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Fase III Arbitragem Unisinos

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS 
UNISINOS ARBITRATION TEAM 
CURSO DE DIREITO 
PROCESSO SELETIVO – FASE III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CANDIDATA 
VANESSA DE MOURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO LEOPOLDO 
2018 
QUESTÃO ESCOLHIDA 
Mérito 
5. Quais são os requisitos para a revisão/repactuação contratual? 
 
A constituição federal em seu art. 37, XXI, assegura a garantia das propostas, com a cláusula do 
equilíbrio econômico-financeiro. Quando falamos em adequação financeira, não estamos fazendo 
referencia apenas a mantença ordinária do contrato pactuado, mas também, visar de forma necessária 
a garantia das partes diante de situações extraordinárias. 
Significa dizer que as partes ao firmarem a relação contratual, tem de forma igualitária o 
interesse em manter equilíbrio econômico-financeiro durante toda a sua vigência. 
Por esta linha, o entendimento majoritário é de que sempre irá prevalecer o “Ajuste” 
contratual, e não a rescisão do instrumento, visando sempre reestabelecer a adequação financeira. 
Deste modo, observa-se que o equilíbrio econômico-financeiro é uma vertente em todo o contrato, 
devendo ser observado de forma fundamental e essencial pelos acordantes. Assegurando o princípio da 
segurança contratual, torna-se primordial, como garantia das partes, a mantença da equação financeira 
do ajuste. Este é o entendimento de José Dos Santos Carvalho Filho (CARVALHO FILHO, 2010, P. 216), 
“o efeito principal desse verdadeiro postulado contratual é o de propiciar às 
partes a oportunidade de restabelecer o equilíbrio toda vez que de alguma 
forma mais profunda for ele rompido ou, quando impossível o 
restabelecimento, ensejar a própria rescisão do contrato”.
1
 
Com relação aos contratos administrativos, por exemplo, o art. 58, § 2º, da Lei 8.666/93 dispõe 
que, na hipótese de modificação unilateral do contrato para melhor adequá-lo às finalidades de 
interesse público, as cláusulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se 
mantenha o equilíbrio da relação contratual. 
Já a repactuação de preços consiste em hipótese especial de reajustamento. Aplica-se tal 
instituto somente aos contratos de serviços contínuos, visando-se a recuperar os valores contratados 
diante de defasagem provocada pela inflação. 
Aqui cabe ressaltar que isso não se vincula a um índice específico de correção, mas 
simplesmente à variação de custos do contrato. Nos demais casos, para ocorrer a repactuação, é 
necessário o prazo mínimo de um ano da data da proposta ou da data do orçamento a que a proposta 
se referir. 
A repactuação encontra-se fundamentada no DECRETO No 2.271, DE 7 DE JULHO DE 1997. 
” Art . 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a 
prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que 
previsto no edital, admitir repactuação visando a adequação aos novos preços 
de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a demonstrarão 
analítica da variação dos componentes dos custos do contrato, devidamente 
justificada.
2
 
 
1
 Carvalho Filho, José Dos Santos (CARVALHO FILHO, 2010, P. 216). 
 
2
 DECRETO No 2.271, DE 7 DE JULHO DE 1997 
 Parágrafo Único. Efetuada a repactuação, o órgão ou entidade divulgará, 
imediatamente, por intermédio do Sistema Integrado de Administração de 
Serviços Gerais - SIASG, os novos valores e a variação ocorrida.” 
Essa fundamentação estende-se pela Instrução Normativa do Maré n° 18/97, que complementa: 
“7. DA REPACTUAÇÃO DOS CONTRATOS. 
 
7.1 Será permitida a repactuação do contrato, desde que seja observado o 
interregno mínimo de um ano, a contar da data da proposta, ou da data do 
orçamento a que a proposta se referir, ou da data da última repactuação; 
7.2. Será adotada como data do orçamento a que a proposta se referir, a data 
do acordo, convenção, dissídio coletivo de trabalho ou equivalente, que 
estipular o salário vigente à época da apresentação da proposta, vedada a 
inclusão, por ocasião da repactuação, de antecipações e de benefícios não 
previstos originariamente. 
7.3. A repactuação será precedida de demonstração analítica do aumento dos 
custos, de acordo com a Planilha de Custos e Formação de Preços referida no 
subitem 1.1.5..”
3
 
Ainda, quanto a repactuação estiver relacionada a preço existem algumas características 
importantes a serem observadas, como por exemplo o fato de que decorre de fatos previsíveis e é uma 
espécie especial de reajuste de preços, além de que aplica-se somente aos contratos cujo objeto seja a 
prestação de serviços contínuos e necessita de prévia previsão editalícia e contratual, e observar os 
critérios estabelecidos na Lei nº 8.666/93, e observar o interregno mínimo de 1 (um) ano da data da 
proposta ou da data do orçamento a que a proposta se referir, também visa a recompor a corrosão da 
moeda decorrente de efeitos inflacionários e vincula-se à demonstração analítica da variação de custos 
do contrato 
Como vimos, um dos princípios basilares da repactuação é a garantia do equilíbrio-financeiro 
contratual, diante disto, existem alguns fenômenos que são capazes de desestabilizar este principio, tais 
como fatos da administração, caso fortuito, força maior, interferências imprevistas, entre outros, e por 
se tratarem justamente de eventos alheios a vontade das partes, na maioria da vezes eles podem 
ocorrer fora do período previsto para a repactuação previsto no Art.5° do DL 2.271/97. Logo, diante de 
tais acontecimentos, procede-se à aplicação da teoria da imprevisão com fundamento na cláusula rebus 
sic stantibus. Fernanda Marinela7 (MARINELA, 2010, p. 458) bem explica tal teoria: 
“Para a maioria da doutrina, a teoria da imprevisão, denominada 
antigamente cláusula rebus sic stantibus, consiste no reconhecimento de que 
eventos novos, imprevistos e imprevisíveis pelas partes e a elas não 
imputados, alteram o equilíbrio econômico-financeiro, refletindo sobre a 
economia ou na execução do contrato, autorizam sua revisão para ajusta-lo à 
situação superveniente, equilibrando novamente a relação contratual. 
Portanto, a ocorrência deve ser superveniente, imprevista (porque as partes 
não imaginaram), imprevisível (porque ninguém no lugar delas conseguiria 
imaginar – algo impensável) e que onera demais o contrato para uma das 
partes, exigindo-se a recomposição.”
4
 
Diante de tais acontecimentos, torna-se necessária à adequação do contrato, com o que 
chamamos de “Revisão”, que segundo José dos Santos Carvalho Filho “deriva da ocorrência de um fato 
superveniente, apenas suposto (mas não conhecido) pelos contratantes quando firmam o ajuste”. O 
princípio basilar que rege a revisão contratual é o principio da necessidade da adequação financeira que 
 
3
 Instrução Normativa do Maré n° 18/97. 
4
 Marinela, Fernanda (MARINELA, 2010, p. 458) 
esta previsto, na lei 8.666/93. Importante salientar que o principio da teoria da imprevisão deve sempre 
ser aplicado de forma coesa, Segundo o jurista Carlos Roberto Gonçalves: 
"Entre nós, a teoria em tela foi adaptada e difundida por Arnoldo Medeiros da 
Fonseca, com o nome de teoria da imprevisão, em sua obra Caso fortuito e 
teoria da imprevisão. Em razão da forte resistência oposta à teoria 
revisionista, o referido autor incluiu o requisito da imprevisibilidade, para 
possibilitar a sua adoção. Assim, não era mais suficiente a ocorrência de um 
fato extraordinário, para justificar a alteração contratual. Passou a ser exigido 
que fosse também imprevisível. É por essa razão que os tribunais não aceitam 
a inflação e alterações na economia como causa paraa revisão dos contratos. 
Tais fenômenos são considerados previsíveis entre nós. A teoria da imprevisão 
consiste, portanto, na possibilidade de desfazimento ou revisão forçada do 
contrato quando, por eventos imprevisíveis e extraordinários, a prestação de 
uma das partes tornar-se exageradamente onerosa — o que, na prática, é 
viabilizado pela aplicação da cláusula rebus sic stantibus, inicialmente 
referida."
5
 
 
Neste sentido o entendimento do Julgado TRF-2 – AC: 
 
“ADMINISTRATIVO. CONTRATO. EQUILÍBRIO ECONÔMICO FINANCEIRO. 
AUMENTO DE PREÇOS COM O ENCERRAMENTO DO CICLO DE GRIPE AVIÁRIA E 
FEBRE AFTOSA LOGO APÓS A CONTRATAÇÃO. FATO PREVISÍVEL. 
IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA TEORIA DA IMPREVISÃO. 1- Trata-se de 
apelação interposta em face de sentença que julgou improcedente o pedido 
de condenação da União Federal a restabelecer o equilíbrio econômico-
financeiro no contrato decorrente do Pregão Eletrônico n. 10/06 do Comando 
Militar do Leste - 1ª Região Militar, de forma a que o preço fosse majorado 
até o teto equivalente à soma do valor de cada nota de aquisição da 
mercadoria junto ao produtor acrescido de 12%, efetuando-se a revisão 
retroativamente aos fornecimentos já efetivados, a fim de que a ré pagasse as 
diferenças devidas. 2- Preços dos produtos estavam excepcionalmente baixos 
ao tempo do edital em virtude da gripe aviária na Europa e da febre aftosa no 
Mato Grosso do Sul. 3- Aumento dos preços ao fim do ciclo das pestes, logo 
após a contratação. Fato previsível. 4- Inaplicabilidade da teoria da imprevisão 
e vedação de reajuste em contrato de prazo inferior a um ano. 5- Recurso 
improvido. 
(TRF-2 - AC: 200751010034229 RJ 2007.51.01.003422-9, Relator: Juíza Federal 
Convocada MARIA AMELIA SENOS DE CARVALHO, Data de Julgamento: 
31/01/2011, SEXTA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - 
Data::09/02/2011 - Página::186)” 
 
Portanto, é possível concluir que a Revisão/Repactuação é um meio de resolução mais utilizado 
nas relações contratuais de interesse publico, visando além do equilíbrio financeiro da relação 
contratual firmada entre as partes a garantia da segurança contratual, desde que respeitados os limites 
e sua aplicabilidade prevista em lei. 
 
5
 Gonçalves, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 3, 9ª ed.. São Paulo : Saraiva, 2012, .p. 52-53

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