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Pneumonias na infância Definição: inflamação do parênquima dos pulmões. A maioria dos casos são decorrentes de agentes infecciosos (virais ou bacterianos), mas existem algumas causas não infecciosas: aspiração de alimentos ou ácido gástrico, corpos estranhos, hidrocarbonetos e substâncias lipóides, reações de hipersensibilidade e pneumonites induzidas por drogas ou pela radiação. A causa da pneumonia em um paciente individualmente é de difícil determinação. Em 20 a 60% dos casos, o patógeno não é identificado. O exame de escarro geralmente não reflete a causa da infecção do trato respiratório inferior. É uma doença mais comum no sexo masculino. ( O Streptococcus pneumoniae (pneumococo) é o patógeno mais comum, seguido por Chlamydia pneumoniae e Mycoplasma pneumoniae, sendo que esses últimos adquirem maior importância em crianças mais velhas. O pneumococo é o principal agente nos escolares. ( Os patógenos virais são a causa predominante em neonatos e crianças com menos de 5 anos. Ao contrário da bronquiolite, na qual o pico de incidência é durante o primeiro ano de vida, a pneumonia viral ocorre com mais freqüência entre 2 e 3 anos de idade. O vírus influenza e o VRS são os principais patógenos. Outros: parainfluenza, adenovírus, rinovírus e metapneumovírus. O VRS acomete neonatos e crianças mais novas, enquanto o influenza causa doença em todos os grupos etários. Vírus ocorrem isoladamente em cerca de 14-35% dos casos, sendo que em 40% dos casos são infecções mistas (vírus+bactérias). ( A idade dos pacientes pode ajudar a identificar possíveis patógenos. (VIDE página 1802 do Nelson) ( O status da imunização é relevante – crianças totalmente imunizadas contra H. influenzae tipo b e S. pneumoniae apresentam menor probabilidade de serem infectadas por esses patógenos. ( A mortalidade varia de acordo com o local de estudo (países desenvolvidos ou em desenvolvimento). • Patogênese: - O menor calibre das vias aéreas em crianças mais novas as torna particularmente susceptíveis a infecções graves. - Pneumonia viral: resulta da disseminação da infecção ao longo das vias aéreas, acompanhada pela lesão direta do epitélio respiratório. A infecção viral também pode predispor a infecções bacterianas secundárias por causar distúrbios aos mecanismos normais de defesa do hospedeiro, alterando as secreções e modificando a flora bacteriana. - Pneumonia bacteriana: o processo patológico varia de acordo com o agente. * Pneumonia recorrente – é definida como 2 ou mais episódios em um único ano, ou 3 ou mais episódios em qualquer tempo, com desaparecimento radiográfico entre as ocorrências. Fatores predisponentes a serem considerados: doença de base, trauma, anestesia e aspiração. * Pneumonia de resolução lenta – persistência de sintomas ou anormalidades radiográficas além do tempo esperado após inicio do tratamento. Esse tempo de evolução varia dependendo do organismo envolvido, da extensão da doença e da presença de situações complicadoras associadas. Diversos fatores devem ser considerados: - Complicações; - Resistência bacteriana; - Etiologias não bacterianas (vírus, aspiração de corpo estranho ou alimento); - Obstrução brônquica por lesão endobrônquica, corpo estranho ou tampão de muco; - Doenças preexistentes como imunodeficiências e fibrose cística; - Outras causas não infecciosas (bronquiolite obliterante, pneumonite de hipersensibilidade, pneumonia eosinofílica, aspiração e granulomatose de Wegener). • Manifestações clínicas: - As pneumonias virais e bacterianas geralmente são precedidas por vários dias de sintomas de infecção do TRS, geralmente rinite e tosse. - Na pneumonia viral, a febre está comumente presente, porém as temperaturas são mais baixas do que nas infecções bacterianas. • Taquipneia – é importante saber o padrão de normalidade de acordo com a faixa etária: - < 2 meses – até 60 irpm (30-50). - 2 a 12 meses - < 50 irpm ( 20-35). - 1 -5 anos - < 40 irpm. - > ou = 6 anos – 20 (em torno). * Acima de 60 irpm é patológico em qualquer faixa etária. • Maior esforço respiratório – retrações intercostais, subcostais e supra-esternais; batimento das asas do nariz (dilatação nasal); uso da musc. acessória. • Estertores e sibilância. • Cianose e fadiga respiratória (apneia) ( 2 grandes sinais de gravidade. Cianose indica desconforto respiratório grave. Na presença de sinais de gravidade, não se usa a via oral para alimentar a criança. Se o estado for muito grave, deve-se zerar a dieta e promover hidratação venosa apenas. ( Pneumonia bacteriana: inicio súbito (com historia previa de infecção de vias aéreas superiores) de calafrios acompanhados por febre alta, tosse seca e dor torácica. Sonolência com períodos intermitentes de inquietação; taquipneia; ansiedade e ocasionalmente, delírio. Cianose perioral também pode ser observada. Posição antálgica – varias crianças imobilizam o lado afetado, se deitando de lado com os joelhos flexionados em direção ao tórax. - Os achados físicos dependem do estágio da pneumonia. No início – diminuição dos sons respiratórios, estertores dispersos e roncos (são comumente ouvidos sobre o campo pulmonar afetado). Com a evolução, observa-se um som maciço à percussão e diminuição acentuada dos sons respiratórios. - Distensão abdominal – dilatação gástrica causada pelo ar deglutido ou íleo. - Dor abdominal – comum em pneumonia no lobo inferior. - Rigidez de nuca – acometimento do lobo superior direito. - Algumas crianças com pneumonia bacteriana podem apresentar distúrbios gastrointestinais associados (vômitos, anorexia, diarreia e distensão abdominal secundária a um íleo paralítico). - A rápida progressão dos sintomas é característica nos casos mais graves da pneumonia bacteriana. • Diagnóstico: - Raio-X de tórax – confirma diagnóstico e pode indicar complicações***. No entanto, a aparência radiológica não é diagnóstica, e outras características clinicas devem ser consideradas. Pneumonia viral – hiperinsuflação, com infiltrados intersticiais bilaterais e congestão peribrônquica. Pneumonia bacteriana – consolidação lobar confluente geralmente é observada na pneumonia pneumocócica. *** A mais frequente complicação é o derrame pleural parapneumônico. - Hemograma completo – avalia o status hemodinâmico do doente. A contagem de leucócitos periféricos pode ser útil na diferenciação entre as pneumonias bacterianas (15.000 – 40.000/mm³, com contagem elevada de leucócitos) e virais (dificilmente fica acima de 20.000/ mm³, com predominância de linfócitos). Eosinofilia no sangue periférico é indicativo de pneumonia atípica, por Mycoplasma ou Clamydia, por exemplo. ( Diagnóstico definitivo de uma infecção viral – isolamento do vírus ou detecção de antígenos ou genomas virais nas secreções do trato respiratório. Culturas, reagentes confiáveis de DNA ou RNA para a detecção rápida, e técnicas sorológicas (ferramenta epidemiológica). ( Diagnóstico definitivo de uma infecção bacteriana – isolamento de um organismo do sangue, liquido pleural ou pulmão. - Cultura do escarro é pouco valiosa. - Hemoculturas são positivas em apenas 10% das crianças com pneumonia pneumocócica. - PCR, soroconversão (teste de IgG), evidências sorológicas (titulo de antiestreptolisina O –ASO – pneumonia estreptocócica do grupo A). • Tratamento: ( Baseia-se, principalmente, na causa presuntiva e na aparência clinica da criança. - Sem necessidade de hospitalização – amoxicilina. Idade escolar, suspeita de pneumonia atípica – macrolídeo, como a azitromicina. Adolescentes – fluoroquinolona respiratória (pneumonias atípicas). - Hospitalização – cefuroxime parenteral ou ceftriaxona. Por estafilococos (pneumatoceles, empiema) – vancomicina ou clindamicina devem ser incluídas. ( Resposta ao tratamento – ♦ Geralmente pacientes com pneumonia bacteriana adquirida na comunidade não complicada, respondem à terapia com melhora nos sintomas clínicos dentrode 48-96 horas do inicio dos ATBs. - Uma radiografia de tórax repetida é o 1 passo na determinação da razão para a demora na resposta do tto. • Complicações: - Geralmente, resultam de disseminação direta da infecção dentro da cavidade torácica (derrame pleural, empiema e pericardite) ou bacteremia e disseminação hematogênica (meningite, artrite séptica e osteomielite). - S. aureus, S. pneumoniae e S. pyogenes são as causas mais comuns de empiema e derrames parapneumônicos. >>> Observação: Pneumonias afebris • Mycoplasma homini *** • Clamydia tracomatis *** • Coqueluche • Agente da pneumocistose • Citomegalovírus • Vírus sincicial respiratório *** São os principais agentes em lactentes. RESUMO: Bruna Souza
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