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senhores e moradores

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Universidade Federal de Campina Grande
Centro de Humanidades
Unidade Acadêmica de Ciências Sociais
Disciplina: Sociedades Camponesas
Professora: Maria da Conceição M. Cardoso van Oosterhout
Discente: Gláucia Santos de Maria
Roteiro do Seminário
GARCIA JR. Afrânio Raul. O Sul: caminho do roçado. Estratégias de reprodução camponesa e transformação social. Editora Marco Zero e Editora da Universidade de Brasília. Brasília, 1983. P. 37 a 86.
Cap. 1- Senhores e moradores: a dependência personalizada
Aspectos sociais e históricos da cidade de Areia:
Situada em terras favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar;
Desde o século XIX a cidade se constituía como um centro: comercial, político, administrativo e religioso.
A cidade era o centro da vida social, mas apenas os grandes comerciantes, proprietários de casas comerciais, funcionários administrativos, religiosos, profissionais liberais residiam nela.
As famílias mais ricas dos grandes proprietários possuíam casas na cidade, mas a maior parte do tempo viviam nos engenhos (Brejo) ou nas fazendas (Agreste).
Senhores e moradores
As famílias dos grandes proprietários residiam e viviam do rendimento produzido no engenho, mas não participavam diretamente da fabricação do açúcar e das atividades agrícolas.
O senhor de engenho tomava as decisões e dava ordens aos trabalhadores e eram submetidos a seu senhor numa relação de dependência (p. 38)
Com a Abolição da Escravatura o trabalho passou a ser exercido por moradores
 E o que era um morador?
“Ser morador ou tornar-se morador significava se ligar ao senhor do domínio de uma maneira muito específica, numa relação que supunha residência e trabalho simultaneamente” (p. 38).
Quem dava morada tinha o poder de submeter os moradores a laços de dependência, rede que assegurava um poder social tanto maior quanto mais elevado fosse o número de indivíduos que era composta. (p. 39).
Os senhores acumulavam uma força material (pelo número de braços para trabalhar); e simbólica (pelo número dos que o reconheciam como senhores).
A entrada no engenho era marcada: por uma casa construída destinada à família; o morador possuía um espaço em volta da casa e um terreno onde as mulheres criavam alguns animais.
O trabalho, a residência e as trocas necessárias à vida cotidiana se passavam no interior do domínio.
Em caso de doenças, mortes e nascimentos, os moradores recorriam ao senhor. Por outro lado, os moradores tinham obrigações de trabalho precisas.
O ponto central da dominação era a obrigação do morador ficar o tempo todo à disposição do senhor.
A organização do espaço e a hierarquia objetivada
O espaço organizava-se: casa-grande; engenho; casas dos moradores de pau-a-pique.
José Américo de Almeida: pertencente da 4ª geração de senhores de engenho. Ele conta que o senhor “casava e batizava”.
O uso da violência física
Castigos corporais, que às vezes levava a morte; para se fazer obedecer ou para punir os moradores, castigos tais exercidos pelos “cabras de confiaça”.
Obra “A Bagaceira”
Hierarquia social: homem (grandes proprietários); cabras (os moradores); prepostos (cabras de confiança).
Agricultura e agricultores fracos
Eles não eram submetidos a uma dependência do senhor; diziam-se libertos. Os moradores eram sujeitos.
Capítulo II- O fim do isolamento dos moradores e o declínio da dominação tradicional
Trata da transição de uma estrutura de dominação a outra.
Mediações: concorrências entre os plantations com o surgimento das usinas; possibilidade de deslocamento para o Rio de Janeiro e São Paulo desde os anos 50 para as áreas industriais; surgimento das primeiras associações camponesas.
Ele traça alguns pontos históricos da região.
Apogeu e a crise dos engenhos de Areia entre o século XIX e XX
O declínio dos senhores de engenho se acentuou entre 1950 e 1980, e muitos senhores veem seus engenhos quedarem-se de fogo morto. (p.72)
Com o declínio dos engenhos, os ex-moradores passam a se deslocar para as cidades industriais (p.72)
Um entrevistado explica que sai ia ao Sul se deu pelo poder de atração de salários mais altos, mas também a sujeição foi a causa principal do deslocamento maciço de moradores de Areia (p. 75).
Aqueles que retornam procuram investir em empreendimentos, comprando casa ou terra para cultivar, recrutando mão de obra, negociando nas feiras.
Os que retornam e adquirem terras são designados como libertos da sujeição (p. 77)
Organizações camponesas e novo quadro jurídico
O início das Ligas Camponesas e o Código Civil correspondem às primeiras tentativas da utilização das leis para defender na justiça antigos moradores de engenho.
Tornava-se possível ir à justiça para impedir o patrão de expulsar os moradores sem indenizações, ou obter compensações monetárias no momento das despesas.
Ele poderia ir buscar seus direitos através do sindicato, através da Justiça ou da Inspeção do Trabalho.
Em suma: há uma verdadeira mudança nas práticas sociais em um espaço social transformado ao longo do tempo; dos deslocamentos dos antigos moradores; a volta deles e a busca de direitos que antes eram impensáveis.

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