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Nesta aula, estudaremos as condições da aparição do pensamento filosófico de Platão e o Mundo das Ideias, de Aristóteles, de Epicuro e o Estoicismo, terminando com as tendências ecléticas de Marco Túlio Cícero. Filosofia é uma forma de saber que até hoje influencia a maneira de pensar e agir nas culturas contemporâneas. Neste sentido, a Filosofia representa a causa das profundas mudanças sociais ocorridas em consequência de sua recepção pela sociedade grega, mas ao mesmo tempo, é a consequência de processos sociais e culturais, verdadeiras metamorfoses na mentalidade grega que abandonava definitivamente a fase arcaica. Entre os estudiosos deste fenômeno está Jean-Pierre Vernant (1914-2007). Ele enfatizou em seus estudos a questão das condições históricas que possibilitaram o nascimento da Filosofia; este ‘milagre’ evolutivo, um fenômeno ímpar entre as sociedades antigas: Além disso, ele irá influenciar o pensamento moderno, convencido erroneamente de que o pensamento filosófico fora a derrocada do mito e da religião na sociedade grega. Vernant iniciou suas pesquisas sobre a antiguidade grega buscando reformular as bases sobre quais eram colocadas a questão sobre a emergência do pensamento racional no âmbito da cultura grega antiga. Até então, ela era colocada sobre o signo do “milagre grego”, no qual a irrupção do pensamento racional era vista como manifestação da genialidade, sendo expressão do espírito, de uma capacidade completamente nova que não possuiria pontos de contato com a materialidade religiosa, mítica, pré-lógica que a teria antecedido. A ideia de milagre reforçava a concepção de mudança abrupta que não guardaria relações com as condições sociais, econômicas e políticas. Assim, o milagre grego não seria a contrapartida de condições sociais objetivas, mas um fenômeno vindo de fora das relações sociais concretas. Era a racionalidade grega vista como manifestação de um espírito absoluto, existente fora da história, de suas lutas reais e concretas, que se manifestava pelos homens e não como uma criação sua. Foi essa explicação a-histórica da irrupção do racionalismo grego que Vernant buscou reformular em seu trabalho “As Origens do Pensamento Grego”, pois para ele a história do espírito não seria uma história puramente individual, nem uma história no ar: ela teria raízes na vida material e social dos homens, excluindo tanto o acaso quanto a predestinação. Periodização da Filosofia Grega na Antiguidade Neste sentido, a Filosofia como forma de pensamento histórico pode ser objeto de uma investigação material, em forma de cronologia, que estabeleça os passos de seu desenvolvimento e seus principais atores: os filósofos. 1º Período: Pré-socrático O primeiro período (-600/-400) é marcado pela reflexão sobre a estrutura do mundo natural pelo desenvolvimento da argumentação filosófica. Ou cosmologia (cosmos = mundo racionalizado, a natureza entendida como conjunto de leis que regem a realidade. Sua interpretação através dos fenômenos ‘naturais’ é chamada de Filosofia do mundo ou ciência do mundo). A reflexão sobre a origem e a organização do universo é denominada Cosmologia (do gr. κoσμος, "ordem"). Os filósofos pré-socráticos, os mais antigos pensadores a lidar com esse tema, procuravam um princípio lógico e racional que explicasse como a s coisas surgem e desaparecem ciclicamente enquanto a Natureza permanece a mesma, e acreditavam que esse "elemento" atuava tanto no mundo físico como nos seres humanos. A confraria pitagórica Ele criou uma confraria ou irmandade em Crotona que reunia cerca de trezentos jovens, que viviam separadamente dos outros cidadãos e mantinham os bens em comum. A irmandade era aparentemente um "clube" de pessoas que cultivavam um estilo de vida particular e exclusivo, com seus rituais e segredos. 2° Período: Socrático Este segundo período no desenvolvimento da Filosofia grega é marcado pela descoberta antropológica. Da Natureza Cósmica para a Humana. O princípio de Delphos (“Conhece-te a ti mesmo!”) torna-se uma técnica de conhecimento e de ação ética (a maiêutica) da recuperação do conhecimento (“Sei que nada sei”). Nascido em Atenas, no século V. O pai, Sofronisco, escultor; a mãe, Fenarete, parteira. Na juventude, esteve interessado na Filosofia da Natureza e chegou a estudar algum tempo com Arquelau (séc. -V), discípulo de Anaxágoras de Clazômenas (-500/-428). Lutou bravamente na Guerra do Peloponeso em Potideia (-432/-430), Délio (-424) e Anfípolis (-422). A Cidade e o Templo de Delphos: Para que seus interlocutores recuperassem o conhecimento "adormecido" e abandonassem as ideias falsas, recorria à ironia: alegando nada saber, conduzia habilmente o interlocutor até que ele mesmo, refletindo, chegasse à conclusão correta. Para Sócrates, o conhecimento conduz naturalmente à sabedoria. Mas a injustiça e a maldade eram apenas o resultado da ignorância; o mal nada mais era que a falta de conhecimento do bem (tema retomado séculos depois por Santo Agostinho em “Confissões”). Durante o século -IV, o desenvolvimento e a popularização da filosofia alcançam o seu apogeu. Doutrina Platônica: O Mundo das Ideias Segundo Platão, toda a realidade é mutável, ela "flui". O mundo dos sentidos está sujeito à corrosão do tempo. Ao mesmo tempo, tudo é formado a partir de uma forma eterna e imutável. Desta dimensão de mudança (meta-morfose=mudança de forma) causada pelo tempo, ele extrai ‘a essência’ (ousia) das coisas. A universalidade de tudo, os elementos em comum. Apesar das coisas não serem exatamente iguais, existe algo que é comum a todos, algo que garante que nós jamais teremos problemas para reconhecer algo, a verdadeira forma das coisas é eterna e imutável. A Filosofia garante que entre as coisas singulares e mutáveis existe um denominador comum, fundamento estável. Ele postula a partir desta afirmação a possibilidade que as coisas na ‘Natureza’ tenham uma origem comum: que "por cima" ou "por trás" de tudo o que vemos à nossa volta há um número limitado de formas. Platão as nomeou As Ideias. Por trás de todos as coisas (humanas ou não) existe a "ideia, uma forma de matrix”. Fonte de identidade entre a diversidade de formas existentes. Platão pleiteava uma realidade autônoma por trás do mundo dos sentidos. A esta realidade ele deu o nome de mundo das ideias. Nele estão as "imagens padrão", as imagens primordiais, eternas e imutáveis, que encontramos na natureza. Esta concepção é chamada por nós de a Teoria das Ideias de Platão. O cinema e a cultura clássica Exercícios
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