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ARTIGO CIENTÍFICO CAMILA

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1 DISTINÇÃO ENTRE A COLABORAÇÃO PREMIADA E DELAÇÃO PREMIADA
Apesar das expressões serem sinônimas, as mesmas apresentam distinções, podendo assim, serem consideradas institutos diversos, isto é, na colaboração, o acusado, durante a investigação criminal ao fornecer informações acerca da localização de produtos de crime é considerado como colaborador, por sua vez, a delação, como o próprio nome diz, cuida-se quando o investigado ao confessar a infração penal, imputa ainda mais uma autoria a infração penal, ou seja, a colaboração premiada é o gênero, enquanto a delação é a espécie.[1: ARAS, Vladmir. Lavagem de dinheiro: prevenção e controle penal. Organizadora: Carla Veríssimo de Carli. Porto Alegre: Editora Verbo Jurídico, 2011. p. 428.][2: GOMES, Flávio Luiz; SILVA, Marcelo Rodrigues. Organizações criminosas e técnicas especiais de investigação. Salvador – BA: Juspodvm, 2015. p. 211.]
Renato Brasileiro de Lima preceitua a correlação dos institutos da seguinte forma:
O imputado, no curso da persecutio criminis, pode assumir a culpa sem incriminar terceiros, fornecendo, por exemplo, informações acerca da localização do produto do crime, caso em que é tido como mero colaborador. Pode, de outro lado, assumir culpa (confessar) e delatar outras pessoas – nessa hipótese é que se fala em delação premiada (ou chamamento de corréu). Só há falar em delação se o investigado ou acusado também confessa a autoria da infração penal. Do contrário, se a nega, imputando-a a terceiro, tem-se simples testemunho. A colaboração premiada funciona, portanto, como o gênero, do qual a delação premiada seria espécie.[3: DE LIMA, Renato Brasileiro. Legislação criminal especial comentada. 2. ed. Salvador: Juspodivm, 2014, p. 514.]
Nesse sentido, Vladmir Aras aponta a existência de quatro subespécies de Colaboração Premiada: 
a) Delação premiada (chamamento de corréu): além de confessar seu envolvimento na prática delituosa, o colaborador expõe as outras pessoas implicadas na infração penal, razão pela qual é denominado de agente revelador; b) Colaboração para libertação: O colaborador indica o lugar onde está mantida a vítima sequestrada, facilitando sua libertação; c) Colaboração para localização e recuperação de ativos: o colaborador fornece dados para a localização do produto ou proveito do delito e de bens eventualmente submetidos a esquemas de lavagem de capitais; d) Colaboração preventiva: o Colaborador presta informações relevantes aos órgãos estatais responsáveis pela persecução penal de modo a evitar um crime, ou impedir a continuidade ou permanência de uma conduta ilícita.[4: ARAS, Vladmir. Lavagem de dinheiro: prevenção e controle penal. Organizadora: Carla Veríssimo de Carli. Porto Alegre: Editora Verbo Jurídico, 2011. p. 427.]
A delação premiada tem esse nome pela incentiva do legislador em busca da verdade processual, por isso na delação também aparece o termo “chamamento de correu”, recompensando assim o delator, concedendo-lhe benefícios, a título de exemplo, uma redução da pena ou até mesmo a extinção da punibilidade do agente. Na colaboração, o indivíduo pode colaborar com o Estado, revelando seu partícipe ou localização da vítima ou produto do crime, logo, o investigado não precisa necessariamente incriminar outro indivíduo.[5: SOARES, Renner Araújo. Delação premiada. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIX, nº. 149, jun 2016. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=17360&revista_caderno=3>. Acesso em 23 de março de 2018.][6: ARAS, Vladmir. Lavagem de dinheiro: prevenção e controle penal. Organizadora: Carla Veríssimo de Carli. Porto Alegre: Editora Verbo Jurídico, 2011. p. 427.]
NATUREZA JURÍDICAS DOS INSTITUTOS
A doutrina e a jurisprudência entendem que a delação premiada pode ser admitida como um meio de prova, assim, a mesma só adquiria valor probatório quando o acusado, além de imputar outro indivíduo a prática de determinado crime, também confessasse sua participação, caso contrário, seria considerado apenas como uma testemunha. Para outra parte da doutrina, a delação premiada é entendida como um acordo de vontades entre o Ministério Público e o acusado, ou ainda causa de perdão judicial.[7: NUCCI, Guilherme de Souza. Provas no processo penal. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 151.][8: MENDES, Marcella Sanguinetti Soares. A delação premiada com o advento na Lei 9.807/99. Disponível em <http://www.ambito-jurídico.com.br. Acesso em: 23 de março de 2018.][9: SOARES, Renner Araújo. Delação premiada. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIX, nº. 149, jun 2016. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=17360&revista_caderno=3>. Acesso em 23 de março de 2018.]
No tocante a colaboração premiada, apesar de não haver uma exatidão quando o instituto, recente o Supremo Tribunal Federal através do julgado do Habeas Corpus nº 127.483 disciplinou da seguinte forma:
A colaboração premiada é um negócio jurídico processual personalíssimo, uma vez que, além de ser qualificada expressamente pela lei como ‘meio de obtenção de prova’, seu objeto é a cooperação do imputado para a investigação e para o processo criminal, atividade de natureza processual, ainda que se agregue a esse negócio jurídico o efeito substancial (de direito material) concernente à sanção premial a ser atribuída a essa colaboração. Dito de outro modo, embora a colaboração premiada tenha repercussão no direito penal material (ao estabelecer as sanções premiais a que fará jus o imputado colaborador, se resultar exitosa sua cooperação), ela se destina precipuamente a produzir efeitos no âmbito do processo penal (...). Note-se que a Lei n. 12.850/13 expressamente se refere a um ‘acordo de colaboração’ e às ‘negociações’ para a sua formalização, a serem realizadas ‘entre delegado de polícia’, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor’ (art.4º, §6º), a confirmar que se trata de um negócio jurídico processual. (TOFFOLI, Dias. Ministro Relator do HC nº. 127.483, julgado em agosto de 2015).[10: BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus nº 127.483, do Tribunal de Justiça do Estado de Paraná, Brasília DF, 27 de agosto de 2015. Disponível em < http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=10199666>. Acesso em: 23 de março de 2018.]
O Doutrinador Fred Didier encara a colaboração premiada como um negócio jurídico, pois existe o ato jurídico da exteriorização da vontade da parte e o negócio jurídico em que, além da vontade, a colaboração necessita ser eficaz, assim, é um negócio jurídico bilateral e de natureza mista material e processual.[11: DIDIER JÚNIOR, Fredie. Colaboração premiada – noções gerais e natureza jurídica. IN DIDIER JÚNIOR, Fredie (org.). Processo Penal: Coleção Repercussões no novo CPC, v. 13, p. 188-235.Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 188.]
Desta forma, a colaboração premiada semelhantemente com a delação premiada natureza jurídica de meio de obtenção de provas, contudo, também se sustenta o entendimento de considerá-la como um negócio jurídico processual.

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