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História da Educação UNIDADE 2 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO UNIDADE 2 INTRODUÇÃO Dando início a nossa segunda unidade, continuaremos estudando a trajetória de construção histórica da educação nas sociedades ocidentais. A partir de agora anali- saremos os fatores que permitiram o desenvolvimento das práticas educacionais na Europa Ocidental, após o fim do Império Romano, na fase que se denominou cha- mar de Idade Idade Média e do período que corresponde ao Renascimento . Esse período corresponde ao intervalo de tempo, didaticamente selecionado, que vai desde a queda do Império Romano do Ocidente com sede em Roma em 476 depois de Cristo, até queda do Império Romano do Oriente, cuja capital ficava em Cons- tantinopla, em 1453 d. C.. Nesses quase mil anos a história presenciou uma intensa transformação da vida na sociedade européia, entre elas merecem destaque: uma nova forma de organização social (sistema feudal), ascensão do cristianismo como fundamento para a vida em sociedade, a educação religiosa, a educação feminina, a formação dos cavaleiros e as corporações de ofícios. Já durante o Renascimento, pudemos perceber outro movimento e ânimo para as transformações sociais. No período que integra os séculos XV e XVI, as convicções religiosas que marcaram profundamente o período medieval, vão aos poucos perdendo espaço para o resgate das ideias produzidas na antiguidade Clássica, sobretudo na Grécia e em Roma. É ainda o período em que o cristianismo divide-se em dois grandes blocos, com a Reforma Luterana. Desse marco na vida religiosa, a educação recebeu grandes influências, que o estudante não pode deixar de conhecer, pois grande parte da expansão das culturas eu- ropéias para o continente americano foram estimuladas por consequência desses acontecimentos. Antes de darmos continuidade de nossos estudos com a segunda unidade de nossa disciplina, destacamos a importância de acompanhar o capítulo correspondente à essa unidade no livro de História da Educação. Esse guia de estudos é um mate- rial complementar as suas pesquisas e pode ser mais bem aproveitado também, se você responder os exercícios com atenção. ASPECTOS GERAIS DA SOCIEDADE MEDIEVAL Vale destacar que o enfoque, que será dado aqui para esse largo intervalo de tempo que compreende a Idade Média, não terá uma fidelidade à sequencia cronológica dos fatos, mas sim a uma análise sobre os temas relevantes à compreensão do fenôme - no da educação nesse recorte didático de tempo. Falar da Idade Média significa falar também de uma divisão já conhecida do aluno desde os tempos de escola: Alta Idade Média – da formação dos povos germânicos até estruturação do sistema feudal – e Baixa Idade Média Baixa Idade Média – mo- mento que há um ressurgimento da vida urbana e da prática do comércio na Europa 1 Ocidental. Mais ainda, significa falar sobre um estilo de vida rural, isolado em fortifi- cações (castelos) e com uma intensa atuação da instituição religiosa cristã. Para entender isso tudo, o aluno deve voltar-se para o fim do Império Romano no Ocidente, e entender que esse processo teve uma forte contribuição da expansão e da migração dos povos germânicos (vândalos, ostrogodos, visigodos, anglo-saxões e francos) para as áreas de domínio romanas no continente europeu. Com isso po- de-se perceber uma elevação no risco de desenvolvimento urbano, comercial e da manutenção do sistema escravista romano. Aos poucos esses “povos bárbaros” vão absorvendo o cristianismo e essa aliança será uma das características mais marcantes desse período, mas antes falaremos mais sobre o Feudalismo . Esse modo de produção que teve raízes tanto nas relações escravistas romanas e como nas institui- ções “bárbaras” de produção baseava-se em rela- ções servo-contratuais para o trabalho na Europa Medieval. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/Germaniae_antiquae_.jpg Existiam assim como integrantes des- sa estrutura social: os servos que eram aqueles que trabalhavam; uma nobreza feudal detentora das terras e por isso res- ponsável por sua defesa; e os represen- tantes religiosos cuja função era dar fun- damento à vida nessa realidade social. As habitações eram fortificações situadas em locais estratégicos, com torres altas para visualizar os perigos ainda longe e dotadas por um exército de cavaleiros. Ao menor sinal de uma possível invasão, todos do povoado deveriam entrar nos castelos onde estariam protegidos. http://2.bp.blogspot.com/Feudo.jpg 2 O sustento dessa sociedade vinha da produção agrícola, em que os servos deviam obrigações aos seus senhores feudais: talha, corvéia, banalidades e outras. Havia ainda os vilões, pessoas que viviam nos feudos, deviam obrigações aos senhores, mas que diferente dos servos, esses não estavam presos a terra. EDUCAÇÃO E PENSAMENTO CRISTÃO MEDIEVAL Como já foi dito anteriormente, era um dos mais importantes o papel da religião nessa sociedade: o de dar sentido à vida das pessoas. Sendo assim, houve um es- forço especial, por parte de alguns representantes religiosos de explicar as distintas situações vividas na sociedade de então, sob o prisma da religião oficial da época, o cristianismo. Cabe aqui, um destaque para o fato de que o pensamento grego e romano, funda - mentado na filosofia, não deixou de existir. No entanto, com a fusão do cristianismo com a cultura greco-romana, o racionalismo humanista foi reinterpretado à luz da doutrina religiosa cristã. Filósofos como Platão e Aristóteles tiveram suas ideias usa- das como base reflexiva de tratados teológicos, que foram cruciais para administrar o pensamento social em todo o período medieval. http://3.bp.blogspot.com/Charlemagne_and_Pope_Adrian_I.jpg Entre esses pensadores destacam-se os representantes da Patrística (doutrina dos padres da Igreja), tais como Clemente de Alexandria, Orígenes, Tertuliano e Agostinho de Hipona, e da < Escolástica > (a filosofia ensinada nas escolas) que teve como seu maior ícone, o Tomás de Aquino. As reflexões edificadas entre essas linhas de pensamento fundamentaram produções educacionais que norteariam a atuação de religiosos na condução ideológica da vida, nas sociedades medievais. 3 Todo o desenvolvimento humano, moral, produtivo, técnico, social e político dessa fase foram influenciados diretamente pela formação religiosa obtida através do clero cristão. EDUCAÇÃO FEMININA A educação entre as mulheres era dividida em duas: as mulheres provenientes dos estratos trabalhadores, servos e vilãos, assim, como os homens também dessa clas- se, não recebiam nenhuma educação formal e a educação recebida pelos filhos da nobreza feudal. De maneira geral, a educação desenvolvida para mulheres e homens dos grupos sociais mais baixos era fornecida pela religião de forma difusa, e pouco sistemática. Festas comemorativas do calendário religioso cristão, livros ilustrados, imagens em vitrais ou pinturas em templos, poesia e canções carregavam os temas centrais do cristianismo para a formação e desenvolvimento humano das pessoas sem acesso aos processos formais de educação. Já as mulheres dos estratos sociais mais elevados, poderiam receber aulas domi- ciliares voltadas para trabalhos manuais, artes, música e poesia, todas com forte conteúdo religioso. Vale frisar para o aluno que a educação dada para as mulheres das sociedades medievais não tinham como finalidade garantir a emancipação social da mulher, mas, fortalecer sua posição de submissão ao homem e à sua função na constituição da família. O papel da educação na garantia de um sistema de submissão onde a mulher rendia obediência aos homens e a esses a igreja fundamentou uma ideia de ordem social, que ainda faz-se presente em muitas re- giões do Brasil ainda hoje. Vale um destaque especial a obra de Christine de Pisan que teve uma formação letrada com acesso a leitura de textos da filosofia clássica (naturalmenteos textos que envolviam conteúdos ligados à política e reflexão crítica social não faziam parte do repertório da educação das mulheres). A autora desenvolveu textos sobre a situação da mulher na Europa de seu tempo, princi- palmente manuais sobre educação moral voltada para vida social feminina. O conteú- do de seus textos explora a diversidade de situações que as mulheres de distintas clas- ses sociais, viviam no período medieval. http://fleursdumal.nl/mag/pisanchristine-05.jpg 4
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