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MAT0206/MAP0216 - Ana´lise Real - IME - 2007 Prof. Gla´ucio Terra 7a Lista de Exerc´ıcios Para entregar: exerc´ıcios 15, 23, 37 e 42 do cap´ıtulo 10 do Elonza˜o; exerc´ıcios 1 e 2 abaixo. 1-) Seja: f : R −→ R x 7−→ { 0, x 6 0 exp(−1/x), x > 0 Mostre que f e´ de classe C∞ e na˜o e´ anal´ıtica. 2-) Sejam a, b ∈ R, a < b. Mostre que existe φ : R→ R de classe C∞ tal que: (i) 0 6 φ 6 1; (ii) φ ≡ 0 em (−∞, a] e φ ≡ 1 em [b,+∞). Sugesta˜o: use a questa˜o anterior. 3-) Exerc´ıcios do cap´ıtulo 12 do Elonzinho. 4-) (Produto de Se´ries de Poteˆncias) Sejam ∑ an e ∑ bn se´ries absolutamente convergentes de nu´meros reais. Mostre que a se´rie ∑ cn dada por (∀n > 0) cn .= ∑nk=0 akbn−k e´ absolutamente con- vergente e ∑∞ n=0 cn = ( ∑∞ n=0 an)( ∑∞ n=0 bn). Conclua que, se ∑ anx n e ∑ bnx n sa˜o se´ries de poteˆncias convergentes em (−r, r), enta˜o a se´rie de poteˆncias ∑ cnxn dada por (∀n > 0) cn .= ∑nk=0 akbn−k e´ convergente em (−r, r) e, para todo x ∈ (−r, r), ∑∞n=0 cnxn = (∑∞n=0 anxn)(∑∞n=0 bnxn). 5-) Exerc´ıcios 2, 4, 9, 10, 11, 15, 16, 21, 23, 26, 29, 30∗, 31, 33, 35, 37, 40, 42 e 43∗∗ do cap´ıtulo 10 do Elonza˜o. Observac¸a˜o: * O exerc´ıcio 30 e´ opcional e na˜o faz parte do conteu´do que sera´ cobrado nas provas. Uma sugesta˜o para o mesmo e´ a seguinte: use o crite´rio de Dirichlet para convergeˆncia uniforme (questa˜o 29); para mostrar que a sequ¨eˆncia das reduzidas de ∑ sen(nx) e´ uniformemente limitada em [², 2pi− ²], use a exponencial complexa (vide definic¸a˜o no Rudin, caso na˜o conhec¸a) e a identidade eix = cosx+ i senx. ** Para fazer o exerc´ıcio 43, imite a demonstrac¸a˜o (pa´gina 397 do Elonza˜o) de que, se f(x) = ∑ anx n em (−r, r), e se a0 = f(0) 6= 0, enta˜o existe uma se´rie de poteˆncias ∑ bnx n, convergente num intervalo (−s, s) ⊂ (−r, r) tal que, para todo x ∈ (−s, s), tem-se 1/f(x) =∑ bnxn. 1 MAT0206/MAP0216 - Ana´lise Real - IME - 2007 Prof. Gla´ucio Terra 7a Lista de Exerc´ıcios - Resoluc¸a˜o dos Exerc´ıcios 1-) Seja: f : R −→ R x 7−→ { 0, x 6 0 exp(−1/x), x > 0 Mostre que f e´ de classe C∞ e na˜o e´ anal´ıtica. Demonstrac¸a˜o: O fato de f na˜o ser anal´ıtica decorre do princ´ıpio do prolongamento anal´ıtico (vide resoluc¸a˜o da lista #5); com efeito, a func¸a˜o identicamente nula R → R e´ anal´ıtica, e coincide com f em (−∞, 0] (que e´ um subconjunto de R que tem um ponto de acumulac¸a˜o); assim, se f fosse anal´ıtica, deveria coincidir com a func¸a˜o identicamente nula em R, o que na˜o e´ o caso. Mostremos que f e´ C∞. Afirmo que, para todo n ∈ Z+, f e´ deriva´vel ate´ ordem n, e existe uma func¸a˜o polinomial Pn tal que f (n)(x) = Pn(1/x) exp(−1/x) se x > 0 e f (n)(x) = 0 se x 6 0. Provemos tal afirmac¸a˜o por induc¸a˜o sobre n. (i) Para n = 0, a afirmac¸a˜o e´ trivial, pondo P0(x) = cte. = 1. (ii) Passo de induc¸a˜o: suponha que, dado k ∈ N, a afirmac¸a˜o valha para n = k; provemos que a mesma tambe´m sera´ verdadeira para n = k + 1. Com efeito, trivialmente segue-se que (1) f (k) e´ deriva´vel em (−∞, 0) e sua derivada a´ı se anula identicamente; (2) pela hipo´tese de induc¸a˜o, pela regra de Leibnitz e pela regra da cadeia, f (k) e´ deriva´vel em (0,+∞) e sua derivada a´ı e´ dada por x 7→ − 1 x2 P ′k(1/x) exp(−1/x) + 1x2 Pk(1/x) exp(−1/x) = Pk+1(1/x) exp(−1/x), onde Pk+1(x) .= −x2P ′k(x) + x2Pk(x). Resta mostrar que f (k) e´ deriva´vel no zero e sua derivada a´ı se anula. Trivialmente, a derivada a` esquerda de f (k) no zero existe e vale zero; verifiquemos que a derivada a` direita no zero tambe´m existe e vale zero. De fato, para todo x > 0, tem-se: f (k)(x)− f (k)(0) x = Pk(1/x) exp(−1/x) x = P (1/x) exp(−1/x), onde P (x) .= xPk(x). A tese decorre, enta˜o, do seguinte: Lema: Seja P uma func¸a˜o polinomial; enta˜o ∃ limx→0+ P (1/x) exp(−1/x) = 0. ¤ Demonstrac¸a˜o do Lema: Por induc¸a˜o sobre o grau n de P . 1 (i) Se n = 0, a afirmac¸a˜o e´ trivial, pois limx→0+ exp(−1/x) = limx→−∞ exp(x) = 0. (ii) Passo de induc¸a˜o: suponha que, dado k ∈ N, a afirmac¸a˜o valha para n = k; provemos que a mesma tambe´m sera´ verdadeira para n = k + 1. Seja P uma func¸a˜o polinomial de grau k + 1. Como k + 1 > 1, tem-se: limx→0+ |P (1/x)| = limx→+∞|P (1/x)| = +∞, e limx→0+ exp(1/x) = limx→+∞ exp(x) = +∞. Pela hipo´tese de induc¸a˜o, ∃ limx→0+ P ′(1/x) exp(−1/x) = 0 (pois P ′ e´ func¸a˜o polinomial de grau k), i.e. limx→0+ P ′(1/x) exp(1/x) = 0. Assim, pela segunda regra de l’Hoˆpital (vide lista #5), segue-se que ∃ limx→0+ P (1/x)exp(1/x) = 0. ¤ 2-) Sejam a, b ∈ R, a < b. Mostre que existe φ : R→ R de classe C∞ tal que: (i) 0 6 φ 6 1; (ii) φ ≡ 0 em (−∞, a] e φ ≡ 1 em [b,+∞). Demonstrac¸a˜o: Seja f : R→ R a func¸a˜o definida na questa˜o anterior. Enta˜o, pela regra da cadeia, sa˜o de classe C∞ as func¸o˜es R → R dadas por x 7→ f(x − a) e x 7→ f(b − x); portanto, o produto destas duas func¸o˜es, g : R → R, tambe´m e´ de classe C∞. Ale´m disso, como f se anula em (−∞, 0] e e´ estritamente positiva em (0,+∞), segue-se que g se anula em (−∞, a] e [b,+∞), e e´ estritamente positiva em (a, b). Agora basta tomar K .= ∫ b a g, e φ : R→ R dada por x 7→ 1K ∫ x a g. ¤ Exerc´ıcios do Elonza˜o: 15-) Seja (fn)n∈N uma sequ¨eˆncia de func¸o˜es uniformemente cont´ınuas X ⊂ R→ R, uniformemente conver- gente em X para f : X → R. Enta˜o f e´ uniformemente cont´ınua em X. Demonstrac¸a˜o: Seja ² > 0. Por hipo´tese, existe n0 ∈ N tal que (∀n > n0, ∀x ∈ X) |fn(x) − f(x)| < ²/3. Tambe´m por hipo´tese, fn0 e´ uniformemente cont´ınua, logo existe δ > 0 tal que x, y ∈ X, |x− y| < δ ⇒ |fn0(x)− fn0(y)| < ²/3. Assim, pela desigualdade triangular, x, y ∈ X, |x − y| < δ ⇒ |f(x) − f(y)| 6 |f(x) − fn0(x)|+ |fn0(x)− fn0(y)|+ |fn0(y)− f(y)| < ². ¤ 23-) Seja (fn)n∈N uma sequ¨eˆncia de func¸o˜es uniformemente cont´ınuas X ⊂ R→ R, uniformemente conver- gente em X para f : X → R. Sejam a ∈ X e (xn)n∈N uma sequ¨eˆncia em X tal que xn → a. Enta˜o fn(xn)→ f(a). Demonstrac¸a˜o: Seja ² > 0. Por hipo´tese, existe n0 ∈ N tal que (∀n > n0, ∀x ∈ X) |fn(x)− f(x)| < ²/2. Ale´m disso, por ser o limite de uma sequ¨eˆncia de func¸o˜es cont´ınuas uniformemente convergente, f e´ cont´ınua, logo f(xn) → f(a); portanto, existe n1 ∈ N tal que (∀n > n1) |f(xn) − f(a)| < ²/2. Usando a desigualdade triangular, conclui-se que, para n > max{n0, n1}, tem-se |fn(xn) − f(a)| 6 |fn(xn)− f(xn)|+ |f(xn)− f(a)| < ². ¤ 37-) Dada uma se´rie de poteˆncias ∑ anx n, sejam c > 0 e M > 0 tais que (∀n ∈ N) |ancn| 6 M . Enta˜o (−c, c) esta´ contido no intervalo de convergeˆncia da se´rie considerada. Demonstrac¸a˜o: Seja R o raio de convergeˆncia da se´rie em questa˜o. Se R = +∞, na˜o ha´ o que fazer; suponha R < +∞. Tem-se R = 1 lim n √ |an| . Por hipo´tese, para todo n ∈ N, n√|an|c 6 n√M , portanto lim n √|an|c 6 lim n√M , i.e. cR 6 1, donde c 6 R. ¤ 2 42-) Suponha an > 0 para todo n, que f(x) = ∑ anx n no intervalo (−r, r), e que limx→r− f(x) = L. Enta˜o∑ anr n = L. Demonstrac¸a˜o: Como an > 0, para todo n ∈ N, a func¸a˜o x 7→ anxn e´ crescente em [0, r), portanto f e´ crescente em [0, r), donde L = limx→r− f(x) = sup{f(x) | x ∈ [0, r)}. Assim, para todo x ∈ [0, r), a sequ¨eˆncia das reduzidas {sn(x)}n∈N de ∑ anx n e´ limitada superiormente por L; ou seja, dados n ∈ N e x ∈ [0, r), tem-se sn(x) = ∑n k=0 akx k 6 L. Como sn : R → R e´ cont´ınua, conclui-se, tomando-se o limite para x→ r−, que∑nk=0 akrk 6 L, para todo n ∈ N. Ou seja, a se´rie∑ anrn e´ de termos positivos e limitada, portanto convergente, e sua soma e´ menor ou igual a L. Para verificar que a sua soma e´ L, basta aplicar o teorema de Abel: segue-se do referido teorema que, pelo fato de a se´rie ∑ anx n ser convergente em x = r, a mesma e´ uniformemente convergente em [0, r], portanto sua soma deve ser uma func¸a˜o cont´ınua no referido intervalo,donde ∑ anr n = limx→r f(x) = L. ¤ 3 lista_07_ime_usp lista_07_ime_usp_gabarito
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