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i ^ > /j JJ l í . (Jonsiderapes E s p e c i a i s Traunia da Ao final deste capítulo, o leitor estará apto a: Identificar as diferenças próprias nos padrões de lesão da criança. Demonstrar entendimento da importância do tratamento da via aérea e restauração adequada de oxigenação tecidual em pacientes pediátricos. Identificar os valores quantitativos dos sinais vitais na criança. Demonstrar o entendimento de técnicas de tratamento para as diferentes lesões encontradas nos pacientes pediátricos. Calcular o Escore de Trauma Pediátrico. Identificar os sinais sugestivos do trauma pediátrico e do mau-trato à criança. I Você é chamado para u m incidente entre u m pedestre e u m veículo motor izado. Uma criança foi atingida por u m utilitário esportivo n u m a interseção que é conhecida pelas colisões na hora de maior tráfego. Você sabe que o limite de velocidade nesta área é de 72 km/h . N e n h u m fator relacionado com o tempo está envolvido na ocorrência nesta tarde de primavera. Ao chegar na cena, você vê que a polícia está com a área ao redor da criança segura e b loque- ada ao tráfego. Assim que se aproxima do paciente, você vê u m men ino de aproximadamente 10 anos, dei tado, com sua perna esquerda angulada n u m a posição mui to lateral. Você t ambém nota que a criança parece calma. Os exames pr imário e secundár io revelam u m menino de 12 anos que diz que seu n o m e é Carlos. Ele apresenta freqüência de pulso de 110 ba t imentos por m i n u t o , o pulso radial está mais fraco que o carotídeo; sua pressão arterial sistólica é 80 m m Hg à palpação; sua freqüência ventilatória é 20 por minu to , levemente irregular mas sem ruidos anormais . Q u a n d o você fala com Carlos, t ambém nota que , apesar de ter o fêmur esquerdo obviamente angulado, ele não se queixa de dor significativa e aparenta estar dei tado confortavelmente. Enquan to você cont inua a falar com ele, no ta que ele ainda não se deu conta da si tuação, n e m do ocorrido. Voce nota que suas pupilas estão levemente dilatadas e sua pele pálida e sudoreica. Uma mulhe r que se identi- fica como amiga da família diz que a mãe de Carlos está a caminho e você deve esperá-la. Quais são as prioridades no atendimento deste paciente? Quais são as lesões mais evidentes nesta criança? Qual é o destino mais adequado para esta criança? Otrauma é a causa mais comum de morte em cri-anças nos Estados Unidos. Tragicamente 20% a 40% destas mortes podem ser evitadas. Assim como em todos os aspectos do atendimento pediátrico, a avaliação e o atendimento adequados das crianças com trauma requerem um conhecimento completo das características próprias do crescimento e desen- volvimento da criança. O atendimento adequado da criança é mais do que a simples aplicação dos princípios de atendi- mento dos adultos a uma pessoa pequena. As crian- ças têm padrões de trauma específicos, respostas fi- siológicas próprias e necessidades especiais com base em seu tamanho, maturidade e desenvolvimento psi- cossocial. Este capítulo descreve primeiramente as carac- terísticas especiais da criança vitima de trauma e revisa os fundamentos para o melhor atendimento à criança traumatizada. Embora seja importante que o socorrista entenda as características próprias do trauma pediátrico, as medidas básicas de suporte à vida, usando o exame primário e secundário, são as mesmas para qualquer paciente, independentemen- te de seu tamanho. A Criança como Paciente Traumatizado _ _ ^ ^ Características Demográficas do Trauma Pediátrico Há muitas características próprias que devem ser ana- lisadas quando a criança é um paciente de trauma. A incidência de trauma fechado (em contrapartida ao trauma penetrante) é mais alta na população pediá- trica. Embora a análise recente do Registro Nacional de Trauma Pediátrico nos Estados Unidos da Améri- ca do Norte continua a identificar o trauma fechado como mecanismo de trauma mais comum nos úlli- mos 4 anos, ferimentos penetrantes têm aumentado para quase 15% dos casos. As conseqüências do trau- ma penetrante são relativamente previsíveis, mas os mecanismos de trauma fechado apresentam maior potencial para lesões multissistêmicas. As quedas são a causa mais comum de trauma e ocorrem mais freqüentemente em crianças com ida- de inferior a 14 anos. Atropelamento por veículos é o segundo mecanismo de trauma mais comum. De acor- do com as estatísücas, o trauma é "acidental" em 87% CAPÍTULO 12 C o n s i d e r a ç õ e s E s p e c i a i s no T r a u m a da C r i a n ç a 3 2 5 dos casos, relacionado com esportes em 4% e resul- tante de agressão em 5%. O comprometimento mul- tissistêmico é a regra e não a exceção, portanlo todos os sistemas orgânicos devem ser considerados lesa- dos até que se prove o contrário. Embora a evidência externa de lesão seja mínima, a presença de lesão in- terna potencialmente grave de cada órgão deve ser considerada até que seja excluída pela avaliação defi- nitiva ou avaliação cuidadosa da evolução. Biomecânica do Trauma Pediátrico O tamanho da criança a torna um alvo menor sobre o qual são aplicadas forças lineares do pára-lama, do pára-choque e das quedas. Devido à menor quanti- dade de gordura corporal, à maior elasticidade do te- cido conjuntivo e à grande proximidade dos diferen- tes órgãos, estas forças não são dissipadas tão bem como no adulto e, portanto, dispersam maior energia em todos os órgãos. Visto que o esqueleto da criança é incompletamente calcificado e contém vários cen- tros de crescimento ativo, é mais elástico do que o do adulto. Entretanto, o esqueleto da criança é menos capaz do que o do adulto de absorver as forças ciné- ticas aplicadas durante um evento traumático, e pode permitir distúrbios internos significativos com lesão externa aparentemente mínima. Por exemplo, a con- tusão pulmonar é comum embora sejam incomuns as fraturas de costelas. Homeostase Térmica A relaçào entre a área de superfície corpórea da cri- ança e o volume corpóreo é maior ao nascimento e diminui durante o período de amamentação e a in- íância. Isto significa que há uma área de superfície relativamente maior por onde o calor pode ser perdi- do rapidamente. Como resultado, a perda de energia térmica se torna um fator de estresse significativo na criança menor. Embora isto não possa ser um risco de vida por si só, freqüentemente causa estresse adi- cional para a criança, que pode estar hipotensa e com dor importante. Hipotermia grave freqüentemente inicia o colapso cardiovascular irreversível. Aspectos Psicossociais Os desdobramentos do cuidado psicológico a uma criança traumatizada lambcm podem ser um grande desafio. Particularmente com a criança muito peque- na o comportamento psicológico regressivo pode acontecer quando o estresse, a dor ou a percepção de outras ameaças interferem no seu ambiente. A habili- dade da criança de interagir com indivíduos desco- nhecidos, em ambiente èstranho, é hmitada e tornam a anamnese e a manipulação cooperativa muito difí- ceis. A compreensão destas características e a dispo- sição de persuadir e acalmar uma criança traumati- zada são freqüentemente as maneiras mais efetivas de adquirir concordância por parte da criança e obter uma avaliação mais completa do seu estado psicoló- gico. Adicionalmente, as pessoas que cuidam da cri- ança ou seus pais têm carências e problemas que de- vem ser abordados para que o atendimento da crian- ça seja bem-sucedido. Em muitos casos eles devem ser considerados como pacientes adicionais. Recuperação e Reabilitação Outro problema particular do pacienle pediátrico trau- matizado é o efeito que o trauma pode ter no cresci- mento e desenvolvimento subseqüentes. Diferente- mente do adulto, anatomicamente maduro, acriança não deve se recuperar exclusivamente do trauma. mas deve continuar o processo de crescimento e desen- volvimento normais. O efeito da lesão nesse proces- so - em especial em termos de deficiência a longo prazo, deformidades no crescimento ou desenvolvi- mento subseqüente anormais - não pode ser subesti- mado. Mesmo sofrendo pequenos traumas, as crian- ças menores podem ter incapacidade prolongada tanto na função cerebral, e ajuste psicológico, como inca- pacidade de órgãos ou sisiemas. Em torno de 60% das crianças com trauma grave multissistêmico apre- sentam mudança de personalidade e 50% ficam com seqüelas sutis cognitivas ou físicas. O trauma pediá- trico também pode atingir irmãos e pais, resultando numa alta incidência de distúrbios familiares, inclu- indo o divórcio. O custo da correção destes proble- mas pode provocar um abalo importante e pode du- rar toda a vida. O efeito do atendimento inadequado ou inapro- priado no período imediatamente após o trauma pode ter conseqüências, não apenas na sobrevivên- cia da criança, mas talvez de forma mais importan- te, na qualidade de vida da criança nos anos seguin- tes. Lesões orgânicas graves podem existir na pre- sença de sinais externos mínimos. Um alto índice de suspeita e o bom senso clínico devem indicar o transporte rápido da criança para um hospital apro- priado, a fim de se realizar uma avaliação mais com- pleta, sempre que houver possibilidade da existên- cia de trauma grave. Fisiopatologia Em relação à morte e invalidez, o resultado final do atendimento à criança traumatizada é muito deter- minado pela qualidade do atendimento oferecido nos primeiros momentos após o trauma. Durante estes 3 2 6 ATENDIMENTO P R É - H O S P I T A L A R AO TRAUMATIZADO minutos críticos, um exame primário sistematizado é a melhor defesa contra a não identificação de uma lesão que pode ser fatal ou causar morbidade desne- cessária. Como no adulto as três causas mais comuns de morte imediata são: hipóxia, hemorragia maciça e trauma craniencefálico grave. A falta de triagem apro- priada e de transporte rápido ao centro de tratamen- to mais adequado pode misturar alguns ou todos es- ses problemas. Hipóxia A primeira prioridade no atendimento pré-hospita- lar é sempre o estabelecimento cle uma via aérea pér- via. A confirmação de uma via aérea pérvia e funcio- nante na criança não exclui a necessidade cle ventila- ção assistida e suplementação de oxigênio, especial- mente quando pode existir lesão do sistema nervoso central ou hipoperfusão. A criança traumatizada pode deteriorar rapidamente progredindo de uma respira- ção trabalhosa com taquipnéia para um estado de to- tal exaustão e apnéia. Uma vez permeabilizada a via aérea, é essencial que a freqüência e a profundidade da venLilação sejam avaliadas para confirmar a exis- Lência de ventüação alveolar adequada. Se a ventila- ção alveolar não é adequada, oferecendo apenas con- centração excessiva de oxigênio, o estabelecimento de hipóxia celular não será evitado. A oxigenação adequada é parLicularmenLe crucial para o tratamento inicial do pacienLe com trauma cra- niencefálico. O paciente pode estar muito obnubila- do e ainda ter um excelente potencial de boa recupe- ração funcional se a hipóxia cerebral puder ser evita- da. Se possível, pacienles que requerem manipulação e abordagem definiLiva da via aérea devem ser pré- oxigenados anLes da iniubação. Em muiLos casos esLa manobra básica pode ser tudo o que é necessário para iniciar a reversão da hipóxia e aumentar a margem de segurança para a realização da intubação. Hemorragia A maioria clos traumatismos em crianças não causa exsangüinação imediata. Infelizmente, crianças que sofrem lesões com perda sangüínea importante mor- rem em pouco tempo ou já chegam mortas ao hospi- tal. A maioria das crianças traumalizadas que reque- rem atendimento de emergência apresenta lesões de vários órgãos com pelo menos um componente asso- ciado à perda de sangue. Esta hemorragia pode ser pequena (como em lesões cutâneas ou contusões) ou um risco de vida potencial (como numa ruptura es- plênica, làceração hepática ou avulsão renal). Como nos adultos, as crianças compensam a he- morragia por aumento de resistência vascular sistê- mica à custa do comprometimento da perfusão peri- férica. A pressão sangüínea isolada é um indicador inadequado de choque. A perfusão inadequada dos órgãos é a indicação mais apropriada de choque e é evidenciada pela diminuição do nível de consciên- cia, diminuição da perfusão da pele (diminuição de LemperaLura, palidez e tempo de enchimento capilar retardado) e diminuição do débito urinário. Entre- lanto, ao contrário do adulto, os sinais precoces de hemorragia na criança podem ser sutis e de difícil idenLificação. A Laquicardia pode ser provocada por hipovolemia, medo ou dor. Por sua vez, a freqüência cardíaca normal da criança varia com a idade. A per- fusão periférica ruim pode ser resullado de hipoten- são, hipotermia ou ambas. Se o socorrista não identi- fica os sinais precoces sutis, a criança pode perder tanto volume de sangue circulante que os mecanis- mos compensatórios falham. Neste caso o débito car- díaco cai, a perfusão dos órgãos desaparece e a crian- ça enira em choque descompensado e freqüenLemenLe fatal. Portanto, os parâmetros viiais de toda a criança com trauma fechado devem ser cuidadosamente mo- nitorados para detectar estes sinais sutis. Reanima- ção inadequada pode resultar em colapso cardiovas- cular profundo após algum tempo. A causa principal da Lransição rápida para o cho- que descompensado é a perda gradual de hemácias. A reposição do sangue perdido com solução crista- lóide promove um aumento transitório da pressão sangüínea, mas as soluções se dissipam com a perda dos líquidos através das membranas capilares. O ba- lanço final é que o volume circulante é gradualmente substituído por uma massa de células sangüíneas cada vez mais diluída, quase sem capacidade de transpor- te de oxigênio. A criança deve ser avaliada à luz dessa possibilidade e deve-se assumir que uma criança que precisa mais do que uma infusão rápida de 20 mL/kg de solução crisialóide pode deLeriorar rapidamente. Um erro comum na avaliação inicial da criança traumalizada é a tendência à hiper-reanimação do paciente uma vez estabelecido o acesso venoso. Na presença de sangramento mínimo e sinais vitais nor- mais, uma infusão rápida de 20 mL/kg de solução cristalóide pocle artificialmente diluir o hematócri- to (a medida do volume celular das hemácias no volume total do sangue) e introduzir um erro po- tencial no diagnóstico de hemorragia. Dada a alta incidência de lesão craniencefálica, associada ao trauma fechado, e a relativamente baixa incidência de choque hemorrágico grave, a super-reanimação com líquido, em uma criança com trauma cranien- cefálico, pode ser mais prejudicial do que eficaz e pode realmente agravar o desenvolvimento de ede- ma cerebral. A avaliação cuidadosa dos sinais vitais da criança e mesmo a avaliação dos efeitos das in- CAPÍTULO 12 C o n s i d e r a ç õ e s E s p e c i a i s no T r a u m a da C r i a n ç a 3 2 7 tervenções terapêuticas deve, portanto, ser a primei- ra consideração imediata após o trauma. Lesão Cerebral As alterações fisiopatológicas que se seguem ao trau- ma do sistema nervoso central se iniciam dentro de minutos. A reanimação adequada e precoce é a cha- ve para aumentar a sobrevida de crianças com lesão do sistema nervoso central. Embora uma certa por- centagem das lesões do sistema nervoso central seja catastroficamente maciças e fatais, muitas crianças com lesões do sistema nervoso central se tornam mais graves por hipoperfusão ou isquemia subse- qüentes. A oxigenaçâo e ventilação adequadas são muito importantes no tratamento das lesõestrau- máticas do cérebro. Mesmo crianças gravemente comatosas podem recuperar-se quando não desen- volvem hipóxia cerebral. Classificada em graus, a gravidade da lesão medi- da pela Escala de Trauma Abreviada (AIS), as crian- ças têm menor mortalidade e maior potencial de so- brevida que os adultos que apresentam o mesmo grau de lesão. Entretanto, com a introdução de uma lesão extracraniana em associação com lesão cerebral, a curva de sobrevida da criança aproxima-se da do adul- to. Isto ilustra o impacto potencialmente negativo de uma lesão associada, no prognóstico do trauma cra- niencefálico. Crianças com trauma craniencefálico freqüente- mente se apresentam com grau médio de embotamen- to (ou embotamento sensitivo) e podem ter tido um período de inconsciência que nem sempre é docu- mentado durante a avaliação inicial. Um histórico de perda de consciência é um dos mais importantes in- dicadores do prognóstico da lesão potencial do siste- ma nervoso central e o socorrista deve investigar e documentar esta perda de consciência em cada caso. A documentação completa do estado neurológico basal também é importante, incluindo: Resposta ao estímulo sensitivo Reação pupilar Função molora. Essas são as etapas essenciais no tratamento ini- cial da criança traumatizada. A lesão do sistema ner- voso central possui uma fisiopatologia contínua que inicia com a despolarização dos neurônios intracra- nianos e prossegue por um curso reconhecível de edema secundário e hipoperfusão. A ausência de uma avaliação basal adequada torna o acompanhamento e a avaliação de intervenção difíceis e imprecisos. O cuidado na obtenção de um histórico minucio- so é importante em casos de lesão potencial de me- dula cervical. Uma vez que o esqueleto da criança é incompletamente calcificado e apresenta vários cen- tros de crescimento ativos, pode haver mín nenhuma evidência radiográfica do mecanismo de lesão que possa ter causado um estiramento ou con- tusào da medula. Um déficit neurológico transiu pode ser o único indicador de lesão de medula cervi- cal potencialmente significativa. Avaliação O tamanho pequeno e variável do paciente pediátri- co, o calibre e tamanho diminuídos do sistema vas- cular e as características anatômicas próprias das vias aéreas freqüentemente determinam que os procedi- menlos-padrão utilizados no suporle básico de vida sejam desafiadores e tecnicamente difíceis (Tabela 12- 1). A disponibilidade imediata de equipamentos de lamanhos adequados é essencial para o sucesso do atendimento inicial da criança traumatizada. A ten- tativa de colocar uma cânula endovenosa muito grossa ou um tubo endotraqueal de tamanho inadequado pode provocar mais dano do que beneficio. Por esta razão Broselow e colaboradores desenvolveram uma fita de reanimação com base na estatura da criança. A fita permite com a rápida identificação do tamanho do paciente, e com a correlação do peso estimado, saber o tamanho do equipamento a ser usado e as dosagens apropriadas de. drogas potencialmente rea- nimadoras. A reanimação efetiva no trauma pediátri- co requer a disponibilidade de lâminas de laringos- cópio, tubos endotraqueais, sondas nasogástricas, cateteres de Foley, drenos torácicos, manguitos de pressão sangüínea, máscaras de oxigênio, máscaras faciais associadas a um balão dotado de válvula uni- direcional e outros equipamentos de tamanhos apro- priados. Via Aérea Como no aclulto, a prioridade imediata e o foco prin- cipal na criança são o tratamento da via aérea. A lín- gua relativamente grande e a posição anterior da via aérea fazem com que a criança pequena seja mais pro- pensa à obslrução de via aérea do que o adulto. Quan- to menor a criança, maior a desproporção entre o ta- manho do crânio e a porção média da face e maior a propensão de "curva ou dobra" na área posterior da faringe, à medida que o occípito relativamente gran- de força a flexão passiva da coluna cervical. Na crian- ça não traumatizada, a via aérea é mais bem protegi- da por uma posição levemente ãntero-superior da face. conhecida como "posição de cheírar". No paciente pediátrico traumatizado, o pescoço deve ser mantido 3 2 8 ATENDIMENTO P R É - H O S P I T A L A R AO TRAUMATIZADO Tabela 12-1 Medida de altura e peso para pacientes pediátricos Grupo Recémnascido Lactente Criança Préescolar Escolar Adolescente Idade Nasc. 6 sem. 7 s em . l ano 1 a 2 anos 2 a 6 anos 6 a 13 anos 13 a 16 anos Medida média normal Altura (média) cm 5163 5680 7791 91122 122165 165182 Peso (média)kg 1 45 411 1114 1425 2563 6280 alinhado para prevenir a hiperílexão de C5-C6 e a hiperexlensão de C1-C2 que ocorre com a "posição de cheirar". A laringe da criança é menor que a do adulto, tem um ângulo ântero-caudal mais leve (adiantado e vol- tado para os pés) e é freqüentemente mais difícil de ser visualizada para a intubação direta (Figura 12-1). Apesar disto, o meio mais confiável de ventilação na criança com comprometimento de via aérea é a intu- bação orotraqueal direta. A intubação nasotraqueal requer a passagem cega por um ângulo nasofaríngeo posterior relativamente agudo e pode causar sangra- mento importante e até mesmo a penetração inad- vertida na abóboda craniana. Na falla de equipamen- to apropriado de intubaçào, a ventilação com másca- ra facial associada a um balão dotado de válvula uni- direcional com 100% de oxigênio (FiO-, de 1,0) é uma alternativa possível. A criança cuja lesão crânio-faci- al causa obstrução de via aérea alta pode ser candida- ta a cricotireoidostomia por agulha para ventilação. Essa é apenas uma medida temporária e deve ser subs- tituída por uma abordagem definitiva da via aérea, tão logo o tempo e a segurança permitam. Respiração Como em todos os pacientes traumatizados, a crian- ça significativamente traumatizada necessita de uma concentraçâo de oxigênio de 85% a 100% (Fi02 de 0,85 a 1,0). Isso é conseguido pelo uso de oxigênio supiementar e uma máscara pediátrica de tamanho apropriado. Quando a hipóxia ocorre na criança pe- quena, o corpo compensa pelo aumento da freqüên- cia ventilatória (taquipnéia) e por um árduo aumen- to no esforço ventilatório, incluindo aumento do es- forço da excursão torácica e o uso dos músculos aces- sórios no pescoço e abdome. Este aumento do esfor- ço pode produzir fadiga importante, resultando em falência ventilatória. A insuficiência ventilatória pode Figura 12-1 Comparação da via acrea do adulto e da criança. (Stoy W: Mosby s EMT- Basic textbook, St Louis, 1996, Mosby.) CAPÍTULO 12 Con s i d e r a ç õ e s Espec i a i s no T rauma da C r i a n ça 3 2 9 rapidamente progredir de um esforço ventilatório compensado à falência respiratória, então parada res- piratória e, finalmente, parada cardíaca secundária ao problema respiratório. A avaliação do nível de ventilação da criança com reconhecimento precoce cla insuficiência e o forneci- mento de assistência ventilatória são elementos-cha- ve no atendimento do paciente pediátrico traumati- zaclo. A freqüência venlilalória normal em lactentes e crianças com menos de 4 anos é duas a três vezes a do adulto (Tabela 12-2). A taquipnéia com sinais de aumento do esforço ou dificuldade pode ser a primeira manifestação de insuficiência respiralória e/ou choque. À medida que a insuficiência aumenta, os sinais e sintomas adicio- nais incluem respiração superficial com movimento torácico mínimo. Os murmúrios vesiculares podem ser fracos ou infreqüentes e a troca de ar no nariz ou boca pode ser reduzida ou mesmo mínima. O esforço ventilatório tornar-se mais trabalhoso e pode incluir: Balanço da cabeça a cada respiração; Respiração difícil e grunhido; Batimento de asas do nariz; Estridor ou ronco; Tiragem supraesternal, supraclavicular e intercostal; Uso de músculos acessórios do pescoço e abdome; Distensão abdominal quando o tórax retrai (efei- to de balanço entre tórax e abdome). A efetividacie cla ventilação da criança deve ser avaliada usando os seguintes indicaclores: Freqüência e profundidade (volume minuto) e esforço confirmam ventilação adequada. Murmúrio vesicular confirma profundidade. Sibilos, estertores ou roncos indicam oxigenação alveolar ineficiente. Pele rosa indica ventilação adequada; Pele escura, cinza, cianótica ou mosqueada indi- ca troca de oxigênio insuficiente. Ansiedade, inquietação ou combatividade são pos- síveis sinais precoces de hipóxia. Letargia, nível de consciência rebaixado ou in- consciência são prováveis sinais avançados de hipóxia. Uma avaliação rápida da ventilação pode ser feita usando freqüência ventilatória (particularmente ta- quipnéia), esforço ventilatório (grau de trabalho. ba- timento de asas do nariz, uso de músculos acessóri- os, tiragem, balanço de movimento), ausculta (troca de ar, simetria bilateral, sons patológicos), cor da pele e estado mental. A cianose central (mais do que peri- férica) é um sinal bastante tardio e freqüentemente inconsistente. Na criança que inicialmente se apresenta com taquipnéia e esforço ventilatório aumentado, o apa- recimento subseqüente de uma freqüência ventilató- ria diminuída e aparentemente com menos esforço pocle ser indicativo de exaustão com ventilação redu- zida. Isto não deve ser mal interpretado como sendo um sinal de melhora. A respiração assistida deve ser oferecida à criança com diminuição da troca de ar e àquelas com insufi- ciência ventilatória agucla. Como o principal proble- ma é o do volume inspirado mais do que a concen- tração de oxigênio, a ventilação assistida é mais bem realizada usando-se máscara lacial associada a balão dotado de válvula unidirecional. O uso de máscara de tamanho correto é essencial para se obter seu ajuste apropriado, provendo volume corrente adequado e assegurando que não ocorra hiperinsuflação (que provoca distensão gástrica) ou barotrauma. Quando se ajusta adequadamente a máscara nos lactentes, deve-se ter cuidado para evitar compressão do assoalho da boca, porque isto empurra a língua para trás na via aérea contra o pálato mole. Deve ser ■ . ■ ■ . IB Grupo Recémnascidos Lactente Criança Préescolar Escolar Adolescente Idade Nasc.6semanas 7 sem. 1 ano 1 a 2 anos 2 a 6 anos 6 a 13 anos 13 a 16 anos tifatória para pacientes pediátricos Freqüência ventilatória (vpm) 3050 2030 2030 2030 (1220)30 1220 Freqüência ventilatória (vpm) que indica possível diminuição no volume minuto e necessidade para assistência ventilatória com máscara f acial associada a balão dotado de válvula unidirecional < 30 ou > 50 <20ou>30 < 20 ou > 30 < 20 ou > 30 < 20 ou > 30 <12ou>20 3 3 0 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR AO TRAUMATIZADO evitada pressão sobre a traquéia frágil e ainda não calcificada. Uma ou duas mãos poclem ser usadas para se obter o ajuste da máscara. A distensão gástrica pode provocar regurgitação ou impedir a ventilação ade- quada por limitação da excursão diafragmática. Uma vez que o socorrista tenha iniciado a ventila- ção, a máscara facial associada ao balão dotado de válvula unidirecional cleve possuir um reservatório cle oxigênio adaptado com alta concentração de oxi- gênio (FiO-, de 0,85 a 1.0). Já que a via aérea da cri- ança é muito pequena. pode ser necessária a aspira- ção inicial e periódica. Nos lactentes que obrigatori- amente são respiradores nasais, deve ser incluída as- piração das narinas. As mudanças no estado ventilatório da criança po- dem ser sutis e o esforço ventilatório pode deteriorar rapidamente alé que a ventilação se torne inadequada e ocorra hipóxia. A respiração cleve ser cuidadosamente avaliada como parte do exame primário e reavaliada de maneira cuidadosa e periódica para assegurar que ela continua adequada. A oximetria de pulso deve ser empregada e devem ser feitos esforços para se manter a saturação arterial de oxigênio superior a 95%. Circulação A taxa de sobrevivência de lesão rapidamente exan- güinante é muito baixa na população pediátrica. Fe- lizmente a incidência deste tipo de lesão é também muito baixa. A hemorragia externa deve ser identifi- cada e controlada durante o exame primário. As cri- anças traumatizadas com freqüência se apresentam com pelo menos algum volume de sangue circulante e respondem adequadamente à reposição de volume. Assim como na avaliação da via aérea, a simples me- dida da íreqüência cardíaca ou da pressão sangüínea não reflete a estabilidade fisiológica. A monitoração dos sinais vitais é fundamental para prevenir a hipo- tensão e o choque. A variação normal para freqüên- cia cardíaca e da pressão sangüínea dos diferentes grupos etários encontra-se nas Tabelas 12-3 e 12-4. Se o exame primário sugere hipotensão grave, a causa mais comum é a perda de sangue através de um grande ferimento externo (prontamente observa- do), um ferimento intratorácico (identificado por decréscimo da mecãnica ventilatória e achados à aus- culta), ou perda de sangue em uma lesão intra-abdo- minal grave. Como o sangue não é um elemento com- pressível, a perda de sangue de uma lesão intra-abdo- minal grave produz distensão abdominal e aumento da circunferência abdominal. Uma grande preocupação na avaliação do paci- ente pediátrico é o choque compensado. Devido a sua reserva fisiológica aumentada, crianças com trauma hemorrágico freqüentemente se apresentam apenas com sinais vitais ligeiramente anormais. A taquicardia inicial pode não ser somente resultan- te de hipovolemia, mas pode ser também o efeilo de estresse psicológico, dor e medo. Por sua vez um paciente muito pequeno pode ler uma pressão sistólica que, embora considerada alarmantemen- te baixa para um adulto, pode estar dentro dos li- mites normais para uma criança sadia. Todas as crianças traumatizadas clevem ter monitoradas sua pressão sangüínea, freqüência cardíaca, freqüência ventilatória e o estado do sistema nervoso central. A criança com trauma hemorrágico pode manter o volume circulante aclequado pelo aumento da re- sistência periférica para manter a pressão arterial média. Na criança, os sinais de hipotensão signifi- cativa se desenvolvem com a perda de cerca de 25% do volume circulante. Se a reanimação inicial é ina- dequada, o volume circulante pode diminuir para um nível abaixo do qual o aumento da resistência periférica pode manter a pressão arterial. O con- ceito de choque em desenvolvimento merece con- sideração especial no atendimento inicial da cri- ança traumatizada e é uma das principais indica- ções para o transporte ao hospital adequado a fim de ser submetida a uma avaliação médica, mesmo que as lesões pareçam ser pequenas. Tabela 12-3 Freqüência de pulso para pacientes pediátricos Grupo ^ecémnascido Lactente Criança Préescolar Escolar Adolescente Idade Nasc.6semanas 7 sem. 1 ano 1 a 2 anos 2 a 6 anos 6 a 13 anos 13 a 16 anos Frequencia de pulso (bpm) 120160 80140 80130 80120 (60/80)100 60100 Freqüência de pulso (bpm) que indica a possibilidade de problema grave (bradicardia ou taquicardia) < 100 ou > 150 < 80 ou > 120 <60ou > 110 <60ou > 110 < 60 ou > 100 < 60 ou > 100 CAPÍTULO 12 Considerações Especiais no Trauma da Criança 331 1 Grupo Recémnascido Lactente Criança Préescolar Escolar Adolescente Pressão arterialnos pacientes pediátrii Idade Nasc. 6 semanas 7sem. l ano 1 a 2 anos 2 a 6 anos 6 a 13 anos 13 a 16 anos ÉÉfl Limites esperados para pressão arterial (mm Hg)* 74100 5068 84106 5670 98106 5070 98112 6470 104124 6480 118132 7082 Limite inferior da pressão arterial 11 sistólica (mm Hg) <70 <70 <70 <70 < 8090 < 8090 * Os números superiores representam a variação da pressão sistólica e os inferiores a variação da pressão diastólica. Incapacidade - Avaliação Neurológica Após a avaliação da via aérea, respiração e circulação, o exame primário deve incluir uma avaliação do es- lado neurológico. Enquanto o AVDl (Alerta, respon- de a estímulo Verbal, responde a estímulo de Dor, lnconsciente) permanece sendo uma ferramenta de classificação rápida na avaliação do nível de consci- ência, ele deve ser combinado com um exame cuida- doso das pupilas para determinar se são iguais, re- dondas e reativas à luz. Como nos adultos, a Escala de Coma de Glasgow promove uma avaliação mais completa do estado neurológico; embora o escore para a avaliação verbal deva ser modificado para crianças abaixo de 4 anos (Tabela 12-5). Devido à habilidade limitada de comunicação das crianças desta faixa etá- ria, o comportamento delas deve ser observado cui- dadosamente. O escore na Escala de Coma de Glasgow deve ser repetido freqüentemente e usado para documentar a progressão ou regressão do estado neurológico du- rante o período após o trauma (ver Capítulos 3 e 8 para revisão da Escala de Coma de Glasgow). Uma avaliação mais completa da função motora e sensiti- va deve ser realizada no exame secundário, se o tem- po permitir. Exposição/Ambiente As crianças devem ser examinadas à procura de ou- tras lesões com risco de vida; entretanto elas podem se assustar com a remoção de suas roupas. Como a criança é mais propensa ao desenvolvimento de hi- potermia, uma vez completado o exame para identi- ficar outras lesões, o corpo cleve ser coberto para pre- servar a temperatura corpórea. Escore de Trauma Pediátrico A decisão sobre o nível de tratamento que cada crian- ça requer surge da avaliação cuidadosa e rápida da criança como um todo. Deixar de identificar outras potenciais lesões de órgãos e tratar inadequadamente o paciente são os dois maiores problemas encontra- dos nesta área. Por esta razão, o Escore de Trauma Pediátrico (Figura 12-2) foi desenvolviclo para ofere- cer um protocolo confiável e simples para avaliação e quantificaçào numérica, que é preditiva do prognós- tico em relação à morbidade e mortalidade. Consiste em um sistema de categorização onde seis compo- nentes do trauma pediátrico são graduados e soma- dos para produzir um escore que é preditivo da gra- vidade da lesão do potencial de mortalidade. O sisle- Tabela 12-5 Escore verbal pediátrico Resposta verbal Escore verbal Palavras apropriadas ou sorriso social; olharfixa esegue Chora mas é consolável Irritada persistentemente Inquieta, agitada Irresponsiva 332 A T E N D I M E N T O P R E - H O S P I T A L A R AO T R A U M A T I Z A D O ma é baseado na análise clos padrões de trauma na criança e planejado para oferecer uma lista que asse- gurará que todos os fatores mais importantes relati- vos ao prognóstico do trauma pediátrico são consi- derados na avaliação inicial da criança. É diferente do Escore de Trauma Revisado que considera somen- te a pressão sangüínea, a freqüência ventilatória e a Escala de Coma de Glasgow. O Escore de Trauma Pediátrico é planejado intencionalmente como uma listagem que aborda os seis fatores críticos para o prog- nóstico do trauma no paciente pediátrico. O tamanho é o primeiro componente, porque ele é prontamente observado e é uma consideração im- portante no gmpo de lactentes/crianças nos primei- ros anos de vida cuja mortalidade por trauma é mais alta. A via aérea é avaliada a seguir. O estado funcio- nal e o tipo de cuidado exigido para promover venti- lação e oxigenação adequadas são considerados. O fator mais importante na avaliação inicial do sistema nervoso central é o nível de consciência. Como as crianças íreqüentemente apresentam perda de consciência transitória durante o trauma, o grau (+1) para obnubilada é aplicado para qualquer crian- ça com perda de consciência - não interessando quão fugaz. Este grau identifica o paciente com probabili- dade de desenvolver uma lesão potencialmente fatal mas freqüentemente tratável, conhecida como lesào intracraniana secundária a irauma craniencefálico. A avaliação da pressão arterial sistólica é estrutu- racla primariamenle para identificar aquelas crianças que podem apresentar choque prevenível (51 a 90 mm Hg de pressão arterial sistólica; +1). Independen- temente do tamanho, a criança cuja pressão arterial sistólica se encontra abaixo de 50 mm Hg (-1) está em perigo óbvio. Por sua vez a criança cuja pressào arterial sistólica excede 90 mm Hg (+2) talvez fica em uma categoria de melhor prognóstico do que uma criança com um leve grau de hipotensão. Se o man- guito de tamanho apropriado do aparelho de pressão sangüínea não estiver disponível, a pressão sistólica é avaliada como +2 se o pulso radial ou pedioso fo- rem palpáveis, +1 se somente o pulso carotídeo ou femoral forem palpáveis e -1 se não se palpa pulso. Dada a alta incidência de trauma de esqueleto na população pediátriea e sua potencial contribuição para mortalidade e invalidez, a presença de fratura é incluída como um componente do Escore de Trauma Pediátrico. Por último a pele é avaliada à procura de ferimen- tos abertos ou visíveis e ferimentos penetrantes. Dada a natureza de seu planejamento, o Escore de Trauma Pedriátrico serve como uma lista organizada e orientada que assegura que todos os componentes necessários para a identificação da criança gravemente traumatizada sejam considerados. Como um escore de previsão da evolução do trau- malizado, o Escore de Trauma Pedriátrico tem uma relação linear inversa com a mortalidade do pacien- te, que é estatisticamente significativa. Há um nível de escore de 8 abaixo do qual as crianças traumatiza- das devem ser transportadas para um centro de trau- ma pediátrico apropriado. Estas são as crianças que apresentam o maior potencial para prevenção de mortalidade e morbidade. Exame Secundário (Histórico Direcionado e Exame Físico) O exame secundário da criança deve seguir o exame primário somente após a identificação e tratamento das condições com risco de vida. O tórax deve ser Componente Tamanho Via aérea Consciência Pressão arterial sistólica Fratura Pele +2 Criança/adolescente >20 kg Normal Alerta 90 mm Hg Pulsos periféricos e perfusão bons Não identificada ou não suspeitada Sem lesão visível +1 Criança pequena 1120 kg Assistida: 02 máscara, cânula Obnubilado, perda de consciência 5190 mm Hg Pulso carotídeo, femoral palpáveis Simples fechada em qualquer lugar Contusão, abrasão, laceração <7 cm que não ultrapassa a aponeurose 1 Lactente<10 kg Intubação: ETT, cricotireoidostomia Coma, não responsivo <50 mm Hg Pulso fraco ou sem pulso Exposta ou múltipla Perda tecidual, ferimento penetrante por tiro ou faca ultrapassando a aponeurose Figura 12-2 O escore dc trauma pediátrico é primariamente elaborado para funcionar como uma lista. Cada componente pode ser avaliado por exame físico básico. A avaliação da via aérea é feita de modo a refletir a intervenção exigida para se dar o tratamento eficiente. Uma fratura exposta é graduada como -1 para a fratura e -1 para lesão de pele. Como a observação clínica e a avaliação diagnóstica prosseguem, a definiçãoe reavaliação adicionais estabelecem a tendência que prediz a gravidade do trauma e o potencial prognóstico. CAPÍTULO 12 Considerações Especiais no Trauma da Criaiça avaliado à procura de potenciais contusões cardíaca ou pulmonar, pois ambas podem piorar como conse- qüéncia de hiper-hidratação na reanimação. Devido à elasticidade aumentada das costelas da criança, uma grande quantidade de energia pode ser transmitida aos órgãos torácicos, e o paciente pode apresentar uma contusão pulmonar extensa sem sinais externos. Os pacientes traumatizados freqüentemente estão com o estômago cheio; portanto existe a possibilidade de aspiração. Isto é especialmente verdadeiro para cri- anças que estão obnubiladas ou que apresentam con- vulsões após o trauma. Embora as fraturas costais sejam raras nas crian- ças, estão associadas com alto risco de vida. Mesmo se a fratura de costela é uma lesão isolada, este pro- blema deve ser visto como indicativo de trauma gra- ve. O risco de mortalidade aumenta corn o número de costelas fraturadas. O exame do abdome deve ser focalizad- tensão, hipersensibilidade. descoloração ça de massa. A palpação cuidadosa das crisias pode sugerir uma fratura péhica instãvel e aun a suspeita de lesão retroperitonial ou uroger Cada extremidade deve ser palpada \ deformidade, diminuição de irrigação sangüii déficit neurológico. O esqueleto da crianca incoi tamente calcificado com vários centros de crescm to aumenta a possibilidade de ruptura epifisária : de crescimento). Qualquer área com edema. dor. sen- sibilidade ou com diminuição da amplitude de mo\i- mento cleve ser cuidadosamente avaliada e coiisiden- da suspeita de eslar fraturada até que esta suspeita seja afasiada pelo exame radiológico. Tanto em adultos como crianças, uma lesão ortopédica despercebida numa extremidade tem pequeno efeilo na mortalida- de, mas pode ter um grande efeito a longo prazo em conseqüência de deformidade e incapacidade. Sinais vitais e valores quantitativos 0 termo "pediátrico" ou "criança" inclui uma grande varia ção de desenvolvimento físico, maturidade emocional e ta manho do corpo. A abordagem do paciente e as implicações de muitos traumatismos variam muito entre um lactente e um adolescente. Na maioria das considerações anatômicas e considera ções sobre dosagens terapêuticas o peso da criança (ou altu ra específica ou tamanho) serve como indicador mais preciso do que a idade cronológica exata. A Tabela 121 descreve a média de altura e peso para crianças saudáveis, variando com as idades. As variações quantitativas aceitáveis dos sinais vitais mudam para as diferentes idades dentro da população pedi átrica. 0 socorrista não pode usaras regras dos adultos como guia para crianças menores. No adulto, a freqüência ventila tória de 30 mpm étaquipnéia e a freqüência cardíaca de 120 bpm é taquicardia. Ambas são consideradas alarmantemen te altas no adulto e são achados patológicos significativos. Os mesmos achados num lactente, entretanto, podem estar j dentro dos limites da normalidade. Trabalhos da literatura pediátrica e listas de vários textos pediátricos podem não ser coerentes quando relaci onam os valores normais dos diferentes grupos etários. Para complicar ainda mais, na criança traumatizada que não possui anotações prévias de seus sinais vitais nor mais, um tratamento conservador manda considerar si nais limítrofes como se fossem patológicos muito embo ra para aquela criança individualmente, estes sinais pos sam ser fisiologicamente aceitáveis. As referências nas Tabelas 122, 123 e 124 podem auxiliar na avaliação dos sinais vitais. Essas tabelas apresentam intervalos nos quais os acha dos da maioria das crianças desses grupos etários cairão. Eles não definem os limites da "boa saúde", mas apenas des crevem as variações que são estatisticamente comuns. Várias tabelas comercialmente disponíveis servem como referência para os sinais vitais pediátricos e tamanhos de equipamento. Isso inclui a fita de reanimação com base na altura (fita de Broselow) e muitas escalas plastificadas do tipo régua deslizante. As fórmulas seguintes podem ser úteis como referências para estimar o item esperado para cada idade: Peso (kg) = 8 + (2x idade da criança em anos) Pressão arterial sistólica (mm Hg) = 80 + (2 x idade da criança em anos) Volume sangüíneo vascular total (mL) = 80 x peso da criança em kg Como nos adultos, os valores dos sinais vitais na crian ça, embora importantes, são apenas informações adicionais na realização da avaliação. É essencial lembrar como a cri ança pode deteriorar rapidamente para insuficiência respira tória grave ou choque descompensado. Os sinais vitais de vem ser considerados junto com o mecanismo de trauma e outros achados clínicos. 334 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR AO TRAUMATIZADO Tratamento Os pontos-chave para a sobrevida da criança trau- matizada são: a realização cle uma avaliação rápida, o atendimento apropriado e agressivo e o transporte para um hospital com capacidade de tratar o trauma pediátrico. Via Aérea O primeiro objetivo de reanimação inicial de uma criança traumatizada é a restauração de oxigenação adequada dos tecidos. tão rápida quanto possível. Oxigenação e circulação são tão essenciais para uma criança traumatizada como são para o adulto. A pri- meira prioridade da avaliação e reanimação é o esta- belecimento de uma via aérea pérvia. Uma via aérea patente deve ser assegurada e man- tida com aspiração, manobras manuais e meciidas au- xiliares para permeabilizar a via aérea com proteção completa, contínua e apropriada da coluna. Como no aclulto, o atendimento inicial deve incluir a estabili- zação da coluna cervical. Quando se eleva o queixo da criança, deve-se evitar a compressão dos tecidos moles do pescoço e traquéia. Uma vez obtido o con- trole manual da via aérea, uma cânula orofaringea pode ser posicionada desde que o doente não apre- sente reflexo de deglutição. O dispositivo deve ser colocado com gentileza, paralelo ao trajeto da língua evitando-se a rotação de 90 ou 180 graus na orofarin- ge posterior, como se faz no adulto. O abaixador de língua auxilia no posicionamento do dispositivo. A intubação orotraqueal sob visão direta é o método preferível para o controle definitivo da via aérea. A atenção cuidadosa à manutenção da via aérea e à imobilização é importante na criança obnubilada cujo nível de consciência está alterado. Ainda mais, quan- do se realiza a estabilização inicial da coluna cervical na criança, o tamanho desproporcional da regiào occi- pital deve ser levado em conta. Deve-se colocar coxim sob o tronco do paciente para manter a coluna cervical em posição alinhada em vez de deixá-la numa leve fle- xão provocada pela região occipital (Figura 12-3). Respiração Devem ser cuidadosamente avaliados o volume mi- nuto e o esforço ventilatório do paciente. Devido ao potencial de deterioração rápida da hipóxia para a apnéia, a ventilação deve ser assistida, caso se obser- ve dispnéia e esforço respiratório aumentado. Deve- se usar uma máscara facial associada a um balão do- tado de válvula unidirecional de tamanho adequado com reservatório e alto fluxo de oxigênio, para pro- ver concentração de oxigênio entre 85% e 100% (FiO, Figura 12-3 Acolchoamento adequado sob o tronco. de 0,85 a 1,0). A medida contínua da oximetria de pulso serve como medida auxiliar para manter a ava- liação da via aérea e respiração. A saturação arlerial de O, deve ser mantida acima de 95%. Intubação endotraqueal pediátrica Como noadulto, a intubação endotraqueal da criança deve incluir a atenção cuidadosa com a coluna cervical. Uma pes soa deve manter a cabeça do paciente em posição neutra en quanto outra intuba. A porção mais estreita da via aérea da criança é o anel cricóideo, assim, um tubo endotraqueal sem balonete deve ser sempre usado nas crianças nos primeiros anos de vida. 0 tamanho apropriado do tubo endotraqueal pode ser estimado pela avaliação do diâmetro do quinto dedo da mão da criança, ou o diâmetro da narina do paciente. Uma leve pressão sobre a cricóide freqüentemente oferece melhor visão das estruturas anteriores da laringe da criança e obs trui passivamente o esôfago, diminuindo a insuflação gástri ca. Intubação farmacologicamente assistida deve incluir o uso de sulfato de atropina para prevenir bradicardia. A freqüên cia cardíaca é o principal determinante da perfusão em paci entes pediátricos. Um erro comum que ocorre durante a intubação da crian ça, em circunstância emergencial, é uma inserção agressiva do tubo endotraqueal, causando intubação do brônquio fonte direito. A ausculta cuidadosa do tórax deve ser feita tão logo o tubo endotraqueal seja colocado, observandose os murmúri os vesiculares bilateralmente. A posição do tubo deve ser também com freqüência reava liada, especialmente após qualquer movimento do paciente. Além de confirmar o posicionamento do tubo, a ausculta pode afastar a possibilidade de outra lesão pulmonar. A criança com a via aérea comprometida e com lesão pulmonar, que foi intubada com sucesso, pode apresentar maior risco de de senvolver pneumotórax hipertensivo como resultado da oferta mais eficiente de volume corrente para os pulmões. CAPÍTULO 12 Considerações Especiais no Trauma da Criança 335 Circulação Uma vez controlada a hemorragia externa do pacien- te, a perfusão deve ser avaliada. O sistema vascular da criança quase sempre é capaz de manter a pressão sangüínea normal até que ocorra um colapso impor- tante. Neste ponto, o choque é freqüentemente não responsivo à reanimação. Portanto, a reanimação com líquido deve ser iniciada sempre que existam sinais de choque hipovolêmico compensado e especialmente nos pacientes que apresentam choque descompensa- do. Deve ser usacla solução de Ringer lactato ou soro fisiológico em infusão rápida de 20 ml_/kg. O trans- porte não deve ser retardado para iniciar o tratamen- to com administração de líquido endovenoso. Nos pacientes pediátricos traumatizados que apre- sentam algum sinal de choque hemorrágico ou hipo- volemia, os elementos-chave para a obtenção da so- brevida são o início rápido do transporte para um hospital adequado e a reposição de sangue. ACESSO VASCULAR A reposição de líquidos numa criança com hipotensão grave ou sinais de choque deve oferecer volume ade- quaclo para o átrio direito tão diretamente quanto possí- vel, para evitar maior redução da pré-carga cardíaca. lnicialmente, o local mais apropriado para acesso veno- so é a região superior do corpo, acima do diafragma. O acesso venoso deve ser tentado primeiro na fossa ante- Atualmente o uso de calça pneumática antichoque (PASG) nas crianças é limitado a pacientes que podem ser vestidos apro priadamente, tanto com a calça de criança como com a calça de adulto. Na maioria dos casos, este último grupo deve ser considerado criança com "tamanho quase adulto" e o uso do PASG segue as mesmas indicações e contraindicações dos adultos (ver Capítulo 6). 0 problema mais freqüentemente citado no uso do PASG em pacientes pediátricos é a possibilidade do compartimento abdominal cobrir as costelas inferiores. Quando o compar timento abdominal é inflado, isso invariavelmente provoca comprometimento ventilatório e insuficiência respiratória significativa. Não há estudos atuais indicando algum benefício com a utilização do PASG na criança. Na ausência de estudos es pecíficos, o uso da calça numa criança menor do que o ta manho para o qual a roupa foi feita (pediátrica ou adulta) é potencialmente perigoso e não deve ser tentado. 0 uso da calça num pacientecujotamanhodo corpoé suficientemente grande não deve ser evitado porque o paciente é cronologi camente ainda uma criança. cubital. Quando não se tem um acesso venoso adequa- do nesta localização, deve-se considerar a abordagem da veia safena no tornozelo. A veia safena é um ponto abaixo do diafragma, entretanto a disponibilidade cleste vaso assegura um acesso vascular confiável. No paciente instável, ou potencialmente instável, a tentativa de acesso periférico deve ser limitada a duas tentativas em 90 segundos. Caso o acesso peri- férico não seja possível, o acesso central via infusão intraóssea deve ser considerado na criança. A cateterização percutãnea da veia jugular externa ou flebotomia da veia safena são outras possibilidades desde que o socorrista esteja bem treinado e seja cre- denciado. A cateterização da veia femoral está associa- da com trombose e comprometimento circulatório da perna. A colocação de um cateter de veia subclá\ia na criança traumatizada deve ser feita somente sob as mais controladas circunstãncias no hospital; não deve ser utilizada no atendimento pré-hospitalar. O acesso vascular deve ser obtido em qualquer criança que necessita reposição líquida. Entretanto. a cateterização venosa em antecipação à potencial ne- cessidade para reposição de líquidos representa um problema do atendimento pré-hospitalar sem uma resposta fácil. Nos adultos, cateteriza-se uma veia quando existe a possibilidade da sua utilização. De- vido à possibilidade de progressão do choque e con- siderando-se o potencial de descompensação rápida da criança, a cateterização venosa apenas para ter uma via de acesso pérvia torna-se então também uma in- dicação. Entretanto, cateterizar uma veia na criança pocle ser muito difícil e consumir muito tempo, além de acrescentar mais trauma psicológico. A delerminação de qual paciente pediátrico deve ter um acesso venoso estabelecido depende do tem- po de transporte e de outros fatores. Se o socorrista está inseguro sobre qual paciente necessita acesso venoso ou quando a reposição volêmica torna-se ne- cessária durante o transporte, ele deve entrar em con- tato com a direção médica para discutir o problema. TRATAMENTO COM REPOSIÇÃO VOLÊMICA Assim como no adulto, o Ringer lactato é a solução de escolha para a reanimação inicial da criança hipovolêmi- ca. Desde que é bastante curto o espaço de tempo que a solução cristalóide pcrmanece no sistema vascular, usa- se a proporção de volume de solução cristalóide para vo- lume de sangue perdido de 3:1. Na criança, a infusão rá- pida da reanimação deve refletir aproximadamenle 25% do volume circulante, o que é cerca de 20 mL/kg. Consi- derando-se a proporção de 3:1, uma infusão rápida cle 50 a 60 mL/kg é necessária para se conseguir uma reposição inicial adequada e rápida em resposta a uma perda signi- ficativa de volume. Especificamente no atendimento da 336 ATENDIMENTO PRÉHOSPITALAR AO TRAUMATIZADO criança traumatizada que não mostra melhora após rece- ber a primeira infusão rápida de 20 mL/kg, deve-se inici- ar a adminislração de sangue o mais breve possível. A infusão rápida de cristalóide pode restaurar a dinàmica cardiovascular transitoriamente à medida que ela enche e depois extravasa do sistema circulatório. Contudo, até que o volume de células sangüíneas seja reposto e o trans- porte de oxigènio restaurado. o processo básico de hipó- xia celular continua descontrolado. A criança traumatizada apresenta-se freqüente- mente em uma das três situações: normotensa, hipo-tensa ou em choque descompensado. Poucas demons- tram evidência de perda de sangue e hipolensão. Com a alta incidência de potencial trauma craniencefáli- co, a reposição de volume deve equilibrar a restaura- ção do volume circulante adequado, evitando-se a so- brecarga de líquido e seu potencial efeito deletério de desenvolver edema cerebral. A criança que apresenta choque hipovolêmico e res- ponde a grandes quantidades de volume (50 a 60 mlV kg em infusões rápidas de 20 mL/kg) de reanimação de A infusão intraóssea pode ser um local alternativo adequado para reposição de volume na criança traumatizada. Esta é uma rota eficiente para infusão de medicação e tem sido do cumentada como uma via igualmente eficiente para realizar reanimação com grande volume de líquido. 0 local mais fácil de infusão intraóssea é a face anterior da tíbia, logo abaixo da tuberosidade tibial. Depois de prepa rar a pele com antissepcia e apoiar a perna adequadamente, escolhese o local na porção anterior da tíbia, 1 a 2 cm distal e medial à tuberosídade tibial. Agulhas de infusão intraóssea especialmente fabricadas são ótimas para o procedimento, porém agulhas para punção espinhal ou para biópsia de me dula óssea também podem ser usadas. Agulhas de punção espinhal de 18 20G são boas, porque têm um mandril para evitar a obstrução da agulha na passagem pelo córtex, a ca minho da medula óssea. Qualquer agulha 14 a 20G pode ser usada em uma emergência. A agulha é colocada num ângulo de 90 graus com o osso e avançada firmemente através do córtex para dentro da medula óssea. Evidência que a agulha está adequadamente dentro da medula inclui: 1. Um suave "estalo" e diminuiçào da resistência depois que a agulha passou através do córtex. 2. Aspiração de medula óssea na agulha. 3. Fluxo livre de líquido na medula óssea sem evidência de ínf iltração subcutânea. A infusão intraóssea deve ser considerada durante os mi nutos iniciais da reanimação se a punção percutânea da veia não for possível. Como o fluxo é limitado, a via intraóssea isolada raramente é suficiente. cristalóides necessita de reposição de sangue tão logo quanto possível. Como resultado da infusão de crista- lóide, estes pacientes freqüentemente recuperam o dé- bito cardíaco adequado. Contudo, o volume circulante resultante possui mínima capacidade de transporte de oxigênio. A hipóxia contínua induz uma mudança para o metabolismo celular anaeróbio. Estas crianças devem ser reanimadas agressivamente e transportadas sem de- mora para receber transfusão com concentrado de he- mácias. Apenas nestas circunstâncias elas terão a chan- ce de sobrevida de sua lesão hemorrágica. Incapacidade - Estado Neurológico O trauma craniencefálico continua sendo a causa mais comum de morte na população pediátrica. Das fatali- dades listadas nos primeiros 40.000 pacientes do Re- gistro Nacional de Trauma Pediátrico, 89% tinham le- são do sistema nervoso central como contribuinte pri- mário ou secundário para mortalidade. Embora mui- tas das lesões mais graves sejam tratadas apenas com prevenção, medidas de reanimação inicial podem pelo menos minorar as graves conseqüências das lesões da criança. Novamente, a oxigenação, ventilação e circu- lação adequadas devem ser a primeira consideração. O prognóstico da criança que sofre um grave trauma craniencefálico é melhor do que o dos adultos; entre- tanto, o prognóstico da criança com iclade abaixo cle 3 anos é pior do que o das crianças mais velhas. A avaliação inicial do nível de consciència é um exer- cício de avaliação prognóstica, rápido e confiável. Inde- pendentemente do resultado da avaliação neurológica no primeiro exame, toda criança com um potencial trau- ma craniencefálico pode ser suscetível ao edema cere- bral e à hipoperfusão. Isto pode resultar também de trau- ma aparentemente menor. Toda criança que apresenta uma perda, ainda que transitória, de consciência deve ser tratada com se tivesse sofrido um trauma mecânico importante no tronco cerebral e no sistema reticular. Mesmo se o nível de consciência retornar ao nor- mal, o paciente deve ser observado para afastar a pos- sibilidade cle disfunçâo secundária em evoluçào como resultado de eclema cerebral ou de lesão expansiva na forma de hematoma subdural ou epidural. Como o trauma craniencefálico é freqüentemente a lesão mais grave e com risco de vida, existe grande proba- bilidade de uma criança traumatizada necessitar de imediato uma tomografia computadorizada para ava- liar o sistema nervoso central.. Portanto, a medida basal da Escala de Coma de Glasgow deve ser feita e repetida durante o transporte. Oxigênio suplementar deve ser administrado, e se possível, a oximetria de pulso deve ser monitorada. Embora o vômito seja comum depois de uma concussão, o vômito persis- tente é preocupante e requer avaliação adicional. CAPÍTULO 12 C o n s i d e r a ç õ e s E spe c i a i s no T rauma da C r i a n ça 3 3 7 Assim como a hipóxia, a hipovolemia pode agravar muito a lesão original. A hemorragia externa deve ser controlada e as extremidades do paciente imobilizadas para limitar a perda cle sangue interna, associada às fra- turas. Deve-se tentar manter as crianças traumatizadas em estado euvolêmico com reposição de volume intra- venoso. Em raras ocasiões, lactentes podem ficar hipo- volêmicos como resultado de sangramento intracrania- no, pois as suturas cranianas e as fontanelas encontram- se abertas. Uma criança com fontanela aberta pode tole- rar melhor um hematoma intracraniano em expansão. Como a massa intracraniana em expansão pode não provocar sintomas até que ocorra rápida descompensa- ção, em lactente com fontanela abaulada deve-se consi- derar a existência de lesão cerebral mais grave. Crianças com um escore igual ou inferior a 8 na Esca- la de Coma de Glasgow beneficiam-se com a intubação. No entanto, tentativas prolongadas de abordagem endo- traqueal da via aérea não devem retardar o transporte para o hospilal adequado, desde que se consiga obter oxigena- ção e ventilação adequadas com máscara facial associada a balao dotado de válvula uniclirecional. Na criança com sinais e sintomas de pressão intra- craniana (PIC) aumentada (hipertensão intracrania- na), como pupila fracamente ou não reativa, hiperten- são, bradicardia e déficil motor, a hiperventilação pode diminuir a PIC transitoriamente. Isto é facilmente ob- tido na criança com depressão sensiti\'a ou comatosa, controlando-se inicialmente a via aérea e a ventilação com máscara facial ou tubo endotraqueal associado a balão dotado de válvula unidirecional com alta con- centração de oxigênio suplementar. A monitoração do CO-, expirado pode orientar o tratamento, com o obje- tivo de manter os níveis entre 25 e 30 mm Hg. Se a capnografia não estiver disponível, deve-se usar a fre- qüência ventilatória de 30 por minuto para crianças e 35 por minuto para lactentes. Durante o transporte prolongado, pequenas doses de manitol (0,5 a lg/kg de peso corpóreo) podem bene- ficiar crianças com evidência de hipertensão intracra- niana; entretanto, o uso desta medicação pode provocar hipovolemia se a reanimação volêmica for insuficiente. Convulsões podem ocorrer logo após a lesão cerebral; entretanto, convulsões recorrentes preocupam e exigem tratamento com administração intravenosa de diazepan (0,1 a 0,2 mg/kg/dose). Diazepan deve ser usado com muito cuidado, pois apresenta efeitos colaterais, como depressão ventilatória e hipotensão. Trauma Raquimedular A indicação para imobilização de coluna no paciente pediátrico baseia-se no mecanismo de trauma e nos achados do exame físico: a presença de outras lesòes sugestivas de movimentos violentos ou súbitos da ca- beça, pescoçoou tronco; ou a presença de sinais espe- cíficos de lesão raquimedular como deformidade. dor ou déíicit neurológico. Assim como nos pacientes adul- tos. o tratamento pré-hospitalar correto de uma colu- na com suspeita de instabilidade é a estabilização ma- nual; o uso de um colar cervical de tamanho adequa- do; e a imobilização do paciente numa prancha rígida de modo que a cabeça, o pescoço, o tronco. a pelve e as pernas sejam mantidas em posição neutra e alinha- da. Isto deve ser feito sem prejudicar a ventilação do paciente, a abertura da boca ou a realização de qual- quer outra manobra necessária para reanimação. Indi- ca-se mais a imobilização da coluna em criança devido à sua inabilidade de comunicar e, portanto, de partici- par da própria avaliação (ver Algoritmo de Indicações para lmobilização de Coluna, p. 244). Quando as crianças menores são colocadas numa superfície rígida, o tamanho relativamente maior da porção posterior do crãnio provoca movimento da ca- beça para uma posição de flexão. A colocação de acol- choamento sob o tronco deve elevá-lo o suficiente para permitir que a cabeça se mantenha em posição neutra. O coxim deve ser único e reto dos ombros à pelve es- tendendo-se às margens laterais clo tronco para asse- gurar que as regiões da coluna torácica, lombar e sacro estejam imóveis sobre uma plataforma estável, única e reta. É também importante colocar acolchoamento entre as laterais do corpo da criança e as borclas da prancha assegurando que não ocorram movimentos laterais quando a prancha é movimentada ou quando o paciente e a prancha precisam ser rodados para o lado para evitar aspiração de vômitos. Uma grande variedade de novos dispositivos para imobilização pediátrica está tornando-se disponível. O socorrista deve praticar e familiarizar-se com os ajustes necessários quando se imobiliza uma criança com equipamentos usados em adultos. Se o disposi- tivo tipo colete é usado na criança, o socorrista deve assegurar imobilização adequada sem efeitos deleté- rios. O socorrista deve também estar familiarizado com técnicas de imobilização de criança pequena em bebê-conforto de carro. Lesões Torácicas Como já mencionado, o gradeado costal elástico da criança com calcificação incompleta reduz a energia transferida através da caixa torácica para os órgãos intratorácicos. Como resultado, a criança pode ter uma lesão orgãnica significativa, uma lesão vascular ou mesmo uma pequena contusão e, no exame exler- no, nào existe manifestação, ainda que leve, de anor- malidade do esqueleto. A chave para a identificação clessas lesões é um alto índice de suspeita. Tocla criança que sofre um 3 3 8 A T E N D I M E N T O P R É - H O S P I T A L A R AO T R A U M A T I Z A D O trauma no tórax e tronco deve ser cuidadosamente monitorada para identificação de sinais de insufici- ência ventilatória e choque. Mesmo sem a presença de insuficiência ventilatória, a criança deve ser trans- portada sem demora para o hospital adequado a fim de realizar exame radiológico de tórax e avaliação me- ticulosa da função carcliopulmonare ventilatória. Evi- dências radiológicas de contusão pulmonar têm sido encontradas em crianças que, tendo um histórico de trauma fechado de tronco, encontram-se totalmente assintomáticas. A oximetria de pulso pode ajudar a identificar esses problemas. A preocupação com esse problema potencial exige monitoração contínua e cuidadosa da hidratação da cri- ança para pre\inir a sobrecarga de líquido endovenoso. Ao contrário dos adultos, as fraturas de arcos costais nas crianças estão associadas com um alto risco de vida. Mesmo sendo lesões isoladas, uma ou mais fraturas de costela indicam a presença de trauma multissistêmico ainda que na ausência de outros sinais aparentes. A possibilidade de contusão cardíaca deve ser con- siderada na criança que sofre trauma torácico fecha- do. Ao transportar uma criança que sofreu trauma torácico fechado de alto impacto, o ritmo cardíaco deve ser monitorado a caminho do hospital. Os itens-chave do tratamento do trauma torácico incluem a atenção cuidadosa com a ventilação e o trans- porte no momento correto para o hospital apropriado. Trauma Abdominal Como o tamanho do tronco é relativamente grande em relação às extremidades, as lesões abdominais são um problema comum nas crianças. Conforme já discutido, a presença de trauma abdominal fechado, de pelve ins- tável, de distensão, rigidez ou sensibilidade abdominal após o trauma, ou de graus inexplicáveis de choque, podem indicar possível hemorragia intra-abdominal. Os elementos-chave no tratamento do trauma ab- dominal incluem reanimação com líquidos, alta con- centração suplementar de oxigènio e transporte rápi- do para um hospital adequado com monitoração cui- dadosa e conlínua no trajeto. Trauma de Extremidades Em comparação com o adulto, o esqueleto da criança está em crescimento ativo e é composto por uma gran- de proporção de tecido cartilaginoso e zonas de cres- cimento metabolicamente ativas. Os ligamentos que sustentam juntos os ossos do esqueleto são freqüen- temente mais fortes e mais capazes de resistir à rup- lura mecânica do que os ossos aos quais estão fixos. Assim, as crianças com trauma esquelético suportam maiores forças deformantes antes que se desenvol- vam fraturas ou rupturas de seu esqueleto. A não ser por ferimentos penetrantes, as lesões pri- márias das articulações são incomuns comparando-se com as lesões das diáfises ou das epífises do osso. As fraturas envolvendo a placa de crescimento devem ser idenüficadas e tratadas de forma que se assegure não somente a cicatrização adequada mas também a pre- venção de luxação ou deformidade subseqüentes du- rante o crescimento da criança. A associação de lesões vasculares com lesões ortopédicas deve ser considerada sempre em criança, e o pulso clistal deve ser avaliado. Nos pacientes pediátricos com lesões isoladas de extremidades, mesmo uma lesão aparentemente mí- nima de esqueleto requer tratamento hospitalar. De- vido ao potencial de deixar despercebida a lesão da placa de crescimento ou de vasos, que provocam sub- seqüente prejuízo do crescimento ou deformidade do membro, as lesões requerem exame e avaliação cui- dadosa. A presença de uma lesão potencialmente de- formante pode ser afastada apenas pelo estudo radio- lógico ou pela arteriografia, quando há leve sugestão de diminuição na perfusão distal. Na criança com outras lesões além da lesão de ex- tremidade, o socorrista cleve colocar a atenção no es- sencial e não se distrair de lesões com risco de morte pela aparència de grandes deformidades, algumas vezes associadas com lesões de extremiclades. A he- morragia não controlada é a única condição ameaça- dora da vida associada com trauma de extremidade. Nos pacientes pediátricos e adultos com lesões mul- tissistêmicas, o início imediato do transporte para o hospital apropriado, após completado o exame pri- mário, a reanimação e a imobilização rápida ainda são cle suma importância para reduzir a mortalidade. Transporte A triagem é uma importante consideração do atendi- mento, pois a chegada no momento correto ao hospi- tal apropriado pode ser o elemento-chave para a so- brevida. A tragédia das mortes por trauma pediátrico evitá- \reis tem sido documentada em vários estudos publi- cados nas últimas três décadas. Cerca de 40% das mor- tes por trauma pediátrico podem ser classificadas como evitáveis. Essas estatísticas têm sido uma das princi- pais motivações para o desenvolvimento de centros de trauma pediátrico regionalizados, onde pode ser dado atendimento contínuo, sofisticado e cle alta qualidade. Em algumas áreas existem ambos, centro de trauma pediátrico e centro de trauma de adulto. Se há somente uma pequena demora no transporte, o paciente pediá-trico com trauma multissistêmico beneficia-se da capa- cidade de reanimação inicial e da disponibilidade cle tra- tamento definitivo do hospital especializado em trata- mento da criança traumalizada. Para muitos locais, en- CAPÍTULO 12 C o n s i d e r a ç õ e s E s p e c i a i s no T r a u m a da C r i a n ç a 3 3 9 tretanto, o centro especializado de trauma pediátrico mais próximo fica a várias horas de distância. Em tais lugares a criança gravemente traumatizada deve ser transportada para o centro de trauma de adulto mais próximo. Em áreas onde não existe centro de trauma pediátrico próximo, os profissionais do centro de trau- ma de adulto são experientes na reanimação e tratamento de ambos, adultos e crianças, vítimas de trauma. Em áreas onde não existe nenhum dos dois centros de trau- ma, deve-se transportar a criança gravemente traumati- zada para o hospital apropriado para vitimas de trauma mais próximo, de acordo com protocolos locais. O trans- porte aéreo deve ser considerado, quando indicado, para levar o paciente pediátrico para um centro de trauma pediãtrico em tempo adequado. A revisão de mais de 15.000 prontuários do Re- gislro Nacional de Trauma Pediátrico mostra que 25% das crianças são vítimas de trauma suficientemente grave para requerer triagem para centro de trauma pediátrico. O uso do escore de trauma pediátrico aju- cla na realização da triagem apropriada. Agressão e Abuso lnfantil O mau-trato é uma causa importante de trauma na criança. O socorrista deve considerar a possibilidade do mau-trato quando as circunstâncias indicam. Em muitas jurisdições os socorristas são legalmen- te obrigados a relatar quando identificam potencial abuso à criança. Geralmente, denunciantes que agem Figura 12-4 Indicadores de possível abuso: A, "olhos de guaximin" ou equimose periorbitária, uma indicação de possível fratura da íossa anterior do crânio; B, queimadura palmar recente por cigarro; C, abrasões recentes por lesões restritivas; D, mordida humana; E, queimadura por imersão nos pés; F, vergões e abrasões nos membros inferiores como resultado de abuso com fio elétrico. (De Sanders M.: Mosby's Paramedic textbook, 2 ed. revisada, Sl Louis, 2001, Mosby.) de boa fé são protegidos de ações legais instaurados pelos denunciados. O socorrista deve suspeitar de mau-trato se encon- trar um dos seguintes cenários: Discrepância entre a história e o grau de lesáo fisica. Um intervalo prolongado entre o momento do trau- ma e o momento da procura de cuidados médícos. O histórico de lesão é inconsistente com o nível de desenvolvimento da criança. Por exemplo. um histórico indicando que um recém-nascido caiu da cama é suspeito, pois recém-nascidos não têm desenvolvimento para rolar e cair. Certos tipos de lesões também sugerem abuso. como os seguintes (Figura 12-4): Múltiplas queimaduras em vários estágios de re- solução. Lesões bizarras, como mordidas, queimaduras por cigarro, ou marcas de cordas. Queimaduras bruscamente demarcadas ou lesões por escaldamento em áreas incomuns. Os procedimentos de comunicação variam; assim o socorrista deve familiarizar-se com as agências apropria- das que se encarregam dos casos de abusos na sua região. A necessidade de relato de abuso é enfatizacla por clados sugerindo que cerca de 50% de crianças maltratadas que são liberadas de volta para os abusadores morrem como conseqüência de novo episódio de mau-trato. 340 A T E N D I M E N T O P R E - H O S P I T A L A R AO T R A U M A T I Z A D O Resumo O atendimento pré-hospitalar inicial e total da crian- ça traumatizada exige a aplicação dos princípios de suporte à vida padrão do traumatizado modificados pelas características próprias da criança. As crianças têm a capacidade de compensar a per- da cle volume durante um tempo maior do que os adultos, mas quando excedem a habilidade de com- pensar, deterioram de maneira rápida e grave. Lesões significativas subjacentes de órgãos ou de vasos podem ocorrer sem lesão externa aparente, e às vezes apenas com sinais e sintomas externos leves. Crianças com trauma e os seguintes sinais devem ser consideradas instáveis e devem ser transportadas sem demora para um hospital apropriado: Dificuldade respiratória; Sinais cle choque ou de instabilidacle circulatória; Algum período de inconsciência após o trauma; Trauma fechado significativo no tórax; Costelas fraturadas; Trauma fechado significativo no abdome; Fratura pélvica. Criança com trauma multissistêmico e um escore de trauma pediátrico inferior a 8 deve, se possível, ser transportada para um centro de trauma pediátrico. Você identifica corretamente esta criança como uma vítima de trauma multissistêmico que está em choque. Pelo mecanismo de trauma, você decide que Carlos sofreu um trauma grave. Por causa da lesão do fêmur combinada com a al- teração do estado mental, você deve determi- nar qual é a maior ameaça à sobrevivência dele - o trauma craniencefálico, a perda potencial de volume ocasionada pela fratura do fêmur, ou outras lesões ainda não identificadas. Você identifica corretamente a hipotensão e taqui- cardia que relaciona com o choque hipovolê- mico, talvez resultante da lesão do fêmur e possivelmente de lesão intra-abdominal. De início administra oxigênio em alta concentra- ção através de máscara com válvula unidire- cional. Você se prepara para controlar a via aé- rea de modo mais agressivo se as condições do paciente deteriorarem. Se optar pela intubação, pode ser necessária a aplicaçào de manobras adicionais de proteção de coluna cervical. Pode- se considerar a utilização da seqüência rápida de intubação se for indicado e se você estiver adequadamente treinado. Pela natureza das lesões da criança, você consulta o médico regulador que concorda que o transporte por helicóptero para um centro de trauma pediátrico mais distante é mais ade- quado que o transporte terrestre para o hospi- tal comunitário próximo, que não tem recur- sos de unidade de terapia intensiva pediátrica, neurocirurgia ou ortopedia. As tentativas de acesso venoso periférico são infrutíferas. Você inicia a infusão intraóssea de cristalóide. A mãe do paciente chega no momento em que você está transferindo o atendimento da vítima para a tripulação do helicóptero. CAPÍTULO 12 C o n s i d e r a ç õ e s E s p e c i a i s no T r a u m a da C r i a n ç a 3 4 1 (juestões de Reéilo As respostas encontram-se na página 424. 1. Pacientes pediátricos apresentam maior dificuldade de comunicação por que motivo? a. Eles podem não ter comando das habilidades de linguagem relativas à situação de emergência. b. Eles podem estar com muito medo de estranhos ou desconhecidos. c. O socorrista pode não ser comunicativo no ní- vel de desenvolvimento da criança. d. Todas as anteriores. 2. Qual fórmula é um bom método para estimar a pressão sangüínea sislólica da criança? a. 100 - idade em anos. b. 120 - idade em anos. c. 16 + (idade em anos x 10). d. 80 + (2 x idade em anos). 3. Numa criança com 25% a 30% da área corpórea total queimada no atendimento pré-hospitalar, qual é uma das considerações secundárias mais impor- tantes? a. Retenção líquida. b. Hipotermia. c. Infecção. d. Perda de função de extremidade. REFERÊNCIAS American Academy of Pediatrics: Diagnostic ancl statisticál manual for primary care, Elk Grove, 111, 1996, Author. American College of Surgeons Committee on Trauma: Extre- mes of age: pediatric trauma. In Advanced trauma life support for physicians, Chicago, 2002, American College of Surgeons. Ball JW, Bindler R: Pediatric nursing, ed 2, Norwalk, Conn, 1999, Appleton & Lange. Brain Trauma Foundation: Guidelincs for prehospital manage- ment oftraumatic
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