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SISTEMAS INSATURADOS CONJUGADOS Introdução ▪ Os sistemas que têm um orbital p em um átomo adjacente a uma ligação dupla – moléculas com ligações deslocalizadas – são chamados de sistemas insaturados conjugados ▪ Esse fenômeno é chamado de conjugação ▪ Os sistemas conjugados são geralmente mais estáveis que os sistemas não conjugados ▪ Alguns exemplos de sistemas conjugados são: ▪ Radical alila, cátion alila, 1,3-butadieno 2 Substituição alílica e o radical alila ▪ Quando o propeno reage com bromo ou com o cloro a baixas temperaturas, a reação que ocorre é a adição usual de halogênio ▪ Quando o propeno reage com o cloro ou bromo a temperaturas muito altas ou sob condições nas quais a concentração do halogênio é muito pequena, a reação que ocorre é a substituição 3 ▪ Nessa substituição, um átomo de halogênio substitui um dos átomos de hidrogênio do grupo metila do propeno ▪ Esses átomos são chamados de átomos de hidrogênio alílicos ▪ A reação é chamada de substituição alílica 4 ▪ O átomo de hidrogênio alílico e a substituição alílica são termos gerais ▪ São os átomos de hidrogênio de qualquer átomo de carbono adjacente a uma ligação dupla ▪ Qualquer reação na qual um átomo de hidrogênio alílico é substituído é chamada de substituição alílica 5 ▪ Cloração alílica (alta temperatura) ▪ O propeno sofre cloração alílica quando ele e o cloro reagem na fase gasosa a 400°C (processo Shell) ▪ O mecanismo envolvido no processo é um mecanismo radicalar ▪ A substituição do hidrogênio alílico se dá em função da maior estabilidade do radical alila 6 ▪ Bromação alílica com N-bromossuccinimida (baixa concentração de Br2) ▪ O propeno sofre bromação alílica quando é tratado com N-bromossuccinimida (NBS) em CCl4 na presença de peróxidos ou luz ▪ Esta reação também é radicalar, iniciada pela formação de pequena quantidade de Br (a partir do NBS) 7 A estabilidade do radical alila ▪ Uma explicação da estabilidade do radical alila pode ser feita de duas maneiras: ▪ Teoria do Orbital Molecular e Teoria de Ressonância ▪ Descrição do Orbital Molecular do radical alila ▪ À medida que um átomo de hidrogênio alílico é abstraído do propeno, o átomo de carbono hibridizado sp³ muda seu estado para sp² ▪ O orbital p desse novo átomo de carbono sp² superpõe-se com o orbital p do átomo de carbono central ▪ Assim, no radical alila três orbitais p superpõem-se para formar um conjunto de orbitais moleculares (conjugação) 8 ▪ O elétron desemparelhado do radical alila e os dois elétrons da ligação estão deslocalizados ▪ De acordo com a TOM, o diagrama de energia ilustra como os três orbitais p do radical alila combinam-se para formar três orbitais moleculares 9 10 ▪ Descrição de Ressonância do radical alila ▪ Podemos descrever a estrutura do radical alila de duas maneiras (A e B) 11 O cátion alila ▪ O cátion alila (CH2CHCH2 +) é um carbocátion anomalamente estável ▪ Este cátion é quase tão estável quanto um carbocátion 3º ▪ Na descrição da TOM, o orbital molecular ligante do cátion contém dois elétrons desemparelhados, enquanto o orbital molecular antiligante do cátion está vazio 12 13 Diagrama dos orbitais moleculares do cátion alila ▪ A teoria de ressonância representa o cátion alila com um híbrido de duas estruturas (D e E) equivalentes 14 ▪ Representações do cátion alila: ▪ (a) todos os átomos de H2C=CHCH2 +; ▪ (b) alinhamento da componente da ligação dupla e do orbital p vazio; ▪ (c) orbital abarcando todos os três átomos de carbono 15 (a) (b) (c) Regras da Teoria de Ressonância ▪ Regras de Ressonância 1. Estruturas de ressonância existem somente no papel 2. Ao escrever as estruturas de ressonância só é permitido mover os elétrons 16 3. Todas as estruturas devem ser estruturas de Lewis apropriadas 4. Todas as estruturas de ressonância têm que ter o mesmo número de elétrons desemparelhados 5. A energia da molécula real é mais baixa do que a energia que pode ser prevista para qualquer estrutura contribuinte (estabilização de ressonância) 17 Carbono com 5 ligações! 6. Estruturas de ressonância equivalentes contribuem igualmente para o híbrido, e um sistema descrito por elas tem uma estabilização de ressonância grande 18 7. Quanto mais estável for uma estrutura (analisada isoladamente), maior será a sua contribuição para o híbrido a) Quanto mais ligações covalentes uma estrutura tem, mais estável ela é b) As estruturas nas quais todos os átomos têm um nível de valência de elétrons completo são especialmente estáveis e contribuem muito para o híbrido 19 c) A separação de cargas diminui a estabilidade d) Os contribuintes de ressonância com carga negativa em átomos altamente eletronegativos são mais estáveis do que aqueles com carga negativa em átomos menos ou não-eletronegativos 20 Hidrocarbonetos poliinsaturados ▪ Conhecem-se muitos hidrocarbonetos cujas moléculas contêm mais de uma ligação dupla ou tripla ▪ Um hidrocarboneto cujas moléculas contêm duas duplas é chamado de alcadieno ▪ Um hidrocarboneto cujas moléculas contêm três ligações duplas é chamado alcatrieno ▪ Um hidrocarboneto cujas moléculas contêm duas ligações triplas é chamado de alcadiino ▪ Um hidrocarboneto com uma ligação dupla e uma ligação tripla é chamado de alcenino 21 22 Exemplos ▪ Ligações múltiplas dos compostos poliinsaturados são classificadas como acumuladas, conjugadas ou isoladas ▪ As ligações duplas do aleno são acumuladas por um carbono ▪ Em um polieno conjugado, as ligações duplas e simples alternam-se ao longo da cadeia ▪ Se um ou mais átomos de carbono saturado intervêm entre as ligações duplas de um alcadieno, diz-se que as ligações duplas são isoladas 23 O 1,3-butadieno ▪ Comprimentos de ligação do 1,3-butadieno ▪ Os comprimentos de ligação carbono-carbono do 1,3- butadieno foram determinados e são: ▪ As ligações C1-C2 e C3-C4 têm o mesmo comprimento de uma ligação dupla carbono-carbono do eteno ▪ A ligação central do 1,3-butadieno (C2-C3) é mais curta do que a ligação simples do etano (1,54 Å) ▪ Isto era esperado pois todos os átomos de carbono são hibridizados sp², e a ligação é resultado da superposição destes orbitais sp² 24 ▪ Conformações do 1,3-butadieno ▪ Existem duas conformações planas possíveis do 1,3- butadieno: as conformações s-cis e s-trans ▪ Orbitais moleculares do 1,3-butadieno ▪ Os átomos de carbono centrais do 1,3-butadieno são próximos o suficiente para que a superposição ocorra entre os orbitais p do C2 e do C3 25 26 O número de OMs deve ser igual ao número de OAs combinados A estabilidade dos dienos conjugados ▪ Os calores de hidrogenação são utilizadas para avaliar as estabilidades de ligações duplas isoladas versus conjugados: 27 Ataque eletrofílico nos dienos conjugados ▪ Os dienos conjugados não são apenas um pouco mais estáveis do que os dienos não-conjugados, mas também exibem comportamento especial quando reagem com eletrófilos ▪ O 1,3-butadieno reage com um equivalente em quantidade de matéria de cloreto de hidrogênio para produzir dois produtos: 3-cloro-1-buteno e 1-cloro-2-buteno 28 ▪ Os dois produtos observados são formados por dois caminhos possíveis: ▪ Adição 1,2: adição esperada pela reação da dupla com o HCl ▪ Adição 1,4: adição anormal, onde os átomos de H e Cl são adicionados aos carbonos C1 e C4 29 ▪ O comportamento anormal do 1,3-butadieno pode ser atribuído diretamente à estabilidade e à naturezadeslocalizada de um cátion alílico 30 Ataque eletrofílico nos dienos conjugados: adição-1,4 ▪ O 1,3-butadieno mostra outras reações de adição-1,4 com reagentes eletrofílicos: 31 ▪ Controle cinético versus controle termodinâmico ▪ A adição de brometo de hidrogênio ao 1,3-butadieno é interessante em outro aspecto: as quantidades relativas de produtos de adição-1,2 e 1,4 dependem da temperatura na qual se realiza a reação ▪ Quando o 1,3-butadieno e HBr reagem a uma temperatura baixa (–80°C e na ausência de peróxidos), a reação principal é a adição-1,2 ▪ Quando a temperatura é mais alta (40°C), o produto principal é de adição-1,4 ▪ Quando a mistura formada a uma temperatura mais baixa é trazida para uma temperatura mais alta, a quantidade relativa dos dois produtos varia 32 33 ▪ Pode-se observar que a uma temperatura mais alta e na presença de HBr, o produto de adição-1,2 rearranja-se para o produto 1,4, existindo um equilíbrio, onde esse produto deve ser o mais estável ▪ A reação do 1,3-butadieno com o brometo de hidrogênio é um exemplo de como algumas reações se comportam, formando diferentes produtos de acordo com as suas velocidades relativas ou da estabilidade dos produtos ▪ A uma temperatura mais baixa, as quantidades relativas dos produtos de adição são determinadas pelas velocidades relativas (a adição-1,2 ocorre mais rapidamente) ▪ A uma temperatura mais alta, as quantidades relativas dos produtos são determinadas pela posição de equilíbrio (o produto de adição-1,4 é o mais estável) 34 35 ▪ A temperaturas mais baixas: ▪ Uma fração maior de colisões entre os íons intermediários tem energia suficiente para cruzar a barreira mais baixa, e uma pequena fração de colisões tem energia suficiente para cruzar a barreira mais alta ▪ Essa reação é dita sob controle cinético ou de velocidade ▪ A temperaturas mais altas: ▪ Os íons intermediários têm energia suficiente para cruzar ambas as barreiras com relativa facilidade, e ambas as reações são reversíveis ▪ A estabilidade do produto final é fundamental para definir qual produto será formado em maior quantidade e a reação é dita sob controle termodinâmico ou de equilíbrio 36 37 A reação Diels-Alder ▪ Em 1928, dois químicos alemães, Otto Diels e Kurt Alder, desenvolveram uma reação de cicloadição-1,4 de dienos ▪ Ambos foram premiados com o Nobel em 1950 ▪ Um exemplo da reação de Diels-Alder é a reação que ocorre quando o 1,3-butadieno e o anidrido maléico são aquecidos juntos a 100°C 38 ▪ Em termos gerais, a reação de Diels-Alder se dá entre um dieno conjugado (sistema com 4 elétrons ) e um composto contendo uma ligação dupla chamado dienófilo ▪ O produto de uma reação de Diels-Alder é chamado aduto ▪ Na reação são formadas duas novas ligações à custa de duas ligações do dieno e do dienófilo ▪ O aduto contém um novo anel de seis membros com uma ligação dupla 39 ▪ O exemplo mais simples de uma reação de Diels-Alder é aquela entre o 1,3-butadieno e o eteno, mas ela ocorre muito mais lentamente do que a reação do butadieno com o anidrido maleico ▪ Outro exemplo é a preparação de um intermediário na síntese da droga anticâncer Taxol, feita por K. C. Nicolaou 40 ▪ Alder afirmou originalmente que a reação de Diels- Alder é favorecida pela presença de grupos retiradores de elétrons no dienófilo e de grupos doadores de elétrons no dieno ▪ O anidrido maléico tem dois grupos carbonila em átomos de carbono adjacentes à ligação dupla ▪ O efeito útil dos grupos doadores de elétrons no dieno pode ser demonstrado pelo 2,3-dimetil-1,3-butadieno 41 ▪ A estereoquímica da reação de Diels-Alder ▪ A reação de Diels-Alder é estereoespecífica ▪ A reação é uma adição sin, e a configuração do dienófilo é mantida no produto 42 ▪ A estereoquímica da reação de Diels-Alder ▪ O dieno, por necessidade, reage na conformação s-cis em vez de na s-trans ▪ Os dienos cíclicos (s-cis) são geralmente altamente reativos 43 ▪ A estereoquímica da reação de Diels-Alder ▪ A reação de Diels-Alder ocorre primariamente de uma maneira endo em lugar de uma maneira exo quando a reação é controlada cineticamente ▪ Endo e exo são termos utilizados para designar a estereoquímica de anéis em ponte tal como o biciclo-[2.2.1]- heptano 44 ▪ Considerações de orbital molecular favorecendo um estado de transição endo 45 ▪ Considerações de orbital molecular favorecendo um estado de transição endo 46
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