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Educação Inclusiva - Livro- Texto - Unidade II

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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Unidade II
Esta unidade é composta por quatro partes. Na primeira parte apresentamos os problemas de 
aprendizagem e de comportamento; na segunda, estudaremos o trabalho colaborativo em redes para 
superação dos problemas educacionais; na terceira, a contribuição da Psicologia para a educação 
inclusiva; e, por fim, na última parte, abordaremos o trabalho de suporte do Serviço Social nas práticas 
em inclusão.
Após essa breve apresentação dos conteúdos da unidade II, convidamos você a mergulhar conosco 
no universo fascinante da Educação Inclusiva.
5 PROBLEMA DE APRENDIZAGEM OU DE ESCOLARIZAÇÃO?
5.1 Definição de problema de aprendizagem: linguagem e comportamento
A definição de distúrbio, transtorno, dificuldade e/ou problema de aprendizagem é uma das mais 
difíceis e problemáticas para aqueles que atuam no diagnóstico, na prevenção e na reabilitação do 
processo de aprendizagem, pois envolve uma vasta literatura fundamentada em concepções nem 
sempre coincidentes ou convergentes.
De acordo com a definição estabelecida em 1981 pelo National Joint Comittee for Learning Disabilities 
(Comitê Nacional de Dificuldades de Aprendizagem), nos EUA,
[...] distúrbios de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um 
grupo heterogêneo de alterações manifestas por dificuldades significativas 
na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades 
matemáticas (OMS, 1993).
Segundo Collares e Moysés (1992),
Estas alterações são intrínsecas ao indivíduo e presumivelmente devidas à 
disfunção do sistema nervoso central. Apesar de um distúrbio de aprendizagem 
poder ocorrer concomitantemente com outras condições desfavoráveis (por 
exemplo, alteração sensorial, retardo mental, distúrbio social ou emocional) 
ou influências ambientais (por exemplo, diferenças culturais, instrução 
insuficiente/inadequada, fatores psicogênicos), não é resultado direto dessas 
condições ou influências (COLLARES; MOYSÉS, 1992, p. 32).
Uma das questões mais importantes no reconhecimento de alterações na aprendizagem dá‑se pela 
falta de informação específica nas escolas. Capacitar os professores para o reconhecimento de sinais é 
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Unidade II
a grande estratégia para buscarmos juntos o diagnóstico precoce, pois quanto mais cedo o fizermos, 
maiores serão as chances de essa criança de risco reabilitar‑se.
Da mesma forma, cabe ao professor entender como as crianças aprendem e, assim, possibilitar a 
inclusão delas no processo escolar, proporcionando aos pais orientação adequada.
Segundo Girardelo (2008), devemos considerar:
• problemas no rendimento escolar que não sejam explicados por fatores intelectuais, sensoriais ou 
outras incapacidades físicas;
• dificuldades em estabelecer e manter relações sociais com colegas, professores ou familiares;
• reações comportamentais ou sentimentos inapropriados diante de situações corriqueiras;
• tristeza e depressão contínuas;
• tendência a desenvolver sintomas físicos ou medos associados a problemas comuns.
5.1.1 Diagnóstico do problema de aprendizagem
As crianças começam a apresentar dificuldades para aprender na escola como um sintoma 
inicialmente identificado pelo professor cuja causa pode estar no próprio aluno ou no ambiente escolar.
Por isso, cabe ao professor saber diferenciar: caso seja um problema de ordem exógena (escolar, 
ambiente social), deve procurar melhorar o ambiente de aprendizagem do aluno, auxiliando‑o em 
suas dificuldades. Caso seja um problema de ordem endógena, este deve ser avaliado por profissionais 
habilitados, numa abordagem multidisciplinar (fonoaudiólogo, neurologista, psicólogo, neuropsicólogo, 
psiquiatra).
5.1.2 Tratamento do problema de aprendizagem
De acordo com Girardelo (2008),
[...] A maioria das crianças necessita de intervenção psicopedagógica, 
neuropsicológica e/ou fonoaudiológica e continuar participando das aulas 
convencionais oferecidas pela escola. Porém, existem casos em que o grau do 
transtorno exige que a criança passe por programas educativos individuais 
e intensivos. Independentemente do caso, é importante que a criança 
continue a assistir e a participar das atividades escolares normais. Cabe ao 
profissional que acompanha a criança ou o adolescente realizar contatos 
com a escola a fim de estabelecer uma maior qualidade do processo de 
aprendizagem, através da inter‑relação dos aspectos exigidos pela escola 
e do que a criança é capaz de oferecer para suprir tais necessidades. O 
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tratamento farmacológico, associado ao atendimento psicopedagógico, 
deve ser dirigido por um psiquiatra, ou neurologista, sendo indicado, por 
exemplo, em casos nos quais as capacidades de atenção e concentração da 
criança encontram‑se debilitadas (GIRARDELO, 2008, p. 1).
Os autores identificam dois grandes fatores que podem levar a problemas de aprendizagem no 
cotidiano escolar:
• distúrbios de linguagem;
• distúrbios de comportamento.
Vamos, a seguir, estudar cada um deles e suas consequências no processo de aprendizagem do aluno.
5.1.3 O que é linguagem?
Linguagem corresponde a um conjunto de símbolos e instrumentos utilizados pelo sujeito para 
comunicar sentimentos, pensamentos e ideias. É uma função de representação do pensamento e pode 
ser expressa por meio de gestos, olhares, mímica e fala. Esta última é uma das formas de linguagem 
utilizadas pelo homem.
O desenvolvimento da linguagem depende tanto de fatores ambientais quanto de fatores biológicos:
• fatores ambientais: o ambiente em que a criança se desenvolve fornecerá o clima emocional, os 
modelos verbais e as experiências nas quais o sujeito irá se apropriar dos códigos de representação 
do pensamento e dos sentimentos. Nesse sentido, o meio influencia desde muito cedo, e seus 
efeitos são duradouros. Ambiente descontraído, segurança afetiva e modelos verbais de qualidade 
influenciam de maneira positiva; escassez ou exageros, bem como construções gramaticais e 
articulações inadequadas desfavorecem o desenvolvimento;
• fatores biológicos: a hereditariedade e o estado de saúde também influenciam o desenvolvimento 
da linguagem. A hereditariedade fornece o potencial para a aprendizagem, ou seja, representa as 
diferenças individuais do sujeito para aprender. O estado de saúde é fundamental, principalmente, 
até os três anos, uma vez que doenças e carência alimentar (privação proteica e vitamínica) nesse 
período podem prejudicar a aquisição da linguagem pelo sujeito.
De acordo com José e Coelho (2002), a linguagem é um processo de aquisição que ocorre em etapas 
ao longo do desenvolvimento da criança, apresentadas a seguir:
• 0 a 3 meses: a fala se manifesta por meio de gritos e choro.
• 4 a 5 meses: fase do balbucio. O bebê emite sons, ouve e repete seus próprios gritos, em uma 
espécie de “jogo vocal”. As crianças se expressam do mesmo modo, qualquer que seja o idioma.
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• 5 a 10 meses: período pré‑linguístico. Vocaliza e escuta suas vocalizações, compreende palavras e 
ordens simples.
• 10 a 12 meses: período linguístico. Pronuncia uma ou mais palavras (não, mamã, papa). É capaz 
de empregar palavras isoladas.
• 12 a 15 meses: fase da dominação. Repete palavras, usa frases sem verbo (mamãe bola). Associa 
duas palavras.
• 15 a 16 meses: período da representação. É capaz de representar mentalmenteobjetos ausentes 
e repete canções.
• 16 a 21 meses: a criança faz perguntas, possui vocabulário com cerca de vinte palavras, gosta de 
ouvir histórias, obedece a ordens simples. Usa orações curtas.
• 2 a 4 anos: linguagem estruturada. Apresenta linguagem compreensível. Usa frases com verbos, 
advérbios etc. Domina de quinhentas a seiscentas palavras. Muitas vezes, a criança apresenta 
erros na fala, mas isso é normal, já que os órgãos de fonação estão em desenvolvimento.
• 5 anos em diante: a linguagem já se apresenta totalmente estruturada, por isso não é esperada 
nenhuma deformação. A criança fala muito, apresenta monólogo, inventa e reproduz histórias; é 
capaz de dialogar, começa a dominar plurais e verbos futuros.
Tendo em vista a importância da linguagem, podemos avaliar a problemática vivida por 
indivíduos com deficiência nessa área. Além de tornar o sujeito desajustado no meio em que vive, 
a deficiência provocará reflexos na aprendizagem e no aproveitamento escolar. O professor deve 
estar preparado para avaliar o desenvolvimento do aluno e organizar estratégias para ajudar em 
sua aprendizagem.
5.1.4 O que é distúrbio de linguagem?
A linguagem é defeituosa quando se desvia do modo de falar de outras pessoas a tal ponto que 
chega a chamar a atenção para ela; quando prejudica a comunicação; ou quando faz a pessoa tornar‑se 
desajustada no grupo (VAN RIPER apud JOSÉ; COELHO, 2002).
De acordo com José e Coelho (2002), existe um problema de linguagem em uma criança quando sua 
maneira de falar interfere na comunicação, distraindo a atenção do ouvinte sobre o que ela diz para 
enfocá‑la em como diz, ou quando a própria criança se sente excessivamente tímida e/ou apreensiva 
com seu modo de falar.
Segundo esses autores, são várias as causas dos distúrbios de linguagem:
• defeitos anatômicos ou funcionamento fisiológico anormal dos maxilares, da língua e do véu 
palatal;
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• sentimentos, emoções ou atitudes perturbadoras;
• conceitos inadequados do eu;
• hábitos de linguagem defeituosos;
• dificuldade de adaptação ao ambiente.
 Lembrete
Na escola, qualquer distúrbio da fala deve ser identificado pelo 
professor, o mais rapidamente possível, porque problemas orais geralmente 
interferem no momento da alfabetização (escrita).
Existem alguns tipos de distúrbios de linguagem que devem ser observados, com o objetivo de 
auxiliar a criança em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem, bem como no relacionamento 
social. Os profissionais devem cuidar para que ela não seja rotulada e impedida de viver como qualquer 
outro sujeito em seu contexto social.
Quadro 1 – Distúrbios de linguagem
Atraso na linguagem
Dislalia
Dislexia
Disgrafia
Disortografia
Discalculia
Linguagem tatibitate
Rinolalia
Gagueira ou tartamudez
Mudez ou mutismo
5.1.4.1 Atraso na linguagem
Ocorre quando a criança não apresenta uma linguagem até por volta dos três anos. Muitas vezes, 
é superado de maneira natural; outras vezes, por meio de tratamento especializado (fonoaudiológico). 
As causas são: problema específico de articulação, problemas de audição, problemas emocionais 
(traumas, carência afetiva, superproteção, uso de outro idioma em casa). Crianças mimadas, cujos 
desejos são atendidos prontamente, não se expressam porque não querem, ou porque não precisam. 
Aquelas que vivem em orfanatos ou hospitais não se expressam por não terem quem as escute, 
nem estímulo para falar.
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5.1.4.2 Dislalia
A palavra dislalia (do grego dys + lalia) define um distúrbio da fala caracterizado pela dificuldade 
de articular as palavras. Consiste na má pronúncia das palavras, por omissão, substituição, distorção ou 
acréscimo de sons. Dessa forma, distúrbio articulatório ou dislalia é o nome dado para as trocas de sons 
na fala ou para as alterações, dificuldades e/ou modificações na produção desses fonemas. Tal distúrbio 
articulatório pode caracterizar‑se por distorções (por exemplo, sapo/xapo), trocas (como jipe/tipe) e 
omissões (bicicleta/bicikéta; prato/pato) e pode estar associado a outras alterações, como deglutição 
atípica, respiração oral e distúrbios de aprendizagem.
Até os quatro anos, os erros na linguagem são normais, mas depois dessa fase a criança pode ter 
problemas caso continue falando errado no relacionamento social (os colegas podem caçoar da criança), 
como no momento da alfabetização (fala errado e escreve errado). Alguns fonoaudiólogos consideram 
que a dislalia não seja um problema de ordem neurológica, mas de ordem funcional (BUENO, 1993; 
OMOTE, 1999; JANNUZZI, 2004).
O diagnóstico pode ser feito durante a Educação Infantil. Fique atento caso seu aluno apresente:
• dispersão;
• fraco desenvolvimento da atenção;
• atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem;
• dificuldade em aprender rimas e canções;
• fraco desenvolvimento da coordenação motora;
• dificuldade com quebra‑cabeça;
• falta de interesse por livros impressos.
 Observação
Os personagens Cebolinha, da Turma da Mônica (Maurício de Souza), e 
Hortelino Troca‑Letra (Elmer Fudd), do Looney Tunes, sempre trocam o “R” (inicial 
e intervocálico) pelo “L”. No caso de Hortelino, o “R” final também é afetado, além 
de um caso especial, quando pronuncia a palavra “coelho” como “toelho”.
5.1.4.3 Dislexia
Dislexia é um distúrbio de aprendizagem na área da linguagem escrita, especialmente em relação a 
leitura e a escrita.
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Não há consenso em relação à causa. Estudos comprovam que há diferenças na anatomia e no 
funcionamento do cérebro dos disléxicos. Muitas pessoas descobrem o problema durante a alfabetização, 
quando não conseguem associar uma letra a seu som. A dislexia não se relaciona à falta de inteligência ou de 
desejo de aprender. Com técnicas apropriadas, disléxicos podem desenvolver a escrita e a leitura com sucesso.
A dislexia pode ocorrer em qualquer pessoa. É importante mencionar que a disfunção é hereditária; 
disléxicos tendem a ter filhos disléxicos. Alguns descobrem a dislexia ainda na infância, enquanto outros 
permanecem a vida toda sem saber do problema.
Os efeitos diferem de pessoa para pessoa, dependendo da severidade do problema e da estimulação 
às atividades de leitura e escrita. A maior dificuldade refere‑se ao reconhecimento de letras e símbolos, 
bem como à fluência na leitura e na escrita.
Uma vez que o disléxico tem dificuldade em ler e escrever, toda a sua aprendizagem estará 
comprometida se não houver o tratamento adequado. Além disso, a autoestima tende a ser baixa, já 
que a pessoa pode se sentir incapaz de realizar certas atividades.
As dificuldades mais usuais da dislexia são relacionadas a: leitura, escrita, memorização, relação 
entre som e letra, pronúncia.
5.1.4.4 Disgrafia
Conforme Sampaio ([s.d.]), trata‑se de uma perturbação na escrita, por distúrbios neurológicos. 
Crianças com disgrafia têm dificuldade para escrever letras e números. A disgrafia é também chamada 
de “letra feia”. Isso acontece em razão de uma incapacidade de recordar a grafia da letra; por tentar 
se lembrar desse grafismo, a criança escreve muito lentamente, acabando por unir inadequadamente 
as letras, o que torna a escrita ilegível.
Algumas crianças com disgrafia possuem também disortografia, amontoando letras para esconder 
os erros ortográficos, mas não são todos os disgráficos que possuem disortografia. A disgrafia não está 
associada a nenhum tipo de comprometimento intelectual.Suas principais características são:
• Lentidão na escrita.
• Letra ilegível.
• Escrita desorganizada.
• Traços irregulares: ou muito fortes, que chegam a marcar o papel, ou 
muito leves.
• Desorganização geral na folha por não possuir orientação espacial.
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• Desorganização do texto, pois não observam a margem, parando 
muito antes ou ultrapassando [e tendendo] a amontoar letras na 
borda da folha.
• Desorganização das letras: letras retocadas, hastes malfeitas, atrofiadas, 
omissão de letras, palavras, números, formas distorcidas, movimentos 
contrários à escrita (um S em vez do [número] 5, por exemplo).
• Desorganização das formas: tamanho muito pequeno ou muito 
grande, escrita alongada ou comprida.
• O espaço que dá entre as linhas, palavras e letras é irregular.
• Liga as letras de forma inadequada e com espaçamento irregular.
O disgráfico não apresenta características isoladas, mas um conjunto de 
algumas destas citadas (SAMPAIO, [s.d.]).
Ainda conforme Sampaio ([s.d]), podemos encontrar dois tipos de disgrafia:
• disgrafia motora (discaligrafia): a criança consegue falar e ler, mas 
encontra dificuldades na coordenação motora fina para escrever 
as letras, palavras e números, ou seja, vê a figura gráfica, mas não 
consegue fazer os movimentos para escrever;
• disgrafia perceptiva: não consegue fazer relação entre o sistema 
simbólico e as grafias que representam os sons, as palavras e frases. 
Possui as características da dislexia sendo que esta está associada à 
leitura e a disgrafia está associada à escrita (SAMPAIO, [s.d.]).
 Saiba mais
Alguns filmes apresentam personagens com dificuldades na área da 
linguagem, por exemplo:
CÓDIGO para o inferno. Direção: Harold Becker. Produção: Brian Grazer 
e Karen Kehela. EUA: Universal Pictures, 1998. 1 DVD. (112 min).
PAULIE: o papagaio bom de papo. Direção: John Roberts. Produção: 
Allison Lyon Segan, Gary Levinsohn, Ginny Nugent e Michele Weisler. EUA: 
Universal Pictures Brasil, 1998. 1 DVD. (91 min).
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5.1.4.5 Disortografia
Dificuldade no aprendizado e no domínio das regras ortográficas. Aparece associada à dislexia. A 
característica principal de uma pessoa com disortografia são as confusões de letras, sílabas de palavras 
e trocas ortográficas conhecidas e já trabalhadas pelo professor.
As principais características da disortografia são:
• Troca de letras que se parecem sonoramente: faca/vaca, chinelo/
jinelo, porta/borta.
• Confusão de sílabas como: encontraram/encontrarão.
• Adições: ventitilador.
• Omissões: cadeira/cadera, prato/pato.
• Fragmentações: en saiar, a noitecer.
• Inversões: pipoca/picoca.
• Junções: no diaseguinte, sairei maistarde (SAMPAIO, [s.d.]).
5.1.4.6 Discalculia
Um dos transtornos de aprendizagem que causam dificuldade na Matemática. Não é causado por 
deficiência mental, déficits visuais ou auditivos nem por má escolarização. A pessoa com discalculia 
comete erros diversos na solução de problemas verbais, nas habilidades de contagem, nas habilidades 
computacionais e na compreensão dos números.
De acordo com o DSM‑IV (apud SAMPAIO, [s.d]), o Transtorno da Matemática caracteriza‑se pela 
capacidade matemática para a realização de operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático 
em nível substancialmente inferior ao da média esperada para a idade cronológica, a capacidade 
intelectual e o nível de escolaridade do indivíduo.
Diversas habilidades podem estar prejudicadas nesse transtorno, como as 
habilidades linguísticas (compreensão e nomeação de termos, operações ou 
conceitos matemáticos, e transposição de problemas escritos em símbolos 
matemáticos), perceptuais (reconhecimento de símbolos numéricos 
ou aritméticos, ou agrupamento de objetos em conjuntos), de atenção 
(copiar números ou cifras, observar sinais de operação) e matemáticas (dar 
sequência a etapas matemáticas, contar objetos e aprender tabuadas de 
multiplicação) (SAMPAIO, [s.d.]).
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O profissional deve dar atenção especial ao aluno que apresenta essas dificuldades, evitando ressaltar 
o que não consegue fazer diferenciando‑o dos demais, por exemplo, corrigindo‑o na frente dos colegas. 
Além disso, ignorar a criança em sua dificuldade ou mostrar impaciência, interrompendo‑a várias vezes 
ou mesmo tentando adivinhar o que ela quer dizer completando sua fala apenas irá deixá‑la ansiosa, e 
seu problema irá se agravar.
5.1.4.7 Linguagem tatibitate
Trata‑se de um distúrbio de articulação e também de fonação em que o sujeito conserva voluntariamente 
a linguagem infantil. Normalmente, esse defeito de fala é utilizado pela criança em virtude da reação dos 
adultos que se encantam com expressões incorretas que ela utiliza por não saber articular corretamente as 
consoantes. Alguns adultos até repetem as mesmas expressões ao se dirigirem à criança, por exemplo: “Minha 
tilidinha” (para minha queridinha) / “Té totolate” (para quer chocolate) / “Viselinho” (para travesseirinho).
Essa fala considerada “engraçadinha”, quando reforçada, muitas vezes é conservada pela criança, 
que não encontra outra forma de chamar a atenção e obter carinho. Isso pode ocorrer também quando 
a criança ganha um irmãozinho e sente que perdeu seu lugar na família.
Esse problema de linguagem pode ser corrigido por meio de jogos e brincadeiras que visem estimular 
a criança a pronunciar corretamente as palavras. Nunca se deve repetir as palavras erradas ditas pelas 
crianças, mas sempre oferecer o modelo verbal correto, sem corrigi‑las. Peça à criança que conte sobre 
seu dia, ensine‑a a utilizar o telefone, leia histórias e peça que reconte, mostre interesse pelos assuntos 
da criança, prestando atenção ao que ela conta (JOSÉ; COELHO, 2002).
5.1.4.8 Rinolalia
Consiste na ressonância nasal maior ou menor do que a normal no ato de falar. Pode ser causada 
por problemas nas vias nasais, na adenoide, por lábio leporino ou fissura palatina. Comumente, o sujeito 
é chamado de “fanho”.
A criança que tem rinolalia pode ser ridicularizada pelos colegas de escola, o que poderá gerar 
problemas de relacionamento e escolarização. Quando é muito acentuado, esse distúrbio torna a fala 
incompreensível, fazendo que a criança emudeça, por perceber que não é compreendida.
5.1.4.9 Gagueira ou tartamudez
Uma das principais formas de distúrbio de ritmo ou disfluência, pode ocorrer por volta dos três ou 
quatro anos, aos sete anos e com retorno na puberdade. É mais frequente em meninos.
Esse é um distúrbio do ritmo normal da fala que envolve bloqueios, hesitações, prolongamentos e 
repetições de sons, sílabas ou frases. Pode ser acompanhado por tensão muscular, rápido piscar de olhos, 
irregularidades respiratórias e caretas. Além disso, há sintomas secundários que aparecem à medida 
que aumenta a gravidade do gaguejar: sapateado, arquejo, pesadelos e outras atitudes estranhas, não 
necessariamente relacionadas à fala.
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Muitos gagos superam essa deficiência e falam com boa fluência quando estão sozinhos ou quando 
cantam. Outros também ficam livres do distúrbio ao adotar determinadas técnicas: colocar a mão 
no bolso, apertar alguma parte do corpo (orelha, cabeça), esfregar as mãos, inclinar a cabeça, andar 
enquanto fala etc.
É uma anomalia de causas múltiplas:
• orgânicas: distúrbio familiar cuja causaé genética; mais frequente entre canhotos; está associada 
a nascimentos múltiplos (gêmeos) e à prematuridade; perturbações no aparelho fonador;
• neurológicas: traumas de nascimento (acidentes de fórceps); infecções por encefalite, meningite 
e epilepsias;
• glandulares: aumento ou diminuição da função das glândulas sexuais e da suprarrenal;
• funcionais: perda de um ente querido, acidente ou quando a pessoa é severamente repreendida; a 
gagueira pode estar associada à forte pressão social (entrada na escola, adolescência); os pais de 
gagos, geralmente, são perfeccionistas e têm alto nível de aspirações para seus filhos.
Existem duas fases da gagueira – a primária e a secundária. Na fase primária, a criança tem por volta 
de dois a quatro anos e não percebe que gagueja, o que é normal, pois está em fase de aquisição de 
linguagem. Na fase secundária, o sujeito já foi classificado por si e pelos outros como gago. É mais grave 
e vem acompanhada de sintomas.
O profissional deve cuidar do aluno que apresenta esse distúrbio de linguagem para que não seja 
humilhado, criticado nem ridicularizado pelo grupo de amigos, pois isso só agravará a sua situação. 
Técnicas de respiração para controle do ritmo da fala e da articulação de frases auxiliarão o sujeito 
a construir gradualmente a sua fluência. O tratamento deve ser feito por psicólogo e fonoaudiólogo, 
com o objetivo de desenvolver a tolerância à gagueira, a dessensibilização emocional e a redução da 
ansiedade e da fala controlada.
5.1.4.10 Mudez ou mutismo
É a incapacidade de articular palavras, decorrente de transtornos do sistema nervoso central, atingindo 
a formulação e a coordenação de ideias, mas impedindo a transmissão em forma de comunicação 
verbal. Muitas vezes, o mutismo decorre de problemas de audição; a criança fica surda antes de adquirir 
a linguagem, não aprende a falar e, por isso, não conhece os signos para comunicar‑se verbalmente.
Crianças com problemas físicos, que têm distrofia muscular, lábio leporino, dentição mal‑implantada 
e rinolalia também podem apresentar esse distúrbio, pois, ao perceberem que não são compreendidas, 
param de falar, configurando um quadro de mutismo de ordem psicológica.
Outra forma é a mudez psicológica ou emocional, ou mudez eletiva, a qual se caracteriza pela 
negação da criança em falar somente em certas situações e com determinadas pessoas.
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Unidade II
Caso o profissional observe que a criança está utilizando algum tipo de mutismo na escola, deve 
evitar situações nas quais ela tenha de se expressar verbalmente e encaminhá‑la a um especialista, que 
fará o diagnóstico e definirá o tratamento adequado.
5.1.5 Distúrbios de comportamento
Os distúrbios de comportamento apresentam, ao lado dos distúrbios de linguagem, outro conjunto 
de indícios que devem ser observados pelo profissional, a fim de auxiliar o aluno em seu processo de 
vida.
5.1.6 O que é comportamento?
Para a Psicologia, o comportamento é definido como o conjunto de reações de um sujeito, possíveis 
de serem observadas e que seguem uma referência do meio social no qual esse sujeito está inserido. 
Considera‑se um comportamento normal aquele que segue o padrão determinado socialmente como 
correto, muitas vezes estipulado pela maioria, sendo anormal aquele que o contraria.
5.1.7 O que é distúrbio de comportamento?
Os distúrbios de comportamento são atitudes do sujeito que fogem ao padrão comum, que o 
diferenciam, que desviam‑se da normalidade ou a esta opõem. É um estado ou algo estranho, fora do 
comum ou daquilo a que se está habituado.
Quadro 2 – Distúrbios de comportamento
Fobia escolar
Agressividade
Medo
Timidez
Agitação, inquietude e instabilidade
Transtorno do Déficit de Atenção com 
Hiperatividade (TDAH)
5.1.7.1 Fobia escolar
É a incapacidade total ou parcial de frequentar a escola. Ocorre com crianças independentemente 
de níveis sociais, de graus de escolaridade e de níveis de inteligência. Manifesta‑se por meio de 
ansiedade, pânico, náuseas, vômitos, diarreia, dores de cabeça e de barriga, falta de apetite, 
palidez e febre.
A mudança de escola ou de professor não elimina o problema, já que a fobia escolar existe tanto 
pelo medo de ir à escola quanto pelo temor de ser abandonada. São necessários acompanhamento do 
professor e orientação psicológica à criança, aos pais e à escola.
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Orientações (JOSÉ; COELHO, 2002):
• estimular a memória visual por meio de quadros com letras do alfabeto, números, famílias 
silábicas;
• não propor exercícios de cópia e repetição (por exemplo, “Escreva vinte vezes a palavra pipoca”);
• não utilize medidas punitivas (verbais e/ou físicas); isso só irá agravar a situação psicológica da 
criança.1
5.1.7.2 Agressividade
É um ataque físico ou verbal de um sujeito em relação a uma ou mais pessoas, geralmente quando 
esta se sente contrariada em seus desejos ou necessidades. Não encontrando uma forma pacífica de 
relacionar‑se, o sujeito impõe pela força o que quer, e a resposta agressiva é uma dificuldade do sujeito 
de aceitar a frustração e a perda, ou de afirmar‑se e exibir‑se perante os outros.
Assim, a agressividade pode assumir uma variedade de formas, mas em todas elas o sujeito apresenta 
alteração emocional, expressando sentimentos caóticos e difusos:
• a criança chora, esperneia, esbraveja;
• a criança ataca fisicamente com murros, pontapés e mordidas;
• a criança mais velha substitui o ataque físico pelo ataque verbal (xingar, praguejar, ridicularizar – 
reações agressivas simbólicas à frustração) (JOSÉ; COELHO, 2002).
No início, isso ocorre na frente da pessoa agredida; mais tarde, de maneira camuflada, a fim de 
abalar a sua reputação.
De acordo com José e Coelho (2002), os indivíduos tornam‑se superagressivos e antissociais em 
decorrência de:
• rejeição dos pais ou parentes;
• excessiva tolerância à agressividade;
• falta de supervisão dos pais e responsáveis;
• desvios sociais dos pais e parentes;
• discórdias em família;
1 Disponível em <www.psicopedagogiabrasil.com.br>.
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Unidade II
• tratamento incoerente (ora “mimo”, ora punição);
• uso de punições físicas dolorosas;
• ameaças de punição física.
Na escola, a criança agressiva é chamada de “briguenta”, e o rótulo em nada ajuda a diminuir esse 
comportamento – pelo contrário. Os pais e professores podem ajudar a criança:
• organizando em grupo regras coletivas de convívio social;
• estabelecendo em grupo as sanções ao não cumprimento das regras;
• sendo firmes, honestos e imparciais;
• auxiliando o aluno a controlar seus impulsos, ensinando formas de resolver conflitos de maneira 
cooperativa;
• não ignorando uma briga ou conflito, nem mostrando indiferença.
5.1.7.3 Medo
Trata‑se de uma emoção normal do ser vivo; refere‑se a um estado de alerta diante de uma situação 
de perigo, gerando desconforto e ansiedade no sujeito.
Quadro 3 – Evolução negativa do medo
Medo biológico
Medo psicológico
Medo condicionado
Ansiedade
Fobia
Fonte: José; Coelho (2002).
• Medo biológico: natural e necessário à sobrevivência.
• Medo psicológico: crianças pequenas têm medo de locais não conhecidos, pessoas não familiares, 
situações novas, sensação de abandono, tensão familiar, fantasia infantil (monstros, bruxas, 
bicho‑papão, animais, tempestades...); quando mais velhas, as crianças gostam de brincar de 
provocar medo nos outros e têm medo de situações de fracasso, humilhação, perdade prestígio, 
morte e doenças.
• Medo condicionado: é aprendido socialmente (por exemplo, medo de barata).
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• Ansiedade e fobia são o tipo de medo que paralisa o sujeito e o impede de relacionar‑se com outras 
pessoas, sair de casa, ficar sozinho etc. Isso pode levar a prejuízos na formação da personalidade, 
à ansiedade e à insegurança, sendo necessário um tratamento psicológico. O quadro fóbico que 
se instaura impede o sujeito de viver normalmente.
De acordo com José e Coelho (2002), o medo pode ser causado por dois fatores: falta de segurança 
e falta de amor e proteção.
Experiências prévias que provocaram medo:
• atitude medrosa dos pais;
• atitude ansiosa e superprotetora dos pais;
• ameaças dos adultos (histórias, raptos, crimes, lutas etc);
• moléstias crônicas que abalaram a confiança da criança em relação a si.
A tranquilidade do adulto, a sensação de segurança que ele transmite, seu amparo e a paciência com 
a qual aguarda que a criança se acalme do pavor podem influenciar de maneira decisiva a superação 
dessa dificuldade pela criança.
José e Coelho (2002) propõem as seguintes indicações:
• não obrigar a criança a enfrentar o que a amedronta;
• não utilizar o medo como brincadeira (escondendo‑se, ameaçando vender ou dar a criança etc);
• ouvir os motivos do medo;
• amparar a criança amedrontada;
• associar fatos agradáveis àquilo que causa medo.
5.1.7.4 Timidez
Pode ser definida como o desconforto e a inibição em situações de interação pessoal que interferem 
na realização dos objetivos pessoais e profissionais de quem a sofre. Caracteriza‑se pela obsessiva 
preocupação com as atitudes, as reações e os pensamentos dos outros. A timidez aflora, de modo geral, 
mas não exclusivamente, em situações de confronto com a autoridade, interação com pessoas do sexo 
oposto, contato com estranhos e ao falar diante de grupos – e até mesmo em ambientes familiares.
A timidez é um padrão de comportamento em que a pessoa não exprime (ou exprime pouco) seus 
pensamentos e sentimentos e não interage ativamente. Embora não comprometa de forma significativa 
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a realização pessoal, constitui‑se em fator de empobrecimento da qualidade de vida. Desse ponto de 
vista, a timidez não pode ser considerada um transtorno mental.
Em grau moderado, todos os seres humanos são, em algum momento de suas vidas, afetados pela 
timidez, que funciona como uma espécie de regulador social, inibidor dos excessos condenados pela 
sociedade de modo geral ou por grupos específicos. A timidez funciona ainda como um mecanismo 
de defesa que permite à pessoa avaliar situações novas, mediante uma atitude de cautela, e buscar a 
resposta adequada para a situação.
Existem dois tipos de timidez:
• Timidez situacional: a inibição manifesta‑se em ocasiões específicas, portanto o prejuízo é 
localizado (por exemplo: a pessoa interage bem com a autoridade e pessoas do sexo oposto, mas 
sente vergonha de falar em público);
• Timidez crônica: a inibição manifesta‑se em todas as formas de convívio social. A pessoa não 
consegue fazer amigos e falar com estranhos, intimida‑se diante da autoridade, tem medo de 
falar em público etc. Pode levar à fobia social e à Síndrome do Pânico.
Agitação, inquietude e instabilidade são comportamentos que podem ser momentâneos e normais 
nas várias fases do ciclo vital; aparecem como característica do desenvolvimento ou como reflexo de 
crises passageiras na infância. No entanto, há certas atitudes da criança que se mostram constantes, 
tornando‑a extremamente irrequieta, instável e agressiva, acarretando instabilidade e descontentamento 
nos ambientes familiar e escolar. Esses comportamentos podem ser provocados por ambiente familiar 
instável, pais que brigam na presença dos filhos, pais separados, doenças mentais, lesões cerebrais, 
problemas neurológicos etc. Agitação, inquietude ou instabilidade não são problemas graves, mas podem 
perturbar a rotina escolar, ocupando parte do tempo das atividades na escola. Por isso, o professor 
deve acolher a criança com essas dificuldades, evitando atitudes punitivas e escolhendo propostas que 
envolvam todos os alunos.
6 TRABALHANDO EM REDES PARA SUPERAÇÃO DOS PROBLEMAS 
EDUCACIONAIS
Como já explicitado em tópicos anteriores, a Educação Inclusiva é um movimento mundial que 
busca prioritariamente garantir o direito de acesso, permanência e aprendizagem, a todas as pessoas, na 
escola, independentemente de sua condição social e cultural, assim como de suas características étnicas 
e orgânicas, de gênero e de opção afetiva, pois todas compõem a diversidade humana.
Documentos legais nacionais e internacionais, bem como movimentos sociais de diversas categorias 
impulsionam a ampla divulgação desses direitos nos meios acadêmico e midiático, tendo como 
consequência, inicialmente, um aumento significativo do número de alunos com deficiência matriculados 
nas escolas, com contínua evasão destes da escola especial, que funcionava como substitutiva à escola 
regular.
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Educação inclusiva não é sinônimo de ingresso de alunos com deficiência 
na escola comum.
Embora os alunos com deficiência visivelmente aumentem a demanda de alunos excluídos da escola, 
a Educação Inclusiva não pode ser entendida como um movimento que vise somente atender aos alunos 
deficientes na escola regular, mas sim como a possibilidade de garantir a todos o acesso ao ensino 
formal, incluindo‑se os alunos que não têm acesso à instituição escolar, por terem características ou 
condição social entendidas como não ideais pela sociedade.
 Saiba mais
Leia sobre estatísticas da exclusão escolar em:
BARRETO, A. L.; CADES, A. L.; DUARTE, B. Alcançar os excluídos da 
educação básica: crianças e jovens fora da escola no Brasil. Brasília: Unesco, 
2012 (Série Debates ED, n. 3). Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/
images/0021/002163/216306por.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2013.
Dentre os alunos que ficaram por muitos anos excluídos da educação formal, podemos citar os quilombolas, os 
índios, as crianças em situação de vulnerabilidade social (submetidas a situações socialmente excludentes, como 
a exploração no trabalho infantil, a liberdade assistida, a miséria ou a pobreza, o abuso sexual e a prostituição, 
bem como alunos hospitalizados e também os que a diversidade linguística ou a configuração familiar exclui).
Quando o aluno com deficiência ingressa na escola comum, traz à baila questionamentos e reflexões 
sobre como atendê‑los de modo adequado, evocando dúvidas sobre o preparo docente para receber esse 
alunado e trabalhar com ele. Aponta para a necessidade de agregar conhecimentos antes pertencentes à 
Educação Especial e aos profissionais a ela ligados, por exemplo, psicólogos, pedagogos com especialidade 
em deficiência, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais. O corpo de profissionais atuantes 
no âmbito da Educação Especial tem, portanto, muito a contribuir com seu conhecimento, em prol de 
uma educação com a perspectiva inclusiva.
À medida que compreendemos que a educação inclusiva tem no trabalho interdisciplinar grandes 
possibilidades de sucesso, tornam‑se indispensáveis, na atualidade, as “redes de apoio”, para acolher 
todas as crianças na escola.
6.1 Definição de redes de trabalho
O Documento Subsidiário à Política de Inclusão (BRASIL, 2005a) aponta para a relevância da 
implantação de políticas públicas que priorizem o atendimento com qualidadeaos alunos com 
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deficiência na escola de ensino regular. Sugere que a Rede de Apoio seja oferecida pelo Estado, como 
uma das possibilidades de viabilizar a sustentação da Educação Inclusiva. Apresenta como argumentos 
que, uma vez não fornecido pelo governo, esse serviço é prestado por instituições não governamentais 
que atuam substituindo um dever que é do Estado, mantendo crianças com deficiência em atendimento 
exclusivo nas instituições de educação não formal.
Conforme determina a legislação brasileira, tanto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
quanto na Resolução nº 2/2001, que institui as diretrizes nacionais para a Educação Especial na Educação 
Básica, o Poder Público deverá ampliar seu atendimento na rede pública para alunos com deficiência, de 
modo que sejam sanadas as dificuldades de implantação e manutenção da Educação Inclusiva.
Os indicadores nacionais apontam que 3,6% das crianças em idade escolar estão fora da escola, que 
27% repetem a mesma série, 51% concluem o Ensino Fundamental. E mais de 50% das crianças não 
se alfabetizam ao final dos 4 anos iniciais do Ensino Fundamental Torna‑se inevitável refletir sobre a 
situação crítica em que se encontra a educação em nosso país e buscar modos de atuação que venham ao 
encontro de nossas necessidades, considerando também a responsabilidade do Estado pelos problemas 
de escolarização que enfrentam nossas crianças, sejam elas deficientes ou não.
Exemplo de aplicação
O movimento em prol da Educação Inclusiva direcionou a atenção de profissionais da educação e 
afins para a grande demanda de alunos egressos da escola especial para a escola pública.
Faça uma pesquisa no INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), em <http://
www.inep.gov.br/>, para obter dados sobre a demanda de alunos com deficiência ingressantes na escola 
comum nos últimos dez anos.
A Rede de Apoio propõe “a interface entre as áreas da saúde e educação, que tenham como propósito 
a união de esforços e recursos relacionados a inclusão escolar” (BRASIL, 2005a, p. 45).
Para um adequado desenvolvimento do trabalho em rede, é necessário que haja princípios e 
objetivos explicitados, pois esse modelo poderia ser comparado com um tecido que se enlaça de maneira 
interdependente para que se mantenha denso e firme; assim, é imperativo que todos os envolvidos 
tenham plena consciência de suas funções e possibilidades dentro da rede.
De acordo o documento citado, os princípios que norteiam a Rede de Apoio são:
a) ampliar a meta constitucional de municipalização das políticas 
públicas;
b) a sustentação da política de inclusão que inclua a dimensão da 
interdisciplinaridade em seus fundamentos metodológicos [...] retirar 
a discussão da tradicional polarização entre “estratégias clínicas”, ao 
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encargo da saúde, versus “estratégias pedagógicas”, ao encargo da 
educação;
c) repensar a função da escola e da saúde no processo de aprendizagem 
e socialização para além dos limites instituídos, em que à primeira 
cabe a informação e à segunda o tratamento de doenças.
d) o enfrentamento da exclusão social de pessoas com deficiência 
implica saberes, formações e estruturas das instâncias administrativas 
para uma gestão colaborativa que exige uma ressignificação do papel 
do Estado na implementação das políticas (BRASIL, 2005a, p. 46).
Constam desses princípios a intenção de uma prática que abarque o atendimento a diversidade, 
funcionando engrenada no oferecimento de serviços de saúde, educação e assistência social, em busca 
de caminhos inclusivos.
Figura 1 – Garotas muçulmanas
Dentre as funções da Rede de Apoio estão: auxiliar as escolas e a comunidade escolar; ajudar 
as unidades de reabilitação e saúde; trabalhar com a formação de profissionais que possam apoiar 
a educação inclusiva; ajudar a comunidade na identificação e na utilização de recursos, inclusive 
informando‑a sobre a legislação vigente, para que os alunos tenham atenção integral.
A rede funciona, portanto, de modo intersetorial e interdisciplinar, e sua equipe poderá ser composta 
por profissionais de Psicologia, Serviço Social, Educação Especial, Pedagogia, Fonoaudiologia, Fisioterapia 
e Terapia Ocupacional.
Dependendo do contexto, também poderão compor a equipe os conselheiros tutelares e os agentes 
comunitários.
Compete às equipes: levantar as necessidades específicas das escolas; elaborar programas para 
orientá‑las; acompanhar famílias e professores; fazer um levantamento de recursos oferecidos pela 
comunidade e articulá‑los.
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As redes de trabalho possibilitam o apoio mútuo, a fim de viabilizar a 
educação conjunta para todos.
Quanto maior o número de parcerias estabelecidas entre as áreas de saúde, educação e assistência 
social, mais se ampliam as possibilidades de resolver situações de acesso aos serviços, com brevidade na 
resolução de problemas e, consequentemente, melhoria na qualidade de vida.
Figura 2 – A parceria entre as áreas envolvidas melhora o acesso aos serviços
6.2 Definição de ensino colaborativo
O Ensino Colaborativo consiste no trabalho de parceria entre educadores da escola comum e 
professores especialistas, é, portanto um exemplo de trabalho em rede.
 Observação
Uma rede não é apenas um grupo de profissionais que trabalha para 
atender à escola ou o aluno isoladamente, e sim um grupo que realiza essa 
ação em conjunto.
Visto que a escolarização de alunos com deficiência na rede regular de ensino é um 
fato, o Ensino Colaborativo apresenta‑se como uma sugestão de modelo de atuação muito 
próspero, que pode contribuir com o processo de escolarização de alunos com deficiência e 
com a formação dos professores desses alunos, uma vez que utiliza os diversos saberes em um 
trabalho de rede.
[...] o ensino colaborativo [...] consiste em uma parceria entre os professores 
de Educação Regular e os professores de Educação Especial, na qual um 
educador comum e um educador especial dividem a responsabilidade 
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de planejar, instruir e avaliar os procedimentos de ensino a um grupo 
heterogêneo de estudantes (CAPELLINI; MENDES, 2007, p. 13).
Como vimos, a história da Educação Especial iniciou‑se no século XIX, e não podemos deixar de 
considerar que, desde então, vem acumulando conhecimentos acerca de como se dá a aprendizagem de 
alunos com deficiência e de como elaborar estratégias diferenciadas para trabalhar com as necessidades 
educacionais desses alunos.
Assim, é possível aproveitar o conhecimento adquirido na área da Educação Especial no contexto da 
escola regular. Os profissionais que atuavam na escola especial podem compartilhar seus saberes com os 
profissionais da escola comum, sejam eles atuantes na equipe de docência ou de gestão.
Mendes (2006) diferencia dois modelos de ensino em colaboração: a Consultoria Colaborativa e o 
Ensino Colaborativo.
A Consultoria Colaborativa diz respeito ao trabalho de suporte de profissionais à escola, ou seja, 
psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais que prestam 
seus serviços de orientação para melhorar as condições de ensino na escola. Essas parcerias são de suma 
importância para que o aluno, a comunidade escolar e a família sintam‑se seguros.
O Ensino Colaborativo é uma situação na qualduas professoras trabalham em colaboração: a 
professora de ensino regular, responsável pela sala de aula, e a professora especialista.
A seguir, apresentamos o relato de duas experiências de Ensino Colaborativo, com a finalidade de 
exemplificar possibilidades dessa proposta em rede de apoio.
Ambas foram organizadas e desenvolvidas por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal 
de São Carlos.
Figura 3 – O compartilhamento de saberes enriquece o trabalho de todos
A primeira experiência diz respeito ao trabalho articulado por quatro pesquisadoras dessa 
universidade, Ferreira, Mendes, Almeida e Prette (2007), que desenvolveram um estudo em uma escola 
municipal no interior de São Paulo.
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O artigo escrito pelas autoras está disponível na íntegra em:
<http://coralx.ufsm.br/revce/ceesp/2007/01/a1.htm>.
 Observação
O diário de bordo poderá ser uma excelente fonte de avaliação de seu 
trabalho e um valioso instrumento de pesquisa e sistematização da prática 
educativa.
A segunda experiência foi apresentada por Capellini e Mendes (2007, p. 114), que tinham como 
objetivo geral “investigar as possibilidades do Ensino Colaborativo no desenvolvimento profissional do 
docente, para o processo de inclusão escolar”.
As autoras demonstram como a reflexão sobre a própria prática pedagógica pode contribuir para 
que o professor aperfeiçoe seu trabalho, verificando suas lacunas e visualizando modos de supri‑las.
Pensar a prática é reconhecê‑la, reformulá‑la quando necessário adaptando‑a a novas situações, 
pois, para “[...] que se conquistem melhorias na formação inicial, a formação permanente é necessária 
para redirecionar a prática, visando à concretização da inclusão escolar” (CAPELLINI; MENDES, 2007, p. 
118).
O estudo em questão foi desenvolvido em duas escolas do Estado, com atendimento em Ensino 
Fundamental e localizadas no município de Bauru.
Participaram quatro professores do ensino comum que lecionavam em quatro turmas diferentes, 
em que havia seis alunos com deficiência intelectual atendidos por uma professora especialista em 
Educação Especial.
No que se refere à metodologia, a professora especialista iniciou seu trabalho realizando a observação 
dos participantes, com o objetivo de familiarizar‑se com a situação, fazendo um diagnóstico inicial 
mediante a confecção de um diário de campo, com suas impressões.
Uma vez avaliadas as necessidades de adaptação de material e arranjo de novas estratégias de 
trabalho, a pesquisadora intervinha em sala com duas sessões semanais, com duração variável de duas 
a quatro horas, ao longo de um ano letivo.
Durante o período das intervenções, uma câmera ficou ligada fazendo o registro das ações, e o foco 
da filmagem foi o grupo.
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Ocorreram encontros quinzenais entre os professores responsáveis pelas classes e a professora 
especialista, para observar as filmagens e discutir sobre elas, levantando referenciais para nortear a 
prática, fazendo leitura de textos, análise de casos, divisão de tarefas, elaboração de projetos e (re)
planejamento das atividades.
Estabeleceram‑se como parâmetros de avaliação para tomada de decisões sobre as intervenções: “a) 
recusa ou erro frequente da criança; b) julgamento de que a instrução ou o material seriam insuficientes; 
c) tarefa proposta demasiadamente complexa para o ‘nível’ da criança; e d) quando o professor solicitava 
a sugestão” (CAPELLINI; MENDES, 2007, p. 121).
Ao considerar a experiência apresentada, as autoras apontam como relevantes:
• A importância do Ensino Colaborativo para o desenvolvimento profissional e pessoal.
• A emergência de ocorrer maior número de encontros entre equipes de trabalho.
“Informações não garantem mudanças, é importante estarmos sensibilizados para a diferença” 
(CAPELLINI; MENDES, 2007, p. 125) que atravessa a prática pedagógica.
O uso de gravação em vídeo é um importante recurso para reflexões práticas.
O Ensino Colaborativo é positivo para melhorar a prática docente, bem como as possibilidades de 
expressão e pensamento.
 Saiba mais
Leia sobre Consultoria Colaborativa em:
MENDES, E. G.; ALMEIDA, M. A.; TOYODA, C. Y. Inclusão escolar pela via 
da colaboração entre educação especial e educação regular. Educar em 
Revista, Curitiba, n. 41, p. 81‑93, jul./set. 2011. Disponível em: <http://ojs.
c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/educar/article/viewFile/25003/16750>. Acesso 
em: 22 jul. 2013.
7 O TRABALHO DE SUPORTE EM PSICOLOGIA
A proposta de Educação Inclusiva traz novos desafios para a comunidade escolar, que se movimenta 
em busca de possibilidades diferenciadas de intervenção, em resposta à demanda de necessidades 
individuais e coletivas desse atual paradigma.
Os profissionais que trabalhavam diretamente para a Educação Especial passam a ser solicitados 
para colaborar com escolas, oferecendo seu conhecimento como suporte.
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A Declaração de Salamanca (1994) aponta, entre seus princípios, que é de grande valia para 
a implantação e a manutenção do modelo educacional inclusivo o oferecimento de serviços 
de apoio externo. Afirma que a “[...] colaboração externa dada por pessoal de apoio das várias 
agências, departamentos e instituições, tais como [...] psicólogos educacionais, terapeutas de 
fala e terapeutas ocupacionais” (BRASIL,1994, p. 31) poderá contribuir para a consolidação da 
Educação Inclusiva.
A Psicologia sempre esteve implicada com a Educação. Quando a profissão foi criada, os psicólogos 
atuavam apresentando padrões normativos de desenvolvimento e aprendizagem, elaborando laudos e 
apoiando a indicação de alunos para a sala especial. Essa postura profissional contribuía para a exclusão 
escolar.
O psicólogo geralmente é convocado à escola quando a queixa em relação ao aluno gira em torno 
de alterações de comportamento, sendo este apresentado como aspecto impeditivo para o desempenho 
escolar adequado, com base na crença de que esse seja o profissional indicado, pois sua especialidade é 
o ajustamento do comportamento humano (BRAUNSTEIN, 2012, p. 19).
Figura 4 – Psicologia e Educação sempre estiveram relacionadas
No decorrer dos cinquenta anos de profissão, com o aprofundar do conhecimento sobre como 
se dão os processos de aprendizagem e do desenvolvimento humano, aliado às justificativas de que 
a não aprendizagem pode ter causas sociais, e não individuais, o psicólogo foi obrigado a repensar 
sua prática.
Atualmente a Psicologia Escolar vem definindo mais adequadamente seu campo de ação e 
reorganizando sua prática.
O Sistema de Conselhos de Psicologia entende que educar para a 
diversidade é um princípio axiológico, portanto não se refere apenas a 
um grupo de pessoas com deficiências específicas, mas a todas as pessoas 
indistintamente, envolvendo todos os grupos que historicamente foram 
excluídos da sociedade e incluídos de forma marginal nos diferentes espaços 
educacionais brasileiros (ANACHE; SILVA, 2009, p. 13).
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 Observação
O psicólogo foi, por muitos anos, conivente com a educação 
segregacionista, aplicando testes cujos resultados buscavam organizar 
classes mais homogêneas, desrespeitando as diferenças individuais.
Anache (2010), após pesquisa documental sobre a atuação do psicólogo escolar na Educação 
Especial, afirma que a inserção desse profissional nesse contexto,tem se direcionado a colaborar com a 
transformação da cultura escolar, em busca da emancipação humana.
Silva (2010) demonstra a função promissora do psicólogo em oferecer Consultoria Colaborativa.
Nos dois últimos Congressos Nacionais da Psicologia, em que o tema Educação Inclusiva foi abordado, 
os Sistemas de Conselhos apontaram como encaminhamentos necessários para nortear a prática do 
psicólogo no atendimento a essa demanda:
• incrementar os debates sobre as contribuições da Psicologia para uma 
educação inclusiva;
• levantar e divulgar o trabalho de psicólogos que desenvolvam práticas 
em educação inclusiva;
• recomendar e defender a atualização teórico‑conceitual, o 
desenvolvimento de competências e a mobilização permanente dos 
psicólogos no campo da educação, visando a uma atuação profissional 
que promova ganhos para a consolidação da proposta da Educação 
Inclusiva (ANACHE; SILVA, 2009, p. 13).
Além dos dados obtidos nos encontros acadêmicos, foi feita uma pesquisa para delinear o perfil do 
psicólogo que atua diretamente em programas de Educação Inclusiva. Os dados dessa pesquisa foram 
obtidos por meio de questionário on‑line que foi disponibilizado por três meses no site do Crepop 
(Centro de Referência Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas), órgão responsável também por tratar 
e divulgar os dados obtidos.
 Lembrete
O psicólogo escolar não se define por ser um profissional que atua 
na escola, mas sim por trabalhar em situações nas quais os processos de 
ensino‑ aprendizagem estão implicados.
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Unidade II
Em 2008 foi publicado o relatório descritivo de dados quantitativos que, em síntese, apresenta‑se 
da seguinte forma:
• 90,4% dos respondentes são mulheres;
• 57,7% têm entre 30 e 49 anos;
• 34,2% são psicólogos há menos de dois anos;
• 49,1% encontram‑se na Região Sudeste;
• 68,8% têm pós‑graduação, sendo 52,7% especialização lato sensu;
• 48,1% atuam em Educação Inclusiva há menos de 2 anos;
• 61,7% trabalham em Organizações Públicas;
• 48,3% têm vínculo de trabalho regido por Estatuto de Servidores 
Públicos;
• 39,4% ganham até R$ 1.000,00;
• 40,8% trabalham entre 21 e 40 horas/semana;
• 30,6% trabalham em Departamento/Secretaria de Educação;
• 70,2% atendem a pessoas com deficiência;
• 46,5% trabalham em conjunto com equipe multidisciplinar;
• 50,2% utilizam entrevistas como recurso de trabalho;
• 19,2% exercem atividade docente;
• 20,6% realizaram pesquisa científica sobre o tema (CFP, 2008, p. 5).
É evidente que quase metade (49,1%) dos psicólogos concentra a sua atuação na Região Sudeste, 
principalmente em São Paulo (19%) e Minas Gerais (14,6%). Geralmente trabalham em Organizações 
Públicas e atendem a pessoas com deficiência. Esses dados nos levam a pensar que a atuação do 
psicólogo necessita ampliar‑se para além do atendimento à pessoa com deficiência, intensificando‑se 
em outras regiões do país, a fim de que possa realmente contribuir para a promoção da saúde e da 
educação para a diversidade humana.
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA
 Saiba mais
Para obter o relatório de pesquisa na íntegra, acesse:
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Centro de Referência Técnica em 
Psicologia e Políticas Públicas. A atuação de psicólogos em políticas de 
Educação Inclusiva. Brasília, 2008. Disponível em: <http://crepop.pol.org.
br/novo/wp‑content/uploads/2010/11/rpei.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2013.
7.1 A avaliação das dificuldades de escolarização e das necessidades dos 
alunos sob a ótica da Psicologia
Para avaliarmos as dificuldades de escolarização que se apresentam, é necessário analisarmos os 
contextos em que as situações ocorrem.
Dependendo também de como a demanda foi encaminhada ao psicólogo e do “lugar” que esse 
profissional ocupará na dinâmica escolar, apresentamos dois modos de fazer a avaliação, que, conforme 
o caso, poderá ser complementar.
A proposta pode ser de Consultoria Colaborativa e/ou uma solicitação de atendimento individual, ou 
ainda ser um profissional efetivo da instituição escolar.
Os alunos têm sua família, moram e estudam em determinada comunidade, apresentam diferenças 
individuais no modo de comportar‑se, aprender e conviver, bem como possuem histórias escolares 
diferentes; portanto, nessa análise, seja ela institucional ou não, é imprescindível relacionar todos esses 
dados para entender como se produziram tais dificuldades e, a partir disso, identificar as necessidades, 
para que haja uma aprendizagem efetiva.
Figura 5 – Para avaliar as dificuldades de escolarização, é necessário analisar cada contexto
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7.1.1 Contexto familiar
A família geralmente é o primeiro contexto de socialização. Influencia nossa formação moral e o 
desenvolvimento dos valores culturais. Além disso, os familiares responsáveis pela criança, geralmente, 
sabem o histórico escolar dela e poderão dar valiosas informações sobre como a criança aprende e como 
se sente diante da situação que está vivendo.
No contato com a família, podemos investigar:
• situação de escolarização do aluno e da família até o momento;
• dificuldades da criança em executar as tarefas escolares;
• possibilidades encontradas pela família para que a criança estude em casa;
• relacionamentos entre a escola e a família;
• rotina da criança;
• expectativas da família em relação ao aluno e à sua escolarização;
• desempenho dos papéis parentais.
Esses dados nos permitem iniciar uma verificação de quanto essa criança e sua família 
encontram‑se excluídos do processo de escolarização, considerando sua trajetória e as possibilidades 
a que estiveram expostos. Trazem também informações a respeito de como é a dinâmica familiar em 
torno da educação escolar e das dificuldades que necessitam ser sanadas: “[...] os pais expõem sua 
versão sobre os problemas que seus filhos vêm enfrentando na escola. São incentivados a pensar 
sobre a queixa, de forma a questioná‑la e entendê‑la de maneira contextual, buscando possíveis 
soluções” (BRAUNSTEIN, 2007, p. 110).
O trabalho com a família também tem como objetivo aguçá‑la na percepção das necessidades e 
possibilidades do filho, retirando‑a da posição de ineficiência.
Com o aluno, é preciso fazer uma avaliação das suas necessidades educativas e, de forma sistemática, 
conhecer suas dificuldades cognitivas e de socialização.
Por meio de jogos e materiais lúdicos, é possível:
• investigar como está seu pensamento lógico: antecipações, deduções, conclusões;
• obter alguns dados sobre a maneira pela qual ele percebe seus erros e dificuldades e como lida 
com estes.
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A relação estabelecida com a criança ou o adolescente prioriza entender e problematizar como 
compreende sua própria trajetória e como se sente em relação a suas supostas dificuldades e/ou 
necessidades (BRAUNSTEIN, 2007, p. 107).
 Lembrete
A avaliação dos processos de escolarização não é um psicodiagnóstico, 
pois se pressupõe que as causas têm bases coletivas, e não individuais.
Por meio do material escolar, observar:
• como a criança organiza seu material;
• como o professor oferece o material à criança e esclarece suas dúvidas;
• maior ou menor interesse das crianças por determinada matéria e/ou certo professor.
7.1.2 Contexto educacional
A escola, vista como espaço público, deve ser um local em que haja sempre respeitoàs diferenças, ao 
diálogo e ao direito de obter conhecimento formal e informal, em que os saberes sejam compartilhados 
e discutidos por educandos, pais, profissionais e comunidade; se assim for, será mais fácil entender os 
processos de aprendizagem de cada aluno.
O psicólogo, em sua avaliação, deve:
• analisar a dinâmica da sala de aula, suas configurações e a rotina de trabalho;
• conversar com o professor de modo horizontal, investigando suas expectativas de ensino e 
aprendizagem: individual e coletiva;
• conhecer as expectativas que o docente tem em relação às famílias dos educandos.
Araújo e Almeida (2005) apresentam uma proposta de intervenção institucional que é ancorada em 
quatro dimensões: o mapeamento institucional, o espaço de escuta psicológica, a assessoria do trabalho 
coletivo e o acompanhamento ao processo ensino‑aprendizagem.
O mapeamento institucional está caracteristicamente assentado no momento da avaliação, pois tem 
por objetivo compreender a realidade educacional para, posteriormente, realizar a intervenção. Com 
essa finalidade, o psicólogo deverá:
[...] investigar e analisar a instituição escolar, evidenciando [...] as contradições 
entre as práticas educativas e demandas do sujeitos nesse contexto, 
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contribuindo para que as rupturas ou reformulações institucionais levem a um 
novo direcionamento das práticas profissionais (ARAÚJO; ALMEIDA, 2005, p. 90).
As autoras colocam como ações:
• verificar e evidenciar incoerências e divergências ideológicas na instituição escolar;
• analisar concepções subjacentes nas práticas educativas e nos projetos;
• analisar o currículo e como este se expressa na dinâmica do trabalho pedagógico;
• discutir as relações estruturais na instituição e com a comunidade escolar;
• analisar os papéis e objetivos expressos nos documentos: projetos e regimento;
• refletir com a comunidade escolar sobre os PCNs.
Com esses procedimentos, podemos ter uma visão mais ampla de como as relações escolares 
podem desencadear e aumentar o fracasso escolar e de como podem, também, dar subsídios para o 
enfrentamento das dificuldades que se apresentam.
7.2 Intervenções do psicólogo para garantir uma Educação Inclusiva
Para compreender as intervenções do psicólogo no contexto educacional, podemos partir dos 
princípios fundamentais do Código de Ética da profissão (2005), destacamos como relevante para este 
estudo a indicação de um trabalho baseado:
[...] no respeito, na promoção da liberdade, da dignidade e da igualdade e da 
integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos [...] o psicólogo trabalhará visando promover 
a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá 
para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão (CFP, 2005, p. 2).
Esses princípios demonstram a importância dessa categoria profissional para abordar questões nas 
quais os direitos humanos sejam prejudicados, entre elas a exclusão escolar.
Conforme Silva (2005, p. 24),
Seria preciso que nós psicólogos cuidássemos sistematicamente, com 
um olhar muito intenso, das dimensões subjetivas que estão envolvidas 
nos processos de violação dos direitos humanos, da questão do processo 
de produção de sofrimento mental que está implicado na temática da 
institucionalização da sociedade.
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Intervenções em Psicologia comprometidas com a Declaração dos Direitos Humanos são aquelas que 
socializam os direitos humanos por meio do ensino e da educação e que se utilizam do conhecimento 
para interceder pelo ser humano, defendê‑lo e protegê‑lo em todos os contextos da sociedade nos quais 
estejam ocorrendo ações que impliquem prejuízo para a saúde mental do homem.
O Documento Subsidiário à Política de Inclusão (BRASIL, 2005a), indica como relevante o trabalho de 
equipe interdisciplinar e, para a concretização das ações, afirma que cabe à equipe de apoio:
a) investigar e explorar os recursos da comunidade a fim de articular 
os serviços especializados existentes na rede de educação e saúde às 
necessidades específicas dos alunos com necessidades educacionais 
especiais;
b) desenvolver estratégias de parceria entre as diversas instituições com 
trabalho social e comunitário, governamental e não governamental;
c) realizar visitas domiciliares para auxiliar no acesso e permanência do 
aluno com necessidades educacionais especiais na rede regular de 
ensino;
d) acompanhar o processo de aprendizagem do aluno com necessidades 
educacionais especiais, favorecendo a interlocução dos segmentos da 
comunidade escolar;
e) articular a mediação entre a sala de aula com o atendimento 
educacional especializado, o atendimento clínico, a rede de assistência 
e a família (BRASIL, 2005a, p. 47).
No que diz respeito à Psicologia, podemos apontar, como intervenções possíveis, o atendimento clínico 
e sua interlocução com o contexto escolar, havendo o grande desafio de não patologizar as relações; 
desenvolver estratégias e parcerias com outros profissionais e instituições; fazer visitas domiciliares 
com o assistente social, colaborar com os professores para repensar estratégias de aprendizagem e de 
socialização e, quando fizer parte do quadro de funcionários de uma instituição escolar, participar da 
elaboração do Projeto Político‑Pedagógico, trazendo à baila à discussão de como é importante trabalhar 
com projetos que abordem a diversidade humana.
Uma importante contribuição do campo da Psicologia é a possibilidade de reconhecer barreiras 
atitudinais e contribuir para superá‑las.
Com a família, as intervenções visam discutir e facilitar a reflexão sobre os papéis parentais. Para 
devolver‑lhes a confiança no seu desempenho, é preciso sinalizar o quanto os pais são capazes de 
reconhecer e viabilizar as necessidades de seus filhos, pois, ao se sentirem mais confiantes em seus 
papéis, ficam mais seguros para buscar uma escola que atenderá a essas necessidades. Em intervenções 
junto ao professor, o psicólogo deve impulsionar o questionamento da práxis educacional, de modo 
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que favoreça a descoberta de práticas educativas que levem à ressignificação das necessidades de cada 
aluno, com suas possíveis adaptações às relações horizontais, em que ele possa perceber suas próprias 
possibilidades de intervenção.
Um trabalho de promoção de saúde na escola é aquele que permite a reflexão dos problemas pela 
própria escola, envolvendo todos os componentes – professores, pais, alunos, técnicos – de tal instituição. 
Entendemos que a função do psicólogo diante das questões escolares é, por meio da problematização, 
com os profissionais da instituição, de suas concepções e práticas, procurar romper relações cristalizadas, 
gerando novas conexões com outras formas de sensibilização, com outros saberes e práticas, gerando 
saúde (BRASIL, 2005a, p. 33).
Figura 6 
No contexto escolar, o psicólogo pode contribuir intervindo mediante ações com os professores e 
com a equipe de gestão. Dentre estas, podemos citar:
• ouvir e acolher o professor em suas dúvidas e angústias em relação ao trabalho;
• perante as incertezas, sinalizar as possibilidades de ambos obterem sucesso no processo educativo;
• minimizar as expectativas iniciais de cumprimento de currículo e notas, discutindo conceitos e 
valores de avaliação que priorizem elementos qualitativos;
• contribuir e cooperar paraa formação de professores no âmbito da Psicologia, na medida em que 
haja interesse e necessidade;
• respaldar o professor em situações solicitadas pela escola, sem atravessar e/ ou substituir o papel 
deste.
O professor e o psicólogo escolar, juntamente com a equipe multidisciplinar 
podem colaborar para a efetivação da inclusão escolar; para tanto, devem 
ser parceiros que se proponham, diante dos desafios, a melhorar as relações 
e a educação, mas só poderão fazê‑lo se a eles for dada a possibilidade de 
descolar‑se da imagem idealizada de professor, de aluno e de psicólogo, 
favorecendo a descoberta de práticas educativas que levem à descoberta das 
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necessidades e possibilidades de cada aluno, com suas possíveis adaptações 
(BRAUNSTEIN, 2007, p. 107).
Nas outras instâncias escolares, o psicólogo poderá intervir discutindo acerca da posição e do 
compromisso da escola com o atendimento educacional; trabalhar com a conscientização da comunidade 
escolar sobre a diversidade e o respeito às diferenças.
Araújo e Almeida (2005) abordam como uma das fases de intervenção pós‑mapeamento a escuta 
psicológica, o assessoramento do trabalho coletivo e o acompanhamento do processo ensino‑aprendizagem.
Na escuta psicológica, apontam que o psicólogo deve ater‑se às “vozes institucionais” para entender 
aspectos subjetivos presentes na instituição.
No assessoramento do trabalho coletivo, indicam a criação de espaços de interlocução, a 
instrumentalização da equipe e a valorização do fazer docente.
Finalmente é possível acompanhar os processos educativos promovendo situações didáticas 
condizentes com as necessidades dos alunos, enfocando a análise do processo de modo bidirecional e 
construindo alternativas teórico‑metodológicas de avaliação diversificadas.
 Observação
O psicólogo, cotidianamente, tem flexibilidade para atuar em 
diversos espaços: como funcionário da instituição escolar, atendendo 
em intervenções individuais em consultórios e/ou clínicas e prestando 
assessoria colaborativa.
7.3 Estratégias e possibilidades de atuação do psicólogo que rompam com 
a cumplicidade entre a psicologia e a educação na medicalização do ensino
Neste tópico, apresentaremos possibilidades de atuação no campo da Psicologia que tenham 
abordagem crítica, identificando as estratégias nos exemplos de experiências descritos.
Em 2009, o Conselho Federal de Psicologia publicou trabalhos que receberam o Prêmio Educação 
Inclusiva: experiências profissionais em Psicologia, cuja proposta foi reunir experiências inovadoras e 
com aplicabilidade.
Os relatos deveriam contemplar os itens a seguir:
• uso da Psicologia como instrumento de apoio a uma versão 
transformadora da Educação, a uma versão democrática da escola 
como espaço de produção de vida e ampliação das consciências, uma 
Psicologia a serviço da construção do direito à Educação Inclusiva;
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• modos de acolhimento a crianças, adolescentes e adultos que têm 
sido excluídos por ser considerados deficientes, anormais, inferiores, 
diferentes;
• ampliação de serviços, criação, recuperação e melhoria dos espaços 
destinados à convivência integrada;
• utilização de saberes e práticas psicológicas na criação e manutenção 
de ações inclusivas (CFP, 2009, p. 17).
Apresentamos a seguir o relato de duas experiências em que o psicólogo colabora com a Educação 
Inclusiva.
Uma experiência psicopedagógica no Hospital das Clínicas da Universidade 
Federal de Uberlândia (HCU)
Quando a criança e o adolescente são afastados de seu meio (família, escola, amigos) 
para tratamento de saúde (hospitalização), vivenciam situações dolorosas e invasivas. A 
psicopedagogia hospitalar propicia uma aproximação desse cotidiano roubado. A classe 
hospitalar é o espaço legítimo no qual a criança tem acesso à ludoterapia, estimulação 
psicopedagógica, bem como a oportunidade de acompanhar a escola regular.
A classe hospitalar do HCU existe desde janeiro de 2006, com parceria entre a Secretaria 
do Estado da Educação de Minas Gerais, a Superintendência Regional de Ensino, a Secretaria 
Municipal de Educação e Universidade Federal de Uberlândia.
[...]
Considerações sobre o trabalho em classe hospitalar
A inclusão social‑escolar da criança que passou por tratamento e internação tornou‑se 
[...] espaço fértil para se desconstruir mitos e preconceitos que possam dificultar a inclusão 
social do diferente, qualquer que seja a diferença: de raça, física, social, psicológica, 
espiritual, diminuindo com isso a discriminação e as injustiças, que cedo levam as crianças 
ao sofrimento da segregação.
Fonte: CFP (2009, p. 70; 73).
O trabalho do psicólogo pode contribuir muito com a Educação Inclusiva. Como vimos no relato 
anterior, existem possibilidades de atuação em contextos de saúde, educação e na sociedade. O 
importante é que o objetivo seja claramente o de colaborar para a construção de uma sociedade mais 
justa, na qual caibam todas as pessoas, independentemente de suas características sociais, orgânicas, 
étnicas e econômicas.
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Se você quiser conhecer as outras experiências premiadas consulte:
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Educação Inclusiva: experiências 
profissionais em Psicologia. Brasília, 2009. Disponível em: <http://site.cfp.
org.br/wp‑content/uploads/2009/12/livro_educacaoinclusiva.pdf>. Acesso 
em: 24 jul. 2013.
8 O TRABALHO DE SUPORTE EM SERVIÇO SOCIAL
Abordar o assunto do trabalho de suporte em Serviço Social no contexto da Educação Inclusiva 
requer, inicialmente, situar de forma breve as origens históricas, filosóficas e culturais do trabalho em 
Serviço Social no Brasil.
Segundo Vasconcelos (2002):
A formalização da profissão ocorre na segunda década do século XX, nos 
Estados Unidos da América, convergindo com as perspectivas do movimento 
higienista naquele país. No Brasil as primeiras escolas de formação 
estabeleceram‑se na década de 1930, fortemente marcada pelas perspectivas 
do pensamento assistencialista católico (Serviço Social doutrinário católico 
brasileiro), aliado ao movimento higienista.
O movimento higienista brasileiro constitui‑se a partir da visão do Estado intervencionista, nacionalista 
e assistencialista, em que a preocupação é a higiene mental, o controle sobre os comportamentos 
humanos, o pragmatismo psicodiagnóstico e prognóstico guiado pelo positivismo científico e religioso, 
na visão do Estado centralizador, monopolista e capitalista.
De acordo com Braustein (2012), o movimento higienista com base cientificista e positivista objetiva 
o manejo das demandas sociais nas mais variadas instituições, organizações e atividades. Desse modo, a 
judicialização da vida privada, o controle da família sobre a vida dos indivíduos, bem como as escolas e 
os demais estabelecimentos socioeducacionais, manicomiais e penais passam a ser estratégicos para o 
estabelecimento de um país supostamente desenvolvido e civilizado.
Na perspectiva higienista, o papel social da escola e de seus profissionais é identificar (avaliar, 
diagnosticar, prognosticar) o “bom” e o “mau” (indisciplinado, menos inteligente) aluno, a família 
“adequada” e a “inadequada”, a “estruturada” e a “desestruturada” segundo os padrões da Psicometria, 
da eugenia e do modelo católico e ibérico de família.
As políticas públicas assistencialistas, compensatórias, segregacionistas e excludentes são as marcas 
desse período, que se perpetua até a redemocratização brasileira,

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