Buscar

Relatório 2 - Estágio em Patologia

Prévia do material em texto

Peterson Vinicius Elias da Silva 15/0064021
Relatório 2 do Estágio em Patologia – 21/03/2017
	Chegamos à Unidade de Anatomia Patológica às 8h em um grupo de seis pessoas. Os residentes estavam ocupados em uma reunião, possivelmente da disciplina de Cirurgia, do sexto semestre da Medicina. Fomos então recebidos por Djalma, que nos acompanhou durante alguns minutos. 
Ele nos explicou resumidamente o processo da técnica de montagem dos blocos de parafina para confeccionar as lâminas. Revisando a bibliografia, vemos que o processo de confecção é dividido em três etapas: Fixação, inclusão e coloração [1]. 
Antes de tudo, as estruturas de interesse são cortadas na macroscopia e colocadas em cassetes plásticos, assim como os cortes de útero e tubas uterinas que foram citados no relatório anterior, logo após começa o processo de fixação, que tem por objetivo preservar o tecido do corte para que as estruturas representadas na lâmina fiquem o mais próximo possível das estruturas do tecido vivo. A fixação é geralmente feita com uma solução de formaldeído, mais conhecido como formol, sendo assim, os cassetes plásticos são mergulhados nessa solução e descansam por um tempo para que o líquido penetre em todo o tecido [1]. O tempo recomendado é de 24 horas e o volume de formol ideal é cerca de 20 vezes superior ao volume da peça do cassete, porém, devido à rotina corrida, à demanda do hospital e às limitações em geral, não se cumpre devidamente essas condições.
O processo de inclusão consiste em colocar o tecido do corte em parafina para que sejam formados pequenos blocos de consistência rígida, que poderão ser cortados depois sem danificar a estrutura das células. Para que isso seja feito, é necessário extrair toda a água do tecido com alguns banhos em solução de etanol, aumentando a concentração gradativamente, depois, ele é banhado em xilol e por último é adicionada a parafina líquida, que toma o lugar do xilol na peça e se solidifica ao atingir a temperatura ambiente, formando o bloco [1]. Após isso, o bloco é levado ao micrótomo, onde ele é cortado em tiras com apenas alguns micrômetros de espessura, esses cortes então são colocados para boiar em água quente e depois são “pescados” com as lâminas de vidro [1]. 
Por fim, vem a coloração da lâmina feita anteriormente. Os corantes mais comumente usados são a hematoxilina e a eosina. A hematoxilina é um corante básico que cora de azul as estruturas ácidas da célula, como os ácidos nucléicos. A eosina é um corante ácido que cora de rosa as substâncias básicas, como o citoplasma e o colágeno [1]. A combinação desses dois corantes é conhecida como coloração HE [Figura 1].
Após a breve explicação que Djalma nos deu, o professor Takano chegou e fomos com ele até a sala de microscopia acompanhar a análise de alguns casos.Figura 1: Músculo liso corado em HE. Disponível em: http://www.icb.usp.br/mol/8-15-mliso1.html
O primeiro caso visto foi de uma suspeita de carcinoma no intestino grosso. Havia algumas bandejas com várias lâminas cada uma. Cada lâmina era analisada rapidamente ao microscópio em busca de sinais que confirmassem a suspeita. Alguns dos achados desse caso específico foram criptas irregulares, sobreposição nuclear e uma úlcera, nada que confirmasse o tumor, até que foi encontrado um linfonodo com glândulas exócrinas, que seriam metástases do tumor principal, porém o mesmo não foi encontrado. O professor nos deu uma breve referência do sistema TNM de estadiamento tumoral, que funciona basicamente atribuindo índices a alguma característica do tumor. T recebe índices de 1 a 4 crescentemente dependendo do tamanho do tumor principal. N recebe um índice de 0 a 3 de acordo com as metástases em linfonodos regionais. M recebe um índice de 0 ou 1, que indicam, respectivamente, ausência e presença de metástases distantes [2].
Alguns outros casos foram analisados após, porém não ficou muito claro qual era a proposta, o que era para se procurar e confirmar em cada um. Em um deles foi confirmado um nevo melanocítico intradérmico com acometimento de margem, imagino que possa ser um caso em que há uma suspeita de melanoma, dado uma certa semelhança macroscópica entre ambos. Houve também um caso de “massa” na região axilar esquerda, cuja microscopia confirmou se tratar de um lipoma, uma neoplasia benigna de adipócitos.
Outro caso que acho interessante citar pois me remeteu a alguns conhecimentos do semestre passado veio com algumas lâminas de traqueia. A microscopia revelou entre outras coisas um lúmen traqueal muito diminuído, deposição de colágeno, infiltrado inflamatório mononuclear e um tecido metaplásico em algumas partes, substituindo o epitélio normal ciliado da traqueia por um epitélio pavimentoso estratificado. Foi concluído que havia um processo inflamatório crônico em atividade, uma estenose traqueal.
Sobre o aprendizado, essa foi uma experiência interessante também. Conhecemos mais sobre o trabalho feito na área de microscopia e tivemos a chance de relembrar o processo de confecção de lâminas histológicas, bem como alguns outros conhecimentos adquiridos na disciplina de Processos Patológicos Gerais. Apesar de ter achado a macroscopia bem mais chamativa, entendo que a micro é muito importante para confirmar alguns diagnósticos, o de neoplasias por exemplo, que macroscopicamente podem não possuir um padrão morfológico muito específico, necessitando então de uma investigação mais detalhada. Apesar de parecer um método bem direto e pouco sujeito a falhas, o próprio professor nos alertou de que a microscopia sem uma história clínica bem-feita pode não nos dizer muita coisa, é necessário que aquelas lâminas estejam inseridas em um contexto para que as informações que elas trazem façam algum sentido. 
Para concluir, só deixo minha expectativa de que as próximas atividades continuem sendo interessantes e nos remetendo a conhecimentos antigos mostrando-nos aplicações práticas deles na clínica.
Referências bibliográficas:
[1] JUNQUEIRA, L. C., CARNEIRO, J. Histologia Básica. 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogar, 2004
[2] KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; ASTER, J. C. Robbins Patologia Básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013

Continue navegando