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Norma Penal em Branco

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PENA 
O LEGISLADOR ESTABELECEU DUAS HIPÓTESES QUE DEPENDEM DO RESULTADO: 
 
Se resulta a morte: 2 a 6 anos de reclusão; 
Se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave: 1 a 3 anos de reclusão. 
 
Consumação e tentativa 
O crime se consuma quando: ou com a morte da vítima ou quando sofre lesão grave (leve ou qualquer lesão o fato é atípico). 
 
Consuma-se com a morte da vítima ou quando essa venha sofre lesão grave, inclusive resultados com penas distintas. Caso a vítima sofra lesão leve ou não sofra qualquer lesão, o fato é atípico. SENDO ASSIM, NUNCA É ADMITIDA A TENTATIVA. 
  
CASOS DE AUMENTO DE PENA 
ART. 122. PARAGRAFO ÚNICO 
A pena desse crime é duplicada nas seguintes hipóteses: 
 
1. Se o crime for praticado por motivo egoístico: 
Aplica-se sempre que o agente colabora com suicídio visando obter alguma vantagem como consequência. 
Ex1. incentiva o pai a se matar para fica com a herança; 
Ex2. Estimula o suicídio para ficar com alguém; 
 
2. Se a vítima é menor de 18 e maior de 14, caso seja menor de 14 anos, falta capacidade para entender que está se mantando. O crime é homicídio. 
 
3. Se a vítima tem por qualquer causa diminuída a sua capacidade de resistência. 
Ex. Exemplos comuns: vitimas com depressão, drogada, embriagada, crise afetiva, financeira e etc.  
 
PACTO DE MORTE 
É um pacto suicida em que duas pessoas combinam de se matar; 
Se um deles morre, o sobrevivente responde por participação em suicídio; 
 
Já se no pacto de morte fica combinado que A deve atirar em B, e depois em si mesmo. Se B morrer e A sobreviver ao disparo contra o próprio corpo (A responde por homicídio); 
 
B sobrevive e A morre (B responde por participação em suicídio); 
 
A e B sobrevivem (A, respondem por tentativa de homicídio e, B vai responder por participação em suicídio se A sofrer lesão grave, caso contrário o fato é atípico). 
 
INFANTICÍDIO ART. 123 DO CP 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
Trata-se de um crime autônomo e não modalidade de m homicídio privilegiado. "O criem consiste em matar sob a influência do estado puerperal (conjunto de perturbação emocional, psicológica mais leve) o próprio filho, durante o parto ou logo após.  
 
Estado puerperal: conjunto de alterações que ocorre no organismo da mulher em razão do fenômeno do parto e que podem levar a um sentimento de rejeição ao filho e, caso o mate, responderá por infanticídio. Este "estado" deve ser provado por perícia medica ou psiquiátrica.  
 
(para a prova da PF dispensa-se o laudo).  
 
Caso, excepcionalmente, o laudo apresentado seja inconclusivo, deve-se, só então, presumir que a mulher matou em razão de estado puerperal, de modo que possa ser punida pelo crime menos grave.  
 
 
POR QUE SE DIZ QUE INFANTICIDIO POSSUI ELEMENTO TEMPORAL? 
Só pode ser praticado em determinado momento, isto é, durante ou logo após o parto. A expressão "logo após" varia de mulher para mulher e geralmente dura alguns dias. 
 
Sujeito passivo 
É o filho que está nascido ou recém-nascido. 
 
Paloma, sob o efeito do estado puerperal, logo após o parto, durante a madrugada, vai até o berçário onde acredita encontrar-se seu filho recém-nascido e o sufoca até a morte, retornando ao local de origem sem ser notada. No dia seguinte, foi descoberta a morte da criança e, pelo circuito interno do hospital, é verificado que Paloma foi a autora do crime. Todavia, constatou-se que a criança morta não era o seu filho, que se encontrava no berçário ao lado, tendo ela se equivocado quanto à vítima desejada. 
 
Diante desse quadro, Paloma deverá responder pelo crime de 
	a) 
	homicídio culposo. 
	b) 
	homicídio doloso simples. 
	c) 
	infanticídio. 
	d) 
	homicídio doloso qualificado. 
 
Erro sobre a pessoa. Levando-se em consideração... 
  
Se, por erro sobre a pessoa a mãe mata o outro recém-nascido pensando se tratar de seu próprio filho, responde por infanticídio. Na hipótese ocorre ERRO SOBRE A PESSOA , em que o art. 20 §3 do CP, diz que o agente responde como se tivesse matado quem pretendia. Resposta: Infanticídio  
 
Se durante o Estado puerperal a mãe mata outro filho dela, que não recém-nascido. Resposta: homicídio. 
 
A autora do infanticídio é sempre a mãe que está no estado puerperal. Resposta: Trata-se de crime próprio 
 
 Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime 
 
O infanticídio admite participação e coautoria? Sim, admite ambos conforme art. 30. Resposta: Haverá participação quando só a mãe realizar o ato executório (matar o recém-nascido) e  uma outra pessoa incentivá-la a fazer. Neste caso a mãe é autora e a outra é participe. 
 
É também possível a coautoria em razão da regra do art. 30 do CP. Resp.: As circunstancias de caráter pessoal é quando forem elementares se estendem aos comparsas. Por isso, se uma outra pessoa ajuda a mãe a matar um recém-nascido, o outro também é punido como se estivesse em estado puerperal. Os dois respondem por infanticídio.  
 A coautoria se dá quando ambos realizam atos executórios (é necessário que o agente saiba que a mulher esteja no estado puerperal.  
MOMENTO CONSUMATIVO 
Ocorre no momento em que a vítima morre 
 
TENTATIVA 
É possível  
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
Há dolo da mãe em matar o próprio filho; 
Não existe figura culposa do infanticídio; 
 
PERDAO JUDICIAL 
Causa extintiva de punibilidade; 
Natureza da sentença que concede: súmula 18 do STJ; 
O Perdão Judicial ocorre no final do processo; 
 
E se a mãe sob estado puerperal por imprudência provoca a morte do próprio filho, a maioria dos autores diz que se trata de homicídio culposo sem tecer análise minuciosa da situação.  
 
Existe, contudo, um entendimento minoritário no sentido de que o legislador não tipificou o infanticídio culposo, por entender que há incompatibilidade  entre o estado puerperal e a conduta culposa.  
 
E modo que,  não se pode punir a mãe por homicídio culposo, mesmo porque ela nunca seria efetivamente punida por esse crime, em razão do perdão judicial. (é minoritário) 
 
MOMENTOS DO INFANTICÍDIO 
 
ELEMENTO TEMPORAL 
 
Durante o parto 
 O parto se inicia com a dilatação do colo do útero e termina com a expulsão completa do feto.  
 
Quando o recém-nascido está passando pelo canal vaginal, poderá ser sufocado ou estrangulado - responde esta por infanticídio (muito difícil de acontecer); 
 
Logo após o parto: 
Este requisito se mostra presente enquanto perdurar o estado puerperal de cada mulher, em cada caso concreto, essa duração é variável em no máximo alguns dias (15 dias).  
 
Algumas mulheres apresentam uma patologia psiquiátrica que pode se tornar crônica, que pode durar meses e até anos. Sem razão dessa depressão crónica (depressão pós-parto), a mãe mata seu filho após ou até anos, responderá por homicídio, mas muito provavelmente será considerada semi-imputável, sendo que sua pena será diminuida ou trocada por MS (Medida de Segurança) 
 
Quando mais grave em que a mulher perde totalmente a capacidade de compreensão, psicose puerperal, será inimputável.  
 
Art. 123 do CP. 
  
ABORTO. ART. 124 a 128 
 
4 ESPÉCIES DE ABORTO 
 
1. ABORTO NATURAL 
Decorre de problemas com o feto ou no organismo da getante 
 
2. ABORTO ACIDENTAL 
Decorre de um acidente e conforme a lei não constitui crime, porque só é punido o aborto doloso. 
 
3. ABORTO CRIMINOSO  
ARTS. 124 a 126 
 
1º CRIME 
ART. 124. ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM O SEU CONSENTIMENTO 
Nesse crime há duas condutas típicas: 
 
Autoaborto  
 
Art. 124 primeira parte: consiste quando a gestante provoca aborto em si mesma.  
Ex. ingestão do medicamento abortivo (SITOTEC); 
 
Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, porque apenas a gestante pode ser sujeito ativo; 
Crime de mão-própria: não admite coautoria e  admite participação.O farmacêutico que venda o medicamento ciente de que será usado para o aborto 
 
Sujeito passivo: é produto da concepção (do início ao final da gravidez)  
 
Detenção de 1 a 3 anos. 
Pena mínima de 1 anos: cabe um acordo que se chama suspensão condicional ou Sursi processual; 
 
Consentimento para o aborto 
 
Art. 124 segunda parte: consentimento 
Art. 126: o terceiro realiza a manobras abortivas 
 
Prevê a mesma pena mencionada para a gestante que consente que outra pessoa nela realize o aborto; 
 
Crime: próprio (não permite coautoria, mas permite participação) 
 
Sujeito ativo: a gestante 
 
O terceiro que realiza o ato abortivo comete crime MAIS GRAVE (art. 126 do CP), que se chama de PROVOCAÇÃO DE ABORTO COM CONSENTIMENTO DE ABORTO 
 
Crime de consentimento para o aborto: admite participação (pessoas que incentivam a gestante procurar uma clínica de aborto e consentirem com a sua realização). 
  
Provocação de aborto com o consentimento da gestante. Art. 126 do CP 
Estamos aqui diante de uma exceção a chamada teoria monista ou unitária, segundo a qual todos os envolvidos devem responder pelo mesmo crime. 
 
No caso em análise a gestante que consentiu responde pelo crime do art. 124 2º parte, enquanto que a pessoa que realizou o aborto comete o crime do art. 126. 
 
Crime: comum (pode ser qualquer pessoa) 
Admite: a enfermeira que prepara a gestante para que o médico faça a curetagem abortiva.  
O médico: autor / Enfermeira: participe 
 
Em casos de clinicas especializadas em aborto em que 3 ou mais pessoas se associem unido seus esforços para a prática reiterada de abortos, haverá também a punição pelo crime de associação criminosa, sem prejuízo da punição autônoma pelos crimes de aborto ali cometidos. 
 
Para configuração do crime de aborto com consentimento da gestante é necessário que o consentimento, inicialmente - prestado por ela subsista até o momento do abroto. Se antes disso ela retira o consentimento, mas o agente emprega força para realizar o aborto - ele pratica crime mais grave: aborto sem o consentimento da gestante. Ela responde por algum crime de consentimento de aborto? Não. 
 
O consentimento da gestante deve se dar no momento do aborto 
Sujeito passivo do art. 126: é o produto da concepção (feto) 
  
Art. 125. Provocação de aborto sem o consentimento da gestante 
 
Este crime pode ocorrer em duas hipóteses: 
 
Quando não havia consentimento algum por parte da gestante:  
Ex.: ministrar medicamento abortivo sem o consentimento da gestante; 
 
Quando há no plano fático, consentimento da gestante mas este é inválido nulo e isso ocorre nas hipóteses elencadas do artigo 126, parágrafo único: "Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência" 
 
Consentimento obtido com emprego de violência; 
Consentimento obtido com emprego de grave ameaça; 
Consentimento obtido com emprego de fraude; (ex. o namorado paga o médico para convencer/mentir a gestante abortar em função de risco de morte devido ao procedimento da gestação. Art. 125); 
Consentimento prestado por gestante não maior de 14 anos; 
Consentimento prestado por gestante alienada ou débil mental; (quem mata dolosamente uma gestante e provoca por consequência a morte do feto, responde por homicídio e aborto sem o consentimento da gestante, se sabia da gravidez (se não sabia, responderá apenas por homicídio); 
 
Sujeito passivo do art 125: produto da concepção (feto) e a gestante porque foi sem consentimento dela. 
 
 ABORTO DE GÊMEOS  
 
Se a gestante não sabia se era gêmeos: é crime único 
Se a gestante ela sabia se era gêmeos:  
  
concurso material benéfico / concurso formal improprio 
 
Concurso formal 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código 
 Se o agente imaginava tratar-se de gravidez única (responde por um só crime). Se os exames realizados já tinham dado ciência ao agente de que eram gêmeos (houve dolo nas duas mortes em provocar dois abortos, de modo que ele responde por dois crimes). Nesse caso, ainda que só um ato abortivo tenha causado dois abortos, as penas serão formadas por se tratar por concurso formal improprio ou imperfeito. 
  
QUANDO QUE A GRAVIDEZ SE INICIA? 
  
Há duas correntes, âmbito jurídico e cientifico. 
1ª Se dá com a fecundação  
 
2ª (majoritária) Se dá na nidação que ocorre de 1 a 2 dias após a fecundação, quando o óvulo fecundado se aloja no útero.  
 
Ex. "Pílula do seguinte" e o "Diu" podem agir após a fecundação para evitar a nidação. São métodos legalmente autorizados no Brasil, entende-se que nossa legislação optou pela tese que a gravidez começa com a nidação, não sendo, portanto, abortivo tais métodos.   
 
Para quem entende que a gravidez começa com a fecundação: a pílula do dia seguinte é abortiva, mas o uso não constitui crime pelo Exercício Regular do Direito (ERD), por haver autorização para produção e comercialização desses métodos no Brasil. 
 
4. ABORTO LEGAL 
São duas modalidades em que a lei permite a provocação do aborto 
 
CONSUMAÇÃO 
Quando que se consuma o aborto? R. Com a morte do feto. 
Se eventualmente for realizado um ato agressivo contra o feto e ele for expelido com vida, e logo em seguida morre, ainda em consequência do ato abortivo anterior, o crime é de aborto consumado. 
 
TENTATIVA 
É possível. O crime não se consume por circunstancia alheias a sua vontade.  
A tentativa é possível, quer o feto permaneça vivo no útero materno após a manobra abortiva, quer seja ele expelido com vida e sobrevida.  
 
CRIME IMPOSSÌVEL 
Absoluto em impropriedade do objeto 
Ineficácia absoluta do meio 
 
 Existem duas modalidades de crime impossível (quase crime) 
 
Por absoluta impropriedade do objeto material 
Quando é realizado ao ato visando ao aborto, mas depois se comprova que a mulher não estava grávida ou que o feto já estava morto embora permanecesse no útero da mulher.  
 
 Ex. a gestante autorizou aborto, mas a gravidez é psicológica 
 
Por absoluta ineficácia do meio 
Quando é realizado um ato visando ao aborto e ficar demonstrado que este ato nunca poderia provar a morte do feto 
 
Ex. ingestão de substância que não tem poder abortivo; simpatias; chás etc. 
 
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo. Não existe crime de aborto culposo 
  
 LESÃO CULPOSA POR IMPRUDÊNCIA 
Se alguém por imprudência provoca um aborto só pode ser punido por lesão culposa contra a gestante. Se a imprudência for da própria gestante? R. Fato atípico porque não pode ser ao mesmo autora e vítima do crime de lesão. 
 
 ABORTO POR OMISSÃO  
A Doutrina diz que é possível o aborto omissivo,  quando a gestante dolosamente deixa de tomar o medicamento que era a única forma de evitar o aborto.  
  
ART. 127 CP.  
 
(Forma qualificada) 
As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência (culposo) do aborto (doloso) ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. (??ERRADO) FALAR QUE É QUALIFICADA, SÃO FORMAS DE CAUSA D EPENA) 
 
Número inteiro: qualificadora 
Número fracionado: causa de pena  
  
São DUAS causas de aumento de pena e NÃO QUALIFICADORAS.  
 
A pena aumenta em 1/3 se em razão do aborto ou do ato abortivo a gestante sofre lesão grave, como exemplo, perda da função reprodutora. 
 
Se a gestante morrer a pena seráaplicada em dobro. 
 
 Comentários ao art. 127 do CP. 
 
Esse artigo restringe o aumento aos crimes dos dois artigos anteriores (125 e 126) que aqueles que pune o terceiro que provoca o aborto se ou com o consentimento da gestante. 
Não cabe tentativa de crime culposo, salvo a culpa impropria; 
Essas causas de aumento são exclusivamente preterdolosas, pois só se aplicam quando há DOLO  NO ABORTO (antecedente) e CULPA NA LESÃO GRAVE OU MORTE (CONSEQUENTE); 
Se o agente QUER o ABORTO e QUER a MORTE da gestante, responde por homicídio e aborto. 
  
ABORTO LEGAL 
 
São duas hipóteses em que a provocação de aborto não é considerada crime, tendo em vista natureza jurídica de excludente de ilicitude. 
  
ART. 128 DO CP 
ABORTO NECESSÁRIO OU TERAPÊUTICO 
 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:           (Vide ADPF 54) 
Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
  
Aquele feito por medico quando não há outro meio para salvar a vida da gestante; 
 
Esse diagnóstico de risco de risco da gestante não precisa ser atual, ou seja, quando os exames constatam que o prosseguimento da gestação causará a morte da gestante; se houver risco atual ou iminente de morte da gestante, qualquer um pode fazer o aborto amparado pelo "estado de necessidade". 
 
Não exige consentimento da gestante nesse dispositivo; 
 
 ABORTO SENTIMENTAL OU HUMANITÁRIO 
/feito por médico, com autorização da gestante ou de seu representante legal, se for incapaz quando a gravidez resulta de estupro. 
 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
  
Exige autorização judicial? Não. Não é necessária a condenação do estuprador. O médico decide se deve ou não considerar que houve violência sexual diante dos exames realizados, documento que lhe fora apresentado (cópia do B.O, flagrante, inquérito). 
  
OBS. O Plenário do STF decidiu pela interrupção da gravidez no caso do anencéfalo (não é necessária autorização judicial) e a conduta é considerada atípica.  
 
OBS. A primeira Turma em 29/11/2016 permitiu o abroto consentido feito no primeiro trimestre da gestação 
 
 HOMICÍDIO 
 
Temos o homicídio simples do art. 121 Caput do CP; 
Homicídio é simples quando chega a conclusão que não se enquadra e nenhuma das hipóteses de privilégio ou qualificadoras (expressamente previstas no tipo penal) 
 
 OBJETIVIDADE JURIDICA 
Qual é o bem jurídico tutelado? R. Vida humana extrauterina 
O crime que só afeta um bem jurídico? R. Chamado de crime simples 
Sujeito ativo do homicídio: qualquer pessoa pode praticar sendo crime comum. Admite coautoria e participação. 
Sujeito passivo do homicídio: qualquer ser humano vivo.  
Obs. Qualquer conduta visando tirar a vida de pessoa morta constitui crime impossível, por absoluta impropriedade do objeto. Fato atípico. 
  
MEIOS DE EXECUÇÃO. 
Qualquer meio: sendo classificado por crime de ação livre. Apesar desta denominação, o homicídio pode ser praticado por omissão. Ex. quando os pais querendo a morte do filho, não o alimenta.  
 
Ineficácia absoluta do meio 
 
Caso fique demonstrado que a vítima não morreu porque o meio era absolutamente ineficaz (crime impossível, fato atípico e o agente não responderá por tentativa de homicídio - ex. apertar gatilho de uma arma de brinquedo). 
 
Consumação do homicídio 
 Consuma-se com a morte da vítima, esse momento ocorre quando da sessão da atividade encefálica. 
O homicídio é um crime instantâneo de efeitos permanentes porque a morte se dá em um determinado momento, mas seus efeitos são irreversíveis. 
Se já tiver demonstrada a morte encefálica, o desligamento de aparelhos como respirador artificial ou a retirada de órgãos com a previa autorização da vítima onde seu familiar não constitui crime. 
 
TENTATIVA 
 
É possível; 
 
A tentativa de homicídio pode ser: 
 
Tentativa branca: aquela em que a vítima não é atingida e, por isso, não sofre lesão; 
 
Tentativa vermelha (cruenta): quando os disparos ou golpes são desferidos pelos agentes, atinge o corpo da vítima lesionando-a; 
 
É possível que o agente pratique duas tentativas de homicídio em relação a mesma vítima, desde que os fatos ocorram em contextos fáticos diversos.  
 
Sem em uma mesma ocasião o agente tenta matar a vítima duas vezes, uma com a faca e depois com o revolver, responderá por uma tentativa de homicídio.  
 
Se o agente tenta matar a vítima com uma faca, em seguida ele mata com o revolver, portanto responderá por homicídio. 
 
Se alguém efetua um disparo querendo matar a vítima e, ao perceber que não o atingiu fatalmente, deixa de efetuar novos disparos embora pudesse fazê-lo (desistência voluntária em que o agente só responde pelo crime de lesão corporal, art. 15 CP); 
 
 Elemento subjetivo  
 
Quando o agente quer matar a vítima, e o executa (dolo direto)  
Quando assume o risco de matá-la (dolo eventual). Ex. "roleta russa" 
 
Como veremos o homicídio culposo também é punido... 
 
 HOMICÍDIO PRIVILEGIADO  
ART. 121, §1º 
 
  Art. 121. Matar alguem: 
        Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
        Caso de diminuição de pena 
        § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
 
 NATUREZA JURÍDICA 
 
Causas de diminuição de pena: 
 
No privilegio a pena será reduzida de 1/6 a 1/3 (3ª fase de dosagem da pena) apesar de o artigo mencionar que o juiz pode diminuir a pena nos casos de privilégio, deve-se esclarecer que o Código Penal determinar que os  jurados devem votar a existência ou não do privilégio e, se o resultado for positivo o juiz está obrigado a diminuir a pena. Em razão do princípio da soberania do veredito. 
  
HIPÓTESES DE PRIVILÉGIOS 
 
As três hipóteses são todas subjetivas: 
Se o homicídio é praticado por motivo de relevante valor social: nesse caso os jurados condenam o réu porque não é licito matar outra pessoa, mas reduz em sua pena por entenderem que o agente ao cometer o crime imaginava que com isso iria beneficiar a coletividade. Ex. matar o traidor da pátria;  
 
 Se o homicídio for praticado por motivo de relevante valor moral: são motivos considerados nobres (altruístas) que demonstram bondade o agente em relação ao motivo, mas que acarretam a sua condenação porque ninguém pode tirar a vida alheia. Ex. eutanásia  
 
Se o agente mata sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provação da vítima: quando alguém mata em flagrante de adultério.  
O privilegio da violenta emoção pressupõe que o ato homicida ocorra logo em seguida a provocação, e disso se entende que o homicídio tem que ocorrer no desdobramento fático imediatamente posterior ao da provocação. 
 
HOMICÍDIO QUALIFICADO - ART. 121, §2º 
 
Existem qualificadoras objetivas e subjetivas. 
Por sua vez as qualificadoras objetivas, somente são aquelas do art. 121, §2º, III e IV, respectivamente referente aos meios e modos de execução 
 
 III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; (qualificadora objetiva) 
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; 
 
As demais qualificadoras são subjetivas e, são as dos incisos I, II, V, VI e VII 
 
É possível a existência de homicídio privilegiado - qualificado? R. Sim, desde que as qualificadoras sejam objetivas, pois todas as hipóteses de privilégio são subjetivas. 
 
 QUALIFICADORAS EM ESPÉCIES - ART. 121, §2º, I 
 
I - mediante paga ou promessa de recompensa.... 
 
Se o crime mediante paga (pagamento prévio em relação ao homicídio) ou promessa de recompensa (para entrega posterior dos bens ou valores).Qualificadora existe ainda que o contratante não entrega o que prometeu; 
 
A recompensa a que a lei se refere é de valores econômicos com a entrega de bens ou valores. Essa forma de homicídio qualificado é chamada de homicídio mercenário.  
 
Ex. Se alguém faz promessa de manter relação sexual para convencer alguém para matar a vítima, será aplicada a qualificadora do motivo torpe. A figura qualificadora em analise tem como premissa o envolvimento mínimo de duas pessoas, mandante e o executor (crime de concurso necessário).  
Posso ser condenado sozinho com base nessa qualificadora? R. Sim. É possível que haja prova de que uma pessoa foi contratada para matar outra, mas que um dos envolvidos não tenha sido identificado, o que não impedirá o reconhecimento da qualificadora aquele que foi identificado. 
 
Se os dois forem identificados, se aplica as qualificadoras? R. Sim (STF) 
Existe exceção a essa afirmação? R. Sim. Se os jurados reconhecerem um privilégio par ao mandante, automaticamente estará afastada essa qualificadora para ele. De modo que o crime será qualificado para o executor e privilegiado para o mandante. Ex. o pai que contrata alguém para matar o estuprador da filha.  
 
(art. 121, §2ª) I - ... ou por outro motivo torpe; 
   
É um motivo imoral, vil, repugnante. 
  
Ex. a motivação econômica; sócio que mata a outro; filho que mata o pai para ficar com a herança; morte por preconceito: raça cor, religião, opção sexual, o marido mata esposa porque não atendeu o pedido de relação sexual, integrantes de grupo criminoso que mata a vítima por ser policial. 
 
Vingança: pode ou não configurar motivo torpe dependendo do que a tenha motivado. Ex. matar por vingança policial que o havia prendido, é motivo torpe. 
 
Pai, que por vingança mata o estuprador da filha: caracteriza homicídio privilegiado.   
 
As qualificadoras do inciso I do art 121, §2º, referem-se ao motivo:  
Um motivo de homicídio só pode qualificar o crime uma vez. 
A qualificadora do motivo torpe é genérica, de modo que só poderá ser utilizada se o fato não se enquadrar na qualificadora do motivo fútil e nas outras qualificadoras do motivo. 
  
QUALIFICADORAS DO ART. 121§2, II 
 
/Qualificadora ligada ao motivo; 
/Motivo pequeno, pífio... por matar alguém. 
 
Ex. o jantar não está pronto e mata a mulher; mata outro por outro tirar sarro de seu time; "barbeiragem" no transito; 
 
Em um só homicídio não se pode reconhecer as qualificadoras dos motivos, fútil e torpe, deve-se escolher a melhor que se enquadre no caso concreto. Qual a especial, fútil ou torpe? R. Fútil é especial em relação ao motivo torpe, o critério é o seguinte: se a principal característica for apequenes aplica-se o motivo fútil, do contrário o torpe (repugnante, imoral, homofobia, religião...). 
 
Ciúme não motivo fútil, em regra. Mas na prática quando o ciúme ocorreu por motivo pequeno, os jurados acabam reconhecendo por motivo fútil.  
 
Ausência de prova quanto ao motivo não permite que se presuma que o motivo é fútil, por sua vez, se o réu confessa que matou, mas alega que o fez sem motivo (ex. pq eu quis!), isso também não é considera motivo fútil - nesse caso, a interpretação é de que o agente matou por prazer, que se encaixa por motivo torpe.   
  
QUALIFICADORAS DO ART. 121 §2º, III 
/são aquelas ligadas aos meios de execução e são objetivas  
 
   III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;  
 Emprego de veneno: sem que ela perceba, chama-se venefício / se for forçado é meio cruel; 
A doutrina salienta que a qualificadora do veneno só se aplica se ele for inoculado no corpo da vítima sem que ela perceba, pois se for empregado violência para a inoculação do veneno, aplica-se a qualificadora do meio CRUEL. 
 
Certas substâncias que podem provocar reações alérgicas ou outros distúrbios a saúde de algumas pessoas, enquadram-se no conceito de veneno, quando o agente sabe do problema da vítima e dolosamente inocula tal substância em seu organismo. 
 
Ex. açúcar para o diabético ou medicamentos que podem provocar choque anafilático em algumas pessoas. 
 
Fogo, explosivo 
 
Asfixia: impedimento da função respiratória que pode se dar, de forma mecânica ou tóxica 
Asfixia mecânica ocorre por esganadura em que o agente, com o seu próprio corpo - geralmente com as mãos - aperta, comprime o pescoço da vítima (pode usar o pé, o braço; 
Estrangulamento: em que o agente aperta o pescoço da vítima com: cabo de aço, corda ou tecido, utiliza-se 
Enforcamento em que o agente põe uma corda ou algo similar no pescoço da vítima se dá pela compressão/ contrição da força da gravidade; 
Sufocação: em que o agente obstrui com algum objeto a passagem do ar pelas vias respiratórias. Ex. saco plástico, travesseiro... 
Afogamento: submergir na agua 
Soterramento: agente enterra vítima 
Imprensamento: sufocação indireta, consiste em paralisar o diafragma, impedir o funcionamento da musculatura abdominal responsável pelo movimento respiratório. Ex. colocar um peso no abdômen. 
 
Asfixia tóxica 
Trancar alguém onde não há renovação de oxigênio:  porta-malas; 
Uso de gás asfixiante: aquele que queima oxigênio no local; 
 
Tortura ou meio cruel 
São meio que causam grande sofrimento na vítima antes de sua morte; 
Utiliza-se a qualificadora especifica da tortura quando o meio empregado demora para causa a morte. Ex. matar alguém de fome, sede, frio, insolação - outros meios cruéis são mais rápidos. Ex. atropelamento intencional, espancamento, apedrejamento, com ácido etc  
 
O ato de esquartejar o cadáver ou nele colocar fogo, constitui crime autônomo de destruição de cadáver do art. 211 do CP 
 
A reiteração de golpes, tiros, facadas, só qualificam o homicídio quando se demostra no caso concreto que tal reiteração causou grande sofrimento na vítima antes de gerar

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