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02 Nota de Aula Crimes contra a Familia

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NOTA DE AULA 
Prof. Régis Gonçalves Pinheiro 
Disciplina Penal III – Parte Especial 
 
TÍTULO VII – DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA 
CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO 
 
REGISTRO DE NASCIMENTO INEXISTENTE 
Art. 241 – Promover registro civil a inscrição de registro 
inexistente: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
 
Exemplo do crime: registrar, (i) filho de mulher que não pariu (não estava grávida ou não nascido) 
 (ii) filho nascido morto como se vivo fosse 
 
1) Objeto jurídico tutelado: 
(i) segurança jurídica do estado de filiação (paternidade, maternidade e filiação); 
(ii) fé pública dos documentos oficiais 
obs.: a essência do crime reside na falsidade de documento público, agravada pelo fato de atingir o estado de 
filiação. 
 
2) Sujeitos do crime: 
 Sujeito ativo: (i) qualquer pessoa (homem ou mulher); 
 (ii) concurso de pessoas (art. 29, CP): 
 - médico que fornece atestado falso (desde que ciente da falsidade); 
 - oficial do cartório (desde que ciente da falsidade); 
 - eventuais testemunhas que atestem o nascimento. 
 Sujeito passivo: (i) qualquer pessoa prejudicada pelo registro falso; 
 (ii) o Estado. 
 
3) Tipo objetivo: adequação típica. 
Promover (causar, originar, provocar, requerer, propor) no registro civil de pessoas naturais, a inscrição de 
registro de pessoa inexistente. 
Obs.1: a falsidade (material ou ideológica) integra a conduta do agente; 
PENAL. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO EXPEDIDO POR ÓRGÃO FEDERAL 
(DNER). FALSIDADE IDEOLÓGICA. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE 
IDONEIDADE FORMAL DO DOCUMENTO. ALTERAÇÃO EXTRÍNSECA, VÍSIVEL. 
CONFIGURAÇÃO DO DELITO DE FALSIFICAÇÃO (MATERIAL) DE DOCUMENTO 
PÚBLICO (ART. 297 DO CP). Embora os delitos de falsidade material e falsidade 
ideológica protejam o mesmo bem jurídico - fé pública -, existe diferença substancial entre 
eles no que diz com o seu modo de execução: o falso ideológico pressupõe documento 
formalmente perfeito, sendo, no entanto, falsa a idéia nele contida; no falso material, ao 
contrário, a questão não se cinge à veracidade da idéia, mas à adulteração da forma, de modo 
que seu aspecto externo é forjado. A aposição de dados inverídicos (carimbo e assinatura de 
funcionário do órgão) em documento expedido pelo extinto Departamento Nacional de 
Estradas e Rodagem - DNER - configura o delito de falsidade (material) de documento 
público. (TJPR - ACR 10033 PR 1999.70.02.010033-2) 
 
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ 
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA 
Centro de Ciências Jurídicas – CCJ 
Curso de Direito 
Obs.3: o crime previsto no art. 241 é especial em relação ao art. 299, e pelo princípio da especialidade e da 
consunção, aplica-se o art. 241. 
Obs.4: é irrelevante a simulação da gravidez, do parto ou dos dois; 
 
4) Tipo subjetivo: adequação típica. 
Dolo – vontade livre e consciente de promover o registro civil de nascimento inexistente. 
Obs.: o erro do agente quanto à existência do nascimento exclui o dolo. 
 
5) Consumação e tentativa: 
Consuma-se com a efetiva inscrição do registro civil de pessoas naturais; 
Obs.1: consuma-se o crime, independentemente de prejuízo à terceiros; 
Obs.2: não basta a mera declaração falsa ao oficial do registro civil. 
A tentativa é admissível. 
 
6) Classificação doutrinária: 
Comum – qualquer pessoa pode praticar; 
Comissivo – vide núcleo verbal; 
Obs.: excepcionalmente é possível a forma comissiva por omissão (omissivo impróprio – art. 13, §2º, CP); 
Formal – não exige resultado naturalístico (efetivo prejuízo a terceiro); 
Doloso – não há previsão culposa; 
Forma livre – pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
Instantâneo de efeitos permanentes – a consumação não se alonga no tempo, e os efeitos perduram; 
Unissubjetivo - pode ser praticado por apenas um agente; 
Plurissubsistente – pode ser desdobrado em vários atos. 
 
7) Pena e ação penal: 
Reclusão de dois a seis anos. 
Ação penal pública incondicionada. 
Prescrição: começa a fluir da data em que se toma conhecimento do fato (art. 111, IV, CP). 
 
 
PARTO SUPOSTO. SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE 
DIREITO INERENTE AO ESTADO CIVIL DE RECÉM 
NASCIDO 
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o 
filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo 
ou alterando direito inerente ao estado civil: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de 
reconhecida nobreza: 
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de 
aplicar a pena. 
 
1) Objeto jurídico tutelado: 
(i) segurança jurídica do estado de filiação (paternidade, maternidade e filiação); 
(ii) fé pública dos documentos oficiais 
obs.: a essência do crime reside na falsidade de documento público, agravada pelo fato de atingir o estado de 
filiação. 
 
2) Sujeitos do crime: 
 Sujeito ativo: (i) qualquer pessoa (homem ou mulher); 
 (ii) concurso de pessoas (art. 29, CP): 
 - médico que fornece atestado falso (desde que ciente da falsidade); 
 - oficial do cartório (desde que ciente da falsidade); 
 - eventuais testemunhas que atestem o nascimento. 
 (iii) modalidade dar parto alheio como próprio, somente a mulher. 
 
Sujeito passivo: Em todos os casos o Estado; 
(i) Dar parto alheio como próprio – os herdeiros; 
 (ii) Registrar como seu o filho de outrem – os prejudicados com o registro; 
 (iii) Ocultar recém-nascido, suprimindo ou alterando o direito inerente ao estado civil – 
o recém-nascido ocultado; 
 (iv) Substituir recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil – 
o recém-nascido substituído; 
 
3) Tipo objetivo: adequação típica. (04 formas de conduta) 
(i) Dar parto alheio como próprio – atribuir a si maternidade de filho alheio; 
obs.1: para configurar o crime nessa modalidade de conduta, não é necessário fazer a inscrição no Cartório de 
Registro Civil; 
obs.2: dar parto próprio como alheio não é o crime do art. 242, CPB mas pode configurar falsidade documental, 
art. 299, CPB. 
(ii) Registrar como seu o filho de outrem – também conhecida como adoção à brasileira – é o ato de registrar 
como próprio, o filho de outrem. 
(iii) Ocultar recém-nascido, suprimindo ou alterando o direito inerente ao estado civil – ocorre o 
nascimento, mas ela é ocultada; 
(iv) Substituir recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil – há troca material 
dos recém-nascidos. 
obs.: para configurar o crime nessa modalidade de conduta, não é necessário fazer a inscrição no Cartório de 
Registro Civil; 
 
Obs.: (aplicável às quatro formas de conduta) o crime previsto no art. 242 é especial em relação ao art. 299, e 
pelo princípio da especialidade e da consunção, aplica-se o art. 242. 
 
4) Tipo subjetivo: adequação típica. 
(i) Dar parto alheio como próprio – dolo (não requer elemento subjetivo do tipo – finalidade específica); 
(ii) Registrar como seu o filho de outrem – dolo (não requer elemento subjetivo do tipo – finalidade 
específica); 
(iii) Ocultar recém-nascido, suprimindo ou alterando o direito inerente ao estado civil – dolo (exige a 
finalidade específica de suprimir ou alterar direito inerente ao estado civil do recém-nascido); 
(iv) Substituir recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil – dolo (exige a 
finalidade específica de suprimir ou alterar direito inerente ao estado civil do recém-nascido). 
 
5) Consumação e tentativa: 
(i) Dar parto alheio como próprio; 
Consumação: momento em que é criada uma situação que importe alteração do estado civil do RN; 
Obs.: a simulação de gravidez não consuma o crime. 
Tentativa: admissível. 
(ii) Registrar como seu o filho de outrem; 
Consumação: quando da inscrição do filho alheio no registro civil; 
Tentativa: admissível. 
(iii) Ocultar recém-nascido, suprimindo ou alterando o direito inerente ao estado civil; 
Consumação: no momento eno local em que, em consequência do ocultamento do neonato, se tenha criado uma 
situação material ou formal de se poder dizer suprimido o estado civil do mesmo neonato; 
Obs.: se em consequência do ocultamento não se logra suprimir ou alterar direito do recém-nascido, há tentativa 
de crime. 
Tentativa: admissível. 
(iv) Substituir recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil; 
Consumação: no momento em que a substituição de crianças implica em alteração de direito inerente ao estado 
civil do recém-nascido. 
Obs.: a troca ou substituição de crianças, que ato contínuo ou imediatamente, vem a ser descoberta, é 
considerando uma tentativa, pois o agente não logrou êxito em alterar ou suprimir o estado civil do recém-
nascido. 
Tentativa: admissível. 
 
6) Forma privilegiada e perdão judicial: 
Art. 242 (…) 
Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: 
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena. 
Motivo de reconhecida nobreza (altruísmo, humanidade, solidariedade). 
Ex.: pessoa que registra filho de mãe adolescente e miserável. 
 
7) Classificação doutrinária: 
Comissivo – vide núcleo verbal; 
Obs.: excepcionalmente é possível a forma comissiva por omissão (omissivo impróprio – art. 13, §2º, CP); 
Doloso – não há previsão culposa; 
Instantâneo – a consumação não se alonga no tempo (salvo na modalidade ocultar); 
Unissubjetivo - pode ser praticado por apenas um agente; 
Plurissubsistente – pode ser desdobrado em vários atos. 
 
8) Pena e ação penal: 
Reclusão de dois a seis anos (caput). 
Ação penal pública incondicionada. 
Prescrição: começa a fluir da data em que se toma conhecimento do fato (art. 111, IV, CP). 
Obs.: Forma privilegiada e o perdão judicial (parágrafo único). 
 
 
SONEGAÇÃO DE ESTADO DE FILIAÇÃO 
Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de 
assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou 
atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao 
estado civil: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
 
1) Objeto jurídico tutelado: 
(i) segurança jurídica do estado de filiação (paternidade, maternidade e filiação); 
(ii) fé pública dos documentos oficiais 
obs.: a essência do crime reside na falsidade de documento público, agravada pelo fato de atingir o estado de 
filiação, e os direitos civis do menor. 
 
2) Sujeitos do crime: 
 Sujeito ativo: (i) deixar filho próprio: somente os pais do infante; 
 (ii) deixar filho alheio: qualquer pessoa. 
 
Sujeito passivo: (i) Estado; 
 (ii) o menor prejudicado; 
 
3) Tipo objetivo: adequação típica. 
Deixar (abandonar, largar) + filho próprio ou alheio + asilo de exposto ou instituição de assistência + ocultação 
ou atribuição de outra filiação. 
Obs.: o simples abandono do filho próprio ou alheio não caracteriza essa infração penal, mas abandono de 
incapaz ou exposição ou abandono de recém-nascido (arts. 133 e 134, CPB). 
 
4) Tipo subjetivo: adequação típica. 
Dolo + elemento subjetivo do tipo 
Vontade livre e consciente de deixar a criança em asilo de exposto, com o fim de prejudicar direito inerente ao 
estado civil do menor. 
 
5) Consumação e tentativa: 
Consumação: com o abandono da criança em asilo de exposto ou outra instituição de assistência, havendo a 
ocultação de sua filiação ou atribuição de outra 
Tentativa: admissível. 
 
6) Classificação doutrinária: 
Crime comum – na modalidade filho alheio; 
Crime Próprio – na modalidade filho próprio; 
Material – causa transformação no mundo exterior; 
De forma livre – pode ser praticado de qualquer forma ou meio; 
Comissivo – vide núcleo verbal; 
Instantâneo – a consumação não se alonga no tempo; 
Unissubjetivo - pode ser praticado por apenas um agente; 
Plurissubsistente – pode ser desdobrado em vários atos. 
 
8) Pena e ação penal: 
Reclusão de um a cinco anos e multa. 
Ação penal pública incondicionada. 
Obs.: possibilidade de suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/95). 
 
 
CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR 
 
ABANDONO MATERIAL 
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do 
cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o 
trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, 
não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao 
pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada 
ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou 
ascendente, gravemente enfermo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez 
vezes o maior salário mínimo vigente no País. 
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, 
frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono 
injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão 
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada. 
 
1) Objeto jurídico tutelado: 
(i) estrutura e o organismo familiar; 
obs.: a finalidade da lei é tutelar a família, no que diz respeito ao amparo material, devido reciprocamente por 
seus membros. 
 
2) Sujeitos do crime: 
 Sujeito ativo e passivo: 
 (i) deixar de prover a subsistência do cônjuge (suj. passivo): o outro cônjuge. 
 (ii) deixar de prover a subsistência de filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho (suj. passivo): pai 
ou mãe (não se aplica ao avô, bisavô, etc). 
 Obs.: caso o neto seja portador de alguma enfermidade grave, o avô poderá ter a sua conduta enquadrada 
na modalidade deixar de socorrer descendente gravemente enfermo. 
 (iii) deixar de prover ascendente inválido ou maior de 60 anos (suj. passivo): o sujeito ativo é o filho, neto, 
bisneto. 
 Obs.: considera-se idoso para fins criminais, a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos. 
 (iv) deixar de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo (suj. passivo): o sujeito ativo é o 
ascendente (pai, avô, bisavô) ou descendente (filho, neto, bisneto). 
 
3) Tipo objetivo: adequação típica. 
(i) Deixar de prover (atender, abastecer, munir) os meios necessários à subsistência (alimento, remédio, 
vestuário, habitação) de: 
 a) cônjuge; 
 b) filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho; 
 c) ascendente inválido ou maior de 60 anos. 
O que pode ocorrer de duas formas: 
 a) não proporcionando os recursos necessários; ou 
 b) faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada. 
Obs.1: alimentos judicialmente fixados em ação de alimentos (provisórios e definitivos), ou acordados 
extrajudicialmente e homologados pela autoridade judicial. 
Obs.2: o provedor desempregado, que não possui numerário suficiente para o próprio sustento, não pratica o 
crime em tela (JUSTA CAUSA). 
Obs.3: rol taxativo, não admite primos, tios, sobrinhos, etc. 
 
(ii) Deixar de socorrer, sem justa causa, descendente ou ascendente, gravemente enfermo. 
Obs.: rol taxativo, não admite primos, tios, sobrinhos, etc. 
 
(iii) Conduta fraudulenta. Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, 
inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente 
acordada, fixada ou majorada 
É o exemplo de quem deixa de pagar, continuamente, a pensão alimentícia, mesmo tendo condições para tanto. 
Caso do jogador Romário. 
 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: 
(i) o tipo penal apresenta um elemento normativo justificante, que consiste na justa causa. 
(ii) a prática de duas ou mais condutas constitui concurso material de crimes. 
(iii) o agente já condenando por abandono material, e mesmo assim, prosseguir na conduta delituosa, poderá ser 
novamente processado, devendo ser observado o art. 71, CPB (continuidade delitiva). 
(iv) a prisão civil decorrente do inadimplemento de pensão alimentícia, não guarda relação com o tipo penal em 
análise. 
 
4) Tipo subjetivo:adequação típica. 
Dolo – é a vontade livre e consciente de... 
a) deixar de prover a subsistência 
b) faltar o pagamento de pensão 
c) omitir socorro 
 ...nas diversas hipóteses prevista pela lei. 
 
5) Consumação e tentativa. 
Consumação: no momento em que o agente se omite. 
Tentativa: não é possível, pois se trata de crime omissivo permanente. 
 
6) Classificação doutrinária: 
Crime Próprio – somente podem praticá-lo cônjuges, genitores, filhos, avós; 
Formal – não exige resultado naturalístico; 
Doloso – não há previsão para a modalidade culposa; 
De forma livre – pode ser praticado de qualquer forma ou meio; 
Omissivo – vide núcleo verbal; 
Permanente – sua consumação se alonga no tempo; 
Unissubjetivo - pode ser praticado por apenas um agente; 
Plurissubsistente – pode ser desdobrado em vários atos. 
 
7) Pena e ação penal: 
Detenção de um a quatro anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo do País. 
Ação penal pública incondicionada. 
Obs.: possibilidade de suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/95). 
 
ENTREGA DE FILHO MENOR A PESSOA INIDÔNEA 
Art. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em 
cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou 
materialmente em perigo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 
§ 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente 
pratica delito para obter lucro, ou se o menor é enviado para o 
exterior. 
§ 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, 
embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação 
de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de 
obter lucro. 
 
 
1) Objeto jurídico tutelado: 
(i) a assistência (criação e educação) familiar, especialmente a assistência aos filhos menores; 
 
2) Sujeitos do crime: 
 Sujeito ativo: os pais do menor. 
 Obs.1: o tutor não se inclui no tipo penal, salvo través do concurso de pessoas. 
 Obs.2: no caso do §2º, qualquer pessoa, inclusive o tutor. 
 Sujeito passivo: É o filho menor de 18 anos de idade. 
 Obs.: no caso do §2º, qualquer menor de 18 anos. 
 
3) Tipo objetivo: adequação típica. 
A conduta típica do agente consiste em entregar (deixar sob os cuidados, guarda ou vigilância) filho menor de 
18 anos, a pessoa capaz de coloca-lo em perigo moral (rufião, meretriz) ou material (ébrio contumaz, portador 
de doença infectocontagiosa, etc). 
Obs.1: Não é necessário que a entrega seja por tempo de média ou longa duração. 
Obs.2: A entrega pode ser breve, pois se trata de crime de perigo, o qual é presumido; 
Obs.3: O § 2º prevê conduta autônoma desprovida de perigo (envio de menor para o exterior visando lucro). 
Neste caso não se exige a ocorrência de perigo (material ou moral), sendo suficiente o envio do menor visando 
lucro; 
Obs.4: É irrelevante para configuração do crime, no caso de envio de menor para o exterior, o lucro provenha de 
conduta ilícita ou lícita, exemplo: intermediação de adoção de menor por casal estrangeiro, mediante paga. 
 
4) Tipo subjetivo: adequação típica. 
Dolo – é a vontade livre e consciente de entregar filho menor 
Expressão “deva saber” – para parte da doutrina dolo eventual, para outra “anômala previsão da figura culposa”. 
 
5) Consumação e tentativa. 
Consumação: no momento da entrega, mesmo que breve (245, caput) 
Obs.: no caso do art. 245, § 2º, com o auxílio dos atos praticados para enviar o menor ao exterior. 
Tentativa: admissível, embora dificílima. 
 
6) Classificação doutrinária: 
Crime Próprio – somente podem praticá-lo os genitores, salvo com caso do art. 245, §2º, CPB; 
Formal – não exige resultado naturalístico, ressalvado a modalidade do art. 245, §2º, que exige o envio do 
menor para o exterior, por tanto material; 
Doloso – não há previsão para a modalidade culposa, salvo a corrente que admite “anômala previsão culposa”; 
De forma livre – pode ser praticado de qualquer forma ou meio; 
Comissivo – vide núcleo verbal, admite-se a modalidade comissivo por omissão (omissivo impróprio); 
Instantâneo – sua consumação não se alonga no tempo; 
Unissubjetivo - pode ser praticado por apenas um agente; 
Plurissubsistente – pode ser desdobrado em vários atos. 
 
7) Forma qualificada (§ 1º): 
Há duas formas de qualificar o crime: 
(i) elemento subjetivo especial for obter lucro – o animus lucrandi deve ser o motivo propulsor da conduta; 
(ii) quando o filho é enviado para o exterior 
 
8) Pena e ação penal: 
Detenção de um a dois anos (caput). 
Forma qualificada: reclusão de um a quatro anos (§§ 1º e 2º). 
Ação penal pública incondicionada. 
Obs.: possibilidade de suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/95). 
 
 
ABANDONO INTELECTUAL 
Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária 
de filho em idade escolar: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
1) Objeto jurídico tutelado: 
(i) a instrução fundamental dos filhos menores, a educação; 
 
2) Sujeitos do crime: 
 Sujeito ativo: os pais do menor. 
 Obs.1: o tutor não se inclui no tipo penal, salvo través do concurso de pessoas. 
 Sujeito passivo: é o filho em idade escolar obrigatória (entre 07 e 14 anos). 
 
3) Tipo objetivo: adequação típica. 
A conduta típica do agente consiste em deixar de prover, providenciar a educação primária do seu filho. 
Elemento normativo do tipo: sem justa causa – deixar de prover sem justificativa. 
Causas que justificam: dificuldade de acesso às escolas, falta de escolas, além do grau de instrução nula ou 
rudimentar dos próprios pais. 
 
4) Tipo subjetivo: adequação típica. 
Dolo – é a vontade livre e consciente de deixar de prover a instrução primária do filho menor entre 7 e 14 anos. 
 
5) Consumação e tentativa. 
Consumação: 
(i) para parte da doutrina, o crime seria instantâneo, e estaria consumado momento em que os pais deixam de 
matricular o menor no estabelecimento de ensino. 
(ii) para outra parte da doutrina, o crime estaria consumado somente quando, por tempo juridicamente relevante, 
os pais não providenciarem a instrução fundamental do filho. 
Obs.: se o menor receber instrução em casa, o fato é considerado atípico. 
Tentativa, é inadmissível, pois se trata de crime omissivo próprio. 
 
6) Classificação doutrinária: 
Crime Próprio – somente podem praticá-lo os genitores, em conjunto ou isoladamente; 
Formal – não exige resultado naturalístico, ressalvado a modalidade do art. 245, §2º, que exige o envio do 
menor para o exterior, por tanto material; 
Doloso – não há previsão para a modalidade culposa; 
Formal – o crime resta consumado, independente de resultado naturalístico; 
De forma livre – pode ser praticado de qualquer forma ou meio; 
Omissivo – vide núcleo verbal; 
Para parte da doutrina: instantâneo, pois sua consumação não se alonga no tempo (Bitencourt), para outra parte, 
trata-se de crime permanente, e sua consumação se alonga no tempo (Nucci), a qual preferimos; 
Unissubjetivo - pode ser praticado por apenas um agente; 
 
7) Pena e ação penal: 
Pena alternativa de detenção de 15 dias a um mês ou multa. 
Ação penal pública incondicionada. 
Obs.: considera-se crime de menor potencial ofensivo, nos termos do art. 61, da Lei 9.099/95. 
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as 
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou 
não com multa. 
 
 
ABANDONO MORAL 
Art. 247 - Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a 
seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância: 
I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa 
viciosa ou de má vida; 
II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o 
pudor, ou participe de representação de igual natureza; 
III - resida ou trabalheem casa de prostituição; 
IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração 
pública: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
1) Objeto jurídico tutelado: 
(i) O bem jurídico tutelado é a formação e educação moral do menor, visando prevenir a delinquência juvenil; 
 
2) Sujeitos do crime: 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa a que o menor seja confiado, inclusive os pais, que o menor seja confiado. 
 Sujeito passivo: é o menor de 18 anos submetido ao poder ou confiado à guarda ou vigilância do agente. 
 
3) Tipo objetivo: adequação típica. 
A conduta típica do agente consiste em permitir que o menor de 18 anos, sujeito ao poder do agente ou confiado 
a sua guarda ou vigilância, realize qualquer das condutas previstas nos incisos I a IV. 
I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de má vida; 
- primeira parte habitualidade (cassinos, cabaré, etc); 
- segunda parte, convívio (contato habitual). 
 
II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de igual 
natureza; 
- vide art. 240 do ECA; 
 
III - resida ou trabalhe em casa de prostituição; 
- o filho da meretriz não pode com ela morar no local ou casa onde exerce o comércio carnal; 
 
IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública (campaixão pública): 
 
Obs.1: o comparecimento uma ou outra vez no local proibido é insuficiente para configurar o verbo frequentar, 
o qual tem o sentido de habitualidade; 
Obs.2: para a configuração da conduta prevista nos incisos I e II, há a necessidade de reiteração; 
Obs.3: no caso da conduta do inciso IV, lembre-se que milhares de pessoas em nosso país, vivem em condição 
de miserabilidade, e a mendicância como forma de sobrevivência, não se adequa ao fato típico em análise; 
 
4) Tipo subjetivo: adequação típica. 
Dolo – é a vontade livre e consciente de permitir que o menor pratique uma das ações previstas no tipo penal. 
Obs.: para o inciso IV, se exige o elemento subjetivo do tipo (para o fim de exercitar a comiseração pública). 
 
5) Consumação e tentativa. 
Consumação: 
(i) quando o menor pratica quaisquer das condutas previstas, no caso de permissão anterior; 
(ii) se a permissão for posterior a prática, a consumação dá-se com o assentimento. 
Para parte da doutrina, a tentativa é inadmissível, pois se trata de crime omissivo próprio (CAPEZ). Contudo, há 
quem defenda a possibilidade de tentativa, no caso de permissão anterior (Bitencourt). 
 
6) Classificação doutrinária: 
Crime Próprio – qualidade especial do agente; 
Formal – não exige resultado naturalístico; 
Doloso – não há previsão para a modalidade culposa; 
De forma livre – pode ser praticado de qualquer forma ou meio; 
Omissivo ou comissivo – conforme o caso concreto; 
Instantâneo – sua consumação não se alonga no tempo; 
Unissubjetivo - pode ser praticado por apenas um agente; 
 
7) Pena e ação penal: 
Pena alternativa de detenção de um a três meses ou multa. 
Ação penal pública incondicionada. 
Obs.: considera-se crime de menor potencial ofensivo, nos termos do art. 61, da Lei 9.099/95. 
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as 
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou 
não com multa. 
 
 
CAPÍTULO IV 
DOS CRIMES CONTRA O PÁTRIO PODER, TUTELA CURATELA 
 
INDUZIMENTO A FUGA, ENTREGA ARBITRÁRIA OU 
SONEGAÇÃO DE INCAPAZES 
Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a fugir do 
lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele exerce 
autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a 
outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de 
dezoito anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo 
a quem legitimamente o reclame: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
 
1) Objeto jurídico tutelado: 
(i) Os bens jurídicos tutelados são o pátrio poder (hoje poder familiar), a tutela ou curatela; 
Poder familiar: arts. 1.630 a 1.638, CC; 
Tutela: arts. 1.728 a 1.766, CC; 
Curatela: arts. 1.767 a 1.783, CC. 
 
2) Sujeitos do crime: 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa; 
 Sujeito passivo: (i) são aqueles que detêm o direito/dever de exercer o poder familiar, tutela ou curatela 
(pais, tutor, curador), e (ii) o menor de 18 anos e o interdito. 
 Obs.: o pródigo não pode ser sujeito passivo, mesmo interditado, pois a curatela diz respeito somente aos 
bens, e não a sua pessoa. 
 
3) Tipo objetivo: adequação típica (3 modalidades de conduta). 
(i) Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinação de quem 
sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial. 
Obs.1: Deve ser no sentido de que o menor escape por seus próprios meios. 
Obs.2: Para parte da doutrina não basta o induzimento, é necessário a fuga (exige-se resultado naturalístico), 
contudo para outra corrente, o mero induzimento já configura o crime, desde que suficiente para formar opinião 
do menor ou interdito; 
Obs.3: Se o indivíduo for maior de 18 anos, louco, débil mental, sem estar interditado, não se configura o delito. 
 
(ii) confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de dezoito anos ou interdito. 
Obs.1: exemplo, o diretor de um colégio, sem autorização do responsável, entrega o menor ou interdito a 
outrem; 
Obs.2: quem recebe o menor, ciente de que a entrega é arbitrária, também responderá pelo crime: 
 
(iii) deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente o reclame. (Sonegação de Incapaz). 
Elemento normativo: sem justa causa. 
 
4) Tipo subjetivo: adequação típica. 
Dolo – é a vontade livre e consciente de praticar uma da ações previstas do tipo. 
Obs.: não há elemento subjetivo do tipo. 
 
5) Consumação e tentativa. 
(i) induzir a fugir – consuma-se com a efetiva fuga, e a tentativa é possível quando o incapaz é impedido de 
fugir; 
(ii) confiar a outrem – consuma-se quando o menor ou interdito é entregue a outrem, e a tentativa é possível. 
(iii) deixar de entregar – consuma-se no momento da recusa do agente, sem justa causa, em devolver o 
incapaz. Trata-se de crime permanente. Obs.: por se tratar de crime omissivo puro, a tentativa não é possível. 
 
6) Classificação doutrinária: 
Comum – não exige qualidade especial do agente; 
Formal – não exige resultado naturalístico; 
Doloso – não há previsão para a modalidade culposa; 
De forma livre – pode ser praticado de qualquer forma ou meio; 
Omissivo (induzir, confiar) ou comissivo (deixar de entregar) – conforme o caso concreto; 
Instantâneo (induzir, confiar) – sua consumação não se alonga no tempo; 
Permanente (deixar de entregar) – sua consumação pode se alonga no tempo; 
 
7) Pena e ação penal: 
Pena alternativa de detenção de um mês ou multa. 
Ação penal pública incondicionada. 
Obs.: considera-se crime de menor potencial ofensivo, nos termos do art. 61, da Lei 9.099/95. 
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as 
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou 
não com multa. 
 
 
SUBTRAÇÃO DE INCAPAZES 
Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de 
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial: 
Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui 
elemento de outro crime. 
§ 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do 
interdito não o exime de pena, se destituído ou temporariamente 
privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda. 
§ 2º - No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não 
sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena. 
 
1) Objeto jurídico tutelado: 
(i) Os bens jurídicos tutelados sãoo pátrio poder (hoje poder familiar), a tutela ou curatela; 
Poder familiar: arts. 1.630 a 1.638, CC; 
Tutela: arts. 1.728 a 1.766, CC; 
Curatela: arts. 1.767 a 1.783, CC. 
 
2) Sujeitos do crime: 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa; 
 Sujeito passivo: são os pais, tutores ou curadores, e o incapaz subtraído. 
 
3) Tipo objetivo: adequação típica. 
A conduta típica consiste em subtrair o incapaz do poder, guarda ou vigilância de quem de direito. 
Obs.: se o indivíduo for maior de 18 anos ou louco ou débil mental, sem está interditado, não se configura o 
delito. 
 
4) Tipo subjetivo: adequação típica. 
Dolo – é a vontade livre e consciente de subtrair...ciente de que encontra-se sob o poder de outrem. 
 
5) Consumação e tentativa. 
Consuma-se com a subtração, mesmo que o agente não tenha a posse tranquila. 
A tentativa é possível. 
 
6) Perdão judicial (§ 2º): 
No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode deixar 
de aplicar pena. 
 
7) Classificação doutrinária: 
Comum – não exige qualidade especial do agente; 
Formal – não exige resultado naturalístico de efetiva privação pode poder familiar, tutela ou curatela; 
Doloso – não há previsão para a modalidade culposa; 
De forma livre – pode ser praticado de qualquer forma ou meio; 
Comissivo (subtrair) – sendo possível comissivo por omissão; 
Instantâneo – sua consumação não se alonga no tempo; 
 
8) Pena e ação penal: 
Pena de detenção de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime. 
Ação penal pública incondicionada. 
Obs.: considera-se crime de menor potencial ofensivo, nos termos do art. 61, da Lei 9.099/95. 
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as 
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou 
não com multa.

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