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19/08/2013 1 Dr. Thiago Fernandes Diaz Médico Nefrologista – HCFMUSP Clínica de Nefrologia e Diálise Renal Class Dr. Thiago Fernandes Diaz Lesão Renal Aguda (LRA) A Lesão Renal Aguda (LRA) é uma síndrome caracterizada pela deterioraçãoabrupta da função renal, que resulta na incapacidade dos rins em excretar escórias nitrogenadas e em manter a homeostase hidroeletrolítica. Associada com oligúria em 2/3 dos casos. Não existe consenso com relação à magnitude de elevação sérica da uréia e creatinina. Oligúrica x Não‐oligúrica. Diversasetiologias. Potencialmentegrave. IRA x LRA – nova definição. Lesão Renal Aguda 19/08/2013 2 Diagnóstico com elevada prevalenciaem UTI´s. Prevelênciade 1 – 9 % em ambiente hospitalar. UTI´s – 40 % na admissão quando sepse presente. – 36 % de incidência no segundo dia de admissão na unidade de terapia intensiva. – 60 % durante o período de permanência. Mortalidade > 50 % quando há associação sepse + LRA. Epidemiologia Epidemiologia Causas de LRA 19/08/2013 3 Causas de LRA em ambiente hospitalar O diagnóstico deve ser feito PRECOCEMENTE: – Identificar fator ou fatores causais. – Abordagem precoce na retirada ou reversão do fator. – Tratamento direcionado para a causa. – Suporte intensivo precoce quando indicado. – Redução da mortalidade. Diagnóstico de LRA Marcadores tradicionais de LRA: Creatininaplasmática ** Estimativa da Taxa de filtração glomerular (TFG). Ritmo de diurese ** MarcadoresNÃO‐tradicionais de LRA: NGAL CistatinaC FetuínaA IL 18 Por que são necessários novos biomarcadores: Diagnóstico de LRA 19/08/2013 4 Critérios Diagnósticos de LRA RIFLE Na LRA pré renal a função tubular está preservada LRA “PRÉ‐RENAL” Nas etiologias “pré‐renais” de LRA, o fator de piora da função renal geralmente é a redução da perfusão renal (fatores hemodinâmicos). Desidratação (diarréias, vômitos, drenagem de SNG). Hemorragias. Grande queimado. Descompensação cardiológica. Hepatopatias/ estados hipoalbuminêmicos. 19/08/2013 5 LRA “PRÉ‐RENAL” Como a função tubular está preservada, há intensa ativação do SRAA na tentativa de reestabelecer a pressão de perfusão glomerular. Aumento da atividade tubular na tentativa de reabsorver Na + H2O do lumen tubular. Esse aumento da atividade tubular leva a intensa reabsorção de uréia !! Se não houver reversão dos fatores causais – lesão tubular pode se instalar (NTA). Diagnóstico LRA “PRÉ‐RENAL” História Clínica compatível. Quadro clínico – Desidratação/ GECA/ – Sangramentos. – Estados Hipoalbuminêmicos. – ICC descompensada. Avaliação Laboratorial: – ElevaçãoUréia e Creatinina (U/Cr > 40/1) – Na urinário < 20 mEq/L. – FE Na < 1% – Densidade Urinária >1.020 . – Osm Urinária > 500 mOsm/Kg. – Cilindros hialinos (sem lesão tubular). Manejo LRA “PRÉ‐RENAL” Hidratação (cautelosa !!). Ajuste de vasodilatadores/ inotrópicos em descompensações cardiológicas. Correção do fator causal. Correção das alterações metabólicas decorrentes da LRA. Raramente necessita de TRS. Frequentemente associada à completa recuperação da função renal. Se os fatores que levaram à LRA não forem revertidos – EVOLUÇÃO PARA NTA !! 19/08/2013 6 Lesão Renal Aguda Pós Renal Nas etiologias “pós‐renais” de LRA, o fator de piora da função renal geralmente é OBSTRUTIVO. Obstrução de vias urinárias – estrutural ou funcional (cálculos/ massas/ HPB/ coágulos/ bexiga neurogênica). Intra renal (tubular) ou extra renal. Sempre deve ser excluída causa pós renal em pacientes com diagnóstico de LRA. Prognóstico é bom se houver reversão do fator causal. Se o tempo de exposição ao fator causal for curto – não há NTA. Rim com aumento de tamanho e edematoso. Presença de dilataçãopielocalicial. Preservação do parênquima. Lesão Renal Aguda Pós Renal Lesão Renal Aguda Pós Renal Quadro clínico : diminuição da diurese/ dor/ “bexigoma”. Exames laboratoriais – em geral sem particularidades. Exames laboratoriais específicos para a etiologia (ex. PSA). Exames de imagem– USG/ Tomografia/ Cintilografia. Potencialmente reversão se obstrução < 2 semanas. Pode ser causa de DRC. Tratamento – desobstrução da via urinária (SVD/ catéter duplo J/ procedimentos definitivos). Cuidado no manejo da Poliúria pós desobstrução. 19/08/2013 7 Causas de LRA Intrínseca Necrose Tubular Aguda Todas as etiologias de LRA podem evoluir para NTA Necrose Tubular Aguda 7 – 14 dias para a reepitelização 19/08/2013 8 Necrose Tubular Aguda Quadro clínico : Sinais/ sintomas relacionados à doença desencadeante. Sinais/ sintomas relacionados à redução abrupta da TFG. Exames laboratoriais – Creatinina,Uréia, eletrólitos (atenção especial ao potássio), bicarbonato, urina tipo 1. Exames laboratoriais específicos para a etiologia. Biópsia renal em casos selecionados – GNs. Exames de imagem– “USG normal”. LRA Intrínseca Rebaixamentodo nível de consciência. InsuficiênciaCardíaca. Edema pulmonar agudo, congestão pulmonar. Derrame pericárdico. Arritmias (hipercalemia). Sangramentos, lesões gástricas. Anemia. Aumento do risco de infecções Síndrome Urêmica 19/08/2013 9 > 500 < 350 < 350 < 20 > 40 > 40 > 40:1 < 20:1 < 20:1 < 1% < 35% > 3% > 55% > 3% > 55% Cil indros hial inos Cil indros granulosos, marrons Variável Pré‐Renal NTA Pós‐ Renal Uosm Na U (meq/L) U/Cr (mg/dL) Fe Na Sedimento FeUréia Índices Urinários em LRA Evolução da Função Renal pós LRA Manejo LRA – NTA Tratamento de suporte – se instalada NTA, pode durar de 7 a 14 dias (em média) para haver a recuperação da TFG. Tratar a causa de base. Controle dos distúrbios hidro eletrolíticos. Correção e otimização da volemia ***. Evitar drogas nefrotóxicas– correção de dose de ATB. Nutrição adequada. Suporte dialítico quando necessário. 19/08/2013 10 Manejo LRA – NTA Tratamento Dialítico Hipercalemia refratária ao tratamento clínico. Hipervolemia. Sintomas de Uremia refratários ao tratamento clínico. Acidose Metabólica. Indicações individualizadas e avaliação em “tendência de melhora ou piora” – baseado na diurese (em especial para o paciente crítico). Não esperar que o paciente entre em “urgência dialítica” para iniciar o suporte !! Principal causa de LRA no ambiente de terapia intensiva. UTI´s – 40 % na admissão quando sepse presente. – 36 % de incidência no segundo dia de admissão na unidade de terapia intensiva. – 60 % durante o período de permanência. Mortalidade > 50 % quando há associação sepse + LRA. MULTIFATORIAL Hemodinâmico/ isquemia. Drogas nefrotóxicas/ ATB. Alteração do volume efetivo circulante. Mediadores inflamatórios. LRA Intrínseca ‐ SEPSE 19/08/2013 11 LRA Intrínseca ‐ SEPSE Histologia renal na sepse – “glomérulos normais” – achado de descamação tubular. Tratamento se baseia em: Restituir a volêmiae ajuste hemodinâmico (vasopressores). ATB precoce – “Early Goal Directed Therapy (EGDT) for Sepsis”. Suporte hemodinâmico e ventilatório. Correção dos distúrbios hidro eletrolíticos. Correção da anemia. Suporte dialítico precoce. LRA Intrínseca ‐ SEPSE AGENTES TERAPÊUTICOS/DIAGNÓSTICOS Antibióticos e antivirais Contrastes iodados Anti‐inflamatórios não hormonais Imunossupressores Inibidores da enzima conversora de angiotensina I AGENTES TERAPÊUTICOS/DIAGNÓSTICOS Antibióticos e antivirais Contrastes iodados Anti‐inflamatórios não hormonais Imunossupressores Inibidores da enzima conversora deangiotensina I PEÇONHAS Ofídeos Aracnídeos Abelhas PEÇONHAS Ofídeos Aracnídeos Abelhas PIGMENTOS Hemoglobina Mioglobina PIGMENTOS Hemoglobina Mioglobina Causas de LRA por toxicidade 19/08/2013 12 Mecanismos Gerais da LRA por toxicidade Letalidade relativamente baixa. Reversível com a suspensão do agente – pode cronificar. Tendência às formas não oligúricas. Mecanismo– Injúria tubular direta. – Geração de radicais livres. – Obstrução intra tubular. – NIA. AINH e Lesão Renal AINH e Lesão Renal Hemodinâmica NTA NIA DRC Necrose cortical Necrose papila Nefrotoxicidade por AINH Risco elevado em idosos, DCV, doença aterosclerótica, desidratação– componente hemodinâmico. LRA reversível (2 a 7 dias) com retirada do agente. Pode cronificar– como toda LRA. AINH Bloqueio ciclo‐ oxigenase Diminuição da secreção PG Idosos com DCV Hipoperfusão Renal DRC Nefrotoxicidade por AINH 19/08/2013 13 Nefrotoxicidade por Pigmentos HEME (hemólise intravascular maciça) e MIOGLOBINA. Causas de RABDOMIÓLISE – MIOGLOBINA: Lesão/ Isquemia muscular – trauma, choque elétrico, isquemia muscular, Sd. compartimental. Toxinas – álcool, cocaína, venenos de aranídeos. Drogas – estatinas, fibratos, neurolépticos, TARV. Distúrbios HE – hipofosfatemia,hipocalemia. Infecções virais. Outras – Miopatiasmetabólicas, hipertermia maligna, hipotireoidismo,polimiosite. Nefrotoxicidade por Pigmentos MECANISMOS: Depleção volêmica (grande sequestro hídrico – até 20 L). Vasoconstrição renal. Citotoxicidade direta tubular. CIVD. Formação de cilindros de mioglobina. . Nefrotoxicidade por Pigmentos Rabdomiólise ‐ avaliação Em geral a apresentação da LRA é não oligúrica. Mioglobinúria – “urina escura”. Hipercalemia. Hiperfosfatemia. Hipocalemia. Hiperuricemia. Elevação de enzimas musculares (CPK/ aldolase). 19/08/2013 14 Nefrotoxicidade por Pigmentos Rabdomiólise ‐ tratamento Hidratação vigorosa precoce – principalmente em traumas com esmagamento/ grandes queimados. Manter DU > 300 mL/ hora. Hidratação com solução bicarbonatada– manter pH urinário > 6.5 (prevenção de depósito intratubular de mioglobina). Manitol. Se necessário – TRS. Nefrotoxicidade por Contraste Fatores de risco: Nefropatia crônica– raro em pacientes sem disfunção renal. Incidência – até 20 e 50% em pacientes com creatinina sérica maior que 2 e 5 mg/ dL (respectivamente). Desidratação. Diabéticos/ Cardiopatas/ Idosos. Dose elevada do contraste iodado. Patogênese: Toxicidade direta tubular, estresse oxidativo, hipoxemiamedular renal. Nefrotoxicidade por Contraste Profilaxia Uso criterioso do contraste iodado. Hidratação com salina isotônica pré e pós procedimento. Uso de N‐acetilcisteína/ ácido ascórbico pré e pós contraste – potencial efeito anti‐oxidante (controverso). Uso de solução bicarbonatada (controverso) Uso de contraste isso‐osmolar. Estatinas (em estudo). Suspensão prévia de iECA/ BRA/ Metformina/ Diuréticos/ AINH. 19/08/2013 15 Evitar procedimento se TFG < 30 mL/minuto. Cuidado com TFG entre 30 – 60 mL/minuto. Instalação da LRA – 24 a 48 horas pós contraste iodado. Avaliar para indicação de TRS. Nefrotoxicidade por Contraste LRA na Leptospirose Síndrome febril aguda de acometimento sistêmico causada pela Espiroqueta Leptospira interrogans. Síndrome de Weil (forma grave): caracterizada por lesão hepatocelular, hemorragia pulmonar e LRA. Letalidade de 30 ‐ 40%. Capilarite: edema renal e formação de petéquias corticais. Nefrite tubulointersticial aguda. Disfunção das células tubulares, especialmente as do túbulo proximal ‐ hipocalemia classicamente. LRA não‐oligúrica (65%). LRA oligúrica (35%). Orientação terapêutica ‐ medidas de suporte ‐ hidratação venosa ‐ diálise precoce ‐ antibioticoterapia: penicilina (eficácia somente nos primeiros 5 dias após o início dos sintomas. LRA na Leptospirose 19/08/2013 16 AAS/ AINE/ Sulfas/ Penicilinas/ Tiazídicos/ Fluorquinolonas. Febre Rash cutâneo Eosinofilia Eosinofilúria Cilindros piocitários (30%) Biópsia (?) Tratamento: suspensão da droga e suporte clínico. Corticoide (?). NIA induzida por drogas LRA oligúrica, febre, eosinofilia, livedo reticular, perda definitiva da função renal pode acontecer. Biópsia renal: fissuras biconvexas vasculares Ateroembolismo por Colesterol Indivíduos idosos com doença aterosclerótica. Fatores de risco Procedimento intravascular. Trauma torácico fechado. Placa ateromatosa. Ateroembolismopara arteríolas e capilares glomerulares. Quadro Clínico:. Ateroembolismo por Colesterol 19/08/2013 17 DÚVIDAS Na área restrita do aluno no item Dúvidas
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