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Desterritorialização: Redes e Exclusão

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DESTERRITORIALIZAÇÃO:ENTRE AS REDES E OS AGLOMERADOS DE EXCLUSÃO
E bem conhecida a expressão "a forma segue a função", difundida pela arquitetura modernista norte-americana do início e século. Para muitos ela sintetiza o auge de uma modernidade intrumental-funcionalista que defende a plena identidade entre forma e função. 
Numa outra escala, mais ampla que as do arquiteto e do urbanista podemos dizer que parcelas cada vez expressivas do espaço sido moldadas visando esse padrão "ótimo" de funcionalidade e utilitarismo.
Mas este mesmo processo que, por um lado, produz redes que conectam os capitalistas com as bolsas mais importantes do mundo e aceleram a circulação da elite planetária, por outro gera uma massa de despossuídos sem as menores condições de acesso a essas redes e sem a menor autonomia para definir seus "circuitos de vida". 
Essa massa "estrutural" de miseráveis, fruto em parte do novo padrão tecnológico imposto pelo capitalismo, fica totalmente marginalizada do processo de produção, formando assim verdadeiros amontoados humanos.
Uma das razões dessa complexidade é que, na chamada nova desordem mundial, passamos de uma dinâmica de relações internacionais política e ideológica, parcialmente, econômica, para uma dinâmica de globalização econômica não acompanhada por um comando político e uma, seccionando assim a ordenação do espaço mundial.
Temos hoje, ao mesmo tempo, uma unipolaridade no que se refere à hegemonia irrestrita do capitalismo como único modelo econômico a ser seguido e no sentido político-militar de uma superpotência sem rivais diretos, os Estados Unidos.
 Outro motivo é o padrão tecnológico que rege a estrutura econômica do chamado pós-fordismo ou capitalismo de acumulação flexível, onde a desterritorialização é ao mesmo tempo decorrência do acesso extremamente desigual ás novas tecnologias e à informação, da velocidade cada vez maior.
O controle da acessibilidade através de fronteiras é, justamente, para SACK (1986), uma das características básicas na definição de território. Entretanto, se ampliarmos essa definição, incorporando à dominação política uma apropriação simbólico-cultural. 
Em HAESBAERT (1993) propus uma tríade conceitual para compreender esse processo concomitante de desreterritorialização , como sintetiza RAFFESTIN [1988, 1993]): território, rede e aglomerados de exclusão. Antes de analisar a desterritorialização contemporânea, é importante verificar que padrões é possível delinear analisando a manifestação desses processos ao longo da História.
Civilizações Tradicionais
Predadoras, nômades ou seminômades
Civilizações tradicionais produtores
Civilizações tradicionalista e racionalista
Civilizações racionais
A territorialidade "aparece )r interação entre dois sistemas, um espacial e o outro informacional, na perspectiva de assegurar a autonomia de uma coletividade através do tempo".
LÉVY (1992) propõe o surgimento do que ele denomina "sociedade-mundo", analisada a partir de um "ponto de vista federativo" que é o espaço. Este unificaria/sintetizaria os três "modelos" que conformam a sociedade-mundo: o modelo da dominação geo-política, o da economia-mundo e o da distância cultural. Os quatro padrões identificados por Lévy são: 
O mundo como conjunto de mundos o "primeiro", historicamente falando, mas que, apesar das evidências, não desapareceu. 
O mundo como campo de forças
O mundo como rede hierarquizada
O mundo como sociedade
Em geral as redes, ao estimularem os fluxos e a extroversão, encontram-se a serviço da desterritorialização, principalmente no que se refere à sua articulação com os circuitos de "fluidez" do capital internacional. 
 Para efeitos desta abordagem, contudo, enfatizaremos o caráter ou pelo menos o potencial desterritorializante presente nas redes, especialmente nas redes globais do capital mo contemporâneo.
 É evidente, assim, que tecnologias cada vez mais ágeis na, geração das transformações do espaço social levam a uma destruição daquilo que é uma característica dos territórios: a definição de fronteiras e, por conseqüência, a manutenção de urna (sem-relativa) estabilidade. 
DEMATTEIS (1992) define a cidade como "um conjunto de nós pertencente a diferentes redes", "um conjunto de sujeitos fisicamente coexistentes, mas que pertencem a redes de organização diferentes, e cujos interesses podem divergir à escala local, ou seja não fazer 'sistema' à escala em questão.
A cidade ainda permanece um mercado unitário de trabalho e de habitação, por exemplo, mas só pode ser considerada como "sujeito coletivo unitário" do ponto de vista jurídico formal. 
Muitas vezes articulando máfias à escala mundial, as redes litigais podem ser vistas ao mesmo tempo como produtos — à margem do sistema "legal", impondo-se como forma de sobrevivência de grupos excluídos; e como produtoras da desterritorialização no promoverem a instabilidade e a violência. 
O enfraquecimento crescente do Estado como agente de Intervenção diante do processo avassalador e "sem fronteiras" do mercantilização da sociedade leva muitas dessas redes ilegais a promover territorializações próprias, muitas vezes como MO do de substituir o Estado, como ocorre com o narcotráfico nas 'ta velas latino-americanas. 
Esses territorialismos são uma conseqüência não só da exclusão econômica mas também cultural, diante do "vazio de significado" dominante, que se presta tanto à violência indiscriminada e "sem sentido" quanto ao aparecimento dos fundamentalismo onde "os extremos podem se encontrar".
Como são muito importantes as diferentes escalas em que ocorrem, é imprescindível acrescentar, imbricada a esses três tipos gerais, a distinção entre aglomerados "atomizados", quando envolvem grupos muito pequenos.
Apesar da distinção analítica aqui enfatizada, é preciso reconhecer que na realidade o processo efetivo consiste sempre na associação entre aglomerados, rede e territórios. 
Segundo Roberto Schwarz, comentando as posições de Kurz pela primeira vez o aumento da produtividade está significando dispensa de trabalhadores também em números absolutos. 
 Devemos combater esses extremos da desterritorialização não em nome de uma territorialização que prega o domínio com trole exclusivo sobre nossos territórios cotidianos, mas aquela que, mesmo respeitando fronteiras, torna-se muito mais maleável para o constante dialogo e a promoção da solidariedade e da rnaior igualdade com outro.