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Teletrabalho e Direitos Trabalhistas

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CENECISTA DE OSÓRIO
CURSO DE DIREITO
DIREITO TRABALHO COLETIVO
PROFESSORA ORAIDES MARCON
JULIO CESAR RIBAS
RESENHA ARTIGO:
TELETRABALHO, CONTROLE DE JORNADA 
E DIREITO À DESCONEXÃO
Osório
2018
TELETRABALHO, CONTROLE DE JORNADA
E DIREITO À DESCONEXÃO
Sandro Nahmias Melo
Juiz do Trabalho, titular da 17ª Vara de Trabalho de Manaus, Mestre e Doutor em Direito das Relações Sociais da PUC/SP. Professor Adjunto da Universidade do Estado do Amazonas, Professor Decano do Programa de Mestrado em Direito Ambiental da UEA, Titular da cadeira nº 20 da Academia Brasileira do Direito do Trabalho.
Artigo publicado na Revista LTr. 81-09/1094 – Vol. 81, nº 09, setembro de 2017.
 
O autor faz uma breve comparação com o que disse Chaplin e George Orwell antigamente sobre a dependência humana em relação às máquinas e a cada vez mais percebe-se à nossa dependência e estes aparelhos como small, smartphones, não havendo obstáculos para a sua utilização, podendo ser em reuniões em famílias, jantares românticos e como diz, no ambiente de trabalho que, atualmente é “transportado” para onde você vá.
Comenta também que a dependência voluntária e estes aparelhos deve ser encarado como um problema de saúde pública e pergunta-se se esta dependência venha a ser derivada do contrato de trabalho? Quais os seus limites? Como produção no meio ambiente de trabalho? Quais os reflexos do uso destes aparelhos no controle da jornada de trabalho? O que deve ser excluído do regime legal da jornada previsto na CLT ?.
O autor comenta que o inciso III da Lei 13.467/17 está em claro descompasso com a realidade tecnológica atual.
Refere-se também que esta lei aprovada em velocidade avassaladora não teve a participação da sociedade, onde uma reforma trabalhista que quer ser modernizada deve ir em direção ao futuro e não como foi feita, retornando ao passado.
A Reforma Trabalhista conforme o autor, baseada em mentiras transportou o trabalhador para o passado e este agora deverá lutar para voltar ao presente, onde antes da Lei 13.467 a CLT conseguiu grandes conquistas quanto aos limites da jornada de trabalho, a proteção a saúde-física e psíquica. Diz também que a CLT em seu nascedouro regulava atividades que sequer existiam, onde hoje estes aparelhos passaram a facilitar a comunicação direta da empresa com o seu empregado, demonstrando assim a inexistência de limites claros para a jornada de um teletrabalhador, ficando evidente o retrocesso desta lei e que a Constituição da República é o dispositivo de segurança que irá trazer estes direitos de volta ao futuro.
O autor no item 3 deste trabalho elencou os empregados que não são afetados por este regime em seu artigo 62, onde diz que o empregado em regime de teletrabalho foi equiparado ao trabalhador externo que tem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, não tendo assim direito a horas extras, disse também que com o uso de aplicativos específicos o empregador consegue monitorar cada passo de seu empregado.
Considera que existem conceitos muito amplos e de contornos confusos em relação a restrição de direitos e a doutrina tem evitado conceituar teletrabalho de forma definitiva, pela evolução dos aparelhos de informática ou telemáticos, citou Alice Monteiro de Barros que considera o teletrabalho como uma modalidade especial de trabalho descentralizado, enquanto Rodrigues Pinto que entende que o teletrabalho é uma atividade de produção ou serviço que permite o contato à distância.
O autor entende que o conceito de teletrabalho está indissociavelmente ligado à rotina do trabalho à distância e ao uso dos meios de tecnologia de informação e comunicação, mas não pode ter seus contornos engessados, tampouco implica, em falta de controle de jornada de trabalho pelo tomador de serviços.
Em relação ao meio ambiente de trabalho saudável, o conceito é amplo e este está indissociavelmente ligado ao meio ambiente geral, é impossível ter uma qualidade de vida sem ter uma qualidade de trabalho, onde o meio ambiente de trabalho, não é somente ao local, ao espaço, ao lugar onde o trabalhador exerce suas atividades, ele constitui todos os elementos que compõem as condições de trabalho de uma pessoa.
O autor apresentou a explanação de vários autores, disse que o empregado que atua em regime de teletrabalho não pode ter negado os direitos constitucionalmente previstos como à saúde, ao descanso e ao lazer. A norma do item III, do art 62 da CLT, diz que é desconectada da realidade e claramente inconstitucional.
Em relação ao controle da jornada de trabalho, hoje com os meios modernos de comunicação, as atividades são suscetíveis ao controle das atividades externas, portanto aquele que executa o teletrabalho é fiscalizado, portanto teria direito ao Capítulo “da duração do trabalho, pois seu trabalho é controlado, conforme jurisprudência que vão de encontro que a pessoa que executa o teletrabalho, onde tem que preencher relatórios de visitas a clientes, onde constam horários e dias das visitas evidenciam que vigorava uma condição de controle, suficiente para excluí-lo da execução do art 62, I da CLT.
O autor acredita que estas novas tecnologias tem seu lado positivo que é a desconexão do ambiente de trabalho, inerente e todo e qualquer empregado e consiste no desligamento, tanto físico e mental do empregado ao ambiente que trabalha. O descanso e o direito a desligar-se do trabalho apresentem melhoras, tanto físico como mental, que é de suma importância em sua qualidade de vida e saúde, o TST e o TRT 4ª Região tem se posicionado favoravelmente à desconexão do ambiente de trabalho, como apresentados nos julgamentos 27.6.212 e 5.040332 RS respectivamente.
Para concluir diz que o excesso de conectividade nas relações de trabalho está ligada diretamente ao volume de trabalho a ser desenvolvido diariamente, e que os meios de comunicação ampliam de sobremaneira a fiscalização do trabalho diário do empregado e isto está em desacordo com o art 62 da CLT acrescido pela Lei 13.467/17 e afirma que o empregado que atua em regime de teletrabalho tem direito à sadia qualidade de vida, seu direito a descanso e lazer e principalmente o direito a desconexão, direitos estes que não podem ser suprimidos pela Lei 13.467/17.

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