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Teorias Motivacionais

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A motivação segundo as 
perspectivas histórica e 
contemporânea 
O que tem em comum: 
• Por que se comportar? 
 
• Por que fazer algo? 
 
• Por que se levantar de manhã cedo para fazer 
algo? 
 
Motivação 
• 1º livro texto e 1964 
• Tópicos da época: teoria do impulso, incentivo, reforço, 
impulsos adquiridos, conflito e emoção 
• Nada de: motivação na escola, na psicologia esportiva, 
no trabalho, no tratamento da obesidade, nas dietas, 
nas crenças de controle pessoal 
• conceitos: psicanalíticos (Freud) e autoatualização 
(Maslow) 
• Atividades de laboratório com ratos 
(efeitos de manipulação) 
Origens filosóficas dos 
conceitos motivacionais 
 
• Raízes: antigos gregos (Sócrates, Platão e 
Aristóteles) 
Platão 
• Motivação surgia de uma alma (ou 
mente ou psique), disposta 
segundo uma hierarquia tripartida. 
 
 3 aspectos: 
• 1º: Mais primitivo – apetite da 
alma (corporais e desejos = fome e 
sexo) 
• 2º: aspecto competitivo – padrões 
socialmente referenciados 
(sensação de honra e de vergonha) 
• 3º: mais elevado – aspecto 
calculista (capacidades de tomada 
de decisão = razão e escolha) 
Motivavam 
diferentes 
domínios de 
comportamento 
• Aspecto superior = capacidade de regular os 
motivos dos aspectos inferiores. Ex.: razão 
poderia controlar o apetite corporal 
 
• Bem antes de: Id, Ego e Superego 
Aristóteles 
• Endossou alma tripartida e hierarquicamente 
organizada 
• Outra terminologia: nutritiva, sensível e racional 
• Nutritivo: mais impulsivo, irracional, animalesco – 
necessidades corporais urgentes para 
manutenção da vida 
• Sensível: relação com corpo, regulando prazer e 
dor 
• Racional: único aos seres humanos, relação com 
ideias e intelecto = vontade (nível mais elevado 
da alma, incluindo: intenção, escolha e do que é 
divino e imortal) 
 
Psique 
• Redução do tripartido para dualismo (paixões 
do corpo e razão da mente) 
• Ainda hierarquia, distinguindo: 
físico, irracional, impulsivo e biológico = corpo 
≠ 
Imaterial, racional, inteligente e espiritual = 
mente 
Contexto de dicotomias motivacionais 
Era pós-renascentista 
• René Descartes: filósofo francês 
• Mente x corpo, aspectos passivos ≠ ativo da motivação 
• Corpo: agente mecânico, máquina, motivacionalmente 
passivo. Necessidades de nutrição, respondia de 
maneira mecânica ao ambiente pelos sentidos, reflexos 
e fisiologia 
• Vontade: agente imaterial, espiritual e 
motivacionalmente ativo 
• Mente: entidade pensante e espiritual, com uma 
vontade dotada de um propósito. Controlaria o corpo. 
O espírito governaria os desejos corporais 
 
 300 anos seguintes! Fisiologia (corpo) e Filosofia (mente) 
 
A vontade: a 1ª grande teoria 
• Descartes: força motivacional principal = vontade 
• Se entendesse vontade, entendia motivação 
• Vontade: inicia e direciona a ação, ela decide se e 
quando agir 
≠ 
• Necessidades corporais (paixões, prazeres e 
dores): criam impulsos à ação 
 só excitam a vontade 
(faculdade ou poder que a mente, agindo no 
interesse da virtude e da salvação e exercendo seu 
poder de escolha, tem para controlar os apetites 
corporais e as paixões) 
• “Grande teoria” no sentido de englobar tudo 
de motivação = porque nos alimentamos, 
bebemos, trabalhamos, competimos, 
tememos, lemos, nos apaixonamos 
• “vontade motiva todas as ações”, “amor ao 
dinheiro é a raiz de todos os males” 
• Causa única, abrangendo tudo, explicando um 
fenômeno 
Vontade e motivação 
• Para Descartes: compreendendo a vontade, 
compreendia-se a motivação. Reduziu-a como 
sinônimo de vontade 
 
• Progressos depois dele: atos de vontade = 
escolhas, esforços, resistências 
Vontade e motivação 
• Resultado: mal compreensão da vontade, 
vinda de amontoado de capacidades inatas, 
sensações ambientais, experiências de vida e 
reflexões sobre si e suas ideias. 
• Surgia a vontade: surgiam intenções e 
propósitos 
• Constatação: algumas pessoas demonstravam 
mais força de vontade do que outras. 
Filósofos 
• Concluíram que: vontade é difícil de explicar, 
assim como a motivação que a gera. 
• Não descobriram sua natureza, nem as leis em 
que ela operava 
• Geraram mais obstáculos, aumentando esse 
problema que tentavam resolver – explicar 
motivação e seu agente motivador – vontade 
• Anos 1870 – buscar fim do mistério – na 
fisiologia – o instinto 
Instinto: a segunda grande teoria 
• Charles Darwin: determinismo biológico – dois 
efeitos no pensamento científico 
• 1º: evolução – afastando cientistas dos conceitos 
motivacionais mentalísticos (vontade) – 
aproximou-se dos conceitos mecanicistas e 
genéticos 
• 2º: acabou com dualismo homem-animal, 
introduziu questões como maneira de utilizar 
recursos = motivação. Finalidade: adaptar-se às 
demandas mais importantes de um ambiente – 
vontade não mais como explicação de 
comportamento motivado 
Darwin 
• Muito do comportamento animal parecia ser 
não-aprendido, automatizado e mecanicista 
• Animais se adaptando a seus ambientes com 
ou sem experiência 
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N 
S 
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N 
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INSTINTO 
• Conceito explicando a vontade, de onde vem a 
força motivacional 
• Surgem de uma substância física, de dotação 
genética 
• São reais, existem nos genes 
• Estudo da motivação deixa o campo filosófico e 
entra no campo das ciências naturais 
• Expressam-se por reflexos corporais herdados 
• Retiraram a porção inanimada do dualismo 
filosófico e mantiveram os ímpetos, impulsos e 
apetites biológicos 
William James (1890) 
• 1º psicólogo a popularizar a teoria instintiva 
da motivação 
• Instintos: físicos nos seres humanos (sugar, 
locomover), mentais (imitação, brincar) 
• Instinto = comportamento direcionado para 
uma meta a partir de um estímulo 
• É ativado um conjunto complexo de reflexos 
herdados que gera impulsos para ações 
específicas 
Teoria cresceu... William McDougall 
• Teoria do instinto com exploração, luta, 
proteção materna das crias. Instinto – forças 
motivacionais, irracionais e impulsivas, 
direcionando para uma meta 
• Sem instintos, seres humanos não 
começariam ações 
• Sem motores primários = inertes 
• Motivação humana com origem em 
conjunto de instintos geneticamente dotados 
 
Agora com instinto 
• Identificar quantos instintos os seres humanos 
possuem 
• Começou a especulação, chegaram a 6.000 
• Confusão de nomeação e explicação. “se o indivíduo 
sai com seus companheiros, então está sendo ativado o 
instinto de manada. Se sai sozinho é o anti-social...”, 
são agressivas por terem instinto de serem agressivas 
(tá na causa e no efeito) 
• Pesquisa de diferenciar experiências em animais 
geneticamente equivalentes 
• Começou-se o abandono da ideia de instinto 
Impulso: a terceira grande teoria 
• Surge da biologia funcional = função do 
comportamento está a serviço das necessidades 
corporais 
• Com desequilíbrios biológicos (falta de água ou 
alimento), os animais experimentam o déficit de 
necessidade biológica psicologicamente como 
impulso 
• Impulso motiva qualquer comportamento que 
sirva às necessidades do corpo (comer, beber) 
• Teorias: Sigmund Freud (1915) e Clark Hull (1943) 
A teoria do impulso - Freud 
• Estudou Fisiologia. Todo comportamento é 
motivado, seu propósito é servir à satisfação de 
necessidades 
• Visão do sistema nervoso: exigências biológicas 
(fome) seriam constante e inevitavelmente 
condições recorrentes que produziriam acúmulos 
energéticos dentro de um sistema nervoso que 
funcionaria em torno de uma tendência herdada 
de manterum nível baixo e constante de energia 
A teoria do impulso - Freud 
• Sistema tenta manter baixo, mas é afastado desse objetivo 
pelas exigências biológicas 
• Acúmulo de energia produziriam um desconforto 
psicológico (ansiedade) 
• Se cresce excessivamente pode ameaçar a saúde física e 
psicológica 
• Impulso = sinal de emergência para se tomar providência. 
Comportamento continua até satisfazer o impulso 
• Comportamento: serve às necessidades corporais 
• Ansiedade (impulso): atua como um intermediário para 
assegurar que o comportamento ocorresse no tempo certo 
e conforme o necessário 
A teoria do impulso - Freud 
• 4 componentes: fonte, ímpeto, propósito e objeto 
• Fonte: déficit corporal (falta de alimento) 
• Impulso: dotado de um ímpeto (força) com meta de 
satisfação. Remoção (por meio da satisfação) do déficit 
corporal subjacente 
• Para alcançar esse propósito: indivíduo experimenta a 
ansiedade em um nível psicológico. Ela motiva a busca 
comportamental por um objeto capaz de remover o 
déficit corporal 
• A satisfação do déficit acalma o impulso/ansiedade 
3 críticas 
• 1- relativa superestimação da contribuição das 
forças biológicas para a motivação 
(subestimando aprendizagem e experiência) 
• 2- excesso de confiança nos dados retirados 
dos estudos de casos de indivíduos portadores 
de transtornos (poucos de pesquisas 
experimentais com amostras representativas) 
• 3- ideias que não são cientificamente testáveis 
Teoria do impulso - Hull 
• = fonte de energia agrupada e composta de 
todos os déficits/distúrbios experimentados 
momentaneamente pelo corpo 
• Necessidades particulares (alimento, água, 
sexo, sono) – concentradas para constituírem 
uma necessidade corporal total 
• Motivação: base fisiológica 
• Necessidade corporal: fonte última da 
motivação 
Teoria do impulso - Hull 
• Motivação pode ser prevista antes de ocorrer 
• Consegue-se dizer quando alguém está motivado – impulso 
cresce proporcional à privação 
• Motivação é responsável pelas condições antecedentes do 
ambiente 
• Agora consegue-se medir – início estudo científico da 
motivação 
• Conhecendo condições que criaram motivação – pode-se 
manipular e predizer estados motivacionais 
• O impulso energiza o comportamento, mas não o direciona 
(hábito sim) 
• Hábitos provêm de aprendizagem (consequência de um 
reforço) 
Declínio da teoria do impulso 
3 pressupostos de ambas: 
1. O impulso emerge de necessidades corporais 
2. A redução do impulso é reforçada e produz a 
aprendizagem 
3. O impulso energiza o comportamento 
Anos 1950 – apoio e preocupação 
• alguns motivos existem com ou sem necessidades 
biológicas correspondentes. Motivação pode 
surgir de outras fontes e não de distúrbios 
corporais (anorexia) 
• Aprendizagem pode ocorrer pela redução do 
impulso 
• Pesquisas reconhecem a importância das fontes 
externas (não-fisiológicas) de motivação (beber 
água após cheirar ou comer algo ruim) 
 
Anos posteriores à Teoria do Impulso 
• 1950/1960: Progredia estudos da motivação com 
outras teorias, muitas informações para se ter 
uma “grande” teoria 
• Princípios motivacionais: incentivo e excitação 
• Incentivo: evento externo (estímulo), capaz de 
energizar ou direcionar um comportamento de 
aproximação ou de evitação. Pessoas são 
motivadas pelo valor incentivador de diversos 
objetos presentes em seu ambiente, que as 
“atraem” em direção a esses objetos 
Veem uma torta de morango na mesa 
• O que fariam? 
• Nesse caso não reduziria 
o impulso, aumentaria 
mantendo contato com 
estímulo incentivador 
• Explicam busca dos 
incentivos positivos e 
evitação dos negativos (= 
prazer e dor) 
• Aprendem: incentivos 
gratificantes 
(aproximação) e dor 
(evitação) 
Teoria do incentivo 
1. Novos conceitos motivacionais 
2. Ideia de que os estados motivacionais podem 
ser adquiridos por meio da experiência 
3. Descrição da motivação que salienta as 
alterações que ocorrem de momento a 
momento 
Excitação 
• Veio da descoberta neurofisiológica de 
sistema de excitação no cérebro 
• Ideias: aspectos do ambiente (grau de 
estimulação, novidade, estresse) afetam a 
maneira do cérebro ser excitado; as variações 
no nível de excitação apresentam uma relação 
curvilínea (U invertido) com o comportamento 
Excitação 
• Ambientes não estimulantes geram baixos 
níveis de excitação e emoção (tédio) ≠ 
ambientes mais estimulantes (interesse) ≠ 
extremamente estimulantes (excitações como 
medo) 
• Época da neuropsicologia e cognição 
(biológico, ambiente e cérebro) 
Anos 1970 – surgimento das 
miniteorias 
• Insatisfação com as outras, abandono das 
grandes teorias 
• Não consenso em torno de uma grande teoria. 
Explicação de parte do comportamento motivado 
• Buscam compreender: um fenômeno 
motivacional específico (fluxo da experiência), 
circunstância que afeta a motivação 
(retroalimentação de um fracasso), grupos de 
pessoas (extrovertidas), questão teórica (qual é a 
relação entre cognição e emoção) 
 
Três tendências históricas 
• Reavaliaram ideia de ser-humano 
inerentemente passivo 
• Motivação se tornou cognitiva 
• Pesquisadores mais interessados nos 
problemas e nas questões aplicadas e 
socialmente relevantes 
• 1º jornal só com estudos de motivação: 
Motivation and Emotion - 1977 
 
A natureza ativa da pessoa 
Antes: 
• Impulso (meados século XX): motivar = mover, 
estimular o animal a sair do passivo para o 
ativo 
• 2ª metade sec. XX: pessoas conseguem e 
fazem algo, ativas, sempre motivadas, buscam 
crescimento. Propagou-se! 
A revolução cognitiva 
• Pesquisadores começam a complementar os 
conceitos biológicos com processos mentais 
internos (planos, metas, expectativas, crenças, 
atribuições, autoconceito) 
• Ênfase aos constructos cognitivos (motivação 
mais humana do que mecânica), diminuição de 
estudos de privação em ratos e mais estudos com 
humanos (sucesso e fracasso) 
• Ideias de Abraham Maslow e Carl Rogers: seres 
ativos, cognitivamente flexíveis e motivados para 
o crescimento 
Estudos contemporâneos 
• Deixam modelos gerais de motivação (“força de 
vontade”) 
• Adotam os processos psicológicos mensuráveis – 
relação com comportamento das pessoas 
• Planos, metas, estratégias 
• Reconhecem que a mente pensa, planeja e forma 
intenções que precedem a ação 
• Assim resistem à tentação, mantêm seu esforço, 
exercitam autocontrole, controlam seu 
pensamento, formam intenções antes de agir, 
concentram sua atenção na tarefa 
Pesquisas 
• No marshmallow esperam cochilando, 
cantando, jogando ≠ impulsivas 
..\..\..\Videos\O Teste do Marshmallow 
Legendado.mp4 
 
• Estudantes com planos, objetivos e métodos 
de estudo = bom desempenho 
 
A pesquisa aplicada e de 
relevância social 
• Pesquisas sobre solução de problemas 
motivacionais enfrentados pelas pessoas em 
sua vida diária, no trabalho, escola, 
enfrentamento de estresse, saúde, luta contra 
a depressão 
• Mais contatos com psicólogos de áreas 
distintas – saem do laboratório 
• Fronteiras tênues entre estudo de motivação e 
outras habilidades 
A era contemporânea das miniteorias 
• Antes: vontade, instinto, impulso 
• Agora, avanços: natureza ativa da pessoa, 
revolução cognitiva, pesquisa socialmente 
relevante 
• Afastamentos das ciências naturais e 
aproximação das ciências sociais 
• Mas também gerando “crise de identidade” 
• Foi aderida em diversas áreas, perdeu “trono” 
(motivação social, motivação fisiológica) – 1980 
• Aplicações distintas: dieta, educação, esporte 
Maneiras de conceitualizar os estudos 
contemporâneos• Admitir que a área é jovem, imatura, estágio 
pré-paradigmático. Depende das alianças com 
outras áreas 
 
• Estudos em torno de: necessidades, 
cognições, emoções e eventos externos para 
explicar o comportamento 
Definições 
• Motivação: processos (ainda não há um acordo) 
que dão ao comportamento sua energia e direção 
 
• Emoção: fenômeno subjetivo, fisiológico, 
funcional, expressivo e de vida curta, que 
orquestra a maneira como reagimos 
adaptativamente aos eventos importantes de 
nossa vida 
 
Estudos em estágio pré-paradigmático de 
desenvolvimento – trabalho em progresso 
O retorno dos estudos da motivação 
nos anos 1990 
• Declínio das grandes teorias 
• Miniteorias 
• Artigos em revistas científicas 
• Novas perguntas: por que pessoas fazem uma 
coisa e não outra? Por que o comportamento 
varia de intensidade?

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