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1 Régis Gonçalves Pinheiro Penal III – Parte Especial Nota de Aula nº 06 TÍTULO X – DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA FÉ PÚBLICA: - interesse que a lei deve proteger; - necessidade para a vida em sociedade; - presunção de veracidade dos documentos; CRIME DE FALSO: - é caracterizado pela violação da fé pública; Crimes de Falso Dolo (não existe nenhum crime de falso punido a título de culpa) + Imitação da verdade (alteração da verdade ou imitação da verdade propriamente dita) + Dano potencial (não necessariamente patrimonial e idoneidade da imitação da verdade) Obs.1: a imitação da verdade por ser realizada de duas formas: - alteração da verdade: é a mudança do verdadeiro, altera-se o conteúdo do documento ou moeda verdadeira; - imitação da verdade propriamente dita: o agente cria documentos ou moeda falsos, formando-os ou os fabricando; Obs.2: a concretização da imitação da verdade pode ser realizada da seguinte forma: - contrafação (fabricação): consiste em criar materialmente uma coisa semelhante a verdadeira; - alteração: é a transformação da coisa verdadeira, de forma a representar algo diverso da situação original; - supressão: equivale a destruir ou ocultar a coisa ou objeto, para que a verdade não apareça; - simulação: é a falsidade ideológica, relativa ao conteúdo do documento, pois os eu aspecto exterior ou formal permanece autêntico; - uso: é a utilização da coisa falsificada. Obs.3: somente há dano potencial, e consequentemente crime de falso, se o documento falsificado é capaz de enganar pessoas em geral. FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA Centro de Ciências Jurídicas – CCJ Curso de Direito 2 Obs.4: no caso de uma falsificação grosseira, que não consegue iludir pessoas em geral, mas que eventualmente engana uma pessoa, configura-se crime de estelionato; Obs.5: também não há dano potencial, se o documento falsificado é manifestamente nulo, como por exemplo escritura pública de venda de terreno em marte. ESPÉCIES DE FALSIDADE: Falsidade Material ≠ Falsidade Ideológica ≠ Falsidade Pessoal Incidência Sobre a coisa Sobre o conteúdo do documento Sobre a qualificação pessoal Imitação da verdade Por meio de contrafação, alteração ou supressão Por meio de simulação Por meio da atribuição de dados falsos CAPÍTULO I – DA MOEDA FALSA MOEDA FALSA Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. Objeto material: Moeda Metálica Papel Moeda Em curso legal no País ou estrangeiro Cheques de viagem? Padrão monetário já extinto? OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Princípio da Insignificância (causa supralegal de exclusão da tipicidade) x Papel Moeda de valor ínfimo? 3 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa; Sujeito Passivo: a coletividade 03) Tipo Objetivo: Adequação típica O Crime consiste em falsificar (imitar, reproduzir) fraudulentamente o objeto verdadeiro de forma que cause engano. Obs.1: A falsificação pode ocorrer através da contrafação (fabricação) ou alteração; Obs.2: É da essência do crime, que a falsificação se apta a iludir a vítima; Obs.3: FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA – perceptível a olho nu- crime impossível (art. 17, CP), mas pode ser usada no crime de estelionato; Obs.4: COMPETÊNCIA art. 289, CP? Obs.5: Competência falsificação grosseira – estelionato? 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – vontade livre e consciente de falsificar a moeda metálica ou papel-moeda, fabricando-a ou alterando. Obs.: não se exige a finalidade específica de obtenção de lucro ou de colocar a moeda em circulação; 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a falsificação mediante o processo de fabricação ou alteração da moeda metálica ou papel-moeda. Obs.1: para a consumação falsificação tem que ser apta a enganar o homem médio; Obs.2: crime FORMAL – não é necessário prejuízo a terceiros; Obs.3: crime que deixa vestígios – necessidade de perícia – art. 158, CPP; A tentativa é possível. Obs.1: no caso da agente desistir da falsificação, pode responder pelo art. 291, CP (petrechos para fabricação de moeda) 06) Formas Simples (caput) Equiparada (§ 1º) § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. Obs.: crime de ação múltipla ou conteúdo variado Privilegiada (§ 2º) § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Obs.1: é pressuposto desse delito a boa-fé; Obs.2: o agente tem que ter certeza da falsidade, não se admite o dolo eventual; 4 Qualificada (§§ 3º e 4º) § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. Obs.1: trata-se de crime próprio; Obs.2: fatos atípicos: i) peso superior; ii) emissão papel-moeda em quantidade inferior; iii) emissão de moeda-metálica em quantidade superior. § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. 07) Classificação doutrinária Crime: comum; formal; perigo concreto; instantâneo; comissivo; unissubjetivo; plurissubsistente. 08) Ação Penal Pública incondicionada. Competência Justiça Federal. 5 CRIMES ASSIMILADOS AO DE MOEDA FALSA Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. Objeto material: Cédula Nota Bilhete Representativo da moeda 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa; Sujeito Passivo: o Estado, a coletividade 03) Tipo Objetivo: Adequação típica Crime de ação múltipla ou conteúdo variado i) Formar cédula,nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros Cria-se um novo e falso papel-moeda, partindo-se de fragmentos imprestáveis de outro ii) Suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização O sujeito elimina do papel-moeda a informação de que foi retirada de circulação iii) Restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições (i e ii acima), ou já recolhidos para o fim de inutilização O comportamento criminoso limita-se à colocação do papel-moeda em circulação. Obs.: não há emprego de fraude no papel-moeda. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Modalidade Adequação típica subjetiva FORMAR e RESTITUIR (i e iii) Dolo – vontade livre e consciente de realizar as ações incriminadas; SUPRIMIR (ii) Dolo – vontade livre e consciente de realizar a ação incriminada + elemento subjetivo do tipo, consistente na vontade de restituir à circulação. 05) Consumação e Tentativa 6 MODALIDADE CONSUMAÇÃO TENTATIVA Formar Consuma-se com a formação do dinheiro, desde que idônea a iludir a coletividade; Possível Suprimir Consuma-se com a supressão do sinal indicativo de inutilização. Possível Restituir Consuma-se com a circulação do papel-moeda que foi formado com fragmentos de cédulas verdadeiras ou que teve o sinal indicativo de sua inutilização suprimido ou que simplesmente foi recolhido. Possível 06) Formas Simples (caput) Qualificada (parágrafo único) Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo. Obs.1: trata-se de crime próprio; 07) Classificação doutrinária Crime: comum; formal; perigo concreto; instantâneo; comissivo; unissubjetivo; plurissubsistente. 08) Ação Penal Pública incondicionada. Competência Justiça Federal. 7 PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Criminalização de atos preparatórios. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa; Sujeito Passivo: o Estado, a coletividade 03) Tipo Objetivo: Adequação típica Crime de ação múltipla ou conteúdo variado As condutas são as seguintes: FABRICAR (criar, produzir), ADQUIRIR (obter), FORNECER (proporcionar, abastecer), a título oneroso ou gratuito, POSSUIR (ter a posse ou propriedade) ou GUARDAR (abrigar, proteger) maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda. (objeto material). Obs.: a expressão “especialmente” – exige uma interpretação restritiva. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – é a vontade livre e consciente de praticar uma das ações típicas, ciente de que os objetos se destinam, especialmente, a falsificação de moeda. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a fabricação, aquisição, fornecimento, posse ou guarda do objeto destinado à falsificação de moeda. Obs.: para a consumação, não é necessário que o agente falsifique, e se falsificar, o crime em análise será absolvido pelo crime de moeda falsa. A tentativa é possível, mas na modalidade fornecer é de difícil ocorrência. 06) Classificação doutrinária Crime: comum; formal; instantâneo (fabricar, adquirir e fornecer) e permanente (possuir e guardar); comissivo; unissubjetivo; plurissubsistente. 07) Ação Penal Pública incondicionada. Competência Justiça Federal. 8 EMISSÃO DE TÍTULO AO PORTADOR SEM PERMISSÃO LEGAL Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa; Sujeito Passivo: o Estado, a coletividade 03) Tipo Objetivo: Adequação típica Consubstancia-se no verbo EMITIR (colocar em circulação), nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago (objeto material) SEM PERMISSÃO LEGAL (elemento normativo do tipo). 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – é a vontade livre e consciente de emitir o título, ciente de que não possui permissão legal para que ele circule. 05) Consumação e Tentativa Crime Formal. Consuma-se com a emissão do título ao portador, com a colocação deste em circulação, independentemente da causação de qualquer prejuízo a alguém. Obs.1: não basta a mera criação do título, sendo necessária sua efetiva entrega a terceiro, ou seja, sua circulação. A tentativa é possível. 06) Formas Simples (caput) Privilegiada (parágrafo único) Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa. 07) Classificação doutrinária Crime: comum; formal; instantâneo; comissivo; unissubjetivo; plurissubsistente. 08) Ação Penal Pública incondicionada. Competência Justiça Federal (art. 109, IV, CF/88). 9 CAPÍTULO II - DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS FALSIFICAÇÃO DE PAPÉIS PÚBLICOS Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; III - vale postal; IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público; V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável; VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município: (OBJETO MATERIAL) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1º Incorre na mesma pena quem: I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo; II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário; III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. § 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificadosou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 5º - Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa; Sujeito Passivo: a coletividade 03) Tipo Objetivo: Adequação típica 10 O Crime consiste em falsificar (imitar, reproduzir) fraudulentamente o objeto verdadeiro de forma que cause engano. Obs.: A falsificação pode ocorrer através da contrafação (fabricação) ou alteração (alteração para que aparente valor maior) do papel público; 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – vontade livre e consciente de falsificar os papéis públicos elencados no tipo penal. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a falsificação mediante o processo de fabricação ou alteração do papel público. A tentativa é possível. 06) Formas Simples (caput) (§ 1º) Uso de papéis públicos falsificados Figura Equiparada § 1º - Incorre na mesma pena quem: I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo; Trata-se de conduta posterior à falsificação dos papéis públicos, realizada por pessoa diversa do falsário. Se o falsário praticar qualquer das condutas acima previstas, responderá somente pela falsificação. (post factum impunível) II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário; III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. Obs.1: Além do dolo + elemento subjetivo específico: em proveito próprio ou alheio; Obs.2: crime próprio; Obs.3: na alínea b norma penal em branco. (§ 2º) Supressão de carimbo ou sinal de inutilização de papéis § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 11 públicos Obs.1: Além do dolo + elemento subjetivo específico: com o fim de torná-los novamente utilizáveis. (§3º) Uso de papéis públicos com carimbo ou sinal de inutilização suprimidos § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. Obs.: post factum impunível em relação ao parágrafo anterior (§2º) (§4º) Restituição à circulação Figura privilegiada § 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa- fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Obs.1: é pressuposto desse delito a boa-fé; Obs.2: o agente tem que ter certeza da falsidade, não se admite o dolo eventual; Qualificada Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. Obs.: para a incidência da qualificadora, não basta que o sejeito ativo seja funcionário público, é necessário que ele efetivamente se prevaleça do cargo para a prática do delito 07) Classificação doutrinária Crime: comum; formal; instantâneo; comissivo; unissubjetivo; plurissubsistente. 08) Ação Penal Pública incondicionada. Competência Estadual, mas se a emissão do papel for da União, Justiça Federal. 12 PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Criminalização de atos preparatórios. Aplicam-se os comentários ao art. 291. 13 CAPÍTULO III - DA FALSIDADE DOCUMENTAL FALSIFICAÇÃO DO SELO OU SINAL PÚBLICO Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: (OBJETO MATERIAL) Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1º - Incorre nas mesmas penas: I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa; Sujeito Passivo: a coletividade 03) Tipo Objetivo: Adequação típica O Crime consiste em falsificar fraudulentamente selo ou sinal público verdadeiro. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – vontade livre e consciente de falsificar selo ou sinal público, mediante sua fabricação ou alteração, ciente de que ele se destina a autenticar documentos oficiais do Estado. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a efetiva falsificação do selo ou sinal público. A tentativa é possível. 06) Formas Simples (caput) Equiparada (§ 1º) § 1º - Incorre nas mesmas penas: I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; Obs.: Em relação ao caput pode constituir post factum não punível. II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. Obs.: Há entendimento do STJ, de que se trata de crime de mera 14 conduta, não exigindo efetivo prejuízo a terceiro. III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. Majorada (§ 2º) § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. Obs.: não basta que o agente seja funcionário público, sendo necessário que o cargo lhe haja proporcionado facilidade ou ocasião para tal prática. 07) Classificação doutrinária Crime: comum; formal; instantâneo; comissivo; unissubjetivo; plurissubsistente. 08) Ação Penal Pública incondicionada. 15 FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. § 3º - Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que nãopossua a qualidade de segurado obrigatório; II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. § 4º - Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa; Sujeito Passivo: a coletividade 03) Tipo Objetivo: Adequação típica O Crime consiste em falsificar, no todos ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro. Obs.1:Elemento normativo do tipo e objeto material do crime = documento público Obs.2: Conceito de Documento público: a) documento formal e substancialmente público: o documento, na hipótese, é formado, criado, emitido por funcionário público, no exercício de suas atribuições legais, além do que seu conteúdo é relativo a questões de natureza pública. b) documento formalmente público, mas substancialmente privado: o documento, na hipótese, é formado, criado, emitido por funcionário público, mas o seu conteúdo é relativo a interesses particulares. Ex.: escritura pública de transferência de propriedade imóvel. Obs.3: são considerados documentos públicos: a) o original: é o documento em sua forma genuína; b) a cópia: é a reprodução do documento original: - traslado; 16 - certidão. c) documento emitido por autoridade estrangeira; d) os documentos legalmente equiparados ao público. Obs.4: não são considerados documentos públicos: a) documento público escrito a lápis; b) o telegrama. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – vontade livre e consciente de falsificar ou alterar documento público verdadeiro. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a falsificação ou alteração do documento. Obs.: Não é necessário para a consumação, o uso do documento falsificado. A tentativa é possível. 06) Formas Simples (caput) Majorada (§ 1º) § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. Obs.: não basta que o agente seja funcionário público, sendo necessário que o cargo lhe haja proporcionado facilidade ou ocasião para tal prática. Equiparada § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. § 3º - Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. § 4º - Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. 07) Classificação doutrinária Crime: comum; formal; instantâneo; comissivo; unissubjetivo; plurissubsistente. 17 08) Concurso de crimes: a) falso documental e estelionato: (princípio da consunção – súmula 17 STJ - Estelionato - Potencialidade Lesiva - Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.) b) falso documental e uso (art. 304, CP): post factum não punível. c) falso documental praticado para encobrir outro crime: material (crimes autônomos e objetos jurídicos diferente). d) falso documental e sonegação fiscal. 09) Ação Penal Pública incondicionada. 18 FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Falsificação de cartão Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a fé pública. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa; Sujeito Passivo: a coletividade 03) Tipo Objetivo: Adequação típica O Crime consiste em falsificar, no todos ou em parte, documento particular, ou alterar documento particular verdadeiro. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – vontade livre e consciente de falsificar ou alterar documento partcular verdadeiro. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a falsificação ou alteração do documento. Obs.: Não é necessário para a consumação, o uso do documento falsificado. A tentativa é possível. 06) Formas Simples (caput) Equiparada Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito. 07) Classificação doutrinária Crime: comum; formal; instantâneo; comissivo; unissubjetivo; plurissubsistente. 08) Concurso de crimes: a) falso documental e estelionato: (súmula 17 STJ) b) falso documental e uso (art. 304, CP): post factum não punível. c) falso documental praticado para encobrir outro crime: material (crimes autônomos e objetos jurídicos diferente). d) falso documental e sonegação fiscal. 09) Ação Penal Pública incondicionada.
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