Buscar

Texto 4 TGDPub

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TGDPub
Capítulo IV
O Estado é uma pessoa jurídica.
Estado – maneja o poder político, cujo exercício é regido por normas de direito público.
O que é uma pessoa jurídica?
Pessoa jurídica é espécie do gênero pessoa.
Normas jurídicas = regras determinando as condutas dos indivíduos.
	Diante de uma norma, sempre há alguém obrigado a cumpri-la e alguém que pode exigir seu cumprimento. O obrigado pela norma tem um dever: está vinculado a realizar a ação por ela exigida. O beneficiado tem um direito: a faculdade de exigir a prestação do outro.
Relação jurídica = ligação, vínculo, entre o titular do direito e o devedor, estabelecida pela norma.
Sujeito passivo – titular do dever
Sujeito ativo – titular do direito
Pessoa, para o ordenamento jurídico, é um conjunto de direitos e deveres.
Direito = conjunto de normas jurídicas.
Normas jurídicas = regras que se destinam a dispor como as coisas devem ser.
	O Direito não descreve a realidade: quer interferir nela, dispondo como deve ser: mundo do ser (da natureza) X mundo do dever-ser (das normas).
	Ser pessoa ou ter personalidade jurídica é o mesmo que ter deveres jurídicos e direitos subjetivos. A pessoa, como suporte de deveres jurídicos e direitos subjetivos, não é algo diferente dos deveres jurídicos e dos direitos subjetivos dos quais ela se apresenta como portadora.
	“A pessoa física ou jurídica que tem deveres jurídicos e direitos subjetivos é estes deveres e direitos subjetivos, é um complexo de deveres jurídicos e direitos subjetivos cuja unidade é figurativamente expressa no conceito de pessoa. A pessoa é tão-somente a personificação desta unidade.” – Kelsen
Pessoa no sentido jurídico = centro, unidade, conjunto de direitos e deveres.
	Ao reconhecer a certo ente a qualidade de centro de direitos e deveres, o ordenamento jurídico lhe outorga personalidade jurídica. A personalidade jurídica é produzida pelas normas jurídicas.
Pessoa, no sentido jurídico, não precisa corresponder a nenhuma realidade física, material.
	É possível ao Direito tomar como centro de direitos e deveres outras realidades que não o ser humano.
Exemplo: fundações.
Os indivíduos são pessoas físicas. As empresas, associações, fundações, são pessoas jurídicas. Em ambos os casos, temos pessoas porque o Direito outorga personalidade jurídica, cria centros de direitos e deveres.
A pessoa jurídica inexiste na natureza, mas a pessoa física também não. Pessoa física é conceito jurídico. O que existe no mundo do ser é o homem, que terá ou não personalidade jurídica, dependendo do que dispuser o Direito.
O Direito regula apenas comportamentos humanos. Ocorre, entretanto, que às vezes o faz diretamente, às vezes, indiretamente.
Temos uma pessoa física quando, diante de uma norma jurídica, sabemos imediatamente qual é o ser humano cujo comportamento está sendo regulado. Há pessoa física quando, ante uma norma conferindo direitos ou deveres, podemos identificar diretamente o ser humano que é o destinatário do comando.
Temos uma pessoa jurídica quando, diante norma jurídica que confere direitos e deveres, apenas sabemos qual o comportamento a ser realizado, mas não identificamos diretamente o homem obrigado a realiza-lo. Temos pessoa jurídica quando a norma nos permite conhecer o elemento material da conduta, mas, para apontarmos o elemento pessoal da conduta, necessitamos recorrer a outra norma jurídica.
	Pessoa física é o centro de direitos e deveres referido a um ser humano, cujo comportamento é diretamente regulado pela norma, e pessoa jurídica é o centro de direitos e deveres regulado pela norma, e pessoa jurídica é o centro de direitos e deveres referido a um estatuto.
	A pessoa jurídica, vista internamente, não passa de um conjunto de normas jurídicas: as normas que definem os seres humanos que realizarão os comportamentos impostos pelo Direito à pessoa jurídica.
	O Estado é titular de direito e de deveres. Logo, o Estado é um centro unificador de direitos e deveres. Perante o Direito, é uma pessoa. Se fosse possível espiar dentro do Estado, veríamos ser ele um conjunto de normas de organização de trabalho. Logo, o Estado é uma pessoa jurídica.
Reconhecer ao Estado condição de pessoa jurídica:
Inicialmente, ele é pessoa – um centro de direitos e deveres.
Quando o Estado se envolver em relações jurídicas, titularizando direitos ou contraindo deveres, só saberemos quem é o ser humano cujo comportamento será sendo vinculado se consultarmos outras normas: as de organização deste centro unificador de direitos e deveres a que chamamos de Estado.
O Estado é uma corporação, isto é, uma comunidade que é constituída por uma ordem normativa que institui órgãos funcionando segundo o princípio da divisão do trabalho. O de Kelsen se refere apenas àquelas normas, semelhantes às contidas no estatuto de uma empresa, que organizam internamente um centro de direitos e deveres (uma pessoa).
Personalidade jurídico-constitucional do Estado
Se o Estado é pessoa jurídica, quem lhe conferiu personalidade, quem lhe atribuiu direitos e deveres?
A personalidade jurídica do Estado é conferida pela Constituição. A Constituição decidiu criar uma pessoa jurídica para exercer certos poderes: criou o Estado brasileiro.
Ficaram superadas, com a implantação do Estado de Direito, as lições de juristas antigos no sentido de que o Estado jamais poderia ser pessoa jurídica, pois, sendo o criador do Direito, não poderia ele próprio ser criatura do Direito, ou, em outras palavras, uma criatura de si próprio. O Estado não exerce um poder soberano, no sentido de “poder sem limites jurídicos”. As competências do Estado são limitadas pelas normas constitucionais que as outorgavam. Poder soberano, quem exerce é, exclusivamente, o Constituinte.
Decorre disso que a personalidade jurídica do Estado lhe é atribuída pela Constituição. Logo, é uma personalidade jurídico-constitucional.
A personalidade jurídica dos homens que vivem no Brasil também é conferida pela Constituição. A carta de 1988 conferiu direitos a todos os homens.
A personalidade jurídica dos residentes no Brasil também lhes é atribuída pela Constituição: é uma personalidade jurídico-constitucional.
O Estado e o homem são iguais: ambos retiram suas personalidades do Direito, da Constituição; ambos se relacionam exclusivamente nos termos do Direito, que os criou como pessoas. Para negar os direitos dos indivíduos, o Estado precisaria negar a Constituição; tendo sido criado pela Constituição, o Estado, ao negar os direitos individuais negaria a si próprio.
Personalidade de direito público
O Estado é pessoa jurídica de direito público, enquanto a sociedade comercial, por exemplo é pessoa jurídica de direito privado.
A pessoa de direito público é aquela cuja organização e relações com terceiros são regidas por normas de direito público, enquanto a de direito privado tem sua estrutura e relações com suas semelhantes estabelecidas em normas de direito privado.
Quais são as características das normas de direito público que as diferem das normas de direito privado?
As normas de direito público outorgam ao ente incumbido de cuidar do interesse público (o Estado) posição de autoridade nas relações jurídicas que trave. Expressa-se no poder de impor deveres ao outro sujeito, independentemente da concordância deste. A relação jurídica de direito público é vertical: um sujeito se situa em posição mais elevada do que o outro.
Poder extroverso = espécie de poder, consistente na possibilidade de obrigar unilateralmente a terceiros.
	Já as normas de direito privado regulam as relações jurídicas de que tratam em termos de igualdade. Entre particulares, quando cuidam de seus interesses individuais, os deveres só nascem, de regra, pelo consentimento, é dizer, pela concordância de ambas as partes envolvidas na relação. A relação jurídica de direito privado é horizontal, situando-se os sujeitos no mesmo plano: nenhum tem poderes para, unilateralmente, impor obrigações ao outro; os sujeitos só dispõem de poder interno.
	Direito público
	Direitoprivado
	Interesses públicos
	Interesses individuais
	Autoridade
	Igualdade
	Relação vertical
	Relação horizontal
	Poder extroverso
	Poder interno
	Ato unilateral
	Ato bilateral
	Pessoas de direito público cuidam de interesses públicos, estabelecendo – através de atos unilaterais, praticados no uso de poder extroverso – relações jurídicas verticais, em que comparecem como autoridade, de modo a criar deveres para os particulares. Já as pessoas de direito privado cuidam de seus interesses particulares, estabelecendo com terceiros – por meio de contratos, travados no uso de seu poder interno – relações jurídicas horizontais onde comparecem em posição de igualdade.
Relacionamento externo do Estado
	O Estado, ao mesmo tempo em que é pessoa pública no direito interno, também o é no direito externo.
	O objeto das normas de direito público externo é o relacionamento entre Estados. Cada um deles se apresenta, na ordem internacional, como soberano, isto é, não vinculado a um poder superior.
	Como todos os Estados são, na ordem internacional, soberanos, impera a mais absoluta igualdade jurídica entre eles. Decorre disso que os direitos e deveres na órbita externa, gerados nas relações entre Estados, não provêm de qualquer poder extroverso – ao contrário do que sucede com cada Estado, em suas relações nacionais. Na ordem internacional, os Estados se obrigam por mútuo consentimento, por sua livre vontade, nunca por imposição de outrem.
	Não há na ordem internacional – ao contrário da ordem interna de cada país – um poder que, sendo superior ao dos Estados, possa executar as sentenças da Corte em relação a eles.
	A pessoa Estado, quando trava relações internacionais, apresenta-se como representante da ordem jurídica nacional, que, esta, sim – encimada pela Constituição -, é soberana.
	Isso também não significa que, ao travar relações com seus pares na ordem internacional, a pessoa Estado se livre das limitações que seu direito nacional lhe impõe e que o perseguem sempre que atua internamente. Em caso de inobservância desses termos, limites e condições, o direito interno não reconhecerá o tratado como válido, como obrigando a soberania brasileira.
Descentralização política e administrativa do Estado
A República Federativa do Brasil, representada pelo Presidente da República, apresenta-se na órbita internacional como uma unidade, isto é, como pessoa jurídica una, no âmbito interno ela se desdobra em múltiplas pessoas jurídicas.
O Estado exerce as funções legislativa, administrativa e jurisdicional.
Legislar = inovar originalmente na ordem jurídica, isto é, criar para as pessoas, em aplicação da Constituição, direitos e deveres anteriormente inexistentes.
Administrar = aplicar a lei de ofício, isto é, aplicar a lei independentemente de provocação de qualquer pessoa.
Julgar = aplicar a lei ao caso concreto conflituoso, sob provocação do interessado e com efeitos definitivos.
Pessoa política = pessoa de direito público que tem capacidade para legislar. São, no Brasil, quatro: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
	Pessoa administrativa é a pessoa de direito público criada como descentralização de pessoa política, com capacidade exclusivamente administrativa.

Outros materiais