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Estudo dos Transtornos Alimentares



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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
ORGANIZAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS
PROFESSOR: ALEX SIMON LODETTI
ALUNOS:
ANTÔNIO CARLOS FRAGA MACHADO MAT: 2017.03.02196-7
GICELE 		MAT:
ESTUDO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES
	RESUMO
	O presente trabalho acadêmico trata dos transtornos alimentares mais frequentes no comportamento humano, centrando-se no estudo da Anorexia Nervosa e na Bulimia Nervosa, focando seus critérios de classificação, características de sua ocorrência, sua associação com outros transtornos e patologias e seu tratamento. 
	Palavras chave: distúrbios alimentares, anorexia, bulimia, compulsão alimentar.
Os transtornos alimentares mais frequentes nos países desenvolvidos e nos em desenvolvimento são a anorexia nervosa e a bulimia nervosa e ocorrem predominantemente nas famílias de classe média alta ou superior, normalmente nos filhos adolescentes, principalmente nas mulheres e estão associados a características genéticas, culturais e familiares. Os indivíduos portadores deste distúrbio predominantemente são pessoas excessivamente preocupadas com sua estética corporal, principalmente com o seu peso. Também são pessoas que se exigem muito e sente-se fracassadas quando não conseguem perder peso corporal. Considera qualquer perda de peso uma conquista preciosa que deve ser mantida a qualquer custo e sentem excessivo temor de voltar a recuperar o peso perdido.
Estas psicopatias apresentam registros no decorrer da história desde a antiguidade, porém somente na segunda metade do século XX foram classificadas como doenças próprias e não sintomas de outras doenças como eram entendidas até então. 
1. Anorexia nervosa
Conforme Ribeiro, Santos e Santos (1998) “a anorexia nervosa afeta, principalmente, jovens adolescentes, do sexo feminino, que voluntariamente reduzem a ingestão alimentar por um medo mórbido de engordar, com perda excessiva de peso, chegando a graus extremos de caquexia, inanição e até a morte”. Trata-se, pois, de um sério transtorno psicossomático que pode levar a consequências extremas, inclusive o óbito. Em seu desejo voluntário pelo corpo cada vez mais magro, a pessoa deixa de se alimentar ou, se alimentando, busca compensar esta ingestão, pela purgação, ou seja, provocando vômitos, utilizando indevidamente laxantes e diuréticos ou ainda, praticando exercícios intensos e excessivos para queimar as calorias ingeridas. 
Os critérios para classificação da anorexia nervosa são:
A recusa em manter o peso corporal ideal ou acima do peso mínimo para sua idade e altura.
Medo intenso de ganhar peso ou de se tornar obeso, mesmo se estiver abaixo do peso ideal.
Distúrbios de sua imagem corporal.
Amenorreia em mulheres pós-menarca.
Para atender ao critério A, o indivíduo deve apresentar Índice de Massa Corporal inferior a 17,5 Kg/m2, se for adulto. Se estiver em fase de crescimento não deve estar com peso menor do que 85% do recomendado para sua idade e altura de acordo com critérios e tabelas pediátricas oficiais.
Na apreciação do critério B, o terapeuta deve identificar que o paciente valoriza a perda de peso como o bem mais importante da sua vida, daí originando-se o seu medo intenso de ganhar peso, mesmo que reconheça ter perdido peso (neste caso, o temor é de readquirir o peso perdido).
Na apreciação do critério C, o terapeuta vai constatar que, por mais magro que o paciente esteja, ele sempre vai se considerar gordo e que deve perder peso. Ele não busca terapia para voltar a adquirir peso, mas sim para alívio do seu sofrimento subjetivo em razão das consequências psicossomáticas da deficiência de alimentação e consequente inanição.
Para o enquadramento no critério D, a paciente deve apresentar ausência de, pelo menos, três ciclos menstruais consecutivos. 
A anorexia nervosa classifica-se em dois subtipos: a) Restritivo; b) Compulsivo/Purgativo. O Subtipo Restritivo descreve pacientes que compensam a ingestão de alimentos através de exercícios excessivos, dietas ou jejuns. Ou seja, não se utilizam de métodos purgativos para reduzir as calorias ingeridas. O Subtipo Compulsivo/Purgativo é a classificação onde se enquadram os indivíduos que apresentam compulsões periódicas ou purgações. Indivíduos com anorexia que comem compulsivamente geralmente fazem purgações com vômitos autoinduzidos e uso de laxantes, diuréticos e enemas.
Segundo Cordás (2004) “a anorexia nervosa caracteriza-se por perda de peso intensa e intencional a expensas de dietas extremamente rígidas com uma busca desenfreada pela magreza, uma distorção grosseira da imagem corporal e alterações no ciclo menstrual”. Esta definição sintetiza tudo o que foi até aqui explanado acerca da anorexia nervosa.
Os critérios de diagnóstico foram extraídos da DSM IV. O terapeuta, ao fazer o diagnóstico deste transtorno psicossomático, deve ter o cuidado de afastar doenças de caráter tumoral, hormonal, gastrointestinal, além de outros quadros psiquiátricos com a depressão e a esquizofrenia.
2. Bulimia nervosa
	Até a década de 80 de século passado, a bulimia era considerada um sintoma coadjuvante da anorexia nervosa (Ribeiro, Santos e Santos, 1998). A partir daí, a bulimia nervosa foi caracterizada como uma síndrome distinta.
	São os seguintes, os critérios diagnósticos para bulimia nervosa, segundo a DSM IV:
Episódios recorrentes de compulsão alimentar que pode ser caracterizada por comer, em períodos de duas horas, grandes quantidades de alimentos e sentimento de perda do controle alimentar durante o episódio.
Comportamento compensatório para prevenir o ganho de peso: vômitos autoinduzidos, abuso de laxativos, diuréticos, enemas ou outras drogas, jejum ou exercícios excessivos.
A compensação alimentar e comportamentos compensatórios ocorrem duas vezes/semana por, pelo menos, três meses.
Preocupação excessiva com a forma corporal e o peso.
O distúrbio não ocorre exclusivamente durante episódios de Anorexia Nervosa.
No critério A, a síndrome se caracteriza por surtos de ingestão massiva de alimentos acompanhados de uma profunda sensação de culpa e vergonha por não ter conseguido se controlar na ingestão absurda de comida. Normalmente o paciente busca alimentos ricos em calorias como doces e bolos; todavia a proporção entre carboidratos, gorduras e proteínas mantém-se relativamente próxima de uma refeição normal. O que aumenta absurdamente é quantidade desta ingestão. Cabe ressaltar que, para diagnosticar a bulimia nervosa, faz-se necessário que o surto ocorra num período de duas horas. Pessoas que passam o dia todo comendo, porém em pequenas quantidades, não devem ser diagnosticadas como bulímicas.
Para a caracterização do critério B, utilizam-se as mesmas recomendações já descritas e estudadas na anorexia nervosa, ou seja, a compensação/purgação ou os jejuns ou exercícios excessivos.
O critério C exige que os episódios ocorram no mínimo por duas vezes por semana e por um período igual ou inferior a três meses.
Pelo critério D, o paciente deve apresentar um quadro de autoavaliação indevidamente influenciada pela forma e peso de seu corpo.
E, pelo critério E, se o distúrbio ocorre exclusivamente durante episódios de anorexia nervosa, não pode ser diagnosticado como bulimia nervosa, pois, para tal, faz-se necessário que ocorram episódios distintos dos da anorexia.
A bulimia apresenta dois subtipos de classificação: a) Purgativo; b) Não Purgativo. Ambos se referem à forma de compensação. No purgativo ocorre o vômito autoinduzido ou abuso de laxantes ou diuréticos; e no não purgativo a compensação ocorre por meio de jejuns ou exercícios excessivos.
A bulimia nervosa é, pois, um transtorno alimentar que consiste de compulsões periódicas e métodos compensatórios inadequados podendo ser associadas a: a) desarranjo na produção dos eletrólitos do sangue podendo afetar o coração; b) esofagite e feridas no esôfago podendo ocasionar sangramento; c) inflamação na garganta; d) distúrbios gastrintestinais, dilatação gástrica com a possibilidade de ruptura; e) dores musculares fadigas e câimbras; ou f) dores de cabeça.No diagnóstico, o terapeuta deve cuidar para afastar a possibilidade de ocorrência de anorexia nervosa do tipo compulsivo/purgativo, depressão com características atípicas ou distúrbios de personalidade. Alguém que já sofreu de anorexia pode vir a contrair bulimia; dificilmente pode vir a ocorrer o inverso. 
3. Tratamento
A diagnose destes transtornos e o acompanhamento da evolução podem apresentar dificuldades se o terapeuta confiar no paciente como fonte única de informação de seus sintomas e comportamentos. A começar pelo reporte da doença que normalmente é feita por um familiar ou alguém do convívio do paciente. As informações das pessoas que convivem com o paciente são fundamentais para o tratamento da doença.
Há que se formar uma equipe multidisciplinar composta pelo médico, psicólogo ou psiquiatra, nutricionista, enfermeiro e assistente social para tratar do paciente e da família, pois a questão é complexa e depende de muitas variáveis. Assim, o tratamento farmacológico exclusivo não é o mais adequado, ele deve vir acompanhado pelas competências de cada um e de todos os profissionais da equipe multiprofissional, pois é necessário reconstruir a consistência psíquica do paciente. Conforme Ribeiro, Santos e Santos (1998) “O tratamento de transtornos alimentares é, quase sempre, desafiador e complexo, visto que se depara com um quadro de confusão, perplexidade e, mesmo, de franco desespero do paciente e seus familiares. Assim, várias modalidades terapêuticas específicas são necessárias e desenvolvidas por equipe multiprofissional”. 
4. Considerações finais
Os transtornos alimentares passaram a ser tratados como psicopatias individualizadas no final do século passado e atingem, principalmente, mulheres adolescentes e jovens das classes mais abastadas da sociedade ocidental, principalmente nos países mais ricos. Normalmente, estas jovens fazem parte de famílias desestruturadas onde o individualismo predomina e, há uma exigência excessiva pelo sucesso profissional e pessoal. Um dos pais, ao menos, é extremamente exigente e perfeccionista. A paciente, depois que a doença está instalada, tem como obseção a perfeição de sua imagem corporal que é distorcida. Ela sempre acha que seu corpo está feio porque está gordo. Ela tem um medo excessivo de ganhar peso e isto passa ser a coisa mais importante de sua vida.
O tratamento é difícil, pois o paciente não entende que tem um problema e, na maioria das vezes, não procura espontaneamente auxílio profissional do terapeuta; ele geralmente é conduzido ao médico ou psicólogo por familiares ou pessoa de seu convívio. A terapia farmacológica é necessária, porém não suficiente. O paciente necessita de amparo psicológico, e de uma equipe multiprofissional para seu tratamento e de sua família que também sofre com a doença. Os distúrbios de transtorno alimentares vêm aumentando o número de ocorrências, preocupando a comunidade médica e psiquiátrica. É um problema complexo que o quanto antes for diagnosticado, menos penoso e difícil será o seu tratamento.
5. Referências bibliográficas
CORDAS, T. A. Transtornos alimentares: classificação e diagnóstico. Revista de Psiquiatria Clínica, vol. 31(4) pp. 154-157, 2004.
RIBEIRO, R. P. P.; SANTOS, P. C. M.; SANTOS, J. E. Distúrbios de conduta alimentar: anorexia e bulimia nervosa. Revista Medicina Ribeirão Preto, vol. 31 (Simpósio de Nutrição Clínica) pp. 45-53, 1998.
	
SÃO JOSÉ – SC
2017