código do Processo 
Civil. Entretanto, por força desse dispositivo, é necessário que o original constante da 
estação expedidora seja autenticado, o que implica a assinatura do remetente e o 
reconhecimento de sua firma. 
Havendo erro no endereçamento do recurso, quanto ao juízo ou tribunal, deve 
aquele a que foi endereçado (juiz ou relator) remetê-lo ao competente para apreciá- lo. 
 
 
4- Tempestividade 
 
Só pode ser conhecido e, portanto, julgado, o recurso tempestivo, ou seja, 
aquele interposto no prazo legal. Determina a lei casuisticamente o prazo para a 
interposição de cada recurso, devendo-se obediência ainda às prescrições estabelecidas pelo 
artigo 798 do CPP e, eventualmente, pelas leis especiais. 
De acordo com o artigo 798, § 59, salvo os casos expressos, os prazos dos 
recursos correm: a) da intimação; b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, 
se a ela estiver presente a parte; e c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência 
inequívoca da sentença ou despacho (item 21.2.3). Recorde-se que a intimação da sentença 
apresenta requisitos especiais (itens 13.2.2, 14.4.3 e 14.4.4) e que o prazo é contado do 
dia da intimação e não da juntada do respectivo mandado aos autos, exceção da carta 
precatória, caso em que se conta da anexação do precatório. 
Não serão prejudicados os recursos que, por erro, falta ou omissão dos 
funcionários, não tiverem seguimento ou não forem apresentados dentro do prazo (art. 
575). A exigência do artigo 578, § 2º, de que a petição, "com o despacho do juiz", deve ser 
entregue ao escrivão até o dia seguinte ao último do prazo, tem apenas a finalidade de 
garantir a seriedade no tempestivo ajuizamento do recurso. Por isso, em consonância com o 
artigo 575, dispõe a Súmula 428 do STF: "Não fica prejudicada a apelação entregue em 
cartório no prazo legal, embora despachada tardiamente." A dúvida em torno da 
tempestividade do recurso apresentado pela defesa soluciona-se a favor do réu para que a 
instância possa rever a decisão que lhe é desfavorável. 
Deve-se também levar em conta que a expressão "funcionários" do artigo 575 
não se refere exclusivamente aos servidores do Juízo, mas a outros, como, por exemplo, o 
diretor do estabelecimento penal a quem o réu ou condenado entregou petição de recurso 
tempestivo. 
Quanto ao prazo para a interposição de recursos no Superior Tribunal de 
Justiça, vigora a Súmula nº 216 dessa Corte: "A tempestividade do recurso interposto no 
Superior Tribunal de Justiça é aferida pelo registro no protocolo da Secretaria e não pela 
data da entrega na agência do correio." 
Também se aplica aos recursos a Lei nº 9.800, de 26-5-99, que permite às partes a 
utilização de sistema de transmissão de dados e imagens tipo fac-símile ou outro similar, 
para a prática de atos processuais que dependam de petição escrita, desde que os 
originais sejam entregues em juízo, necessariamente, até cinco dias da data do término 
do prazo estipulado em lei (v. item 12.1.8). 
 
5- Legitimidade 
 
São condições para a interposição de recurso: a) a legitimidade; b) o interesse; 
c) a possibilidade jurídica. Os dois primeiros são chamados, eventualmente, de 
pressupostos subjetivos do recurso. 
Como o recurso é o meio que tem por finalidade restaurar o interesse da parte 
lesada, é evidente que, ao menos em princípio, só quem foi prejudicado pela decisão pode 
lançar mão dele (item 19.1.6). Segundo o artigo 577, caput, o recurso pode ser interposto 
pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou defensor. Como 
garantia da ampla defesa, tem-se admitido, inclusive, a interposição por advogado sem 
procuração, com mandato verbal. Nada obsta, também, o recurso por parte do defensor 
dativo, mesmo sem a anuência do réu preso ou da Defensoria Pública, ainda que revel o 
acusado. 
A relação do artigo 577, aliás, não é exaustiva. É nítida a possibilidade de 
interposição do recurso pelo curador do acusado, pois de nada adiantaria a exigência da lei 
em sua nomeação se não se lhe desse capacidade processual para assisti- lo 
convenientemente, ainda que, eventualmente, contra a sua vontade, Mesmo quando se trata 
de defensor, tem-se entendido que, apesar da renúncia do réu, seu defensor pode recorrer 
diante do caráter público da defesa técnica, concebida como ofício de interesse da 
comunidade e condição necessária da realização do contraditório e do devido processo 
legal. Pondere-se, contudo, que o direito de renunciar é da parte, não podendo ter seu 
exercício obstado pela discordância do advogado constituído, e muito menos pelo defensor 
dativo, a quem não foi concedido poderes expressos para tal, pois a tanto não conduzem as 
relações derivadas do mandato, nem o princípio da defesa técnica. Admissível é apenas a 
exigência que se tem prescrito, como garantia de defesa, de que a renúncia ou desistência 
do acusado seja feita por termo nos autos e assinada por duas testemunhas. 
A lei confere legitimidade não só às partes e seus representantes, mencionados 
no artigo 577, caput, mas, excepcionalmente a outras pessoas. A vítima, ou quem 
legalmente a represente, ou uma das pessoas enumeradas no artigo 31 do CPP, pode apelar, 
ainda que não tenha se habilitado como assistente, nos processos de competência do 
Tribunal do Júri (art. 598). Pode ainda recorrer qualquer do povo quanto ao arquivamento 
de representação na hipótese da Lei n2 1.508, de 19-12-51, que versa sobre contravenções 
de jogos de azar; nos processos de contravenções florestais (Lei nº 4.771, de 15-9-65); bem 
como da decisão que inclui ou exclui jurado ria lista geral (art. 439). Tem também direito a 
recurso o que prestou fiança em favor do acusado na hipótese de decretada sua quebra ou 
perda (art. 581, VII). 
Formulando hipótese referente à Lei de Tóxicos, em que o condenado preferisse 
não apelar quanto à pena de multa aplicada, Luiz Manoel Gomes Júnior sugere, com 
inteligência, no caso de haver recurso da acusação, a possibilidade de utilização do recurso 
adesivo no processo penal. 
 
6- Interesse e sucumbência 
 
Pressuposto lógico do recurso é a existência de uma decisão. Mas o exercício 
do direito de recorrer está subordinado à existência de um interesse direto na reforma ou 
modificação do despacho ou sentença. Tem interesse apenas aquele que teve seu direito 
lesado pela decisão. É desse interesse que nasce a sucumbência, que "se traduz em 
lesividade de interesse, gravame, prejuízo, valedizer: a sucumbência nada mais é senão 
aquela desconformidade entre o que foi pedido e o que foi concedido". 
A sucumbência pode ser única, se o gravame é de apenas uma das partes, ou 
múltipla, se atinge vários interesses e é denominada paralela se atinge interesses idênticos 
(de dois co-réus, p. ex.) e recíproca, se atinge interesses opostos (v.g., da defesa, pela 
condenação do réu, e da acusação porque o pedido foi julgado procedente apenas em parte, 
desclassificando-se a infração para delito menos grave). Fala-se, também, em sucumbência 
direta ou reflexa. Diz-se direta quando atinge uma das partes da relação processual. Quando 
alcança pessoas que estejam fora da relação processual, ela se diz reflexa. A sucumbência é 
total quando o pedido é rejeitado integralmente, é parcial quando é atendido apenas em 
parte. Por tudo isso, o recurso pode abranger a decisão em sua integralidade (pedindo-se 
absolvição quando o réu foi condenado, ou a condenação nos termos da inicial quando foi 
absolvido) ou a reforma parcial da sentença (pedindo o acusado a diminuição da pena numa 
sentença condenatória ou a acusação o reconhecimento de uma qualificadora). Pode ter 
ainda como objeto um incidente ou pormenor do processo (decisão sobre o pedido de 
incompetência do juízo, p. ex.), ou a mudança de uma situação processual (pedido de 
arbitramento de fiança, p. ex.). 
O prejuízo deve ser resultante da parte dispositiva da decisão, da conclusão da 
sentença impugnada e não dos seus motivos ou fundamentos. Embora errônea a motivação, 
se a parte dispositiva da sentença não causa lesão à parte, inexiste interesse para o recurso. 
Não existe também o interesse no recurso quando o recorrente alega razões que só dizem 
respeito à outra parte. Assim, não tem o acusado interesse quando recorre contra a 
absolvição de co-réu ou visando à agravação da pena deste. Também não há interesse 
quando a decisão impugnada não é suscetível de ocasionar prejuízo ao acusado, como 
ocorre, por exemplo, na absolvição por falta de provas em ilícito que não pode gerar pedido 
de indenização,3 na que rejeita embargos declaratórios em sentença absolutória,4 na 
impronúncia quanto ao delito que lhe é imputado etc. 
Não pode ser conhecido o recurso, também, quando o recorrente, nas razões, se 
manifesta de acordo com a decisão recorrida. É hipótese em que a própria parte demonstra, 
nas razões, sua conformidade com a decisão. Falta ainda interesse na interposição de 
recurso destinado simplesmente a obter uma declaração de caráter doutrinário, mesmo que 
seja a pretexto de que poderá valer em outra jurisdição. 
Segundo a jurisprudência,- havendo discordância entre o réu e seu defensor, 
que interpôs recurso ou pretende fazê-lo, exige-se que a desistência do acusado seja tomada 
por termo para que possa prevalecer (item 19.3.5). 
Quanto ao Ministério Público, sendo patente a desconformidade entre o que foi 
pedido na denúncia e o que ficou decidido na sentença, tem ele legítimo interesse em 
recorrer, embora seja ela condenatória. Mas, além disso, como o parquet tem sempre 
interesse na exata aplicação da lei, de acordo com o artigo 257, mesmo como parte 
acusatória na ação penal, deve-se-lhe reconhecer o direito de reco rrer em favor do réu. 
É evidente que, diante do dispositivo citado, o princípio da sucumbência no 
processo penal não tem, em absoluto, como ocorre no processo civil, o ponto básico 
orientador e único no instituto dos recursos, a não ser que se amplie seu conceito para 
considerar lesado o interesse do Estado, representado pelo Ministério Público, pela inexata 
aplicação da lei. Havendo recurso da defesa com o mesmo objeto que o recurso do 
Ministério Público em favor do réu, este deve ser considerado prejudicado, prevalecendo o 
interesse lesado diretamente pela decisão? A amplitude que se deve atribuir ao Ministério 
Público não vai, entretanto, ao ponto de possibilitar o recurso de nulidade que só à defesa 
interessa já que, como visto, nenhuma das partes pode alegar nulidade referente à 
formalidade cuja observância só a parte contrária interesse (art. 565). Há vedação expressa 
a essa iniciativa. 
O Ministério Público não pode recorrer no lugar do querelante. Transferido por 
lei o jus acusationís para o particular na ação privada, falta- lhe o interesse no recurso em 
prol da acusação. 
 
7- Recurso de ofício 
 
Como o recurso objetiva a reforma de uma decisão, deve ficar na dependência 
da parte sucumbente, ou seja, daquela que foi lesada por ela. Em princípio somente a essa 
parte deve ser conferida ampla liberdade para interpor à recurso, demonstrando, assim, sua 
concordância ou não com o pronunciamento jurisdicional. Por isso se fala em recurso 
voluntário. Evidentemente, pode ser ele interposto também pelo Ministério Público, quer 
como representante da parte (Estado), quer como custos legís, como já visto (item 19.1.6). 
É seu direito e dever a interposição quando, como titular da ação penal ou fiscal da lei, 
discordar da decisão. É um ônus das demais partes, que recorrem se quiserem. 
Mas a esse princípio, da voluntariedade do recurso, a lei abre exceções, 
prevendo o denominado recurso de ofício (recurso obrigatório, recurso necessário). 
Apresenta-se o recurso ex officio como uma providência imposta por lei no sentido do 
reexame de sentenças e decisões pelos órgãos judiciários superiores, quando versem 
determinadas matérias e segundo a decisão adotada. Por isso, o recurso de ofício é chamado 
de recurso anômalo, sendo considerado por muitos como uma extravagância judiciária e 
arcaica, hoje totalmente desnecessária. São recursos que obrigatoriamente devem ser 
interpostos pelo juiz, na decisão, não transitando em julgado a sentença em que tiver sido 
omitido (Súmula 423, do STF). Dispõe, assim, o artigo 574: "Os recursos serão voluntários, 
excetuando-se os seguintes casos, em que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz: I - da 
sentença que conceder habeas corpus; II - da que absolver desde logo o réu com 
fundamento na existência de circunstância que exclua o crime ou isente o réu da pena, nos 
termos do art. 411”. Não cabe recurso de ofício da decisão que julga extinta a punibilidade 
ante a prescrição da ação penal, que não se confunde com a hipótese de absolvição sumária. 
Por exclusão implícita do artigo 574, não cabe recurso de ofício da decisão que denega o 
writ. Quanto ao recurso da decisão que concede habeas corpus, não tem ele efeito 
suspensivo, ex vi do disposto no artigo 584, mas simplesmente devolutivo. Tem efeito 
suspensivo, porém, o recurso da sentença de absolvição sumária no processo do júri, 
conforme disposição expressa (art. 411, in fine). Referindo-se ao artigo 411, o artigo 574, 
II, não tem aplicação quando se trata de absolvição nos processos de competência do juiz 
singular ou dos processos especiais. 
Há, porém outras hipóteses de cabimento de recurso de ofício além dos 
mencionados no artigo 574. São também hipóteses de interposição obrigatória de recurso as 
de sentenças absolutórias referentes aos crimes contra a economia popular ou a saúde 
pública bem como os despachos que determinarem o arquivamento dos autos do inquérito 
policial referentes a esses crimes (art. 72 da Lei nº 1.521, de 26-12-51). Incluem-se nessa 
regra os crimes referentes à incorporação imobiliária previstos na Lei nº 4.591, de 1964.5 
Todavia, referindo-se apenas a "crimes", a lei não inclui na obrigatoriedade o recurso no 
processo das contravenções contra a economia popular. No que se relaciona com os crimes 
contra a saúde pública, é jurisprudência pacífica que não cabe o recurso de ofício na s 
decisões a respeito do comércio clandestino de entorpecentes, embora sejam eles dessa 
espécie,já que o processo penal a eles relativos está disciplinado integralmente em lei 
especial (Lei nº 6.368, de 21-10-76). 
Também são hipóteses de cabimento do recurso de ofício o indeferimento in 
limine da revisão pelo relator que dará recurso para as Câmaras Reunidas ou para o 
Tribunal (art. 625, § 39, do CPP) e a decisão que conceder a reabilitação (art. 746 do CPP). 
Quanto a esta última hipótese, não têm razão os que o consideram abolido pela Lei nº 
7.210/84, já que ela não revogou o artigo 746 do Código de Processo Penal, apesar de se 
encontrar ele no Livro IV deste Estatuto, que trata de execução penal, por serem 
compatíveis os dispositivos referentes à reabilitação e a Lei de Execução Penal. 
Tratando-se de recurso de ofício, desnecessário é que seja ele fundamentado, ou 
seja, o juiz não precisa dizer das razões que o levam a recorrer? Também não se deve 
intimar as partes para o arrazoarem. Não está a sua interposição sujeita a prazo, podendo o 
Tribunal tomar dele conhecimento em qualquer momento em que os autos cheguem ao 
Tribunal, mesmo porque, como já visto, se considera interposto ex lege (Súmula 423, in 
fine). 
Diante da Constituição Federal de 1988, que estabelece como função 
institucional do Ministério Público promover privativamente a ação penal pública, já se 
entendeu que os dispositivos que obrigam ao recurso ex officio foram revogados. 
Entendeu-se que a apelação de ofício é forma de iniciativa da ação penal, agora exclusiva 
do Ministério Público, estando revogadas pelo art. 129, I, da CF, as normas que obrigam os 
juízes a recorrer.' Como diz, porém, Antonio Scarance Fernandes, não há nas hipóteses 
legais, nova acusação, nem alteração daquela originariamente oferecida pelo Ministério 
Público na denúncia, pois o reexame necessário pelo tribunal, assim como ocorre com o 
recurso voluntário, somente instaura uma nova fase procedimental, não outro processo. 
 
8- Classificações 
 
Além da distinção entre recurso voluntário e recurso de ofício, outras 
classificações são estabelecidas pela doutrina ou pela lei. Assim, quanto às suas fontes 
informativas, os recursos podem ser constitucionais, ou seja, os previstos pela Constituição 
Federal e que têm por finalidade levar aos Tribunais Superiores o seu conhecimento ou 
defender os direitos fundamentais do indivíduo (habeas corpus, mandado de segurança, 
recurso especial, recurso extraordinário); os legais, os previstos no Código de Processo 
Penal ou em outras leis processuais especiais; e os regimentais, os instituídos nos 
regimentos dos tribunais (agravos regimentais, por exemplo). 
Pelo Código de Processo Penal, os recursos são: a) em sentido estrito; b) 
apelação; c) protesto por novo júri; d) embargos; e) revisão; f) recurso extraordinário; g) 
carta testemunhável; h) habeas corpus. Deve ser mencionado, além dos recursos 
regimentais, o recurso especial, criado pela Constituição Federal de 1988. Há, porém, 
discussões doutrinárias sobre o protesto por novo júri, embargos de declaração, carta 
testemunhável, habeas corpus e revisão, que muitos doutrinadores não incluem na 
categoria de recursos, como será visto. 
Pelo critério de sua motivação, os recursos classificam-se em ordinários e 
extraordinários. Os primeiros baseiam-se no mero inconformismo (exs.: apelação, recursos 
em sentido estrito). Os segundos exigem requisitos próprios (embargos, protesto por novo 
júri, recurso extraordinário). 
 
9- Juízo de admissibilidade 
 
Interposto o recurso, cabe ao órgão jurisdicional a quo verificar sé deve ser ele 
processado e julgado. O juiz perante o qual é interposto o recurso deve realizar um juízo de 
sua admissibilidade, verificando se estão presentes, no caso, os pressupostos objetivos e 
subjetivos da impugnação, isto é, se há previsão legal e adequabilidade, se há 
tempestividade e se há legitimidade e interesse para recorrer. Mas, o recebimento do 
recurso pelo juiz a quo não subtrai do Juízo ad quem o exame dos pressupostos da 
impugnação; se aquele o conhecer, é possível que este não o faça, por entender não estar 
presente algum dos pressupostos exigíveis na hipótese.' Em regra, portanto, o juízo de 
admissibilidade do recurso é feito em dois graus, ressalvada a hipótese de recurso para o 
mesmo órgão julgador. 
Diante da regra tempus regit actum , os recursos regem-se, quanto à sua 
admissibilidade, pela lei em vigor ao tempo em que a decisão recorrida é proferida. 
Satisfeitos todos os pressupostos objetivos e subjetivos, o recurso deve ser recebido, 
processado e julgado; caso contrário não deve ser recebido ou conhecido. Neste caso, o 
recorrente passa a ser sucumbente, por lesão a seu direito, podendo lançar mão de outro 
recurso, se previsto em lei, para afastar a decisão de não conhecimento. Assim ocorre com 
o recurso em sentido estrito, quando rejeitada a apelação (art. 581, XV), com a carta 
testemunhável na decisão de não conhecimento do recurso em sentido estrito (art. 639) etc. 
 
10- Fungibilidade 
 
Como o recurso é o remédio que atende a necessidade de efetivação da justiça e 
da exata aplicação do direito e o fundamento do chamado princípio do duplo grau de 
jurisdição, a parte não deve ficar prejudicada se se equivoca no meio pelo qual deve ser 
efetuado o reexame da decisão. Há realmente situações em que existem dúvidas na doutrina 
e na jurisprudência quanto ao recurso adequado a certas situações. Assim, adota-se no 
processo penal o princípio da fungibilidade dos recursos, colocando-se acima da 
legitimidade formal o fim a que visa a impugnação. Dispõe o artigo 579, que, "salvo 
hipótese de má- fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro". 
E assim tem se decidido na jurisprudência, admitindo-se o recurso interposto por outro em 
caso de evidente equívoco, onde não houver má-fé. Reconhecendo o juiz, desde fogo, a 
impropriedade do recurso interposto pela parte, deve mandar processá- lo, de acordo com o 
rito do recurso cabível (art. 579, parágrafo único). Quando o reconhecimento do equívoco 
ocorrer junto ao Juízo ad quem, este deverá, se for o caso, converter o julgamento em 
diligência para que se proceda de acordo com o que dispõe a lei a respeito da tramitação do 
recurso admissível. 
É necessário observar que a lei limita o princípio da fungibilidade. Não deve ser 
admitido o recurso se ficar reconhecida a má- fé do recorrente. Não se permite ainda que se 
conheça do recurso indevido, ainda que no prazo a este concedido, se se esgotou o prazo do 
recurso devido. Caso contrário, possibilitar-se-ia a fraude daquele que, vendo ter-se 
esgotado o prazo do recurso adequado, impetrasse outro, cujo prazo ainda não estaria 
vencido. É de se notar, também, que o erro grosseiro na interposição de recurso inadequado 
é indicativo de má- fé, não se admitindo prova em contrário, e decidindo-se pelo 
não-conhecimento da impugnação. Em resumo, o princípio da fungibilidade recursal só tem 
incidência quando ficar evidente a inexistência de má-fé, tempestividade e equívoco da 
parte ao impetrar um recurso por outro. 
 
11- Desistência 
 
Não há qualquer dúvida de que o acusado pode renunciar ou desistir do recurso, 
sendo a renúncia e a desistência de caráter irrevogável. Mas já se tem exigido cautelas 
quando a renúncia parte do próprio réu, que deveria formalizá- la em termo próprio ou 
perante o próprio juízo. Exige-se poderes especiais do procurador para a apresentação do 
pedido de desistência do recurso. Na inexistência de obstáculo legal, a desistência é cabível 
em qualquer momento durante a tramitação do recurso, mesmo depois de apresentado o 
relatório. 
O Ministério Público, porém, não pode desistir de recurso que haja interposto.É o que dispõe o artigo 576. Embora alguns se insurjam contra o dispositivo, argumentando 
que teria ele sentido apenas na legislação que adota o sistema de recurso obrigatório, a 
impossibilidade de desistência decorre da indisponibilidade da ação penal pública por parte 
do parquet, justificando também a indisponibilidade de prosseguir com o recurso já 
interposto. Além disso, há uma presunção de que o acusador público, após considerar a 
decisão, achou ser caso de recurso porque não concordou com a solução dada pelo juiz e, 
mesmo havendo dúvida quanto a ela, deve prevalecer a posição pro societate assumida 
quando da interposição. Interposto o recurso pelo órgão oficial, deve ser apreciado pelo 
Juízo ad quem, não transitando em julgado a decisão enquanto não for ele objeto de 
julgamento na superior instância. 
Pelas mesmas razões e com fundamento nos artigos 576, 578, 599 e 601, se 
tem entendido que, nem mesmo nas razões pode o Ministério Público restringir o âmbito do 
seu recurso, o que importaria em desistência parcial. 
 
12- Efeitos 
 
Pode o recurso produzir diferentes efeitos, conforme sua natureza ou disposição 
legal. São eles os efeitos devolutivo, suspensivo, extensivo e regressivo. 
O efeito devolutivo, em sentido amplo, é comum a todos os recursos, ou seja, 
em todos há a transferência para a instância superior (eventualmente da mesma instância, 
como na hipótese de embargos declaratórios) do conhecimento de determinada questão. É a 
devolução ao órgão jurisdicional para o reexame da matéria objeto da decisão. Essa 
afirmação, entretanto, encontra limites em certas hipóteses, diante do princípio acusatório 
adotado no processo penal, como, por exemplo, na impossibilidade da reformatio in pejus 
(item 19.3.13). Em sentido estrito, efeito devolutivo só existe nos recursos em que se 
reexamina o mérito, como na apelação e na revisão, e não nos demais, em que pode ser 
examinada apenas uma questão processual. 
Pelo efeito suspensivo, o recurso funciona como condição suspensiva da 
eficácia da decisão, que não pode ser executada até que ocorra o seu julgamento. A lei deve 
prever expressamente as hipóteses em que ocorre tal efeito; no seu silêncio, o recurso não 
impede a eficácia da decisão recorrida. 
O efeito extensivo está previsto no artigo 580: "No caso de concurso de agentes 
(Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em 
motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros." 
Ressalvando que o dispositivo que trata do concurso de agentes é, agora, o artigo 29 do 
Código Penal, dispõe o artigo 580 sobre providência que visa evitar, tanto quanto possível, 
decisões iníquas ou contraditórias, por não ter o co-réu, também lesado com a decisão, dela 
recorrido, beneficiando-se com o julgamento apenas aquele que o fez. Não haveria sentido 
em manter-se a condenação de um co-réu quando, para outro, se decidiu no recurso que não 
há prova do fato criminoso; de manter a condenação por furto praticado durante o repouso 
noturno, quando para o co-réu ficou reconhecido que o crime não ocorreu em tal situação 
temporal; de manter-se a prisão de um quando se revelou que a prisão em flagrante do 
co-réu, detido nas mesmas circunstâncias, era irregular etc. O reconhecimento de uma 
causa extintiva da punibilidade comunicável (renúncia ao direito de queixa ou 
representação, casamento da vítima com o co-réu em determinados crimes contra os 
costumes etc.) também se estende aos co-réus não recorrentes. Mas, como deixa claro o 
dispositivo, a decisão em favor de um réu só poderá ser estendida a outro se forem idênticas 
as situações de ambos no mesmo processo. Não havendo situação pessoal idêntica entre o 
recorrente e o co-réu, não é possível o benefício da extensão.2 A atenuação da pena de um, 
por circunstância subjetiva, como de ser menor de 21 anos, de ter praticado o crime em 
virtude de violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima etc., não é estendida ao 
co-réu que a ela não faz jus; a concessão da liberdade provisória a um co-réu por ser 
primário e de bons antecedentes não alcança o outro, que é reincidente etc. 
Não há por que se limitar o princípio extensivo à apelação, já que o artigo 580 é 
regra geral, aplicável a todos os co-réus que estejam em situação idêntica. Cabe, assim, na 
revisão e no pedido de habeas corpus? 
Fala-se, por fim, no efeito regressivo, (ou iterativo, ou diferido), que é o juízo 
de retratação possibilitado ao prolator da decisão, que pode alterá-la ou revogá-la 
inteiramente, quando se trata de determinadas impugnações, como no caso de recurso em 
sentido estrito (art. 589). 
 
 
 
13- Extinção 
 
Os recursos podem ser extintos antes de seu julgamento pelo juízo ou tribunal 
ad quem, se ocorrem certos fatos que a lei dá caráter de força extintiva. A primeira delas é a 
deserção, que ocorre pela falta de preparo ou pagamento das despesas exigidas por lei (art. 
806, § 22) e em decorrência da fuga do condenado depois de haver apelado (art. 595). De 
notar-se, nesta hipótese, que a deserção somente ocorre quando o condenado foge após ter 
interposto o recurso e não quando a prisão é determinada após a interposição. 
É também causa de extinção a desistência, faculdade concedida ao réu, seu 
defensor e curador, ao querelante e ao assistente. Não, porém, ao Ministério Público, como 
já visto (item 19.1.11).

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